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Plano Estrutural Para O Desenvolvimento Das Cidades Inteligentes e Sustentáveis

RC: 35656
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

JOÃO, Plínio Gabriel [1], CABEÇO, Leandra Carina [2], SILVA, Hélio Vicente Vieira Da [3]

JOÃO, Plínio Gabriel. CABEÇO, Leandra Carina. SILVA, Hélio Vicente Vieira Da. Plano Estrutural Para O Desenvolvimento Das Cidades Inteligentes e Sustentáveis. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 08, Vol. 03, pp. 110-125. Agosto de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/plano-estrutural

RESUMO

Estudar as cidades inteligentes sustentáveis é de extrema importância tanto no contexto social, como no acadêmico, empresarial e governamental, pois trata da sobrevivência e desenvolvimento das gerações futuras e dos recursos naturais existentes. Este ensaio teórico tem como objetivo apresentar um plano estrutural para transformação de cidades tradicionais em cidades inteligentes e sustentáveis. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico no qual foram identificados os atores que proporcionam o movimento das cidades inteligentes, os principais pilares das cidades inteligentes e as críticas sobre o movimento, com a finalidade de apresentar uma proposta de um plano norteador para que governos, sociedade e iniciativa privada possam refletir e direcionar melhor seus esforços e investimentos de forma sustentável. Por se tratar de um assunto que não possui um conceito único e com desafios a serem superados, será desenvolvido uma tabela com definições encontradas na bibliografia e fatores impulsionadores para o seu surgimento.

Palavras-chave: Cidades inteligentes, ISO 37120, sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

Analisar um plano estrutural para o desenvolvimento das cidades inteligentes e sustentáveis é fundamental para identificar características que possam ser transformadas em soluções ou templates que possam ser utilizados pelos governos, sociedade e iniciativa privada (COCCHIA, 2014). As cidades inteligentes já são realidade em alguns países e proporcionam excelentes resultados, mas sua implementação, principalmente em países emergentes, não caminha na mesma velocidade (KOMNINOS, 2015).

Este ensaio teórico tem como objetivo apresentar um plano estrutural para transformação de cidades tradicionais em cidades inteligentes e sustentáveis. Os dados para este estudo foram coletados por meio bibliográfico do qual foram identificados os atores que proporcionam o movimento das cidades inteligentes, os principais pilares das cidades inteligentes e as críticas sobre o movimento, com a finalidade de apresentar uma proposta de um plano norteador, para que governos, sociedade e iniciativa privada, possam refletir e direcionar melhor seus esforções e investimentos de forma sustentável. Este artigo começa apresentando o embasamento teórico sobre o surgimento do conceito e dos principais pilares da smart cities e da norma ISSO 37120. na sequência será analisada as dificuldades encontradas pelos governos em prevenir, equilibrar e gerenciar as velozes mudanças que ocorrem nas cidades e o papel das smart cities e da inovação para o ajuste desse desequilíbrio, na sequência haverá uma discussão e elaboração das considerações finais. Ao longo deste trabalho, o termo smart cities irá se referir a um novo modelo de gestão das cidades baseado em tecnologias interligadas inteligentes em prol de atenuar os desequilíbrios; o termo ISO 37120, estará demonstrando a possibilidade de comparar boas práticas utilizadas por outras cidades, através de indicadores que transitam em dezessete áreas temáticas e o termo sustentabilidade, estará inserido dentro do contexto de suas dimensões triple bottom line.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 SURGIMENTO SMART CITIES

O termo Smart Cities, segundo (KOMNINOS, 2015), surgiu em meados de 1992 no meio acadêmico com a publicação dos autores (GIBSON; KOZMETSKY; SMILOR, 1992) do livro “The technopolis phenomenon: Smart cities, fast systems, global networks”. No material, os pesquisadores já trabalhavam com a hipótese da inteligência urbana como vantagem competitiva e das cidades inteligentes como ator de propagação e difusão de conhecimentos em redes, amparados pelos avanços tecnológicos.

Mesmo sendo citada em 1992, o termo smart cities apenas se consolidou sobre outros títulos como “digital city”, no ano de 2011 no cenário acadêmico (COCCHIA, 2014). Nesse intervalo (1992 – 2011), a literatura apresenta outros termos que vislumbravam a mesma representação do termo smart cities: wired city, virtual city, ubiquitous city, intelligent city, information city, digital city, smart Community, knowledge city, learning city, sustainable city e green City (BENITES, 2016).

O surgimento do movimento smart cities, foi introduzido por fatores cruciais para a sustentação do desenvolvimento urbano, econômico e tecnológico (COCCHIA, 2014; HOLLER et al., 2014; KITCHIN, 2014; WOLFRAM, 2012). Para (COCCHIA, 2014), um dos fatores motivacionais para a implementação das cidades inteligentes, está relacionado com o êxodo rural e a explosão populacional, principalmente na grandes cidades no final do século XX. Essa ação, refletiu na elevação das emissões de gases do efeito estufa, no congestionamento, no maior consumo dos recursos naturais e outros efeitos que demandam a reorganização do espaço urbano. Para o pesquisador, outro instrumento que fortalece o movimento das smart cities, é o protocolo de Kyoto. O protocolo, constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para os países desenvolvidos e os que, à época apresentavam economia em transição para o capitalismo (MMA, 2017).

Holler et al., (2014) apresenta um olhar mais tecnológico sobre o movimento das cidades inteligentes. O autor justifica as mudanças pelo fato da arquitetura Machine-to-Machine (M2M) ser superada pela Internet Of Things (IoT), isto é, a internet das coisas passa a agregar não apenas capacidade de comunicação, mas também de processamento, tornando-se agentes inteligentes. Kitchin, (2014), também compactua desse pensamento, mas destaca à ascensão do paradigma da big data e da disseminação de plataformas facilitadoras para o desenvolvimento de algoritmos analíticos baseados em nuvens de dados urbanos. Esse mecanismo, permite gerar serviços que sirvam de suporte para à tomada de decisões, ajudando nas ações preventivas e corretivas.

O pesquisador (WOLFRAM, 2012), parte de um pressuposto mais estratégico do contexto das smart cities. Para o autor, as cidades inteligentes estão ligadas pela crise política do sistema capitalista globalizado, que levou ao desgaste dos governos, abrindo as portas para a inserção das classes sociais no movimento participativo para à tomada de decisões no processo político.

Diante do contexto apresentado, é perceptível que os movimentos das cidades inteligentes são provenientes da veloz movimentação do cenário global e na deficiência de geri-las dentro do seu interstício. Segundo (LEMOS, 2013), as cidades inteligentes já são realidade, e a população já está utilizando desses mecanismos em benefício próprio. Fato é que, na manifestação contra o aumento da tarifa no transporte público na cidade de São Paulo, 78% dos manifestantes se articularam por meio das mídias sociais, mostrando como a internet das coisas está conectada diretamente às ruas (LEMOS, 2013).

Pesquisadores como (MOROZOV, 2014; HOLLANDS, 2008; BARNES, 2006) apresentam um olhar crítico para o movimento das cidades inteligentes. Morozov, (2014) acredita que a implementação do urbanismo inteligente baseado na IoT, levará a processos de desconexão social. Hollands, (2008) destaca que o sistema acarretará a exclusão digital e potencializará às desigualdades e divisões sociais em detrimento aos grupos desfavorecidos. O autor critica o modelo de economia regional pregada, pois afirma que uma grande parcela das indústrias de TICs são controladas por grandes multinacionais e que essas organizações não são regionalizadas, mas possuem enorme influência no ecossistema regional. Já para o pesquisador (BARNES, 2006) as aplicações das smart cities agravam os problemas de privacidade das informações pessoais, usadas como uma taxa de acesso a muitos serviços online e móveis ofertados aos cidadãos.

A tabela 1, apresenta um resumo baseado na bibliografia pesquisa, sobre os fatores que proporcionaram o movimento das smart cities.

Tabela 1 – Fatores impulsionadores do movimento das cidades inteligentes

Fatores impulsionadores cocchia holler kitchin wolfram
desenvolvimento urbano x x x x
desenvolvimento econômico x x x x
desenvolvimento tecnológico x x x x
êxodo rural x      
explosão populacional x      
protocolo de Kyoto x      
tecnologias M2M e OiT   x x  
Big data     x  
crise política do sistema capitalista       x

Fonte: próprio autor

Diante dos fatos apresentados, podemos observar que necessitamos de cidades mais inteligentes para gerenciar os problemas do passado, do presente e do futuro, além de questões econômicas regionais e globais, mas não podemos negligenciar as questões criticadas por alguns pesquisadores, e sim, identificar mecanismos para que tais fatos não ocorram.

2.2 OS PRINCIPAIS PILARES DAS SMART CITIES

O conceito de cidades inteligentes é amplo, pois podem ser definidos por vários ângulos diferentes (YIN et al., 2015; EUROPEAN, 2014). Ijaz et al., (2016) ressalta que as cidades inteligentes devem possuir uma visão incorporada a gestão de toda a cidade através de tecnologias. Estas tecnologias buscam monitorar e integrar toda a sua infraestrutura, gestão, governação, pessoas e comunidades, saúde, educação e ambiente natural através das tecnologias de informação e comunicação (IJAZ et al., 2016). Sua concepção é mantida através de avançadas tecnologias altamente integradas, que incluem sensores, eletrônica, e redes que estão ligadas com sistemas informatizados, composto de bases de dados, rastreamento e algoritmos de tomada de decisão (HALL et al., 2000).

Para uma melhor compreensão dos conceito de uma smart cities, (YIN et al., 2015) realizou uma pesquisa bibliográfica para identificar as fontes de uma cidade inteligente baseado no pensamento de dez pesquisadores. A tabela 2, apresenta os resultados do estudo com adaptações.

Tabela 2 – Taxonomia das definições das cidades inteligentes

Fonte: adaptado de (YIN et al., 2015)

Toda essa inteligência, busca atender demandas originárias do passado e ajustar às necessidades futuras (SANTOS, 2016). Esses dispositivos, vislumbram responder às carências regionais em detrimento de suas características (CUNHA et al., 2016). Para determinar as características globais, iremos classificá-las como “pilares das cidades inteligentes”, ou seja, fragmentar o bloco de necessidades em segmentos que possuem maior sinergia onde todo o ecossistema atuará. A tabela 3, busca representar esses pilares baseado em pesquisadores, normas e entidades.

Tabela 3 – Os principais pilares de uma cidade inteligente

Fonte: próprio autor

Podemos observar na tabela 3, que (EUROPEAN UNION, 2014; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2017; IOT BUSINESS, 2016) possuem as mesma características centrais para as cidades inteligentes, mas, vale ressaltar que, cada fonte estudada possui amplitudes divergentes dentro de cada pilar, mas buscam atender as mesmas necessidades de modo geral. Já os pesquisadores (IJAZ et al., 2016) debruçam sobre as características voltadas a segurança de todo o sistema de uma smart cities, ou seja, suas atenções estão direcionadas para a segurança dos fatores tecnológicos, de governança e socioeconômicos.

2.3 NORMA REGULAMENTADORA PARA CIDADE INTELIGENTE – NBR ISO 37120:2017

Em janeiro de 2017, a Associação Brasileira de Normas Técnicas publicou a NBR ISO 37120:2017, em conforme com a norma internacional ISO 37120:2014. O texto destaca a migração da população da zona rural para zona urbana e apresenta uma estima que até 2050, 70% (setenta por cento) da população mundial viverá em cidades.

Diante dessa projeção, a norma busca apresentar modelos para que as cidades se preparem para os novos obstáculos que surgirem, isso significa criar fundamentações mais sustentáveis, entre outras questões. Para tal fim, a ISO 37120 apresenta 139 (cento e trinta e nove) indicadores concentrados em rastrear, monitorar, medir, aprender e compartilhar as melhores práticas desenvolvidas nas cidades (ABNT, 2017). A determinação desses indicadores, se baseia em 17 (dezessete) áreas temáticas, que estão representadas no quadro 1.

Quadro 1 – Áreas temáticas da norma ISO 37120

1 Economia 2 Educação
3 Energia 4 Meio Ambiente
5 Finanças 6 Água e Saneamento
7 Governo 8 Saúde
9 Lazer 10 Segurança
11 Habitação 12 Gestão de Resíduos Sólidos
13 Telecomunicações e Inovação 14 Transporte
15 Planejamento Urbano 16 Águas Residuais
17 Incêndio e Resposta a Emergências

Fonte: adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas, (2017)

Os indicadores estabelecidos pela ISO 37120, buscam fornecer parâmetros para que as cidades possam identificar o seu cenário real e realizar benchmarking (comparação) com outras cidades do mundo. Apesar da norma ISO 37120 ser recente e com vários caminhos abertos para serem preenchidos, é importante ressaltar que o seu papel para o desenvolvimento das smart cities, é de extrema importância e crucial para identificar as melhores práticas desenvolvidas pelas cidades mundialmente (FOX, 2015).

3. DESENVOLVIMENTO DA TEMÁTICA

Historicamente, a urbanização ocorreu de forma pouco planejada, com grande ascensão nos países emergentes, provocando desequilíbrios sociais e econômicos, proporcionando desafios a serem enfrentados nos dias atuais, como a ocupação irregular de territórios, falta de saneamento básico, carência de infraestrutura urbana, falta de moradias, mobilidade ineficiente, poluição, entre outros (CUNHA et al., 2016). Tais desequilíbrios, são decorrentes da falta de planejamento governamental durante esse período, e podem ser compreendidas e justificadas, em virtude da velocidade do deslocamento da população rural para às áreas urbanas (BRENNER; SCHMID, 2016).

Organizações, entidades e governos, ressaltam a importância de prevenir, equilibrar e gerir, todos os efeitos provocados pelas mutações sofridas ao decorrer da história, e discutem essas ações a décadas na esfera internacional, principalmente após à expansão da consciência coletiva sobre a sustentabilidade (MMA, 2017b). Esses debates, tornara-se mais frequentes no ano de 1987, após a apresentação do relatório das Nações Unidas, preparado pela primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, definindo desenvolvimento sustentável como “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias necessidades (SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2012).

Relatórios recentes, como o documento (ESPAS, 2015), revelam a presença de cinco questões-chave que afetam as tendências globais, como: crescimento populacional; peso econômico e político deslocando-se para a Ásia; a revolução tecnológica; mudança climática e gestão de recursos; e a interdependência de países que não possuem a capacidade de governança global.

Diante dessas revelações, o (MMA, 2017b) propõe um mecanismo para atenuar as complexidades atuais das demandas ambientais, sociais e econômicas, através de um novo posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa privada, transformando as cidades mais sustentáveis e inteligentes. Para tais transformações, se faz necessário que as cidades sejam mais inovadoras, pois, a inovação proporciona resultados positivos para os campos econômicos, sociais e ambientais, além de atenuar os problemas existentes (BARBIERI et al., 2010). Essas tendências, inovações e tecnologias, estão mudando a prática do planejamento urbano, possibilitando uma abordagem que “combina os aspectos sociais, tecnológicos, democráticos e sustentáveis ​​da vida urbana que gira em torno da governança urbana inovadora e democrática” (ANTTIROIKO, 2012; PINNA; MASALA; GARAU, 2017). Confirmando essa nova tendência, Komninos, (2015), apresenta em seu livro “The Age of Intelligent Cities” aspectos importantes da cidade do futuro, onde a ciência, a tecnologia e a inovação, fortalecidas pelo conhecimento e pela criatividade, são os novos modelos de governança.(KOMNINOS, 2015). Mediante essas afirmações, podemos identificar as conexões apresentadas pelos pesquisadores (COCCHIA, 2014; HOLLER et al., 2014; KITCHIN, 2014; WOLFRAM, 2012) da importância da implementação das smart cities para um melhor desenvolvimento econômico, social, ambiental, urbano e tecnológico.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Podemos observar com base nas informações do (MMA, 2017b), que os governos possuem dificuldades em prevenir, equilibrar e gerenciar, as velozes mudanças que ocorrem nas cidades. Tais fatores, possibilitam a geração de problemas econômicos, sociais, urbanos e ambientais (COCCHIA, 2014; BRENNER; SCHMID, 2016). Diante dos fatos, surge a necessidade de novos modelos de gestão capazes de atenuar os desequilíbrios apresentados. Nesse sentido, o modelo de cidade inteligente, vislumbra através das tecnologias, minimizar o distanciamento entre as mudanças que proporcionam oscilações e o processo de tomada de decisões, procurando equilibrar o sistema econômico e prevenindo desequilíbrios ambientais, sociais e urbanos (IJAZ et al., 2016; HALL et al., 2000). Segundo o (MMA, 2017b; WOLFRAM, 2012; LEMOS, 2013), as smart cities devem possuir elos de ligação com o governo, com a sociedade e com a iniciativa privada, buscando, cada um em seu papel, mas não desconectados, desenvolver mecanismos para minimizar os impactos de instabilidade. Esses mecanismos, podem ser identificados através da aplicação do benchmarking com outras cidades inteligentes, apoiado pela normatização ISO 37120. A norma expõe modelos de indicadores para dezessete áreas temáticas possibilitando a comparação das boas práticas realizadas nas cidades inteligentes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2017). Para atender essas demandas, será necessário fomentar as startups, principalmente as direcionadas as TICs (FIGUEIREDO, 2016; BARBIERI et al., 2010; GALEGALE et al., 2016; SANTOS, 2016), pois, segundo os autores, é premissa para construção do um ecossistema empreendedor. Baseado nessas características, os pesquisadores (JOÃO; ZORZENOM; MAKIYA, 2017), apresentam uma modelagem de negócio apoiado no conceito lean, sistematizado pelas dimensões da sustentabilidade, que vai na direção do modelo das cidades inteligentes, como podemos observar na figura 1.

Figura 1 – Modelagem do lean startup baseado nas dimensões da sustentabilidade.

Fonte: adaptado de (JOÃO; ZORZENOM; MAKIYA, 2017)

A proposta para cidades inteligentes, está alicerçada em oito pilares principais que podemos observar na tabela 2. Tais pilares, servem de base para o desenvolvimento de novos negócios; para análise e comparação dos indicadores baseados em normas; como referência para governos, sociedade e iniciativa privada, proporcionando a capacidade de prevenir, equilibrar e gerir toda a cidade.

Diante do exposto, acreditamos que um plano estrutural por camadas, que apresentam as possibilidades do desenvolvimento de uma cidade inteligente, possa ser um norteador para os governos para iniciativa privada. Vislumbramos que cada faixa seja independente, ou seja, não necessita seguir o fluxo por completo para torna-se inteligente, mas, sua sequencial proporcionará um caminho afunilado, permitindo que governos e iniciativa privada encontrem as melhores práticas para desenvolverem e gerirem suas cidades, tornando-as mais inteligentes.

Figura 2 – Proposta de plano estrutural para o desenvolvimento das smart cities

Fonte: autores

A quarta camada, que chamamos de prevenir, equilibrar e gerir, busca representar os desequilíbrios encontrados nas cidades, como: mobilidade, economia, governança entre outras particularidades regionais. Observando a estrutura, pode-se observar uma conexão entre a 4º (quarta) e a 1º (primeira) camada, que induz a fazer uma reflexão entre os problemas da cidade e as soluções inteligentes que estão ligadas a cada pilar. Essa reflexão, faz com que observamos os atores da 3º (terceira) camada, ou seja, governo, sociedade e iniciativa privada, que podem ou não, trabalhar em conjunto para desenvolverem soluções levantadas pela quarta camada. Para encontrar qual solução é mais adequada para sua situação real, pode-se utilizar da 3º (terceira) camada, ou seja, analisar os melhores índices ranqueados baseados nos indicadores da ISO 37120, com objetivo de comparar as boas práticas desenvolvidas em cidades inteligentes espalhadas no mundo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo inicial do projeto, foi de apresentar um plano estrutural para transformação de cidades tradicionais em cidades inteligentes e sustentáveis, ou seja, apresentar uma consolidação de estudos em um possível formato de plano sequencial.

No estudo, foi possível identificar os atores que proporcionaram o movimento das cidades inteligentes, tabela 1, suas divisões segmentadas, tabela 3 (oito pilares) e seus possíveis transtornos pós implementação. A pesquisa aponta, que as cidades tradicionais necessitam de mecanismos mais flexíveis para prevenção, equilíbrio e gestão, de modo a torná-las mais inteligentes, conectadas e sustentáveis. Nesse sentido, a proposta de cidade inteligente, busca proporcionar ferramentas facilitadoras e inovadoras para a gestão e que ajustem os desequilíbrios atuais enfrentados pelas cidades tradicionais como, a explosão populacional, desenvolvimento econômico regional entre outros.

Baseado nesses fatos, acreditamos que um plano estrutural possa ser benéfico e de extrema importância para concentração dos esforços e investimentos público e privado. Diante dessas perspectivas, desenvolvemos uma proposta de plano estrutural para o desenvolvimento das cidades inteligentes (figura 2), proporcionando uma visão nivelada em camadas, servindo de apoio para os gestores direcionarem seus esforços e investimentos. Nesse sentido e desdobramento, torna-se necessário que os novos negócios baseados na inovação, estejam conectados com os desequilíbrios regionais apresentados e com os pilares das smart cities, nucleado no desenvolvimento sustentável.

Para o melhor direcionamento dos novos negócios, foi inserido uma modelagem lean startup (figura 1) proposta pelos pesquisadores (JOÃO; ZORZENOM; MAKIYA, 2017), que apresenta as quatro etapas do desenvolvimento do negócio e as dimensões da sustentabilidade como núcleo, associada com a modelagem canvas. Essas conexões, podem aprimorar o modelo de geração de ideias em todas as suas fases, fazendo com que o empreendedor e sua equipe, criem estratégias adequadas para o desenvolvimento sustentável.

Concluímos, que um plano estrutural norteador para a transformação das cidades tradicionais em cidades inteligentes, possa ser um caminho adequado para o direcionamento das ações governamentais e da iniciativa privada, pois, a estrutura do plano, força os atores refletirem por todas as camadas plano, mesmo que em sua implantação, não as tornem sequenciais.

REFERENCIAL

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 37120: Desenvolvimento sustentável de comunidades – Indiadores para serviços urbanos e qualidade de vida. 1. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

BARBIERI, J. C. et al. Inovação e Sustentabilidade : Novos Modelos e Proposições. Revista de Administração de Empresas, v. 2, n. 2, p. 146–154, 2010.

BARNES, S. B. A privacy paradox: Social networking in the United States. Disponível em: <http://journals.uic.edu/ojs/index.php/fm/article/view/1394/1312>. Acesso em: 2 nov. 2017.

BENITES, A. J. Análise das Cidades Inteligentes sob a Perspectiva da Sustentabilidade: o caso do Centro de Operações do Rio de Janeiro. Campinas: [s.n.]. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/321541/1/Benites_AnaJane_M.pdf>

BRENNER, N.; SCHMID, C. La “era urbana” en debate. Eure, v. 42, n. 127, p. 307–339, 2016.

COCCHIA, A. Smart and Digital City: A Systematic Literature Review. Berlin: Springer International Publishing, 2014.

CUNHA, M. A. et al. Smart cities: Transformação digita de cidades. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2016.

ESPAS. Global Trends to 2030: Can the EU meet the challenges ahead? [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://europa.eu/espas/pdf/espas-report-2015.pdf>.

EUROPEAN UNION. Mapping Smart Cities in the EU. Disponível em: <http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/etudes/join/2014/507480/IPOL-ITRE_ET(2014)507480_EN.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.

FIGUEIREDO, M. D. DE. Práticas de inovações sustentáveis : Estudo qualitativo no setor hoteleiro em Fortaleza / CE. p. 46–59, 2016.

FOX, M. S. The role of ontologies in publishing and analyzing city indicators. Computers, Environment and Urban Systems, v. 54, p. 266–279, 2015.

GALEGALE, G. P. et al. Internet das Coisas aplicada a negócios – Um estudo bibliométrico. JISTEM – Journal of Information Systems and Technology Management, v. 13, n. 3, p. 2247–2265, 2016.

GIBSON, D. V.; KOZMETSKY, G.; SMILOR, R. W. The technopolis phenomenon: Smart cities, fast systems, global networks. Boston Way: Rowman & Littlefield, 1992.

HALL, R. E. et al. The vision of a smart city. 2nd International Life …, v. 28, n. October, p. 7, 2000.

HOLLANDS, R. G. Will the real smart city please stand up? Intelligent, progressive or entrepreneurial? City, v. 12, n. 3, p. 303–320, 2008.

HOLLER, J. et al. From Machine-to-machine to the Internet of Things: Introduction to a New Age of Intelligence. Oxford: Elsevier, 2014.

IJAZ, S. et al. Smart Cities: A Survey on Security Concerns. International Journal of Advanced Computer Science and Applications, v. 7, n. 2, p. 612–625, 2016.

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KITCHIN, R. The real-time city? Big data and smart urbanism. Geojournal, v. 0, n. Fevereiro, p. 1–14, 2014.

KOMNINOS, N. The Age of Intelligent Cities: Smart Environments and Innovation-for-all Strategies. New York: Routledge, 2015.

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MOROZOV, E. To save everything, click here: The folly of technological solutionism. Penn State University Press, v. 4, n. 2014, p. 173–175, 2014.

PINNA, F.; MASALA, F.; GARAU, C. Urban policies and mobility trends in Italian smart cities. Sustainability (Switzerland), v. 9, n. 4, 2017.

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SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Em Busca De Um Mundo Sustentável. Seep, p. 58, jun. 2012.

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YIN, C. et al. A literature survey on smart cities. Science China Information Sciences, v. 58, n. 10, p. 1–18, 2015.

[1] Mestre em Processos de Ensino, Gestão e Inovação, Pós-Graduação em finanças e controladoria, Pós-Graduação em Educação do Ensino Superior, licenciatura em pedagogia e Bacharel e licenciatura em Administração de Empresas.

[2] Professora Titular de cargo PEBII , Especialização em Treinamento Desportivo e Medicina Desportiva pela UNIFIPA Catanduva-SP; Curso Superior de Pedagogia.

[3] Bacharel em Administração (Universidade Paulista (UNIP), Tecnologia em Marketing Faculdade (Anhanguera), MBA em Gestão de Marcas e Marketing (Centro Universitário de Araraquara – UNIARA), Licenciatura Plena para fins de Docência.

Enviado: Maio, 2019.

Aprovado: Agosto, 2019.

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Plínio Gabriel João

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