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A liderança e sua influência no setor público brasileiro

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BENINATO, Karinne Bastos Da Silva [1]

BENINATO, Karinne Bastos Da Silva. A liderança e sua influência no setor público brasileiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 07, Vol. 03, pp. 151-164. Julho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/influencia-no-setor

RESUMO

O presente artigo visa destacar os três momentos pelos quais passou a Administração Pública até chegar à Administração gerencial a qual permanece até os dias de hoje, e refletir sobre a importância da liderança no setor público. Apesar do tema liderança estar cada vez mais evidente na atualidade, ainda pouco se fala a respeito da liderança dentro do setor público. Sendo assim, sobre este assunto, o artigo traz a seguinte questão como problema: Como a liderança influência dentro do setor público? Visando esclarecer essa inquirição, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica e pode-se concluir que o líder é chave fundamental no sucesso de uma organização, e que a motivação dos servidores está diretamente ligada ao processo de gestão.

Palavras-chave: liderança, motivação, gestão organizacional, líder.

1. INTRODUÇÃO

O tema liderança, ao longo do tempo, ganhou destaque em artigos acadêmicos e livros devido a sua importância. Porém, apesar desse conjunto de estudos a respeito da liderança, ainda pouco se fala sobre a liderança no serviço público.

A sociedade passou a sofrer transformações nos aspectos sociais, tecnológicos, políticos e econômicos, forçando assim que o fenômeno chamado liderança passasse a ser repensado e transformado, visando otimizar processos e rotinas e assegurando sempre melhores resultados e desempenhos. Portanto, este é um tema de relevância, sendo um fator fundamental para o alcance de resultados nas organizações, a liderança deve ser estudada tanto pelo setor privado como pelo setor público. Sendo assim, o presente artigo busca responder à seguinte inquirição: Como a liderança influência dentro do setor público?

Visando acompanhar as transformações descritas acima, as organizações públicas passam a necessitar de pessoas mais autônomas e com mais iniciativa, diferentemente do que era exigido antigamente que era um perfil baseado na submissão, e assim, alteraram seu modelo de gestão transformando uma administração pública burocrática em uma administração pública gerencial. (BRESSER PEREIRA, 1997)

O capital intelectual passa a ser privilegiado, pois são as pessoas a base do desenvolvimento das organizações. E é nesse contexto que a liderança ganha destaque e passa a ser a chave para o sucesso organizacional.

Erroneamente, muitas vezes o líder acaba sendo associado com o chefe, porém existem diferenças importantes entre esses dois e que vão impactar no sucesso ou não de uma organização. Portanto, primeiramente, faz-se necessário destacar as diferenças entre chefia e liderança.

De acordo com Maxwell (2008), o chefe inspira medo, depende da autoridade, dá ordens, cobra resultados. Já a liderança segundo Hunter (2004, p.23) “é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”. Sendo assim, pode-se observar a grande importância de um líder em uma organização, influenciando tanto de forma positiva, quando a liderança está bem adaptada, como influenciando de forma negativa, quando uma pessoa não está preparada e não conhece bem seus subordinados lidera uma equipe. Por essa razão, o estudo de liderança vem sendo de suma importância e muito discutido na atualidade.

2. LIDERANÇA

2.1 CONCEITOS DE LIDERANÇA

Em uma revisão dos estudos sobre liderança, Jogulu e Wood (2006) afirmam que o conceito vem sendo estudado desde o século XVIII e que as pesquisas sobre o comportamento dos líderes passaram por diversas linhas teóricas até chegar às teorias contemporâneas.  As primeiras pesquisas sobre liderança, a Teoria dos Traços de Personalidade, teve sua origem no início do século 20 e distinguia o líder dos liderados por meio de características de personalidade (físicas ou habilidades cognitivas). As teorias comportamentais de liderança que surgiram com a Segunda Guerra Mundial abriram novas abordagens para o tema e desviaram o foco para a identificação do melhor estilo de liderar.

O que é ser líder? Segundo o dicionário Michaelis, líder é:

  • Pessoa com poder de decidir, de se fazer obedecer.
  • Pessoa com capacidade de influenciar nas ideias e ações de outras pessoas.

A liderança é um processo através do qual um membro de um grupo ou organização influencia a interpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos objetivos e estratégias, a organização das atividades de trabalho, a motivação das pessoas para alcançar os objetivos, a manutenção das relações de cooperação, o desenvolvimento das competências e confiança pelos membros, e a obtenção de apoio e cooperação de pessoas exteriores ao grupo ou organização. (YUKL 1998, p.5).

A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, principalmente nas empresas e em cada um de seus departamentos. Ela é igualmente essencial em todas as demais funções da Administração: o administrador precisa conhecer a motivação humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. (CHIAVENATO, 1993, p. 172).

Visto que o foco do presente estudo é a liderança no ambiente público, é importante destacar que a liderança se apresenta de suma importância para alcançar o máximo desempenho de um funcionário dentro de uma organização governamental. Assim, cabe ao líder conhecer bem seus subordinados, possuir uma boa relação, e identificar os pontos para satisfazê-los e motivá-los e em consequência atingir os resultados pretendidos.

As organizações precisam de líderes eficientes, capazes de definir metas e tomar decisões que gerem diferenciais competitivos realizáveis por intermédio das pessoas, líderes que busquem um melhor relacionamento entre as pessoas, incentivando o trabalho em equipe, motivando os servidores e proporcionando um ambiente de trabalho saudável e propício ao progresso e desenvolvimento de suas habilidades. Um bom clima organizacional, com ambiente agradável e sem conflitos internos, também é resultado de uma boa liderança.

Liderança é uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança são, portanto quatro: influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar. (CHIAVENATO, 2005)

2.2 TIPOS DE LIDERANÇA

Segundo Ladeia (2013), distingue os tipos de liderança em: Coercitivo, dirigente, afetivo, democrático, modelador e treinador conforme o quadro a seguir:

Quadro 1: Tipos de liderança

Tipo de líder Características
Coercitivo Diz à equipe o que fazer. Não elogia. Tende a criticar o que está errado.
Dirigente Com foco e visão a longo prazo. Garante que todos estejam motivados. Conquistam as pessoas e criam um clima positivo que motiva a equipe.
Afetivo Visa criar harmonia dentro da equipe, dando mais atenção às pessoas que às tarefas. Acreditam que tratando bem os colaboradores serão recompensados com lealdade e alto desempenho.
Democrático Envolvem os membros da equipe nos processos de tomada de decisões.
Modelador Líder que acredita que sua forma de realizar o trabalho é sempre melhor, por isso, dá instruções detalhadas para ajudar os membros da equipe.
Treinador Investe tempo para entender os pontos fortes e fracos dos indivíduos e trabalhar com eles para alcançar seus objetivos de desenvolvimento pessoal.

Fonte: Ladeia (2013)

Observa-se que muitos tipos de liderança são encontrados, possibilitando ao líder conduzir e treinar melhor suas habilidades e ações diante das variadas situações e aqueles que desejam se tornarem líderes de sucesso, a possibilidade de estudar as características que os tornam diferenciados. Após alguns estudos, diferentes formas de liderar foram encontradas, podendo-se destacar essencialmente três estilos de liderança: liderança autoritária, liberal e democrática.

Na liderança autoritária, há uma centralização, pressão e atuação rígida. O líder fixa as diretrizes sem qualquer participação do grupo, as decisões são tomadas individualmente por ele, o qual não escuta e não considera a opinião da equipe. Nesse estilo de liderança, o líder afasta-se de relacionamentos menos formais.  Não há espaço para criatividade dos liderados, tudo deve ser feito como o líder define, que fixa todas as diretrizes e tarefas a serem realizadas. Um ponto negativo a esse tipo de liderança pode-se destacar o fato de os subordinados ficarem tensos e frustrados, podendo ocasionar resistência passiva na equipe. (CHIAVENATO, 2014).

Já a liderança liberal é o inverso, há uma delegação ao grupo, que fica à vontade na tomada de decisões. Não há imposição de regras, o grupo possui liberdade nas decisões e há uma mínima participação do líder. Não é considerado um bom estilo de liderança pela falta de demarcação de hierarquia, visto que a falta de um líder com poder e autoridade para resolver conflitos pode gerar desorganização, desrespeito e confusão.

Na liderança democrática, é um estilo voltado para as pessoas, há participação de toda a equipe no processo decisório. O líder visa escutar e aproveitar as ideias de seus subordinados, renunciando sua autoridade formal. Existe confiança mútua nesse estilo de liderança, o líder pede e aceita opiniões. Esses grupos apresentam elevados níveis de produtividade, clima de satisfação e comprometimentos de todos os liderados para com a organização. Outro ponto positivo é que toda a equipe consegue trabalhar e agir em prol do cumprimento da missão mesmo na ausência do líder. (CHIAVENATO, 2014).

Nenhum modelo de liderança é absoluto, prevalece na atualidade a abordagem situacional, que destaca que os melhores líderes utilizam para cada situação, para cada equipe, cada pessoa, um estilo de liderança diferente. Sendo papel do líder analisar cada situação e suas variáveis para que assim possa escolher o melhor estilo de liderança aplicável. (MAXIMIANO, 2002)

Outros estilos de liderança que merecem destaque são: Liderança orientada para tarefas e liderança orientada para pessoas. Na primeira, o que interessa é a execução da tarefa e seus resultados, o liderado fica responsável apenas por executar a tarefa como lhe foi orientado. Já na segunda, orientada para as pessoas, o líder se preocupa com a satisfação pessoal de seus subordinados, o líder visa fortalecer as relações pessoais e do grupo, contribuindo para um bom clima. Líder é humano e sensível com seus subordinados.

2.3 LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

A elevada ênfase em estudos envolvendo o setor privado e, portanto, a carência de estudos mais amplos e críticos sobre a temática da liderança no setor público torna a demanda por contribuições teóricas sobre o tema, nesse âmbito, ainda mais significativa. Essa escassez de estudos talvez possa estar associada ao imaginário de que burocracias são movidas por forças que se encontram além do controle de líderes (VANWART, 2003).

Comparado ao processo de globalização ocorrido no setor privado, o ambiente público se mostrou impactado e obrigado a analisar melhor suas estruturas e métodos, buscando sempre um melhor desempenho e crescimento econômico do país.

De acordo com Lescura et al. (2010) a administração pública brasileira passou por três momentos: a Administração Pública Patrimonialista, a Administração pública burocrática e a Administração Pública gerencial que permanece até o momento. Sendo essa evolução ocorrida de forma gradual, podendo-se observar até os dias de hoje essas influências na Administração Pública.

No período marcado pelo patrimonialismo – caracterizado pela dificuldade de distinção entre os interesses públicos e privados, tiveram início as primeiras formas de organização governamental no país (MARINI, 2004). Seu início se deu durante o período colonial, momento marcado pela centralização política e nepotismo.

Conforme Bresser (1996), a administração pública burocrática foi adotada para substituir a administração patrimonialista, que definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram confundidos. Nesse tipo de administração o Estado era entendido como propriedade do rei. O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção, eram a norma. Esse tipo de administração revelar-se-á incompatível com o capitalismo industrial e as democracias parlamentares, que surgem no século XIX. É essencial para o capitalismo a clara separação entre o Estado e o mercado; a democracia só pode existir quando a sociedade civil, formada por cidadãos, distingue-se do Estado ao mesmo tempo em que o controla. Tornou-se assim necessário desenvolver um tipo de administração que partisse não apenas da clara distinção entre o público e o privado, mas também da separação entre o político e o administrador público. Surge assim a administração burocrática moderna, racional-legal

A Administração Pública burocrática, proposta por Weber, foi atraída pela busca da eficiência, que visava separar o público do privado, introduzir a centralização, impessoalidade, hierarquia e o sistema de mérito.

De acordo com Bresser (1997), o Estado liberal do século XIX deu lugar ao Estado Social e econômico do século XX, foi quando se identificou que a administração burocrática não garantia nem rapidez, nem boa qualidade, nem custo baixo para os serviços prestados ao público. Na verdade, a administração burocrática era lenta, cara, autorreferida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cidadãos. E com o passar do tempo verificou-se a necessidade de aprimorar esse modelo, surgindo a Administração gerencial. Nesse modelo destacam-se conceitos de eficiência, eficácia, produtividade, metas e resultados, os gestores passam a ter maior autonomia buscando encontrar formas de atingir os melhores resultados.

Nas organizações públicas no passado, quase não havia flexibilidade e os modelos de gestão eram firmados em estruturas sólidas e verticais. Com o advento da administração gerencial pode-se observar uma maior flexibilidade de gestão, dando origem a estruturas horizontais, e surgindo a figura do líder responsável por motivar sua equipe sempre estimulando o autodesenvolvimento e o atingimentos dos resultados.

Um traço parece caracterizar a gestão pública brasileira contemporânea: a adoção de conceitos, discursos e práticas gerenciais típicas do mundo corporativo. Criatividade, postura empreendedora, inovação gerencial, gestão por resultados, contratos de gestão, gestão por competências são alguns dos termos e expressões que, paulatinamente, aderem ao vocabulário cotidiano das diversas instâncias da gestão pública nacional. Influenciadas pela disseminação de concepções neoliberais, calcadas nas noções de estado mínimo e gestão por resultados, as instituições públicas cada vez mais aparentam aderirem à lógica de mercado, concebendo o cidadão como cliente e adotando novas políticas e práticas de gestão, conforme disseminadas na esfera privada (OLIVEIRA et al., 2010).

Conforme Oliveira Filho e Fadul (2006), visando uma nova reconstrução do Estado, em 1995 é elaborado o Plano diretor da reforma do Estado que tinha por objetivo apresentar um diagnóstico da crise do Estado, promover o desenvolvimento do país, implantando uma cultura gerencial e modelos organizacionais, sempre voltados a valores como transparência, participação social e controle social.

Importante destacar a descrição do Plano Diretor da Reforma e Aparelho do Estado – PDRAE (1995) em relação ao aspecto da modernização da gestão: Trata-se da superação da administração burocrática e dos traços do patrimonialismo existentes no setor público com a introdução da administração gerencial, contemplando:

a) autonomia gerencial, com flexibilidade de gestão;

b) alcance de resultados sob a ótica da eficiência, eficácia e efetividade, com a reorientação dos mecanismos de controle, no caso, de procedimentos para resultados;

c) foco no cidadão, ao invés de autorreferida; e

d) controle social, com a introdução de mecanismos e instrumentos que garantam a transparência e a publicidade da política e da ação governamental, assim como a participação e controle por parte do cidadão. (OLIVEIRA FILHO E FADUL, 2006, p. 34)

Com o advento do plano citado e da administração gerencial, é possível observar uma mudança no setor público, caminhando para um estilo de gestão equiparado ao do setor privado, em que se assemelham o caráter competitivo e a contínua busca pela qualidade e eficiência, visando a redução de gastos e a satisfação do usuário do serviço público, o cidadão.

Desta forma, assim como no serviço privado, onde as pessoas são um dos focos de estudo mais importante, pois são elas as responsáveis pelo alcance de resultados, no serviço público não deve ser diferente.  E é aí que surge a importância de a liderança ser estudada e desenvolvida dentro do serviço público.

3. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA E A MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS

Segundo Bresser Pereira (1996), estabelecia-se nas organizações públicas, modelos de gestão engessados, burocráticos e autocráticos, e surgiu a necessidade de superar esses tradicionais modelos de gestão por outros mais democráticos, participativos e meritocráticos.

Em pesquisa desenvolvida por Saraiva Silva (2002) dentro de uma organização pública, o autor aponta como fator crítico a rígida burocracia existente. Pessoas dependentes de normas rígidas tendem a sentirem-se desestimuladas, insatisfeitas e resistentes a mudanças, refletindo no ambiente organizacional. Ainda segundo Saraiva Silva, a monotonia nos processos de trabalho deixa de estimular a inovação e o desenvolvimento de outras habilidades. Sendo assim, destacou-se a modernização de modelos de gestão como fator de suma importância na sobrevivência das organizações públicas no futuro.

Nesse sentido, as organizações públicas se veem pressionadas a reverem suas estruturas e dinâmicas de funcionamento, a fim de otimizarem seus processos e rotinas, assegurando melhor desempenho e resultados mais efetivos (Pablo et al., 2007). Como resultante, a demanda por reformas no setor passa a se constituir como importante elemento da agenda política nacional, inserindo-se de forma sistemática nos discursos das lideranças e gestores públicos, que cada vez mais deveriam assumir um perfil empresarial e gerencial (SARAIVA SILVA, 2002).

Com o advento da administração gerencial, uma maior autonomia dos servidores com maior flexibilidade de gestão ganhou espaço. Os líderes substituíram a figura do chefe, sendo os líderes os responsáveis por interagir e conhecer as pessoas da organização, estimulando e motivando-as ao autodesenvolvimento e a obtenção de resultados. Sendo assim, destaca-se a importância da figura do líder no processo de motivação de um grupo, visando uma melhoria contínua na gestão pública em prol do atingimento dos melhores resultados.

Mas o que é motivação? Para Robbins (2005) motivação pode ser entendida como um conjunto de esforços que visam o atingimento de um objetivo ou uma meta, e engloba características como persistência e intensidade.

Uma organização eficiente precisa que seus colaboradores estejam comprometidos com seus resultados, precisam estar entusiasmados, focados, e para isso, é preciso que a liderança e motivação andem lado a lado. É o líder o responsável por exercer uma liderança significativa capaz de motivar sua equipe em prol de resultados positivos.

Como já foi destacado, os melhores resultados de uma organização são frutos de diversos fatores que incluem: Profissionais motivados que estejam com seus objetivos alinhados aos da organização, profissionais com capacidade de tomar decisões e inovar. Manter a motivação do grupo elevada apresenta-se como um dos maiores desafios dos líderes. Tanto no setor público como no privado, para uma gestão eficiente, o líder deve conhecer seus subordinados, identificar suas necessidades, qualidades e habilidades e assim elaborar medidas que tornem as equipes sempre motivadas.

Porém, o processo de motivação de um grupo, no setor público o grau de dificuldade é maior, pois o líder se depara com um grupo de pessoas diversificado e heterogêneo e deve procurar a melhor forma de satisfazer as necessidades de seus subordinados sem esquecer que na administração pública ele não é o “dono do negócio”, ou seja, não possui discricionariedade e liberdade para recompensar seus liderados, sendo apenas permitido fazer o que a lei autoriza.

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o presente artigo foi a pesquisa bibliográfica a qual se utiliza das contribuições de diferentes autores através do levantamento de informações por meio de livros, que segundo Antonio Carlos Gil (2002) destacam-se como fontes bibliográficas por excelência, por meio de artigos e periódicos.

Segundo Fachin (2017) entende-se que a pesquisa bibliográfica, em termos genéricos, é um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber. Ela se fundamenta em vários procedimentos metodológicos, desde a leitura até como selecionar, fichar, organizar, arquivar, resumir o texto; ela é a base para as demais pesquisas.

A pesquisa bibliográfica marca o início de todo trabalho científico, e busca reunir o maior número de informações sobre o tema em tese. Sendo assim, a pesquisa bibliográfica serviu para aprofundar o conhecimento e analisar as informações acerca do tema liderança e sua importância no serviço público, identificar os momentos pelos quais passou a administração pública, destacando-se a Administração gerencial a qual se assemelha às práticas de gestão utilizadas pelo serviço privado e que permanece até os dias de hoje.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O foco do artigo foi buscar relações entre a administração gerencial ou nova administração pública e o tema liderança, além de entender como a liderança pode influenciar no setor público. O presente artigo apresentou a evolução dos modelos de administração pública no Brasil, apontou as principais características do modelo de administração gerencial, o qual é adotado nas organizações públicas nos dias de hoje  e identificou a liderança como fator fundamental para o atingimento de resultados dentro do setor público.

Impulsionados pelo amplo processo de globalização, conceitos que antes só eram aplicados ao setor privado, passaram a ser incluídos ao setor público, visando a melhoria de desempenho e buscando oferecer melhores serviços públicos à sociedade. O capital humano passa a ser mais valorizado e um novo conceito de chefia e liderança adotado.

Pode-se concluir que o estudo da liderança se torna fundamental na atualidade, tanto no setor público como privado. É importante destacar ainda que embora algumas pessoas já nasçam com características de um líder, a liderança pode ser desenvolvida e aprendida por qualquer pessoa.

Outro ponto que merece destaque é a relação líder x liderados, sendo de suma importância que um líder conheça bem seus subordinados, para motivá-los adequadamente em prol do cumprimento da missão, visto que cada pessoa se motiva por diferentes aspectos (salarial, reconhecimento, autorrealização, desafios).

Conclui-se que um bom líder deve aplicar estilos de liderança diferentes para cada situação, deve ser capaz de identificar oportunidades, necessidades e reduzir fraquezas de seus subordinados, e alinhá-las em prol do cumprimento dos objetivos da organização. Seguramente que em grandes organizações, seu sucesso e desempenho são resultados de uma liderança de excelência e de contínuo desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

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CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 9ª Ed. Compacta. Elsevier Editora, Ano: 2014.

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[1] Graduação Em Administração De Empresas.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Julho, 2021.

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