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O aumento na entrega de correspondências realizadas pelo correio, a sobrecarga e o desgaste físico dos carteiros

RC: 21787
465
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/administracao/entrega-de-correspondencias

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

JÚNIOR, Benjamim Marcelino da Silva [1]

JÚNIOR, Benjamim Marcelino da Silva. O aumento na entrega de correspondências realizadas pelo correio, a sobrecarga e o desgaste físico dos carteiros. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 06, pp. 74-89 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959, Link de acesso:https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/entrega-de-correspondencias, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/administracao/entrega-de-correspondencias

RESUMO

O objetivo deste artigo é demonstrar quão desgastante e insalubre tornou-se para os agentes de distribuição da Empresa Brasileira De Correios e Telégrafos (ECT), entregar correspondências no novo molde de entrega que a empresa criou. Busca-se chamar a atenção para o desgaste do material humano, a ergometria e todos os problemas causados pelas exaustivas atividades realizadas pelos trabalhadores que sofrem com o aumento das atividades e das distâncias percorridas por eles, as intempéries da profissão, a falta de contratações. Além disso, há os problemas de ordem psicológica, que muitos desenvolvem por conta de assaltos e a pressão que sofrem para “dar produtividade”, ou seja, conseguirem entregar todas as encomendas em um curto prazo de tempo. Tais fatores contribuem de forma considerável para o aumento do elevado quadro de absenteísmo no setor de trabalho dos Correios, e que vem resultando em mais encargo de serviços para os demais, uma vez que, quando um funcionário se ausenta do trabalho, outros são convocados a fazer a parte dele. Esta prática é denominada dentro da empresa por “dobra”, que deve ser realizada antes das entregas das correspondências de cada carteiro e, geralmente, divide-se para um grupo de até oito funcionários. Há casos em que a dobra é dividida somente para quatro, o que sobrecarrega o funcionário, pois a distância percorrida é bem maior do que a de costume, haja vista que, na dobra, o carteiro faz seu distrito (bairro), e parte do distrito (bairro) de outro. Em média, com a carga considerada normal, um carteiro entrega cartas das 13:00 às 17:00hs por dia, andando em média entre 4 horas ou mais sem descansar.

Palavras-chave: entrega, material humano, desgaste, absenteísmo.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a ECT é a principal representante no ramo de atividades de entrega de cartas e encomendas. Atua no segmento postal, sendo detentora da exclusividade sobre os serviços de recebimento, transporte e entrega de carta, cartão-postal e correspondência agrupada, além do recebimento, transmissão e entrega de telegramas, conforme previsto na Lei no 6.538/78 17. Abrange, ainda, atividades nos setores de transporte e entrega de encomendas, periódicos e peças de marketing direto; no fornecimento de serviços de logística em remessas internacionais de objetos; atua como correspondente bancário, oferecendo serviços financeiros e de conveniência, como a obtenção do CPF, compra e recebimento de produtos, pagamento de aposentados e pensionistas da Previdência Social e serviço de filatelia.

A ECT é conceituada e respeitada no Brasil e no mundo. Nos últimos anos adotou certa política de trabalho, com finalidade de reduzir custos e aumentar a renda da empresa, que está deixando muitos agentes de distribuição, popularmente conhecidos como carteiros, em situação laboral insalubre. Nesta nova modalidade de entrega, um dia o carteiro faz um lado do distrito, denominado lado A e deixa as cartas do outro distrito, denominado lado B, paradas, de modo a acumularem com as do dia subsequente, para que ele mesmo faça a entrega. Em suma, sempre haverá cartas acumuladas e em número elevado para serem entregues, o que se torna uma rotina exaustiva e perigosa para a saúde dos trabalhadores, já que o material humano acaba se enfraquecendo, ficando doente e se afastando do setor de trabalho. Como todos conhecem, o popular carteiro é aquele profissional que todos os dias chega ao bairro com uma bolsa cheia de correspondências, das mais variadas possíveis. Geralmente, o peso que cada bolsa tem quando está cheia depende muito da carga contida nela, mas fica, na maioria das vezes, acima dos 10 quilos.

Conforme o manual de distribuição da empresa, (MANDIS), o agente de distribuição não pode carregar na bolsa mais de 10 quilos se homem, ou mais de 8 se mulher, o que não acontece na prática. É comum, para não sofrer represálias, o funcionário carregar nos ombros mais de 15 quilos, e ainda há o chamado “D.A” que é um recipiente de cartas, que o funcionário deixa em determinado estabelecimento comercial, e que pega (para reencher sua bolsa) com o restante das cartas destinadas àquele bairro.

O serviço é bastante desgastante, exaustivo e cansativo, uma vez que se percorre mais de 10 km diários; isto é, cada carteiro, o que associado ao tempo acaba causando vários problemas de coluna, ombro, joelhos, pés etc. Enfim, a atividade por si só causa inúmeros problemas ergométricos de saúde.

Devido a isso, é crescente o número de absenteísmo nesta empresa e, com o atual plano de contenção de despesas, somado a falta de concurso para contratar novos funcionários, e a uma administração geralmente exercida por pessoas ligadas a partidos políticos e sem nenhuma noção do que seja ou de como é entregar uma carta sequer, vem elevando o risco de afastamento de muitos funcionários. Com as novas medidas adotadas pela empresa como a redução do número de carteiros e de distritos, (o normal era ter um carteiro para cada distrito), o que sobrou foi o acúmulo de dois distritos para cada carteiro, o que já era cansativo; mas ainda assim suportável, ficou exaustivo e insuportável.

Enquanto as cartas se acumulam e se amontoam debaixo das mesas dos trabalhadores, que não dão conta de entregá-las, a população sofre com a bagunça que a entrega virou. Há casos, por exemplo, em que, por não conhecer o distrito o qual foi obrigado a fazer, o colaborador acaba não conseguindo efetuar a entrega, e o cliente acaba ficando sem sua correspondência, pagando até juros dos boletos não entregues no prazo.

AUMENTO DA CARGA DISTRIBUÍDA E A PIORA DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS CARTEIROS

Conforme o SINTECT-SP (sindicato ligado à empresa referida), em notícia publicada em 11/11/2012, segundo o MTB, um inquérito aponta que o ambiente de trabalho dos carteiros da região é precário e sensível à ocorrência de doenças ocupacionais. Os trabalhadores percorrem longas distâncias carregando grande volume de peso. De acordo com a entidade, em média, cada carteiro caminha aproximadamente 15 km por dia com peso sobre os ombros que supera os 12 kg, em violação ao edital de concurso, que prevê um percurso de até 7 km por dia.

Se analisarmos, da época da notícia para os dias atuais, já passaram cinco anos e, ao invés da empresa melhorar a situação laboral dos empregados, fez justamente o contrário, aumentando a quantidade de carga e de distância percorrida de cada um, levando-os ao extremo do limite de cansaço físico.

Segundo texto de Natalia Montovan, trabalhadora dos Correios, militante do grupo ativista feminino Pão e Rosas, em matéria feita para o jornal: (Diário Esquerda, 1/04/2015):

Nos Correios, é possível verificar a ocorrência de acidentes e doenças em todas as atividades, mas a situação dos carteiros é emblemática. A falta permanente de funcionários, devido a não abertura de concurso público para suprir todas as necessidades da empresa, leva a um aumento deste problema. Os Centros de Distribuição ficam sobrecarregados, afetando ainda mais a saúde dos trabalhadores.

A empresa está longe de conseguir sanar a questão do absenteísmo; as péssimas condições de trabalho; a falta de preparo de muitos supervisores e gerentes, e até de muitos cargos de responsabilidade, que em sua maioria são indicações políticas para representantes da ECT, que mal conhecem a base da empresa que são carteiros, atendentes, otts.

Ainda na mesma página, ela ressalta que:

Vários estudos relatam a alta de problemas de saúde entre carteiros, principalmente as lesões por esforço repetitivo (LER) e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). As maiores queixas são de dores na coluna vertebral, torções de tornozelo, joelhos, pescoço e braços. A causa dessa incidência é pelas enormes distâncias percorridas, coluna pelo desgaste que sofre com o peso da bolsa, ombro e pulsos pela repetição exaustiva na triagem de cartas e na cervical pela posição que ficam para ordenar as cartas.

Devido a estes motivos, vários trabalhadores acabam buscando auxílio médico, pois são inúmeros os casos de afastamento (e até aposentadorias) relativos aos problemas causados pela péssima qualidade na maneira de elaborar os serviços atribuídos aos carteiros. Quando o colaborador utiliza bicicleta, acaba carregando nas caixas que ela tem, mais de 15 quilos de correspondências e encomendas, e , muitas vezes, terá que pedalar pedala grandes distâncias até chegar em seu local de trabalho, sobe ladeiras, desce. São vários quilômetros pedalados, fora a distância entre ida e volta; o que resulta em maior desgaste dos joelhos, causando sequelas nestes colaboradores, e fazendo com que cada vez mais se ausentem do setor de trabalho, colaborando com os altos índices de absenteísmo que a empresa tem.

Com a mudança na forma de entregar correspondências, elaborada pela nova administração da empresa, visando reduzir custos e funcionários, a entrega passa a ser feita de forma alternada, ou seja: o trabalhador em um dia entregará correspondências em um lado, estipulado de lado A, e no outro dia fará entrega de correspondências no lado B. Um único colaborador realizará a entrega que antes era feita por dois carteiros em locais distintos. A consequência disto é o aumento na distância percorrida, carga excessiva e sobrepeso carregado, o que causará maior desgaste físico, maior risco ergométrico, e, por conseguinte, o aumento do índice de insatisfação e de stress causados por tal condição de trabalho.

AFASTAMENTOS CAUSADOS PELA SOBRECARGA DE TRABALHO

De acordo com informativo de circulação interna da empresa denominado (1 Hora), a ECT vem enfrentando a maior crise de sua história, segundo dados da própria empresa. Frente a isso, a nova direção dos Correios vem tomando medidas para tentar amenizar o déficit que a empresa tem atualmente, com proposta de reestruturação para salvar os cofres da empresa, que se encontra à beira de um colapso financeiro. O problema é que, nesse processo todo de reestruturação, a nova diretoria, assim como as anteriores, parece mais interessada em atender aos interesses de alguns partidos políticos.

Como consequência, os trabalhadores, mais uma vez, são condenados a pagar a conta da crise que abala a situação financeira da empresa, causada por gestões mal preparadas, de administradores indicados por políticos e sem qualquer conhecimento da rotina da empresa e de como ela funciona, o que é o caso atual, mais uma vez, e por desvios de dinheiro, como no caso do fundo de pensão dos Correios, chamado de Postais, e que vem sendo descontados em parcelas do pagamento mensal dos colaboradores. Não bastasse isso, o crescente número de assaltos, sequestros e até espancamento de carteiros, seja motorizado, pedestre ou ciclista aumenta no Brasil a fora, causando inclusive problemas psicológicos nos funcionários que têm que trabalhar todos os dias, sabendo que vão sair para rua e certamente serão assaltados, espancados ou algo pior, o que pode resultar em problemas graves de saúde como síndrome do pânico, ou androfobia (medo de pessoas).

Devido à quantidade de peso que carregam todos os dias e de percorrerem grandes distâncias, muitos funcionários acabam desenvolvendo vários problemas osteomusculares, que são causas frequentes de afastamento, e isto tudo associado às intempéreis da profissão, torna-se uma bomba relógio. Assim, é altíssima a quantidade de funcionários que têm se afastado por algum dos problemas citados. Segundo Mario Mecenas Pagani, mestre em Educação Física e Nicaulis Costa Coserva, mestre em Arte Educação, em artigo publicado pela revista: (ECS: ” estudos realizados por Battié (1990); Manniche e Asmussen (1993) destacam a importância dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), do estresse e dos problemas lombares em diversas atividades profissionais”).

São consideradas como causas de um maior número de problemas, as atividades onde o esforço físico em dinâmicas é uma constante, causando a falta dos profissionais ao trabalho, resultando na diminuição da produtividade da empresa e reduzindo a margem de lucro. São constantes os relatos de trabalhadores afastados com problemas de coluna, ombro, joelhos, relacionados com o tipo de trabalho que exercem. Ironicamente, em 2014 a ECT modificou o plano de saúde dos funcionários (Correios Saúde), com um discurso de que estaria modernizando o convênio, criou uma subsidiária para gerir o plano (Postal Saúde) e torná-lo “mais barato”.

Na verdade, houve uma privatização disfarçada, que gerou revolta dos trabalhadores, provocando uma greve de 43 dias em vários locais do país, mas que não conseguiu reverter o ataque. Diferente do discurso, a realidade é que o convênio piorou muito, houve uma diminuição expressiva dos locais de atendimento. Num país onde a saúde pública é extremamente sucateada e insuficiente, o convênio acaba sendo a única saída, e no caso de uma categoria cuja saúde é tão afetada, faz muita diferença na qualidade de vida. (MANTOVAM, N,2015).

De maneira geral, todos os CDDs seguem o mesmo padrão organizacional, desde sua abertura, até o fechamento, vários padrões elaborados e estipulados pela empresa devem ser seguidos, mas que em muitos casos não são praticados ou respeitados como deveria ser. Há locais onde um caminhão com rampa elevatória não é utilizado, e há outros onde nem carro hidráulico tem, forçando os funcionários a descarregarem os materiais manualmente, expondo-se a riscos ergométricos e acidentes.

Segundo entrevistas realizadas com diferentes carteiros, de diferentes lugares e regiões, a empresa anda, muitas vezes, na contra mão do que estipula e determina seu próprio regulamento interno e a lei, e em seus editais de concurso, no que diz respeito a peso e distância percorrida. O que acontece dentro dos Centros de Distribuição Domiciliarias (CDDs), segundo alguns carteiros entrevistados, que solicitaram que seus nomes e local de trabalho não sejam revelados, é que muitos CDDs fazem o contrário do que o próprio regulamento interno da empresa determina. Por exemplo, o peso da bolsa para mulheres é de 8 quilos e para homens 10, entretanto os colaboradores, carregam mais de 13 quilos em suas bolsas, andam grandes distâncias, são levados ao limite extremo do stress laboral. Ainda há casos onde muitos colaboradores sofrem violência nas ruas como xingamentos ou são assaltados e até sequestrados, muitas vezes hostilizados pelos próprios clientes, por entregarem fatura comercial em atraso etc. Com relação a assaltos, os funcionários até fazem o boletim de ocorrência, mas nem sempre têm seu CAT( comunicado de acidente de trabalho) expedido.

AÇÃO DOS CORREIOS DEVIDO AO ALTO NÚMERO DE ABSENTEÍSMO

O absenteísmo ocasiona não só custos diretos a empresa, mas também indiretos representados pela diminuição da produtividade, aumento do custo de produção, redução de qualidade do produto, diminuição da eficiência no trabalho e problemas administrativos.

Para a Doutora Mara Luiza de Almeida Moriya e outros, sobre Absentismo-doença, […] ” relação idade-absenteísmo é uma questão de a falta ser ou não evitável. Em geral, empregados mais velhos têm taxas mais baixas de faltas evitáveis que os mais jovens, geralmente os empregados mais velhos têm taxas mais baixas de faltas não evitáveis, provavelmente devido à saúde fraca associada ao envelhecimento e ao período de recuperação mais longo de que estes trabalhadores mais velhos precisam quando se acidentam. Nota: Os índices de frequência [de absenteísmo] são mais altos em empregados jovens, com pouco tempo de serviço, entre os quais o índice de duração [do afastamento] é baixo; entre os operários mais velhos, com maior tempo de serviço, o contrário é verdadeiro”. Wilson, 1961,apud Nogueira (1980,p.18).

Figura 1. Absenteísmo e suas causas.

Causas do Absenteísmo <ul><li>doença efetivamente comprovada; </li></ul><ul><li>doença não comprovada; </li></ul><ul><li>r...
Fonte:( Indicadores de Recursos Humanos Pós-Graduação em Gestão Estratégica de RH Gerenciamento de RH Kenneth Corrêa).
Cálculo do Índice de Absenteísmo <ul><li>Total de homem/horas perdidas X 100 </li></ul><ul><li>Total de homem/horas traba...
Fonte:( Indicadores de Recursos Humanos Pós-Graduação em Gestão Estratégica de RH Gerenciamento de RH Kenneth Corrêa).

O tipo de serviço realizado por carteiros, por si só já acomete muitos funcionários, que acabam desenvolvendo quadros patológicos diversos no que diz respeito à coluna, ossos, cartilagens, músculos etc. Estes são somente alguns transtornos dentre outros que podem os agentes de distribuição enfrentarem, fora o sol escaldante, a chuva forte, vento, frio, ruas alagadas e todas as intempéries que estes profissionais suportam.

Para Chiavenato (2000), são várias as causas do absenteísmo, que merecem assim ser identificadas e estudadas, inclusive sob a ótica da repercussão na produtividade organizacional.

Nos Correios, o número insuficiente de funcionários para realizar trabalho de carteiro e outros, associado com as más condições de serviço, salário defasado, falta de reconhecimento e incentivo; cada vez mais e mais cobranças por parte das gerências, acabam causando alto índice de insatisfação dentro dos (CDDs). Segundo relatos de vários funcionários de diferentes locais, a empresa já foi um lugar bom para se trabalhar e até para querer seguir carreira; já nos dias atuais, muitos dizem que só permanecem nela por não terem outro tipo de qualificação profissional. Fontes (1980) compreende que o absenteísmo é uma forma de protesto utilizada pelo funcionário para mostrar que não está satisfeito com as condições de trabalho. Argyris (1975), dentre outros, aponta que em alguns casos o absenteísmo se manifesta por meio de ressentimentos em relação à empresa, ou mesmo à chefia imediata, de maneira deliberada. Soares e Silva (2004)” dentre uma das mais graves e usuais consequências do absenteísmo para as organizações, ressalta-se a queda da produtividade e consequentemente a queda dos lucros”. De acordo com a ECT, 2016 o índice de absenteísmo vem apresentando crescimento desde 2011 até o mês de maio de 2016, quando foi medido pela última vez.

Para tentar minimizar os altos índices de absenteísmo e o consequente afastamento do setor de trabalho sofrida pelos carteiros, a empresa adota durante um período de tempo a contratação de mão de obra temporária (MOT), pessoas não concursadas, mas que exercem a mesma função dos agentes de distribuição. Essa foi mais uma maneira de tentar amenizar a sobrecarga de trabalhos que milhares de carteiros enfrentam diariamente, tendo excesso de serviço e, consequentemente, mais desgaste físico, mais estresse e mais afastamentos. Por outro lado, essa mão de obra terceirizada também sofre as mesmas intempéries que os concursados com um agravante, por não terem vínculo algum, não têm direitos a reclamar.

Em alguns estados, os sindicatos conseguiram barrar, perante a lei, a contratação deste tipo de funcionário temporário, e esta medida acarretou ainda mais no aumento de trabalho que cada carteiro exerce. Como o número de empregados afastados é grande e o quadro negativo que a administração atual afirma passar só tende a piorar, estão sendo tomadas algumas ações específicas a seguir.

A ECT está desenvolvendo, junto com a Postal Saúde, operadora contratada pela empresa para administrar e cuidar dos planos de saúde dos funcionários, um programa de auxílio e ajuda aos empregados que sofrem ou passam por problemas de ergometria ou que precisam de reabilitação. São os chamados Centro de Cinesioterapia Laboral, em alguns estados brasileiros, como São Paulo, Bahia etc. Entretanto, nem sempre o funcionário que necessita tem condições de usar o serviço, acabando tais centros sendo para poucos e não para todos, pois a distância e a falta de transporte gratuito acabam fazendo com que muitos dos funcionários necessitados deste auxílio fiquem impedidos de utilizá-lo.

A cinesioterapia é uma técnica de tratamento que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e biomecânica, com utilização de recursos e técnicas variadas. Além de proporcionar condicionamento físico, melhora a força, a massa muscular e óssea, a mobilidade e a flexibilidade. Também reduz doenças ocupacionais, promove reeducação postural, ajuda no controle do estresse e na manutenção da autoestima.

Os primeiros estudos sobre a utilização dos exercícios terapêuticos datam da Grécia e Roma antiga, porém foi a partir da I Guerra Mundial que houve um aumento acentuado da utilização deste recurso para reabilitação de pacientes. Isso devido ao grande número de incapacitados durante e após os combates. Sua principal finalidade é a manutenção ou desenvolvimento do movimento livre para a sua função, e tem como efeitos principais a melhora da força, resistência à fadiga, coordenação motora, mobilidade e flexibilidade.

Licht (1965) definiu o exercício terapêutico como “movimento do corpo ou das partes corporais para alívio de sintomas ou melhorar a função”. O objetivo do Programa de Cinesioterapia Laboral (PCL) é incentivar práticas preventivas de doenças, de condicionamento para o trabalho e tratamento de lesões do sistema osteomuscular. A cinesioterapia laboral busca desenvolver nos participantes os conceitos de autocuidado, preservação da saúde e consciência corporal, promovendo maior qualidade de vida e adoção de hábitos saudáveis, inclusive no trabalho.

Os profissionais que atuarão no programa são médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e educadores físicos – podendo ser dos Correios ou prestador contratado pela Postal Saúde, a depender da unidade.

O PCL está disponível para todos os empregados dos Correios lotados na unidade de implantação e, para participar, o empregado precisará passar por uma avaliação médica que deve ser agendada com o auxílio do responsável pelo PCL (dos Correios) em cada unidade. (Central do Beneficiário, Postal Saúde, 16/01/2017).

Pretende-se, com esses centros de cinesioterapia, dar uma melhor condição de vida aos funcionários, amenizando os problemas e transtornos causados pelo serviço e, como consequência, diminuindo o número de atestados dados para estes profissionais. Estipula-se que, com esta e com outras medidas adotadas pela Gestão de Absenteísmo que a empresa tem, reduza-se a quantidade de faltas e afastamentos que acabam impactando na economia dos Correios e gerando mais trabalho e sobrecarga para os companheiros, o que causa um mal estar laboral e, posteriormente, mais afastamentos.

RESULTADO

Pôde-se perceber que muitos afastamentos de funcionários poderiam ser evitados e podem ser atenuados, desde que a empresa adote medidas que visem reduzir os impactos causados por transporte de peso acima do permitido por lei que é de 8 quilos para mulheres e 10 para homens, e a percorrerem grandes distâncias, também acima do que permite a lei, ou seja, 8 quilômetros por dia. Cabe ainda à empresa conscientizar e treinar gestores e supervisores dos centros de distribuição para que cumpram tal ordem, pois muitos por medo de perderem suas funções – que são na maioria das vezes por indicações e não por recrutamento interno – agem de acordo com seus princípios e de com o que acham correto, quando muitas das vezes não está.

A nova metodologia de fazer a entrega de encomendas sobrecarrega em muito o material humano que, por sobrecarga de serviço adoece e acaba afastando-se do setor de trabalho e sobrecarregando mais ainda os outros companheiros, como se fosse uma bola de neve que só tende a crescer e piorar cada vez mais.

Antes da empresa implantar a nova metodologia de entrega de encomendas, o trabalho era realizado da seguinte maneira: Em um Centro de Distribuição (CDD),de determinada cidade, os bairros são divididos em 30 distritos, ou seja trinta localidades distintas de entrega de encomendas, onde cada carteiro passa em média de 4 a 5 horas andando ininterruptamente para dar conta das entregas diárias, sem contar o tempo de espera da condução e o tempo gasto no percurso entre o CDD e o local de entrega, muitas vezes feito por ônibus e podendo passar dos 30 minutos entre viagem e espera, isto tanto para ida quanto para volta. Há ainda as entregas de objetos especiais, que os carteiros chamam de registrados e que devem ser assinados pelo destinatário no ato da entrega, o que leva em média de 3 a 5 minutos por pessoa. Se considerarmos que cada entregador leva por dia no mínimo 25 ou mais destes objetos e multiplicarmos pelo tempo mínimo de espera do carteiro pelo cliente, teremos (3x25min=75), o resultado será de uma hora a mais na entrega somente destes objetos qualificados. Percebe-se, por estes dados, o quanto um entregador tem que correr para realizar sua árdua tarefa diária, fora o serviço interno que cada um realiza ao chegar de volta das ruas, fazendo suas anotações e dando baixas nos objetos qualificados.

Essa era a forma como se realizava as entregas e, mesmo com tantos afazeres e contratempos, os entregadores realizavam suas tarefas de maneira satisfatória para a empresa, e para o cliente que recebia suas correspondências sem atraso.

Com a nova metodologia, reduziu-se o número de carteiros, alguns foram relocados, outros aposentaram e se reestruturou os distritos e cada entregador, que tinha um distrito, ganhou uma parte do outro que ficou sem carteiro. Assim, aumentou consideravelmente o volume de correspondências e de objetos qualificados. Na visão da empresa, esta forma de entrega funciona, mas desde sua implantação até os dias atuais um grande número de entregadores reclama do excesso de serviço, do cansaço físico e mental. Por outro lado, aumentou o número de reclamações nas agências de Correios pela falta de entrega ou atraso das correspondências, causando a insatisfação dos clientes.

Conforme Auguste Georgi (1847), a insatisfação no trabalho como uma das formas fundamentais de sofrimento do trabalhador está relacionada ao conteúdo da tarefa. Tal insatisfação pode ser decorrente de sentimentos de indignidade pela obrigação de realizar uma tarefa desinteressante e sem significado, de inutilidade por desconhecer o que representa o trabalho no conjunto das atividades na empresa, de desqualificação, tanto em função de questões salariais como ligadas à valorização do trabalho, em aspectos como responsabilidade, risco ou conhecimentos necessários. Ainda conforme Dejours, pode-se entender o stress associado ao trabalho como um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimentos psíquicos, associados a experiências de trabalho, desencadeando o chamado estresse ocupacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica evidenciado nesta pesquisa, por meio de estudos, relatos de funcionários, e todo material utilizado, que a categoria de funcionários da empresa estudada é acometida dos mais diferentes problemas, muitas vezes, causados pelas más condições de trabalho ou pelas metodologias errôneas na execução dele. São distúrbios osteomusculares como lesões, síndrome do ombro caído, tendinites, tenossinovites, etc, além dos problemas de ordem psicológica

A nova metodologia de entrega alternada de correspondências, criada para diminuir o número de distritos e de carteiros, com base na política de redução de custos que vem empregando, para minimizar o rombo econômico dos cofres dos Correios, parece não estar funcionando. Ao contrário, devido à sobrecarga, elevou-se o número de afastamento e a insatisfação com a empresa, o que causa imenso desconforto entre superiores e funcionários.

Muitos administradores de CDDs parecem desconhecer ou ignoram por completo o fato de que as doenças decorrentes do excesso de trabalho, os riscos para a saúde e a ergometria não aplicada corretamente vão, aos poucos, causando danos até irreversíveis nos trabalhadores.

Faz-se necessário deixar afixado, nos quadros de recados de cada CDD e demais unidades dos correios onde se trabalha com pesos e entregas de encomendas, a título de informação e consulta, a Norma Regulamentadora, (NR 17), que trata de Ergonomia e também a (NR 15) que trata de Atividades e Operações Insalubres.

É grande a falta de informações sobre o assunto junto aos funcionários da empresa, em especial os entregadores de encomendas que, dentre outras tarefas, também carregam e descarregam o caminhão de cargas. No geral, não se tem nenhum tipo de treinamento sobre os riscos ergométricos e o que podem causar à saúde do trabalhador. Por estes motivos todos que o índice de absenteísmo tende a crescer cada vez mais, visto que falta muita política e ação de prevenção.

Quanto às ações da empresa para diminuir o quadro de absenteísmo, cabe ressaltar que ainda está distante deste problema ter uma solução. Não adianta em nada implantar um sistema de reabilitação, montar clínicas de cinesioterapia laboral, quando não contempla a todos, pois só existem nas capitais. Os bairros distantes e a periferia ficarão à mercê, não tendo condições de se deslocar até os locais de tratamento, uma vez que o serviço de transporte terceirizado que atendia aos funcionários foi retirado e cada empregado se necessitar ir a sede central tem de pagar de seu bolso, ainda que seja ressarcido depois.

BIBLIOGRAFIA

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[1] Tecnólogo em Logística (FACULDADE DE CIENCIAS E LETRAS DON DOMENICO); M.B.A Gestão Empresarial (UNIP); M.B.A Logística & Supply Chain (UNIP);Pedagogo (FACULDADE DE CIENCIAS E LETRAS DON DOMENICO);Psicopedagogo Clinica e Institucional (FALC).

Enviado: Fevereiro, 2018

Aprovado: Outubro, 2018

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Benjamim Marcelino Da Silva Júnior

21 respostas

  1. Excelente artigo,pois tenho amigos que trabalham nos Correios há vários anos, e tudo que esta descrito no artigo, condis com a mais pura verdade, vários carteiros estão afastados pelo excesso do peso das das bolças que carregam, e agora ficou muito pior com a criação deste novo jeito de fazer a entrega. Cada carteiro esta fazendo o serviço de 2, e mesmo com todo esforço, não conseguem dar conta do serviço.

  2. Achei muito interessante, pois conheço vários carteiros q sofrem de problemas de saúde devido ao peso da bolsa, problemas psicológicos por causa dos assaltos. Conheço carteiros por causa da quantidade de trabalho

  3. Achei muito proveitoso e interesante o texto em questão, conheço alguns carteiros que sofrem de problemas na coluna devido o peso da bolsa.Alguns chegam a ter o ombro estourado.

  4. Um excelente artigo primo , vocês carteiros são heróis por suportar uma carga exaustiva de trabalho , para colaborar com a comunicação do Brasil, meus parabéns a todos os carteiros do Brasil!
    Parabéns pelo artigo primo ; muito bom!

  5. Realmente, este texto diz tudo, os amigos carteiros são guerreiros, é sol, chuva, cachorro, assalto, e eles estão sempre trabalhando pra fazer o melhor.

  6. Gostei, tenho um colega carteiro, é bem isso mesmo, de uns meses pra cá, aqui no meu bairro o cateiro passa dia sim, dia não, pois tem que fazer o trabalho dele e de outro, o que é bem mais cansativo pra ele e para os outros.

  7. Muito bom, mostra bem a realidade dos entregadores de cartas. Muitos adoecem pela exaustiva rotina de trabalho, sem falar em todos problemas causados pelo carregamento excessivo de peso.

  8. Artigo bem elabordo. Isso mostra a nossa realidade que poucos sabem e mantém todos os clientes informados sobre a nossa sobrecarga de trabalho que só aumenta no decorrer dos anos. Parabéns ao artigo.

  9. Tenho parente carteiro e vejo de perto o quanto esse trabalho pode ser estressante e desgastante..Meu parente tem problema em toda coluna por causa do peso da bolsa, e problema de inflamação na sola dos pés.Ainda bem que alguém chamou a atenção pra isto tudo

  10. Muito bem elaborado,mostra uma realidade que nós clientes não conhecemos! Correios é uma empresa que representa o Brasil, pena que um monte de políticos se empenham em estragar a imagem da empresa e denigrir a imagem dos carteiros.

  11. Conheço alguns entregadores dos Correios,e é impressionante como eles se entregam ao trabalho, é debaixo de chuva forte, sol forte, rua alagada e carregando aquela bolsa sempre cheia nos ombros, andam quase o dia todo…Deve ser muito desgastante…

  12. Primeiramente boa noite vamos lá sobre os carteiros são bons trabalhadores pois trabalham direto por que precisam alguns ja operaram até ombro por conta de carregar muito peso muitos nem um obrigado recebem pelo seu trabalho trabalham sol chuva sem direito a um obrigado ou reconhecimento?

  13. Sou estudante de administração e vemos muitos artigos a respeito disso, minha opinião é que é crucial que as empresas postais e os órgãos reguladores estejam atentos a essa questão e busquem formas de minimizar o impacto do peso sobre os carteiros. Isso pode incluir o fornecimento de equipamentos mais ergonômicos, treinamento em técnicas seguras de levantamento de peso, rodízio de tarefas e pausas adequadas para descanso.

    Além disso, encorajo os carteiros a cuidarem da própria saúde, praticando exercícios físicos, mantendo uma postura correta ao carregar peso e buscando assistência médica caso sintam desconforto ou dor.

  14. Sou estudante de administração e vemos muitos artigos a respeito disso, minha opinião é que é crucial que as empresas postais e os órgãos reguladores estejam atentos a essa questão e busquem formas de minimizar o impacto do peso sobre os carteiros. Isso pode incluir o fornecimento de equipamentos mais ergonômicos, treinamento em técnicas seguras de levantamento de peso, rodízio de tarefas e pausas adequadas para descanso.

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