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Estresse Ocupacional da Equipe de Enfermagem que Atua em Unidade de Terapia Intensiva

RC: 12216
94
4.9/5 - (340 votes)
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/unidade-de-terapia-intensiva

CONTEÚDO

CUNHA, Sidney Miguel Mesquita da [1], SILVA, Valéria Regina Maciel da [2], DENDASCK, Carla Viana [3], MOREIRA, Elisângela Claudia de Medeiros [4], OLIVEIRA, Margaret de [5],OLIVEIRA, Euzébio de [6]

CUNHA, Sidney Miguel Mesquita da; et.al. Estresse Ocupacional da Equipe de Enfermagem que Atua em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ed. 11, Ano 02, Vol. 04. pp. 68-78, Novembro de 2017. ISSN:2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/unidade-de-terapia-intensiva, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/unidade-de-terapia-intensiva

RESUMO

Estudo de revisão da literatura que objetivou identificar estudos sobre estresse ocupacional da equipe de enfermagem que atua em UTI. Pesquisaram-se documentos no Portal BVS. Como critérios de inclusão consideraram-se pesquisas que abordam o tema em questão, no idioma português e espanhol com texto disponível, no período de 2009 a 2013. Não houve restrição quanto ao desenho de estudo. Somente 8 documentos preencheram os critérios de inclusão para a revisão. Os resultados mostraram que em relação aos fatores estressores percebidos por enfermeiros em seu trabalho em UTI, destaca-se a convivência constante com o sofrimento, a dor e a morte dos pacientes; demonstram também que o estresse está relacionado à insatisfação com o trabalho bem como o ambiente da unidade e o manuseio do arsenal de aparelhos e equipamentos. Conclui-se que a equipe de enfermagem que trabalha em UTI, está exposta ao risco do estresse ocupacional desenvolvendo sintomas físicos e distúrbios emocionais; reflexo que recai no dia-a-dia desse profissional e da instituição. Algumas atitudes por parte da instituição e dos gestores pode minimizar o nível de estresse ocupacional. Assim sugerimos a necessidade de serem feitas pesquisas, com o objetivo de desenvolver medidas preventivas e modelos de intervenção com o objetivo de subsidiar orientações para a equipe de enfermagem, constituindo uma alternativa relevante para gerenciar o estresse, assim como para trazer benefícios às equipes e aos indivíduos por eles assistidos.

Palavras-Chave: Enfermeiros, Equipe de Enfermagem, Estresse Ocupacional, Esgotamento Profissional.

1. INTRODUÇÃO

O estresse no local de trabalho, também chamado de “estresse ocupacional,” é analisado como a maneira que a pessoa percebe e interpreta o seu ambiente de trabalho em relação à competência, ou seja, se ela é capaz de executá-la. Nesta definição, o estresse está presente quanto o ambiente apresenta ameaça à pessoa tanto na forma de exigência excessiva quanto na forma de recursos insuficientes para atender às suas necessidades (DOLAN, 2006, p. 29).

Com essa assertiva, corroboram Noronha e Fernandes (2008 apud MURASSAKI et al., 2011, p. 955), “o estresse decorrente de fatores presentes no trabalho (estresse) resultantes de situações do cotidiano profissional é denominado estresse ocupacional”.

Nos serviços de saúde, o estresse ocupacional, está associado às condições específicas como: problemas de relacionamento da equipe multidisciplinar, incerteza e conflitos de funções; dupla jornada de trabalho e deveres domésticos: pressões exercidas pelos superiores e alterações sofrida dentro do contexto de sua atividade. (CAVALHEIRO; MOURA JUNIOR; LOPES, 2008).

O estresse ocupacional constitui um aspecto muito presente no meio profissional, e, de todos os profissionais de saúde, os enfermeiros são os mais expostos ao estresse. No contexto hospitalar, as Unidades de Terapia Intensivas (UTI), são ambientes particularmente estressantes, destinados ao atendimento de doentes em estado grave ou de risco, que requerem assistência médica e de enfermagem permanente, além de equipamentos e máquinas utilizadas para o controle e monitoramento dos níveis vitais do paciente interno nesse ambiente hospitalar. (RODRIGUES; FERREIRA, 2011)

A denominação UTI surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando então se concluiu que era mais seguro, isolar os pacientes em estado grave e colocá-los em uma sala especial, onde fosse possível acompanhar e monitorar de maneira constante seu estado geral de saúde. Como o nome sugere, a UTI tem como função principal, acolher os pacientes em estado grave, com possibilidade de recuperação, que exige permanente assistência médica e de enfermagem, além da utilização de equipamentos e recursos humanos especializados. (CAMARGO, 2011).

Como conceito de UTI, para Rodrigues e Ferreira (2011, p. 3):

As UTI’s são unidades complexas, dotadas de monitoração contínua, onde os pacientes admitidos em estado grave, ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos, tem a possibilidade de se recuperarem com suporte e tratamento intensivo.

Segundo Ruedell et al. (2010 apud MELO; KOGIEN; LIMA, 2011, p. 159) o objetivo principal de uma UTI, é “atender pacientes em estado críticos, na tentativa de possibilitar maiores probabilidade de recuperação, centralizando aparato tecnológico e assistência de saúde especializada”.

Os enfermeiros que atuam em UTI convivem com fatores adversos ao bem estar, tais como: iluminação artificial, vários equipamentos, convívio contínuo com o quadro clínico crítico de alta complexidade do paciente.

O trabalho em UTI é complexo e intenso, o enfermeiro deve estar preparado para prestar cuidados que requerem conhecimento específico e grande habilidade para tomar decisões e implementá-las em tempo útil.

Neste contexto o presente estudo teve por objetivo realizar revisão na literatura sobre o estresse ocupacional da equipe de enfermagem que atua em UTI.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Como estratégia de pesquisa, utilizou-se a revisão de literatura, método que consiste em identificar as fontes bibliográficas, audiovisuais e eletrônicas que se relacionam com o tema a ser desenvolvido; é a localização e obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiará o tema e responderá a pergunta do trabalho de pesquisa (GIL, 2002).

Para responder a pergunta: qual o nível de estresse ocupacional da equipe de enfermagem que trabalha em UTI? Pesquisaram-se documentos no Portal de Pesquisa da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas seguintes bases de dados: Medline, Lilacs, Ibecs, Scielo, BDEnf, Biblioteca Cochrane, entre outras bases desse portal. Como critérios de inclusão foram considerados pesquisas que abordam o tema estresse ocupacional da equipe de enfermagem que atua em UTI, no idioma português e espanhol com texto disponível. No período de 2009 a 2013. Não houve restrição quanto ao desenho de estudo. Os descritores escolhidos de acordo com a lista do DeCS/MeSH foram: Enfermeiros, Equipe de enfermagem, Estresse ocupacional, Esgotamento Profissional.

Foram excluídos desse estudo artigos que não atenderam aos critérios de inclusão.

Para análise e síntese do material foram aplicados os seguintes procedimentos: leitura exploratória do material para saber o conteúdo dos artigos; leitura seletiva, que constituiu na seleção do material quanto à sua importância e característica para o estudo; leitura crítica que buscará o tema sobre estresse ocupacional da equipe de enfermagem que trabalha em UTI; Tabulação dos artigos com a identificação do objeto de estudo, e posteriormente análise descritiva.

3. RESULTADOS

Os documentos coletados na busca bibliográfica foram avaliados quanto à condição de inclusão e exclusão, com base nos critérios de elegibilidade.

No total da busca eletrônica obteve-se 26 publicações; sendo 23 artigos; 2 teses e uma 1 monografia. Dispostos nas seguintes bases: Lilacs (18); Medline (7) e SES SP – Publicações científico-técnicas (1); somente 8 preencheram os critérios de inclusão para a revisão. Os demais foram excluídos por não estarem dentro dos critérios de inclusão.

Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito do estresse ocupacional na equipe de enfermagem que atua em UTI.

Quadro 1 – Distribuição de referências bibliográficas, sobre estresse ocupacional da equipe de enfermagem que trabalha em UTI, no período de 2009 a 2013.

Autor/
Título/Ano
Objetivo Metodologia Fatores estressantes Conclusão
AFECTO, M. C. P.; TEIXEIRA, M. B. Avaliação do estresse e da Síndrome de Burnout em enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia intensiva: um estudo qualitativo. 2009. Avaliar os fatores de estresse ocupacional enfrentados por enfermeiros que trabalham em uma UTI;
Identificar a existência de sinais e sintomas da Síndrome de Burnout em enfermeiros de uma UTI.
Pesquisa exploratória descritiva, transversal e de campo com 26 enfermeiros de uma UTI geral, de atendimento de adulto, de um hospital de grande porte. Desgaste físico e emocional provocado pelo trabalho e a falta de recursos humanos. Os resultados demonstram que esta população experiência situações estressantes no trabalho, vivenciando alguns sinais e sintomas que podem levar o profissional a desenvolver a Síndrome de Burnout.
MONTE, P. F. et al. Estresse dos profissionais enfermeiros que atuam na unidade de terapia intensiva. 2013. Avaliar o estresse no ambiente de trabalho dos profissionais enfermeiros dentro das UTI e identificar os agentes estressores associados ao desencadeamento do estresse segundo a Escala Bianchi de Estresse. Estudo transversal, desenvolvido com 22 enfermeiros da unidade de terapia intensiva de um hospital publico pediatrico Ansiedade diante das emergências da unidade; morte do paciente; rotina do serviço do setor, como: controle de material e equipamento, controlar a equipe de enfermagem; supervisionar as atividades da equipe, etc. Os enfermeiros apresentaram maiores indices de estresse nas atividades relacionadas as condicões de trabalho para o desempenho das atividades e relacionadas a administracão de pessoal.
MURASSAKI, A. C. Y. et al. Estresse em Enfermeiros intensivistas e a condição chefe/não feche da família. 2011. Investigar se existe relação entre estresse em enfermeiros intensivistas e a condição chefe/não chefe de família. Quantitativo, analítico e transversal. Aplicou-se a Escala Bianchi de Stress em 58 (100%) enfermeiros atuantes em UTI de cinco hospitais. Assistência de enfermagem prestada ao paciente, administração de pessoal e coordenação das atividades da unidade. Concluiu-se que a condição de chefia familiar não se mostrou relevante para a ocorrência de estresse ocupacional entre os enfermeiros investigados.
OLIVEIRA, E., SOUZA, N. Estresse e inovação tecnológica em unidade de terapia intensiva de cardiologia: tecnologia dura. 2012. Identificar os fatores intervenientes no uso da tecnologia dura pelo enfermeiro em UTI de cardiologia e analisar as repercussões psicofísicas para a saúde do profissional. Qualitativo, descritivo, tendo como campo uma UTI cardíaca de um hospital universitário situado no município do Rio de Janeiro (Brasil). Ausência de treinamento e de manutenção preventiva dos aparelhos acarretam estresse ocupacional devido à possibilidade de erros e efeitos adversos ao paciente. Conclui-se que há necessidade de gerenciamento do risco hospitalar com vistas à qualidade do cuidado oferecido, à segurança, ao bem-estar e à satisfação da equipe.
OLIVEIRA, L. C.; OLIVEIRA, L. Estresse da equipe de enfermagem no ambiente de UTI. 2013. Identificar a viabilidade de reduzir fatores estressantes no ambiente de trabalho. Revisão bibliográfica com estudos publicados sobre o tema em questão. Pouco preparo para lidar com a constante presença de mortes, as freqüentes situações de emergência, a falta de pessoal e material, o ruído constante das aparelhagens; o despreparo para lidar com as freqüentes mudanças do arsenal tecnológico, o sofrimento dos familiares, o conflito no relacionamento entre os profissionais; dentre outros. Percebeu-se a viabilidade de reduzir os fatores estressantes contidos no ambiente de UTI através da harmonização estrutural (com cores, luzes, mobiliários, etc.) e também a possibilidade de conciliar atividades lúdicas desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem durante a jornada de trabalho.
SANTOS, F. D. et al. O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma revisão da literatura. 2010. Identificar os fatores geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas, presentes nos enfermeiros atuantes em unidades de terapia intensiva adulto. Revisão da literatura. Artigos publicados na base LILACS e Biblioteca SciELO entre os anos 2006 e 2008. Sobrecarga de trabalho, conflito de funções, desvalorização e condições de trabalho. Os sinais e sintomas foram: taquicardia, falta de apetite, calafrios, ansiedade e dores articulares. É necessário e imprescindível a realização de reuniões de equipe, planejamento das atividades, participação ativa nas decisões da equipe multiprofissional e valorização dos distintos saberes, em prol da saúde dos trabalhadores e da qualidade do trabalho.
SCHMIDT, D. R. C. et al. Qualidade de vida no trabalho e burnout em trabalhadores de enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva. 2013. avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e a presenca da Sindrome de Burnout entre profi ssionais de enfermagem de UTI. Estudo descritivo, correlacional, de corte transversal. Amostra de 53 trabalhadores de enfermagem de um hospital escola do interior do Parana, Brasil. Contato continuo com o sofrimento e morte, uso abundante de tecnologias sofisticadas e a complexidade do cuidado,entre outros. A avaliacao da QVT revelou uma populacao com alta satisfação no trabalho, no entanto, compreende-se que os elementos das UTI, pode levar a insatisfacão e comprometer a QVT desses profissionais, caso nao exista ações gerenciais que contribuam para a manutencao deste nivel de satisfação entre os trabalhadores.
VERSA, G. L. G. S. et al. Estresse ocupacional: avaliação de enfermeiros intensivistas que atuam no período noturno. 2012. Avaliar o nível de estresse de enfermeiros intensivistas do período noturno. Estudo descritivo, transversal. Aplicou-se a Escala Bianchi de Stress em 26 (100%) enfermeiros de cinco hospitais. Condições de trabalho (labor noturno, setor crítico e fechado), gravidade do paciente e atividades gerenciais associadas à assistência direta. Concluiu-se que o ambiente laboral se associou positivamente ao estresse em enfermeiros do turno noturno e que o seu aparecimento e efeitos podem ser minimizados por meio de melhorias na estrutura e na organização dos locais onde atuam.

Fonte: Moreira, Cunha e Silva, 2014.

4. DISCUSSÃO

O Quadro 1 mostra dados da distribuição dos estudos incluídos na pesquisa de acordo autores, título, ano de publicação, objetivo, metodologia, fatores que geram estresse na equipe que trabalha na UTI e a conclusão.

Durante o período de 2009 a 2013, o ano que apresentou um maior número de trabalhos publicados disponíveis eletronicamente com a temática em foco foi o de 2013 (3 artigos). A base de dados que forneceu um número maior de trabalhos foi o Lilacs (7 artigos), seguida pela SES SP – Publicações científico-técnicas (1 TCC), enquanto o país de origem das pesquisas selecionadas foi o Brasil (8 artigos). Isso pode estar relacionado ao fato de ter-se definido na metodologia busca de material os idioma português e espanhol. Ressalta-se que não foi levado em consideração o tipo de estudo.

Em relação aos fatores estressores percebidos por enfermeiros em seu trabalho em UTI, destaca-se a convivência constante com o sofrimento, a dor e a morte dos pacientes (MONTE et al., 2013; OLIVEIRA, L. C.; OLIVEIRA, L., 2013; SCHMIDT et al., 2013; VERSA et al., 2012). Para Ferreira e Martino (2006) o enfermeiro pode ser considerado como o mediador entre a equipe de enfermagem, os outros profissionais e o paciente/família assistida, buscando o equilíbrio entre as relações desenvolvidas, o que pode vir a ser um dos fatores desencadeantes do estresse.

Afecto e Teixeira (2009) relatam que os profissionais que atuam nessa unidade descrevem freqüentemente altos níveis de estresse proveniente da assistência contínua à pacientes graves que necessitam de supervisão constante e para evitar o esgotamento emocional, o indivíduo reduz seu contato com pessoas ao mínimo, distanciando-se, evitando envolver-se emocionalmente, esquivando-se do trato individual, mantendo relações frias e distantes com os pacientes

Outros estudos demonstram que o estresse está relacionada à insatisfação com o trabalho, como: crises entre chefia e subordinados, dificuldades nas tomadas de decisões, discrepâncias entre as tarefas, impossibilidade e dificuldades de enfrentar situações que exigiam confronto com chefia, colegas e subordinados, sobrecarga de trabalho, conflito de funções, desvalorização e condições de trabalho (MONTE et al., 2013; MURASSAKI et al., 2011; SANTOS et al., 2010).

Versa et al. (2012) narram que em UTI, a necessidade de se realizar concomitantemente atividades assistenciais de alta complexidade bem como o gerenciamento do cuidado, da equipe de enfermagem e dos materiais e equipamentos pode justificar as pontuações mais elevadas da Escala Bianchi de Stresse entre os enfermeiros que realizam funções mistas (gerência e assistência) quando comparados àqueles que realizam apenas assistência.

Para Mcintyre (1994 apud MARTINS, 2003) a sobrecarga de trabalho e o fato de se sentirem insuficientemente preparados para lidar com exigências são situações indutoras de estresse. Muitas vezes, a responsabilidade não é acompanhada da possibilidade de tomar ou influenciar decisões, o que aumenta o estresse envolvido.

Neste contexto Cavalheiro; Moura Junior, e Lopes (2008) afirmam que o ambiente de trabalho é percebido como ameaça ao indivíduo, repercutindo no plano pessoal e profissional, surgindo demandas maiores do que sua capacidade de enfrentamento e interferindo em sua saúde e qualidade de vida.

Alguns autores apontam que o ambiente da unidade (fechado, com iluminação artificial, barulhento) e o manuseio do arsenal de aparelhos e equipamentos desencadeiam frequentes situações de estresse e de fadiga física e mental (MONTE et al., 2013; OLIVEIRA; SOUZA, 2012; OLIVEIRA, L.C.; OLIVEIRA, L., 2013; SCHMIDT et al., 2013).

Corroborando Oliveira e Souza (2012) exprimem que nestas condições de trabalho, o ruído provocado por aparelhos em terapia intensiva gera incômodo e desgaste psicofísico ao trabalhador de enfermagem devido à necessidade de checagens periódicas do paciente e maquinário. A ansiedade é exacerbada, há sobrecarga psíquica e o trabalhador passa a conviver com a imprevisibilidade devido à perda do controle das condições do paciente e do próprio aparelho.

No que diz respeito à síndrome de Burnout, é um dos desdobramentos mais importantes do estresse ocupacional, e pode ser causada pelo estresse prolongado e crônico cujas situações de enfrentamento nao foram utilizadas, falharam ou não foram suficientes (SCHMIDT et al., 2013). A Síndrome inclui elementos objetivos e subjetivos, psicológicos e psicossomáticos, como depressão, queixas físicas, absentismo e tendência para o isolamento.

CONCLUSÃO

A equipe de enfermagem que trabalha em UTI, pela especificidade do seu trabalho, está exposta ao risco do estresse ocupacional, quando começam a desenvolver sintomas físicos como falta de concentração, indecisão, esquecimento, sensibilidade para críticas e atitudes rígidas. Demonstram também alguns distúrbios emocionais como medo, ansiedade, excitação, nervosismo, tensão, irritabilidade, raiva, hostilidade, tristeza, vergonha, mau humor, solidão, ciúme, sentimento de insatisfação e falta de interesse.

O reflexo de todos estes sintomas recai no dia-a-dia desse profissional e da instituição em que trabalha, tendo como conseqüência o aumento do absenteísmo, o crescimento do índice de evasão, a baixa de qualidade no trabalho, aumento dos conflitos interpessoais e a insatisfação dos colaboradores, além da diminuição da produtividade e baixo rendimento.

Algumas atitudes por parte da instituição e dos gestores pode minimizar o nível de estresse ocupacional entre os componentes da equipe que trabalha na UTI, como: proporcionar treinamentos e tempo adequado tanto para o aprendizado quanto para a execução das atividades, fornecer uma descrição clara e precisa sobre o que deve ser executado, quais são suas rotinas e o seu impacto para o fluxo produtivo.

Assim sugerimos a necessidade de serem feitas pesquisas, com o objetivo de desenvolver medidas preventivas e modelos de intervenção com o objetivo de subsidiar orientações para a equipe de enfermagem, constituindo uma alternativa relevante para gerenciar o estresse, assim como para trazer benefícios às equipes e aos indivíduos por eles assistidos.

REFERÊNCIAS

AFECTO, M. C. P.; TEIXEIRA, M. B. Avaliação do estresse e da síndrome de burnout em enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia intensiva: um estudo qualitativo. Online braz. j. nurs. (Online), v. 8, n. 1, 2009.

CAMARGO, L. A. Estresse da Equipe de enfermagem na Unidade de Terapia intensiva. 2011. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Enfermagem em Urgência e Emergência) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2011.

CAVALHEIRO, A. M.; MOURA JUNIOR, D. F.; LOPES, A. C. Estresse de enfermeiros com atuação em unidade de terapia intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 16, n. 1, Feb. 2008.

DOLAN, S. L. Estresse, Auto-Estima, Saúde e Trabalhado. Tradução de J. Simões; Supervisão técnica Edson Ferreira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006, p. 29.

FERREIRA, L. R. C.; MARTINO, M. M. F. O estresse do enfermeiro: análise das publicações sobre o tema. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, v. 15, n. 3, p. 241-48, maio/jun. 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MARTINS, M. C. A. Situações indutoras de stress no trabalho dos enfermeiros em ambiente hospitalar. Millenium – Revista do ISPV, n. 28, out. 2003.

MCINTYRE, T. M. Le Domaine de la Psychologie Sociale. Paris: Pressses Universitaires de France, 1994 apud MARTINS, M. C. A. Situações indutoras de stress no trabalho dos enfermeiros em ambiente hospitalar. Millenium – Revista do ISPV, n. 28, out. 2003.

MELO, F. F.M, KOGIEN, M.; LIMA; V. A. A Unidade de terapia intenvisa Dialogo Interdisciplinar com Analise Institucional. Mnemosine, v. 7, n. 1, p. 157-69, 2011.

MONTE, P. F. et al. Estresse dos profissionais enfermeiros que atuam na unidade de terapia intensiva. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 26,n. 5, 2013.

MURASSAKI, A. C. Y. et al. Estresse em Enfermeiros intensivistas e a condição chefe/não feche da família. Cienc. Cuid. Saúde, v. 10, n. 4, p. 755-62, 2011.

NORONHA, A. P. P.; FERNANDES, D. C. Estresse laboral: análise da produção científica brasileira na SciELO e BVS-Psi. Fractal: Rev Psicol., v. 20, n. 2, p. 491-501, jul-dez. 2008 apud MURASSAKI, A. C. Y. et al. Estresse em Enfermeiros intensivistas e a condição chefe/não feche da família. Cienc. Cuid. Saúde, v. 10, n. 4, p. 755-62, 2011.

OLIVEIRA, E., SOUZA, N. Estresse e inovação tecnológica em unidade de terapia intensiva de cardiologia: tecnologia dura. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 457-62, out/dez. 2012.

OLIVEIRA, L. C.; OLIVEIRA, L. Estresse da equipe de enfermagem no ambiente de UTI. 2013. 31 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Enfermagem em Urgência e Emergência) – Programa de Aprimoramento Profissional/SES, Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos, Guarulhos, 2013.

RODRIGUES, V. M. C. P.; FERREIRA, A. S. S. Fatores geradores de estresse em enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 19, n. 4, Aug. 2011.

RUEDELL, L.M. et al. Relações interpessoais entre profissionais de enfermagem e famílias em unidade de tratamento intensivo: estudo bibliográfico. CogitareEnfermagem. v.15, n.1, p. 147-52, 2010, p. 148 apud MELO, F. F.M, KOGIEN, M.; LIMA; V. A. A Unidade de terapia intenvisa Dialogo Interdisciplinar com Analise Institucional. Mnemosine, v. 7, n. 1, p. 157-69, 2011.

SANTOS, F. D. et al. O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma revisão da literatura. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto, v. 6, n. 1, 2010.

SCHMIDT, D. R. C. et al. Qualidade de vida no trabalho e burnout em trabalhadores de enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 66, n. 1, Fev. 2013..

VERSA, G. L. G. S. et al. Estresse ocupacional: avaliação de enfermeiros intensivistas que atuam no período noturno. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 33, n. 2, Jun. 2012.

[1] Enfermeiro graduado pela Faculdade Metropolitana da Amazonia (FAMAZ).

[2] Enfermeira graduada pela Faculdade Metropolitana da Amazonia (FAMAZ).

[3] Doutora em Psicanálise Clínica, Pesquisadora pelo Centro de Pesquisa e Estudos Avançados.

[4] Psicóloga. Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Doutoranda em Doenças Tropicais pelo Núcleo de Medicina Tropical da UFPA (NMT-UFPA). Docente da Universidade do Estado do Pará – UEPA

[5] Registered Nurse e Bachelors in Nursing Science. USA – California.

[6] Biólogo. Doutor em Medicina/Doenças Tropicais. Docente e Pesquisador na Universidade Federal do Pará – UFPA. Pesquisador no Laboratório de Toxicologia Humana e Ambiental e no Laboratório de Estresse Oxidativo do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA (NMT-UFPA).

4.9/5 - (340 votes)
Carla Dendasck

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