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As contribuições da psicopedagogia na inclusão escolar de crianças com o TDAH

RC: 37543
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RAMOS, Geisi Galarça [1]

RAMOS,Geisi Galarça. As contribuições da psicopedagogia na inclusão escolar de crianças com o TDAH. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 09, Vol. 06, pp. 05- 20. Setembro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/contribuicoes-da-psicopedagogia

RESUMO

Este trabalho buscou caracterizar as reais contribuições da Psicopedagogia em relação à inclusão de crianças com TDAH no ensino regular e no âmbito escolar como um todo, bem como analisar e apresentar a importância desse olhar Psicopedagógico seja pela presença deste profissional ou pela formação do corpo docente em nossas escolas. Para tanto utilizou uma metodologia de pesquisa bibliográfica. Veremos aqui as múltiplas contribuições desta área, como o olhar psicopedagógico em sala, que favorece ao educador a capacidade de compreender melhor este aluno, adaptar suas atividades, avaliações e o espaço escolar, assim como utilizar realmente o potencial deste aluno em questão e aos demais ditos normais. Porém a ideia central nesta pesquisa não é apresentar respostas prontas e nem citar todos os benefícios que esta área do conhecimento traz ao educador frente às necessidades educativas de nossos alunos inseridos atualmente em contexto, mas sim suscitar a vontade e o interesse em qualificar seu trabalho através e pela Psicopedagogia, buscando efetivar a inclusão deste alunado.

Palavras-chave: Educação, inclusão, psicopedagógica, TDAH, docente.

1. INTRODUÇÃO

Este estudo se originou mediante o desejo de compartilhar com colegas de profissão os saberes e descobertas adquiridos no decorrer de dezoito anos de trabalho pedagógico nos Anos Iniciais, Sala de Recursos Multifuncionais e/ou Laboratórios de Aprendizagem em diferentes contextos escolares e em especial os últimos quatro anos de dedicação exclusiva as redes de ensino municipal de Sapucaia do Sul e Viamão, ambas situadas no estado do Rio Grande do Sul.

Buscou-se neste trabalho caracterizar as reais contribuições da Psicopedagogia em relação à inclusão de crianças com TDAH no ensino regular e no âmbito escolar como um todo, tendo como base o que nos traz Fernandes (2006) “ que a inclusão deve incluir a todos”.

E ainda, analisar e apresentar a importância desse olhar Psicopedagógico seja pela presença deste profissional ou pela formação do corpo docente em nossas escolas. Segundo Oliveira (2009) a Psicopedagogia se propõe a analisar todas as possibilidades de construção de conhecimento, portanto, parte deste estudo.

Mediante a atual realidade assustadora e alarmante que se enfrenta anualmente em nossas escolas, independente de contexto, de cada vez mais se receber crianças que aparentemente apresentam quadros que nos levam a crer que possuem TDAH e ter a certeza de que o atendimento deste aluno irá se arrastar por anos até que se consiga comprovar a necessidade deste.

Bem, não é preciso dizer que a escola esbarra na burocracia dos municípios e estado, bem como no sistema falho das redes de saúde publica e assim nossos alunos ficam sofrendo em sala, aguardando numa fila de espera que talvez nunca cheguem a ser atendidos, percebesse professores exaustos e com sentimento de impotência, pois foge da sua vontade de querer ver seu aluno progredir, famílias ausentes ao processo, entre tantos outros fatores que são participes desta situação toda. O que fazer? No que/como a Psicopedagogia pode contribuir?

No intuito de responder a esta e outras tantas questões inerentes a problemática destes alunos, famílias, docentes, funcionários, legislação e órgãos envolvidos neste processo, optou-se pela solução nos conhecimentos Pedagógicos que a área da Psicopedagogia fornece em seus estudos, como fator contribuinte para atender estes educandos e suas peculiaridades, não pela ótica das dificuldades e sim pela sua potencia latente e pouco utilizada.

Cabe ressaltar que toda e qualquer interlocução realizada entre a teoria e a prática sempre é válida e bem-vinda no meio acadêmico partindo do principio que docentes em geral assim como as nossas crianças em desenvolvimento estão em movimento continuo e constante na busca pelo melhor, sempre ansiosos, questionando, cheios de duvidas por um motivo ou outro e é nos relatos de experiências vividas que encontram muitas vezes alimento, apoio, consolo, respostas, novas perspectivas e novas questões para aquilo que lhes tira o sono.

A partir desta necessidade profissional foram traçados alguns objetivos a fim de construir este relato e apresentar novos caminhos aos Colegas, tais como: analisar as principais contribuições da formação psicopedagógica, caracterizar o trabalho psicopedagógico diante dos transtornos como o TDAH presentes na escola e aprofundar conhecimentos sobre o transtorno em questão.

Ainda deste estudo se pode dizer que há relevância cientifica de vir a instrumentalizar docentes para o manejo com educandos com o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade amenizando sofrimentos e concretizando o processo de inclusão destas crianças mesmo quando sem laudo, uma vez que a Psicopedagogia não se restringe a laudos em sua atuação, afinal o diagnostico de acordo com Moojen (1999) do TDAH deve ser através de uma equipe multidisciplinar, ou seja, um processo longo e demorado.

Esta pesquisa também tem relevância social, pois se entende como contribuinte para socialização destes alunos de forma mais tranquila e saudável, vindo a evitar sua exclusão, marginalização / rotulação, seu fracasso escolar e sofrimento para as famílias e corpo docente.

Além da necessidade em encontrar atendimento docente menos danoso a este público em específico, evitando práticas condenatórias e comprometedoras da aprendizagem e desenvolvimento cognitivo desses educandos.

Assim, se fez necessário empregar como metodologia a pesquisa bibliográfica, onde procurou estabelecer um diálogo entre a teoria e a prática profissional, Conforme Michaliszin e Tomasini (2005) este tipo de pesquisa é desenvolvida a partir de livros, artigos, teses e documentos a fim de fundamentar pesquisa empírica aqui realizada.

Buscando pelas reais contribuições deste estudo, tendo como instrumentos de pesquisa, a releitura de diário de bordo dos últimos quatro anos de trabalho efetivo em escola e estudo bibliográfico sobre o objeto de estudo, assim tendo suporte para responder a algumas questões aqui citadas e apontando novos caminhos através da pesquisa para obtenção de outras respostas.

2. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM TDAH

Para que haja melhor compreensão sobre as reais contribuições da área da Psicopedagogia nesta temática, se faz necessário em primeiro lugar entender sobre o Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) tão falado, mas pouco reconhecido.

O TDAH passou a ser estudado e tratado por médicos a partir de 1890 recebendo outras nomenclaturas e só obteve esta denominação a partir de 1994, sendo atualmente um dos transtornos mais estudados (BENCZIK, 2002).

Entretanto atualmente ainda se encontra uma diversidade de nomenclaturas para o TDAH como síndrome, distúrbio neuro comportamental, dificuldade de aprendizagem ou disfunção executora.

O TDAH segundo Rohde e Mattos (2003) é considerado como transtorno do desenvolvimento, tendo como principais características à desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.

Estudos nas últimas décadas mostram que 4 a 6% da população em idade escolar podem ter o TDAH. Acreditasse que vários fatores podem ser a causa para este, sendo um desses o fator biológico como a presença de anormalidades nos circuitos subcórtico-frontais que nos leva a compreender porque as crianças com TDAH têm uma predisposição para desenvolver quadros de co-morbidades com outros transtornos uma vez que esta região do cérebro é responsável pelo pensamento e emoções (personalidade, humor, emoções, solução de problemas e linguagem), como os transtornos de aprendizagem, do humor, de ansiedade e de comportamento.

Acreditasse que a genética/ hereditariedade seja outro fator contribuinte, assim como o ambiente/ meio neste último caso é considerado: briga severa marital, baixa renda familiar, família numerosa, criminalidade familiar, problemas mentais dos pais, problemas nos períodos da gestação pré, para e pós-natal do bebê, traumas na infância.

Entre outros fatores como as diferenças de gênero e idade que influenciam na predominância do TDAH e ao contrário do que se pensa este persiste até a fase adulta apenas reduzindo os sintomas. Na adolescência podem vir a se envolver em atitudes criminais como assaltos, roubos, uso de armas, vandalismo, agressões físicas e uso de drogas.

As principais conseqüências do TDAH em geral são: o baixo desempenho escolar, dificuldades de relacionamento, baixa auto-estima, interferência no desenvolvimento educacional e social, predisposição a distúrbios psiquiátricos as famosas co-morbidades segundo Riesgo (2006), são comuns nos seis primeiros anos escolares, mas com prevalência do TDAH.

O diagnostico para Moojen (1999) do TDAH deve ser através de uma equipe multidisciplinar e não apenas por um único médico a fim de evitar que uma criança normalmente ativa seja diagnosticada como hiperativa, da mesma forma o seu tratamento para um melhor resultado não deve se reduzir apenas à medicação.

A medicação como terapêutica central conforme Fernández (2001) “vem sendo fomentada em demasia com propagandas que favorecem o ramo farmacêutico, como única forma de tratar esse mal que se tornou uma epidemia” da forma como se referem ao TDAH.

Para o diagnóstico do TDAH a criança deve apresentar pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade – impulsividade, observando a duração, freqüência e intensidade dos mesmos. Também devemos considerar o grau de prejuízo a criança.

O TDAH é subdividido em três tipos de acordo com a predominância dos sintomas. O predominantemente desatento tem alto índice de prejuízo escolar; o predominantemente hiperativo-impulsivo tem altas taxas de rejeição dos colegas e o combinado com predominância dos dois primeiros a criança além do prejuízo escolar apresenta sintomas de conduta, de oposição e desafio.

Mediante estudos realizados pela área da Psicopedagogia, nos trazem as autoras Leal e Nogueira (2011) que o TDAH com predomínio da desatenção tem como característica o fato do aluno não conseguir prestar atenção, mesmo estando quieto, muitas vezes sendo rotulados de preguiçosos e em alguns casos levando a baixa autoestima. Também faz parte do quadro clinico deste grupo de alunos a distrabilidade podendo ser auditiva (sons/barulhos), visual (recursos que chamam a atenção), fantasiosa (a criança voa nos seus próprios pensamentos/lembranças) ou somática (a junção de todos estes anteriormente ou até mesmo dores, sentimentos, sensações, entre outras).

Ainda das autoras no caso da predominância da hiperatividade e da impulsividade nestes alunos fica em evidenciar características relacionadas ao comportamento destes indivíduos como atividade motora excessiva, descontrole, inquietação, agir sem pensar e sem se preocupar com as conseqüências e a agressividade na maioria dos casos como produto da própria impulsividade.

E no caso do último tipo de TDAH que seria caracterizado pela predominância dos três sintomas, desatenção, hiperatividade e impulsividade, para as autoras é o tipo mais complexo e que interfere significativamente na aprendizagem do aluno.

Cabe lembrar que este Transtorno é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, não é uma doença que foi inventada porque é moda como se escuta muito dentro das escolas, bem como não foi criada para alimentar a indústria farmacêutica, como muito é dito e o mais triste neste contexto todo é que o principal prejudicado com todas estas “linhas de pensamento do achismo popular”, nosso aluno, principal interessado fica alheio ao processo de ensino aprendizagem em meio a tanta discussão, em uma situação que não se aconselha perder tempo e sim necessita de investigação do caso, afinal estamos falando de uma vida.

Para tanto, faz se necessário a busca de um entendimento sobre a questão endêmica notasse que o professor, escola e família desempenham um papel fundamental de detecção e auxílio em todas as etapas, devendo estar disponíveis e abertos a contribuir com os processos diagnósticos, tratativos e manejo. Nesse aspecto a comunicação é fundamental devendo ser clara e honesta entre todas as partes envolvidas. Todas estas ações culminam em uma caminhada educacional para que aconteça o processo inclusivo deste aluno na rede regular de ensino, sendo mais tranqüilo com o auxílio da Psicopedagogia Institucional inserida no contexto seja por meio da ação ou formação desta área.

2.1 A PSICOPEDAGOGIA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DO ALUNO COM TDAH

É sabido que a inclusão é garantida por leis aqui no Brasil, porém muitas escolas discutem sobre este tema trazendo muitas duvidas e contradições visíveis em sua contextualidade, na sua maioria não cumprindo e em algumas vezes até negando a vaga ao aluno, fato este que tem feito algumas famílias no ato da matrícula omitir que o aluno é especial, mesmo este tendo laudo. Além de outras situações como quando matriculado este aluno na instituição apenas é inserido no meio sem a preocupação com as singularidades do educando.

Portanto, faz se necessário ver o que traz a lei a respeito, de acordo com as Legislações vigentes como a LDB (Lei Nº. 9.394/96 no art. 4 – inc. III) e o ECA (Lei Nº. 8.069/90 no art. – 54 inc. III) que a criança com necessidades especiais tem o direito de ser matriculada preferencialmente em escolas regulares, ou seja, a inclusão não é lei, mas está implícita na Legislação Nacional, porém segundo Fernandes (2006) para que seja possível a inclusão destas crianças faz-se necessário antes acabar com as barreiras atitudinais presentes nas escolas, pois a diversidade no contexto escolar deve ser tomada como valor educativo, sendo esta base para uma educação inclusiva que tem por objetivo atender a todos os alunos, tendo como princípios a igualdade e equiparação de oportunidades na educação.

Sánchez apud Fernandes (2006) ressalta que este conceito de inclusão se refere a todos os alunos não somente aos com deficiência, aos quais as escolas devem estar preparadas para acolher e educar.

Neste sentido um grupo de trabalho da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC/SEESP, 2008) nos traz que a educação inclusiva não contempla apenas as deficiências visíveis, mas também os transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e ainda os transtornos funcionais, conforme trecho retirado do documento.

Consideram-se alunos com deficiência àqueles (…) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, (…) alunos com transtornos globais do desenvolvimento (…) os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros. (MEC/SEESP, 2008, p. 15)

O processo de Inclusão de acordo com Fernandes (2006) tem por objetivo atender a todas as crianças, cuja sua efetivação se deu após a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada na Espanha em Salamanca, da qual resultou a Declaração de Salamanca, que defendia uma escola única para todas as crianças independentemente de suas diferenças individuais. Seguindo as novas orientações deveria haver mudanças estruturais nos modos de conceber e praticar a educação. Nesta concepção as escolas devem adotar um projeto político pedagógico flexível, dinâmico e aberto à reversão de práticas pedagógicas tradicionais e homogêneas.

Na perspectiva inclusiva o meio deve ser modificado para atender as necessidades dos alunos com deficiência e não a criança se adaptar ao meio, daí a importância da flexibilização no currículo escolar como princípio inclusivo, além claro das demais mudanças necessárias ao contexto (FERNANDES, 2006).

A escola inclusiva é aquela que prevê um currículo fundamentado e comprometido com a diversidade de seus alunos, bem como com a formação integral destes, vindo a contemplar a todos, especiais ou não, havendo apenas a flexibilização de conteúdos, objetivos e de critérios de avaliação entre outros aspectos, respeitando assim as singularidades de cada aluno do contexto escolar.

Surpreende o fato de alguns professores ainda acharem que a educação inclusiva é aquela que deve dar conta dos conteúdos específicos e absorver juntamente as práticas da Educação Especial e segundo a autora não se trata disto, não é juntar o ensino regular e a Educação Especial e sim ressignificar as práticas de forma harmônica, onde os dois contextos funcionem em torno de um mesmo objetivo, sendo este a participação e a aprendizagem de todos os alunos especiais ou não.

Porém no caso dos alunos com TDAH a situação é mais grave ainda, pois estes são vistos e rotulados na maioria das vezes como mal educados, terríveis, sem limites e por ai a fora, o que dificulta mais neste processo, pois não é uma deficiência visível pelo fato de ser uma inabilidade funcional em alguma área ou mais.

Nesta ótica da inclusão a Psicopedagogia em loco será um facilitador neste processo seja pela presença deste profissional da área ou como formação pedagógica dos próprios professores e pedagogos, uma vez que seu objeto de estudo é a aprendizagem ou não do aluno, ou seja, o processo de ensino aprendizagem em si, ao contrário do que muitas pessoas pensam, pois grande parte da população ainda acredita que o campo de estudo da Psicopedagogia é a psique do aluno sendo que este estudo é restrito aos Psicólogos e/ou Psiquiatras dependendo da circunstância.

Conforme Grassi (2009) a Psicopedagogia tem como foco o processo de ensino aprendizagem, estudando a aprendizagem e não-aprendizagem com objetivo de prevenir as dificuldades de aprendizagem.

Acreditasse que este olhar da Psicopedagogia mais direcionado ao processo em si da aprendizagem “como ela se dá ou não” favoreça no atendimento e entendimento destes alunos, viabilizando outra perspectiva sobre as aquisições deste individuo, não se restringindo a aquisição do conhecimento, mas também visualizando que este aluno traz consigo uma bagagem conceitual quando chega à escola, bem como a partir das relações e interações dentro e fora da escola irá construir e reconstruir conceitos, ou seja, um ressignificar diário.

E o professor necessita estar atento a este processo, se fazer parte integrante e não um mero transmissor de conhecimento e conceitos, mediante este olhar voltado a cognição do aluno a Psicopedagogia oferece um leque de possibilidades para efetivar este processo de inclusão e prevê que pela interação do sujeito com o meio e pelo meio ele desenvolve seu potencial, resolve problemas internalizados, bem como cria novos caminhos necessitando de nosso auxilio nesta busca de possibilidades.

Em conformidade com a autora Oliveira (2009) a Psicopedagogia se propõe a analisar todas as possibilidades de construção de conhecimento valorizando o universo de informações que nos rodeia, bem como o processo de aprendizagem que é constante independentemente de onde o sujeito esteja inserido.

Ainda da autora a Psicopedagogia em contexto permite criar estratégias capazes de ressaltar as múltiplas aprendizagens construídas no contexto do sujeito, aproveitar aquisições anteriores e a reestruturação psicológica do sujeito, por intermédio da crença na sua capacidade. Desta forma eliminamos a autoestima baixa comum neste publico alvo.

Portanto fica evidente que é necessário ressignificar práticas educativas, abolir atividades que vão reforçar a inabilidade do aluno e sim promover estratégias de ensino que possam ressaltar as potencialidades e capacidades deste aluno, pois o foco deve ser enfatizar o que se adquiriu e não os insucessos.

Este aluno precisa encontrar formas de superar suas dificuldades e este olhar da Psicopedagogia que através de práticas construtivas e de extrema interação com o meio propicia ao educando uma gama de múltiplas aprendizagens evitando rotulação e exclusão deste, bem como a mera inserção. Nesse sentido o autor Maturana (1998, p. 29) traz que:

O educar se constitui um processo em que à criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência (…).

Frente esta abordagem os professores têm por incumbência proporcionar diversidade de recursos e aulas para este alunado, a fim de refletir de forma crítica com a intenção de recriar este contexto e transformar este ensino para e pela diversidade efetivando realmente o processo de inclusão.

2.2 A PSICOPEDAGOGIA E O TDAH PRESENTES NA ESCOLA

O Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não pode ser considerado como um comportamento inadequado, exagerado, falta de limites ou tão pouco como ausência de educação moral uma vez que caracteriza um comprometimento funcional da escolarização do sujeito, da sua vida laboral e das relações familiares e sociais.

Ainda que em tempos modernos nos deparemos com educadores que reproduzem em suas salas, práticas de ensino da educação tradicional o que para portadores de TDAH não combina e aumenta o grau de frustração e fracasso escolar do educando, pois enfatiza suas limitações e inabilidades ao invés de reforçar suas capacidades, habilidades e potencialidades.

Para Fernández (2001) mediante esse perfil de professor o bom aluno é aquele quieto e atento confundido com o bom aprendente, tendo como objetivo único à repetição/ reprodução e memorização/ decodificação de conteúdos, quando na realidade o que interessa nesse caso é que se ensine através de propostas que promovam o questionamento e juízo crítico. A autora ainda levanta um questionamento se os alunos não prestam atenção por falta de atenção ou por necessitar de atenção em excesso.

Nesse aspecto consideramos fundamental ao docente, na busca de um manejo adequado com o TDAH à compreensão profunda de algumas questões como o diagnóstico, planejamento de ações e avaliação de sua prática pedagógica diária. Para tanto o conhecimento Psicopedagógico Clínico enquanto formação vem a contribuir na questão do diagnóstico, elaboração de estratégias e avaliação/reavaliação para proporcionar um desenvolver e apreender tranqüilo a este aluno.

De acordo com Barbosa (2010) todo e qualquer ambiente é educador e este emana aprendizagem objetiva e subjetiva, desta forma tudo deve ser pensado para que seja promovida a aprendizagem efetiva e todas as etapas pertinentes a este processo devem ser vistas e revistas diariamente.

A Psicopedagogia, assim como outras áreas recomenda que é necessário ao docente em relação a esses alunos em especial uma verificação das melhores maneiras de ensinar esse aluno, buscando saber mais sobre sua necessidade educativa, bem como as formas como esse aluno aprende, pois cada sujeito tem uma forma de aprender as coisas.

Para isto é fundamental que o professor tenha um diálogo amigo e aberto com o educando no intuito de criar vínculo e conquistar sua confiança, uma vez que nesse processo professor e aluno devem descobrir juntos, maneiras de melhorar a ensino e a aprendizagem, ambos devem construir esses processos em sala.

Assim a comunicação verbal e escrita do professor com esse aluno e com a turma precisa ser sempre clara e objetiva sem rodeios tanto para introduzir conteúdos quanto nas atividades a serem realizadas.

A presença do trabalho Psicopedagógico Institucional também é benéfica e fundamental, pois esta visa o todo e não apenas o individuo. Segundo Oliveira (2009) a abordagem sistêmica nos permite observar a aprendizagem no contexto escolar com base no ensinar e aprender não limitando a um único ser ou situação.

Para a autora o papel do Psicopedagogo Institucional é potencializar a capacidade de ensinar do corpo docente, assim como a capacidade dos educandos de apreender. Além de auxiliar a escola como um todo no repensar em seus propósitos, propostas e objetivos, ou seja, promovendo uma mudança de cultura do que é e para que ensinar.

Ainda da presença deste profissional a autora fala da importância da atuação junto às famílias, auxílio e trabalho com elas, a fim de promover mudanças funcionais nestas, o que deixa mais evidente a necessidade desta área em nossas escolas seja por formação docente ou pela presença em si deste profissional em contexto escolar.

2.3 METODOLOGIA

Neste projeto se fez necessário empregar uma metodologia de pesquisa bibliográfica, para se estabelecer um diálogo entre a teoria e a prática profissional. Conforme Michaliszin e Tomasini (2005) este tipo de pesquisa é desenvolvida a partir de livros, artigos, teses e documentos a fim de fundamentar pesquisa empírica realizada.

Cabe salientar ainda, que neste trabalho se priorizou a criatividade do pesquisador por se tratar de um relato de experiência e não apenas seguir regras e normas, pois se acredita que nas mais diversas circunstâncias somos pegas de surpresa pelos acontecimentos e a pesquisa social por si não é algo estanque, ela é produto de um contexto, uma realidade que esta em constante movimento – mudanças, os quais nem sempre nos permitem seguir métodos e instrumentos a risca.

Neste sentido a autora Minayo (2001) nos traz que nada substitui a criatividade do pesquisador e ainda cita em seu livro o trabalho do autor Feyerabend (Contra o método, 1989), no qual observa que as descobertas da ciência em sua maioria esta ligada a desobediência das regras. E será visto na seqüência, que no caso deste trabalho se fez necessária várias adaptações tanto em método, instrumentos e a pesquisa propriamente dita diante de algumas dificuldades encontradas ao longo do percurso.

Para viabilizar este trabalho serão necessárias algumas etapas como levantamento de literatura na área em questão, analise, relacionar com a prática, conclusão e levantamento de possíveis estudos futuros.

Utilizar-se-á como instrumentos de pesquisa, a releitura de diário de bordo e de classe dos últimos quatro anos de trabalho como docente em rede de ensino regular e estudo bibliográfico sobre o objeto de estudo.

Porém, durante o levantamento de conteúdo bibliográfico a pesquisadora deparasse com escassez de referencias especificas sobre este assunto havendo a necessidade de encontrar respostas em áreas afins. Assim realizando pequenos recortes das referencias da área da Medicina, da Psicologia e da Psicopedagogia criando uma interlocução no decorrer da revisão de literatura.

Das questões inerentes ao tema aqui proposto também se verifica na seqüência o processo de inclusão propriamente dito, relação entre a teoria, o que a orienta legislação, o que ocorre em tempo real e as possibilidades de melhoria nesse processo de inclusão com apoio do trabalho Psicopedagógico.

Também se realizou ainda verificação da contribuição da Psicopedagogia como formação pedagógica ao docente, sendo esta fonte de conhecimentos favoráveis nesse processo de inclusão, facilitando a organização do espaço educativo, o manejo e a adequação do processo de ensino aprendizagem visando atender as especificidades e singularidades dessas crianças.

Após analisar resultados dos estudos bibliográficos em contraponto com a prática pedagógica obteve-se conhecimentos, saberes e descobertas relevantes para socializar com colegas da área, uma vez que não tem fontes satisfatórias em nossa área. Assim possibilitando também apontar novos caminhos através de pesquisas para obtenção de outras respostas.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia neste trabalho não é apresentar respostas prontas e nem citar todos os benefícios que esta área do conhecimento traz ao educador frente às necessidades educativas de nossos alunos inseridos atualmente em contexto, mas sim suscitar a vontade e o interesse em qualificar seu trabalho através e pela Psicopedagogia, tendo a certeza de que estará atendendo melhor este alunado que cada vez mais chega as nossas escolas, sendo negligenciado e excluído deste processo e na maioria sendo empurrados para o abismo do fracasso escolar.

Ainda se pode arriscar falando que esta área do conhecimento inspira grandes descobertas, pois instrumentaliza educadores a buscar idéias e estratégias inovadoras, uma vez que a criação e o recriar levam a recursos e métodos mais aprimorados e capazes de efetivar a inclusão destes alunos que em sua trajetória escolar têm tantos “altos e baixos” devido ao manejo inadequado ao seu quadro clinico e muitas vezes não acompanhado por especialistas.

Como constatado nesta investigação existem muitos casos e não raros de evasão escolar, devido ao agravamento do quadro, pois uma vez não atendido corretamente este aluno ao longo do percurso poderá desenvolver comorbidades como depressão pela própria insatisfação pessoal, autoestima baixa e infelizmente em casos mais graves este alto índice de jovens em nossa sociedade envolvidos na criminalidade e lamentavelmente nós enquanto educadores, temos uma parcela de contribuição com esta realidade que enfrenta nosso país.

Durante este trabalho permanece a certeza de que todo esforço e busca é válido na educação para que futuramente outros alunos com este Transtorno não venham a sofrer com a falta de diagnóstico, sendo a Psicopedagogia uma área contribuinte na redução de danos a este grupo de indivíduos durante o processo de inclusão viabilizando um ensino aprendizagem mais saudável, de qualidade e possível, ainda que sem auxilio terapêutico.

Cabe salientar que a Psicopedagogia é contribuinte neste processo e não a solução, portanto não eximindo a obrigação pela busca de outros auxílios e medidas tratativas, oficialmente ela se torna quando presente em contexto uma medida paliativa e que irá oferecer algumas soluções, mas não todas, afinal não podemos colocar esta responsabilidade apenas em uma área, este é um assunto como antes falado para ser tratado por uma equipe multidisciplinar.

O olhar psicopedagógico em sala favorece ao educador a capacidade de compreender melhor este aprendente, adaptar suas atividades, avaliações e o espaço escolar, assim como utilizar realmente o potencial deste aluno em questão e aos demais ditos normais, uma vez que todo o ser humano possui um potencial latente e vibrante, basta apenas despertar, incentivar, motivar e porque não dizer treinar, afinal nosso cérebro é capaz de maravilhas que nós mesmos desconhecemos e acostumamos a ouvir ele é deficiente, será mesmo que ele é deficiente ou nós ainda não descobrimos como reprogramar este cérebro perfeito e inacabado que depende de nossos estímulos.

Entretanto, ainda ficam lacunas para novas pesquisas sobre as múltiplas contribuições da Psicopedagogia no âmbito escolar, baseado nas experiências positivas obtidas através dela em contexto. Encerra se este trabalho com um convite a apreender, criar e recriar com os conhecimentos desta área tão fascinante e encantadora de como nós seres humanos apreendemos e isto não se restringe aos alunos, mas vai além, pois somos parte ativa também desta ciranda do aprender. Estejamos sempre abertos ao novo, a novos horizontes e aprendizagens, pois a aprendizagem é o nosso início e fim sempre.

REFERÊNCIAS

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ROHDE, Luis Augusto; BENCZIK, Edyleine. Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade: O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artmed, 1999.

[1] Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional – Uninter; Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia – Facinter; Formação Técnica em Magistério Séries Iniciais – Instituto de Educação Paulo da Gama.

Enviado: Abril, 2019.

Aprovado: Setembro, 2019.

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Geisi Galarça Ramos

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