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Os conhecimentos da ayahuasca na união do vegetal

RC: 28087
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-religiao/conhecimentos-da-ayahuasca

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

OLIVEIRA, Rita Barreto de Sales [1]

OLIVEIRA, Rita Barreto de Sales. Os conhecimentos da ayahuasca na união do vegetal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 09, pp. 69-87. Março de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-religiao/conhecimentos-da-ayahuasca, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/ciencia-da-religiao/conhecimentos-da-ayahuasca

RESUMO

Este artigo tem como propósito analisar os conhecimentos da ayahuasca, chá de origem indígena feito da combinação entre um cipó conhecido como mariri ou jagube e as folhas de um arbusto conhecido como chacrona, usado no contexto cultural da religião brasileira chamada União do Vegetal.  Por meio de pesquisa bibliográfica, conceituou-se o que é ayahuasca; verificou-se que as religiões ayahuasqueiras vêm proliferando nas últimas décadas aqui no Brasil; estudou-se a fundação da União do Vegetal, assim como seus principais fundamentos e ritual; observou-se que na visão dos adeptos da UDV pode ocorrer a cura de doenças físicas, aflições, alcoolismo e dependência química, o que pode ser comprovado também por médicos e cientistas. Enfim, de acordo com a pesquisa citada por Ricciardi (2008) é possível que haja uma grande transformação na vida dos indivíduos que consomem a bebida num ambiente ritualístico.

Palavras-chave: Religião ayahuasqueira, UDV, Cura de doenças físicas e aflições, Cura de alcoolismo e dependência de drogas.

INTRODUÇÃO

O ser humano sempre buscou saber sua origem, sempre sentiu necessidade de se conectar com uma força maior que o teria criado. E nessa busca para compreender sua jornada neste planeta denominado Terra, vem através dos tempos criando mecanismos que o levem a acessar experiências no lado divino de seu próprio ser.

Para Quintana (1999, p. 14), este desejo de alcançar o oculto, o mundo no qual o impossível parece poder ser alcançado, é baseado em nosso conhecimento de que, mais cedo ou mais tarde, teremos um confronto com o real, noutras palavras, um confronto com o dificílimo de modificar. Nesse momento, nosso universo de sentido cai e uma das poucas maneiras de mantê-lo em pé é submergirmos nessa terra de mistérios.

Já para Mahajara (2016, s/p), essa busca pelo amor divino é a essência

mesma de todas as religiões. Cada alma está buscando pelo amor divino, seja consciente ou inconscientemente. Ainda assim, diferentes variedades de obstáculos estão aparecendo para nos dissuadir de nosso caminho. Porém, o coração não ficará satisfeito a não ser e até que se chegue lá. Uma vez iniciada, nossa jornada rumo a Krsna nunca poderá ser detida em lugar algum. Poderá ser uma mera questão de atraso; poderá se passar um longo tempo, eras e mais eras: mas nosso sucesso final não poderá ser prejudicado.

As religiões existentes, portanto, estão imbuídas desta procura pelo sagrado, pelo autoconhecimento, pela união com a centelha de vida que une os homens em sua espiritualidade. E novas religiões vão surgindo a cada dia, seja porque as que estão aí não já não satisfazem os anseios buscados, seja porque novas inspirações chegam às mais diferentes pessoas. Um exemplo que pode ser citado é o da proliferação de religiões ayahuasqueiras que vem tomando fôlego nas últimas décadas aqui no Brasil.

Groisman (2014, p. 4) assevera que a denominação “religiões ayahuasqueiras”, de fato, é

uma forma contemporânea que pesquisadores encontraram para generalizar as diversas vertentes que foram fundadas por cidadãos brasileiros, e que sistematizaram ritual e institucionalmente o uso de bebidas derivadas do uso da ayahuasca na região amazônica a partir dos anos 1920s, quando ao que parece já existia o C.R.F. A trajetória destas organizações foi sempre marcada pela dialética entre agregar-se e diferenciar-se. Assim, há três vertentes mais conhecidas, fundadas no século XX por três imigrantes que vieram de outras regiões do Brasil, Raimundo Irineu Serra, […], Daniel Pereira de Matos e José Gabriel da Costa. Nas organizações fundadas sob a inspiração de Irineu Serra e Pereira de Matos a bebida é chamada daime, ou santo daime. Nas organizações estabelecidas sob inspiração de José Gabriel da Costa, a bebida é chamada hoasca ou vegetal.

Esse autor comenta que Irineu Serra, um brasileiro que veio a fundar o segundo grupo organizado para o uso da ayahuasca, e o mais conhecido, muito provavelmente tomou conhecimento da existência deste chá por meio de contatos pessoais com indivíduos que o haviam usado ou do qual haviam ouvido falar. A hipótese mais plausível é que tenha tomado conhecimento deste por conterrâneos seus do estado brasileiro do Maranhão, de onde teria partido para chegar ao Acre. Ele teria encontrado na região da fronteira do Brasil com a Bolívia e Peru dois irmãos, Antonio e André Costa, que, de acordo com as escassas narrativas existentes, eram líderes de uma organização que empregava a ayahuasca chamada Centro de Regeneração e Fé – C.R.F, a qual oi citada acima.

Mas, o que vem a ser ayahuasca? Carneiro (2016, s/p) afirma que a ayahuasca, também conhecida pelos nomes de Santo Daime e Vegetal, é

uma bebida composta de duas plantas, o cipó Banisteriopsis caapi e a rubiácea Psychotria viridis, fervidas juntas durante muitas horas. As substâncias psicoativas nela presente são a DMT [2] (da Psychotria) e a Harmina, Harmalina e Tetrahidroharmina (da Banisteriopsis). A DMT é inativa oralmente e, portanto, apenas sua mistura com um inibidor da monoaminaoxidase (IMAO) pode permitir que seu efeito psicoativo se manifeste. A descoberta dessa combinação sinérgica entre duas plantas é uma das realizações etnobotânicas mais significativas das culturas indígenas e um dos fatos que mais intrigou os cientistas. Já houve até mesmo tentativas de patenteamento, nos Estados Unidos, dessa fórmula do saber fitoquímico dos povos amazônicos – tais tentativas que foram impedidas pela reação das comunidades indígenas.

Labate e Araújo (2002) comentam que a palavra ayahuasca é de origem indígena, sendo que aya significa “pessoa morta, alma espírito” e waska quer dizer “corda, liana, cipó ou vinho”. Dessa forma, a tradução, para o português, seria “corda dos mortos” ou “vinho dos mortos”. No Peru, deparou-se com o seguinte significado: “soga de los muertos”.

Para esses autores, o uso, que primeiramente era restrito aos povos indígenas, foi incorporado pelas civilizações e vilarejos da Amazônia Ocidental, aparecendo o vegetalismo [3].

MacRae (1992, p. 36) afirma que os vegetalistas classificam-na (a bebida) como uma “doutora”, um ser inteligente, de espírito forte, com o qual é admissível estabelecer relações. “Acredita-se que dela pode-se aprender muito, uma vez seguidos seus preceitos. A ayahuasca pertence à classe de plantas que têm “mães” ou espíritos protetores, uma ideia comum entre vários grupos indígenas da região”.

Sobre o uso da ayahuasca, Vitória (2016) assevera que esta age como

um estupendo facilitador, de compreensão da existência das camadas profundas dos “impulsos de vida” e “impulsos de morte”, nos permitindo dialogar com o seu centro inteligente, e seus desdobramentos energéticos no plano espiritual, ou seja “invisível“ mostrando e ajudando a eliminar profundas camadas psicológicas e espirituais de nosso SER, através de ações musculares de contração e relaxamento, chamadas de PURIFICAÇÃO ou limpeza (s/p).

Na opinião dessa autora, a ayahuasca “é um caminho para o reencontro com o que temos de melhor em nós e com o Divino manifesto na Terra” (s/p).

Taussig (1993) apud Ricciardi (2008) afirma que, em pesquisa ocorrida na década de 70 em Putumayo [4], descobriu documentos do Padre Manuel Maria Alvis datados de 1854, os quais foram publicados na revista da Sociedade Etnológica Americana em 1960 que, em um anexo cujo título era “Remédio empregado pelos índios”, dessa forma descreve a Ayahuasca:

Aquece e é bom para quem está envenenado. As folhas queimadas são oferecidas com água misturada com cevada e mel às mulheres que padecem de amenorreia. Cozida e misturada com a casca ralada de um cipó denominado yoco, é boa para disenteria (p. 297).

No anexo também são descritos hábitos indígenas dos pajés:

Seus médicos estão acostumados a tomar a infusão de um cipó denominado Yoge (Yagé?), que provoca a mesma sensação que a tonga ou borrachero, e sob efeito da ilusão provocada por essa intoxicação eles acreditam que veem coisas desconhecidas e advinham o futuro. A maior parte desses embusteiros finge ter na floresta uma onça que lhes conta tudo. Dedicam-se à sua profissão com muita atenção e minúcia, como se fosse uma verdadeira ciência. Acreditam que a onça é o demônio e afirmam que ela fala com eles. Eles ficam de tal modo absortos em suas quimeras que acabam sendo os primeiros em acreditar em suas próprias ficções (p. 297).

Divergindo do Padre Manuel, o autor acima citado defende que a cura xamânica era alcançada naquela época no alto do Putumayo por meio do Yagé. Os índios habitantes dos contrafortes deste lugar afirmavam que se trata de uma oferenda especial de Deus para eles e só para eles. O Yagé era analisado como o estudo e a escola, algo ligado à origem do conhecimento e da sociedade, tendo sido considerado como o mestre que ensinou aos índios o bem e o mal, as características dos animais, os remédios e as plantas comestíveis.

No entendimento de Miller (2003), o processo visionário da Ayahuasca traz o efeito de possibilitar que um indivíduo resolva seus problemas e se cure espiritual, psicológica, emocional e fisicamente. O chá é chamado de “enteogênico”, o que equivale a “contém Deus dentro”.

Este artigo tem como objetivo: Analisar os conhecimentos da ayahuasca, chá de origem indígena feito da combinação entre um cipó conhecido como mariri ou jagube e as folhas de um arbusto conhecido como chacrona, usado no contexto cultural da religião brasileira chamada União do Vegetal – UDV.

1. A UNIÃO DO VEGETAL

Ricciardi (2008) comenta que na visão da doutrina da UDV, em caso de necessidade, Deus manda de tempos em tempos espíritos de luz para ajudar a humanidade na caminhada de evolução espiritual na Terra. Pois bem, é na categoria de um enviado à Terra, pela inspiração superior, no cumprimento de uma missão, que José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, é visto na religião que fundou.

Essa autora afirma que José Gabriel da Costa nasceu na Fazenda Pedra Nova em Coração de Maria, local próximo à Feira de Santana, na Bahia, em 10 de fevereiro de 1922, sendo filho de Manoel Gabriel da Costa e Prima Feliciana da Costa. Surgiu em uma família numerosa de treze irmãos. Um desses irmãos, o Antônio Gabriel, hoje um Mestre pela UDV, diz que quando criança José Gabriel trabalhava na lavoura na minúscula propriedade de seus pais. E alega que desde essa época ele já se sobressaía como uma criança diferente, especial. De acordo com ele,

José Gabriel, quando jovem, auxiliou uma mulher que estava com dificuldades no parto. Ele também conta que um dia José Gabriel chegou à sua casa mais cedo da escola dizendo que a professora o tinha mandado ir embora. Os pais, preocupados foram até lá em busca de esclarecimentos. A professora declarou que não tinha mais nada para ensinar ao filho deles, demonstrando respeito e reconhecimento à sua sabedoria (p. 24).

Goulart (2015) assevera que o mestre Gabriel fundou a UDV durante uma fase de sua vida em que trabalhava como seringueiro num local denominado Sunta. Entre o início dos anos 1950 até metade da década de 1960, ele alternou épocas de residência em seringais situados numa região de fronteira entre o estado de Rondônia e a Bolívia com estadias na cidade de Porto Velho. Consta que foi nesse período de trânsito, entre a mata dos seringais e a cidade, que enfoques fundamentais do novo grupo religioso ayahuasqueiro fundado por ele se definiram. Existem muitos relatos nos quais se afirma que o mestre Gabriel teve sua primeira experiência com o chá com um seringueiro chamado Chico Lourenço, num seringal denominado Guarapari, situado também na fronteira entre o Brasil e a Bolívia.

Em 1965, o mestre Gabriel mudou-se definitivamente para Porto Velho, passando a organizar a UDV nessa cidade. Foi ali que seu grupo religioso abrangendo o uso da bebida ayahuasca começou a angariar um número mais significativo de integrantes, e que sua estrutura ritual foi elaborada e definida. É nessa época também que se inicia o processo de formalização institucional da UDV. Dessa forma, em 1970, um ano antes de morrer, o mestre Gabriel organizou os estatutos de seu grupo e o registrou em cartório com o nome de Centro Espirita Beneficente União do Vegetal – CEBUDV (GOULART, 2015).

Quanto ao funcionamento doutrinário, os discípulos recebem os ensinamentos e atingem crescimento hierárquico, gradativamente, à proporção que demonstram sintonia com a doutrina, havendo quatro categorias de discípulos: o quadro de mestres, o corpo do conselho, os discípulos do corpo instrutivo e o quadro de sócios, além dos adventícios, os quais são as pessoas que bebem o vegetal pela primeira vez. Nas sessões, os discípulos usam uniformes que diferenciam os graus hierárquicos. A manutenção do Centro é feita pelos próprios sócios por meio do pagamento de mensalidades e da realização de mutirões (RICCIARDI, 2009).

A autora acima assevera que a doutrina da UDV é cristã e reencarnacionista e acredita que os problemas de saúde, de qualquer natureza, acontecem por merecimento. Esta lei afirma que temos responsabilidade por nossas atitudes e temos que responder por elas. Quanto às enfermidades e aflições, estas são respostas aos atos praticados, anteriormente, nessa ou em outra vida. Por meio do sofrimento e da busca por atitudes mais elevadas, pode-se desejar um merecimento melhor. Quem planta flores colhe flores;

mas quem planta espinhos vai colher espinhos: esse é um dos eixos principais da doutrina udevista. Os sócios devem ter atenção aos sentimentos, às palavras e às ações, no sentido de direcioná-las para o bem, a fim de que possam ter um merecimento positivo, ou seja, para que possam merecer coisas boas, nessa e em outras vidas (p. 25).

Comparando-a com as outras religiões ayahuasqueiras, Goulart (2015) ressalta algumas diferenças entre a UDV e os grupos daimistas da tradição do mestre Irineu e, também, com os relacionados à Barquinha. Dessa forma, além do local de origem ser diferente, na UDV a bebida que, também, é consumida nas outras religiões, ao invés de ser chamada de daime, é denominada vegetal. Este vocábulo também é aplicado para designar o grupo religioso: União do Vegetal, de modo análogo ao que ocorre com o termo daime, usado para se referir a alguns grupos que usam a bebida de mesmo nome.

Apesar destas diferenças entre a UDV e as duas outras religiões ayahuasqueiras (Daime e Barquinha), Goulart (2015) observa muitas relações de proximidade entre elas. Existem elementos presentes nos rituais, nos mitos e em princípios cosmológicos da UDV que vêm de tradições que também influenciaram os grupos acima mencionados. Como exemplo, podem ser citadas as práticas do catolicismo popular brasileiro.

Assim, o calendário ritual da UDV celebra as datas nas quais se comemoram os Santos Reis, São Cosme e São Damião, o Natal, a Ressurreição de Cristo, entre outras. Ademais, muitas entidades cristãs (como Jesus ou a Virgem Maria) são rotineiramente mencionadas nas chamadas da UDV e nas histórias que compõem o corpo doutrinário desta religião. Outro conjunto de influências que é visível na UDV e que está presente na Barquinha está relacionado a tradições de cultos afro-brasileiros (GOULART, 2015).

A autora acima acrescenta que a presença de elementos religiosos afro-brasileiros na UDV não ocorre de forma marcante, como na Barquinha.  Mas, existe todo um conjunto de continuidades entre a UDV e aspectos destes cultos. Como exemplo, pode ser citada a semelhança entre algumas das “chamadas” entoadas durante as cerimônias da UDV e os pontos de Umbanda, e a menção a entidades próprias desse culto, como Santa Bárbara, Princesa Janaína e Mariana, entre outras. Existem vários indicativos, ainda, de que alguns adereços usados pelos participantes das cerimônias da UDV sejam uma influência de elementos de cultos afro-brasileiros.

2. O RITUAL

Nogueira (2016, s/p) mostra as sete etapas do ritual que ocorre na União do Vegetal. Observe-se a figura 1:

Figura 1: Ritual da União do Vegetal (NOGUEIRA, 2016).

Os adeptos usam uniforme na maioria das sessões. O homem à esquerda (quadro no canto superior esq.) está vestido como um mestre, nome dados aos sacerdotes.

1 – A pessoa encarregada de conduzir o ritual é chamada de mestre dirigente. Às 20h, ele se põe em pé e anuncia o início da sessão. Todos ficam de pé. A partir de agora, só ele pode falar livremente: os outros devem pedir permissão a ele para falar.

2 – As pessoas formam uma fila no sentido anti-horário e param ao lado do arco para receber o chá. Cada um recebe o chá diretamente do mestre dirigente. Eles seguram o copo com a mão direita, voltam a seus lugares e permanecem de pé.

3 – O mestre dirigente fala algumas palavras rituais e todos bebem o chá. Os mais graduados hierarquicamente bebem primeiro. Depois, todos se sentam em silêncio.

4 – Enquanto se espera que os efeitos do chá comecem a se manifestar, escuta-se a leitura dos regulamentos internos da UDV.

5 – Após a leitura, o mestre dirigente entoa alguns cânticos, que visam colocá-lo num estado de inspiração espiritual.

6 – O mestre percorre a mesa no sentido anti-horário perguntando a alguns se elas estão sentindo os efeitos espirituais do chá, chamados de “força” e “luz”.

7 – A partir daí, os presentes fazem perguntas sobre a doutrina, que são respondidas pelo mestre dirigente. Quem quiser, pode beber uma segunda dose do chá às 22h. O rito se encerra às 00h15.

Como pôde ser observado na figura 1, o ritual segue regras próprias, as quais devem ser obedecidas por todos.

3. A CURA DE DOENÇAS FÍSICAS, AFLIÇÕES, ALCOOLISMO E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Rosa (2017) comenta que em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, dez veteranos consumidores da ayahuasca se reúnem para tomá-la em grupo, como acontece há anos. De modo normal, eles a usam em rituais religiosos, com cânticos e louvações. Mas, desta vez, o ritual não tem nada de ancestral, uma vez que eles estão em um laboratório científico. Ao contrário das músicas, o único barulho na sala chega de uma máquina de ressonância magnética, na qual os usuários são colocados antes e depois de ingerir a bebida. Enquanto sentem sua percepção se modificar e começam a ter alucinações, um grupo de cientistas avalia imagens que representam as áreas de seu cérebro. Eles observam que a ayahuasca ativa o córtex visual primário, situado no lobo occipital, área que tem papel fundamental para a visão. Para o espanto dos pesquisadores, tal área ficou tão ativa quando o participante olhou fotografias quanto no momento em que ele ingeriu a ayahuasca, fechou os olhos e teve visões. A imagem ainda mostrou o funcionamento de áreas vinculadas à recuperação de memórias biográficas e à imaginação de futuros eventos.

Kelmer (2016) afirma que quem já teve uma experiência com as tais “plantas sagradas”, como a ayahuasca, o peiote e a jurema, compreende perfeitamente o imenso poder que elas encerram. E sabe ainda que elas não devem ser usadas em um consumo recreativo, precisamente porque costumam atingir muito fundo o nosso interior, modificando nossa compreensão da realidade e de nós mesmos e nos fazendo surgir da experiência, profundamente transformados. Xamãs e pajés do mundo inteiro as empregam há milhares de anos em contextos religiosos e terapêuticos. Na atualidade médicos e pesquisadores de vários países estão unindo medicina acadêmica com antiquíssimas práticas xamânicas que incluem o uso de plantas psicoativas e, com essa peculiar união, vêm conseguindo resultados animadores na cura de muitas doenças como a dependência química.

Para Diniz (2016), a ayahuasca serviu como fundamento para a instituição de diferentes tradições espirituais por comunidades indígenas nos países amazônicos desde tempos imemoriais. Os povos indígenas empregaram-na como um elo imaterial com o divino que ficava entre as árvores, os lagos silenciosos, os igarapés. É que, para esses povos, a natureza possuía alma e vontade própria.

3.1 DOENÇAS FÍSICAS

Ongaro (1994) assevera que no desdobramento da medicina aconteceu um conflito, que prontamente se tornou clássico, entre uma medicina da doença, centrada no órgão doente, e outra, centrada no ser humano doente. Nesta última, a doença é qualificada como expressão de um desequilíbrio que o afeta na totalidade, inclusive sua personalidade e sua vida de relação.

Ora, a doença ou desequilíbrio leva o indivíduo a buscar a cura, seja através da medicina tradicional, seja através de terapias alternativas, como é o caso da cura pela ayahuasca. Weber (1991) afirma que na contramão de outras religiões, que apregoam as virtudes curativas desta, a UDV, nesse particular, apresenta postura sóbria, pois,

sabe que a Deus nada é impossível, mas não pratica nem difunde ações curandeiristas. Usamos o chá, como já foi dito, como veículo de concentração mental, para buscar o acesso a um estado de consciência em que a compreensão dos fenômenos espirituais e metafísicos é mais nítida. O que se busca, através dos ensinos e da doutrinação reta, é a cura espiritual – isto é, a purificação (p. 34).

Nessa linha de entendimento, Ricciardi (2008) comenta que mesmo que a cura não seja obtida, os necessitados aprendem a pelejar com a enfermidade diminuindo suas aflições, conformando-se e buscando um estilo de vida capaz de tornar mínimo seu sofrimento. A enfermidade ou doença física pode não ser curada ou não ter cura, através da medicina tradicional, mas os adeptos sentem alívio da aflição que segue o mal, por meio de uma capacidade de vivenciá-la de um jeito mais suave e menos tenso. Outros notam algum tipo de enfermidade durante a sessão, às vezes, durante as chamadas qualificadas como de cura, e realizam seus tratamentos através da medicina tradicional, sendo exitosos devido à descoberta precoce da enfermidade, o que se considera um merecimento: “ver a enfermidade para que ela possa ser diagnosticada e tratada a tempo de não evoluir para um quadro mais complicado” (p. 91).

3.2 AFLIÇÕES

Ricciardi (2009) comenta a cura das aflições de quatro entrevistados a partir do uso da ayahuasca no contexto religioso da UDV: dois com problemas de dependência de drogas, em um patamar que comprometia suas relações sociais e profissionais; um com um problema físico (o câncer de próstata) e o outro com uma relação conflituosa com familiares, além de uso frequente de drogas. Tais indivíduos relatavam aflição, ansiedade e a sensação de que alguma coisa lhes faltava. O encontro com a União do Vegetal foi a maneira que eles buscaram para minimizar ou curar seus sofrimentos buscando alívio ou tratamento para os respectivos problemas enfrentados.

3.3 ALCOOLISMO E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

No que se refere ao alcoolismo e à dependência química, Izumi (2011) assevera que alcoólatras crônicos e usuários de drogas ilícitas, que se identificavam com casos insolúveis afirmam terem abandonado décadas de vício com o uso do chá ayahuasca.  Mas este tratamento não é divulgado publicamente e as recomendações são propagadas apenas entre os membros de grupos religiosos que usam a bebida, como o Santo Daime e a União do Vegetal, além de dissidentes. Tais relatos têm atraído a atenção de médicos e cientistas que estudam os efeitos da bebida para conhecer a causa da suposta eficácia contra o vício. Na reportagem desta autora dois ex-dependentes contaram que tomaram conhecimento do chá por indicação de psiquiatras que frequentavam os rituais [5].  O depoimento do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, do Proad – Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Unifesp corrobora os relatos dos entrevistados: “Pessoas, que ingressaram nos grupos do vegetal milagrosamente, largaram a bebida depois de 30 a 40 anos de alcoolismo”.

4. A EXPERIÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO

Ricciardi (2009) apresenta um artigo, no qual estabelece parâmetros de como uma religião, em concomitância com um enteógeno [6], pode modificar positivamente a vida de alguns indivíduos, seja na resolução de dificuldades oriundas do uso abusivo de drogas, seja na influência em sua interação com a sociedade e consigo mesmos.

A autora supracitada estudou três pessoas que creem que a UDV permitiu, de alguma maneira, uma melhora em relação ao problema do uso compulsivo de drogas. Nos três casos, elas se sentiam aflitas e desconfortáveis com a compulsividade, afirmando que o uso de drogas estava afetando de modo negativo suas vidas, comprometendo suas relações com o trabalho e a família, provocando diversos tipos de conflitos, internos e externos. Tais pessoas se dizem transformadas e afirmam que o uso constante de drogas estava relacionado a um vazio existencial que, ao ser suprido, produziu uma mudança profunda no modo como viam a vida e a si mesmas. Observe-se que a mudança de conduta e de hábitos é notada pelos familiares, amigos etc., que passam a ter uma referência da religião como sendo um espaço que permite uma transformação positiva nas pessoas.

No referido artigo, foram identificados alguns elementos, os quais são atribuídos à transformação dos informantes: o querer, o chá, a doutrina, o Mestre Gabriel e as pessoas. Abaixo analisamos cada um desses elementos:

a) O querer:

Trata-se de um passo importante para os que conjeturam uma perspectiva de transformação na UDV. Segundo esta doutrina, o querer é uma força poderosa, a qual é inerente a todos os seres humanos, permitindo que possam realizar muitas coisas. Mas, é indispensável orientar o pensamento no sentido de se almejar coisas boas e positivas. Almejar a própria transformação é o primeiro passo na procura de se sentir melhor. Entretanto, se o indivíduo não quiser, não adianta doutrina, não adianta vegetal, não adianta a ajuda das pessoas. Se alguém almeja curar-se dos seus problemas com drogas, primeiro precisa desejar essa cura.

b) O uso do chá

O uso do chá é um aspecto importante para os indivíduos estudados. No seu entendimento, a bebida amplia a consciência, possibilitando um contato com o sagrado. Trata-se de uma experiência de transcendência. O efeito do chá é denominado, pelos adeptos, de burracheira.

As visões e as experiências recebem influência do estado psicológico de cada um, das suas expectativas em relação aos efeitos e do meio sociocultural onde se está inserido. Na burracheira, normalmente situações concernentes à biografia dos indivíduos, fatos marcantes, problemas na infância, traumas, medos, etc., são acessados de maneira que os mesmos entram em contato com conteúdos muitas vezes desconhecidos até então.

c) A doutrina

Na UDV, além do efeito catártico e facilitador da burracheira, existe toda uma doutrina moral de regras de conduta, em que a embriaguez e o uso de drogas são condenados como algo negativo, que dificulta a caminhada de evolução espiritual do ser humano. Um dos requisitos básicos para os sócios galgarem postos hierárquicos: Corpo Instrutivo, Corpo do Conselho e Quadro de Mestres, na instituição é o não uso de drogas lícitas ou ilícitas.

Para os membros da UDV, enquanto o uso da ayahuasca subsidia a evolução espiritual das pessoas, através da melhora da personalidade e da transformação de hábitos e condutas consideradas negativas e destrutivas, as drogas dificultam a caminhada, tiram a lucidez e oferecem um falso sentido de prazer e felicidade. Os discípulos da UDV creem que a verdadeira felicidade é uma construção diária, onde coisas boas devem ser plantadas para que possam receber coisas boas. É por causa disso que o uso de drogas é desaconselhável, por ser um plantio negativo, cujas consequências a curto e longo prazo, podem se traduzir em doença, aflição, problemas familiares e financeiros etc.

Ademais, a UDV dispõe de sanções coercitivas, presente nos boletins e estatuto, para punir os comportamentos desviantes: “O associado que for encontrado em visível estado de embriaguez será advertido pela Representação, e em caso de reincidência, será punido por desobediência” (p. 10).

d) As pessoas

No que diz respeito às pessoas, quando os associados se referem a elas, destacam a solidariedade do grupo. Ao participar de um sistema de crenças e valores comuns, os indivíduos sentem-se parte integrante do grupo, orientando suas ações no sentido comunitário. O quadro de mestres e o corpo do conselho [7] devem ter atitudes compatíveis com os respectivos graus hierárquicos que preenchem na instituição, e tais atitudes são notadas e servem de exemplo para os demais que, geralmente, condizem com o tipo de comportamento esperado.

O fato de a religião servir como fator de agrupamento e coesão social possibilita aos sócios conhecer o sentimento de pertença, do compartilhamento de crenças e valores comuns, reafirmado e fortificado nos rituais, onde as relações da comunidade são reforçadas e a solidariedade grupal é destacada. A vinculação do indivíduo numa comunidade permite um reordenamento que facilita e viabiliza tais experiências de transformação.

O sentimento de pertença, na concepção de Valle (2002), pode ser definido como os laços que ligam o sujeito ao modo de ser, aos comportamentos e estilos de um grupo ou comunidade do qual faz parte, fazendo-o sentir e agir como participante pleno, principalmente no que diz respeito aos papéis sociais, às normas e valores.

e) O mestre Gabriel

Na UDV, existe também quem atribua sua transformação ao Mestre Gabriel, líder espiritual da instituição. Tal fato evidencia que o poder carismático do Mestre Gabriel ampliou-se para além da sua morte em 1971, continuando até hoje entre os adeptos. É importante ressaltar que ainda que o entrevistado Paulo creia que o Mestre Gabriel o tenha feito ver aquilo que ele precisava melhorar, ele não o conheceu. Segundo os adeptos da UDV, a força espiritual do Mestre está continuamente presente nos rituais, nas sessões. Aquele que merecer poderá receber a sua luz, clarear a sua consciência para se melhorar, se modificar.

Queiroz e Moreira (2016) ressaltam a fala de McKenna, no que se refere à contribuição que o chá amazônico pode fazer para a cura física e espiritual: “Nosso destino, se quisermos sobreviver, é alimentar a natureza e aprender com ela como nutrir a nós mesmos e nossos semelhantes. Esta é a lição que podemos aprender com a ayahuasca, se apenas prestarmos atenção”. Ele compreende que a bebida possui uma inteligência própria e trabalha como um embaixador da comunhão entre as espécies. (QUEIROZ E MOREIRA, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurou-se demonstrar, neste texto, que a União do Vegetal é uma religião brasileira que utiliza a bebida sagrada ayahuasca, sendo ao mesmo tempo cristã e reencarnacionista, passando aos seus seguidores a ideia de que os problemas humanos, especialmente os de saúde, ocorrem por merecimento.

Foi fundada por Mestre Gabriel em Rondônia em 1970. Trata-se de uma religião, cuja doutrina segue um ordenamento hierárquico com quatro categorias: o quadro dos mestres, o corpo do conselho, os discípulos do corpo instrutivo, o quadro dos sócios, além dos adventícios (pessoas que usam a bebida pela primeira vez).

Por meio da disciplina na religião e na vida diária, pode ocorrer a cura de doenças físicas, aflições, alcoolismo e dependência química. Atualmente, médicos e pesquisadores estudam o uso da bebida em rituais religiosos para compreender como a interação entre um enteógeno e uma religião pode causar mudanças positivas na vida de tantas pessoas.

REFERÊNCIAS

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MAHAJARA, Srila Bhakti Raksak Sridhara Gosvami. A busca pelo amor divino. In: Bhakti Yogapura. Disponível em: <http://www.bhaktiyogapura.com/2016/02/a-busca-pelo-amor-divino/>.  Acesso em: 12/12/2017.

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APÊNDICE – NOTA DE RODAPÉ

2. N, N-dimetiltriptamina, ou DMT, é um composto psicodélico ilegal de triptaminas encontrado no corpo humano e em mais ou menos 60 espécies de plantas no mundo. O médico Rick Strassman descreveu isso como “o primeiro psicodélico endógeno humano” em DMT: The Spirit Molecule (2000) e, numa entrevista há três anos, disse que o DMT “aparentemente era um componente necessário às funções normais do cérebro”. Terence McKenna – que, “mais que ninguém”, escreveu Strassman em 2000, “conscientizou sobre o DMT através de palestras, livros, entrevistas e gravações” – chamou o composto de “o mais potente alucinógeno conhecido pelo homem e pela ciência” e o “mais comum em toda a natureza” na palestra “Rap Dancing Into the Third Millennium”, de 1994 (LIN, 2016).

3. Os vegetalistas são geralmente índios e caboclos conhecedores de plantas e ervas medicinais. Alguns utilizavam a Ayahuasca e as administravam dentro de um sistema ritual e cultural caboclo em um local onde a medicina científica era praticamente inexistente (RICCIARDI, 2008).

4. Putumayo é um  Departamento (Estado) da Colômbia (WIKIPEDIA, 2017).

5. Para entrar nos rituais, o novato geralmente é apresentado por um membro (IZUMI, 2011).

6. Segundo MacRae (1992, p. 16) o termo enteógeno deriva do grego antigo entheos e significa “aquilo que leva alguém a ter o divino dentro de si”.

[7] Que é a direção das unidades administrativas (RICCIARDI, 2009).

[1] Doutorado em Ciências da Educação – 2014 (Universidad Americana – PY), Mestrado em Ciência da Informação – 2008 (Universidade de Brasília), Graduação em Letras Plena 1984 (CEUB), Professora aposentada. ORCID: 0000-0002-3640-2322.

Enviado: Janeiro, 2018.

Aprovado: Março, 2019.

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Rita Barreto de Sales Oliveira

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