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Qualidade de vida em pacientes portadores de lesão crônica: Uma revisão integrativa

RC: 71942
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

MENDES, Waice Anielle Rodrigues [1], CARNAÚBA, Soraya Mendonça de Freitas [2]

MENDES, Waice Anielle Rodrigues. CARNAÚBA, Soraya Mendonça de Freitas. Qualidade de vida em pacientes portadores de lesão crônica: Uma revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 01, Vol. 01, pp. 68-83. Janeiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/lesao-cronica

RESUMO

Objetivo: Analisar literaturas relacionadas com a qualidade de vida de pacientes com lesões crônicas. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com a coleta de dados online realizada nos meses de agosto e parte de setembro de 2020, por meio de levantamento bibliográfico e análise dos dados sistematizados. As buscas dos artigos foram realizadas nas seguintes plataformas: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na biblioteca digital: Scientific Electronic Library Online (Scielo) e PubMed. Os critérios usados para a inclusão dos artigos foram: artigos completos; publicados no período entre 2015 a 2020; a disposição nos idiomas português e inglês; dispostos nas bases de dados mencionadas; que dissertaram sobre qualidade de vida em portadores de lesões crônicas. Conclusão: Esta revisão de literatura, possibilitou analisarmos as produções do conhecimento sobre qualidade de vida dos pacientes portadores de lesão crônica, a repercussão dos estudos identificou que as lesões refletem negativamente na integralidade dos cidadãos fisicamente, emocionalmente, espiritualmente e até financeiramente.

Palavras-chave: qualidade de vida, lesão, enfermagem.

1. INTRODUÇÃO

Seguindo o conceito de qualidade de vida descrito pela OMS e diante de um olhar integralizado, tratar de pessoas que possuem lesões crônicas vai muito além de um tratamento específico para a lesão, levando em conta que as lesões causam alterações físicas e psicológicas, que incluem a incapacidade para a realização de práticas cotidianas, prejuízos de mobilidade, mudanças na imagem corporal, presença de dor e desconforto. O paciente que possui lesão crônica se torna uma pessoa suscetível a passar por problemas como o desemprego e afastamento social, causando maus resultados a sua qualidade de vida (VIEIRA; ARAÚJO, 2018).

Assim, se pode notar que a lesão se instala na parte física, porém atinge o psicológico. Neste aspecto, vale enaltecer a necessidade de viabilizar o esclarecimento aos portadores, orientando sobre como é a evolução da lesão, a fim de proporcionar o suporte no convívio com a lesão (LEAL et al., 2017).

Outro ponto ligado à qualidade de vida aos pacientes de lesão crônica é a espiritualidade e religiosidade. Nota-se nos relatos feitos, em uma pesquisa sobre a percepção de pessoas com lesão crônica, que os mesmos têm que se adaptarem às limitações e novas rotinas, causando sentimentos pessimistas, que por sua vez alteram e abalam a autoestima e autoimagem, levando a uma procura de religiões e crenças como um acalento e apoio, a fim de amenizar o sofrimento causado por estas lesões (LEAL et al., 2017).

Assim, se pode notar que a lesão se instala na parte física, porém atinge o psicológico. Neste aspecto vale enaltecer a necessidade de viabilizar o esclarecimento aos portadores, orientando sobre como é a evolução da lesão, a fim de proporcionar o suporte no convívio com a lesão (LEAL et al., 2017).

De acordo com o Parecer nº 052/CT/2015, do COREN – GO o enfermeiro é capacitado e competente para realizar a prescrição de cuidados e coberturas específicas para o tratamento das lesões, supervisionar e orientar sua equipe de enfermagem (COREN, 2016). Sendo assim, todos os enfermeiros estão habilitados a prestar esse atendimento. Dentro da enfermagem existe a especialidade reconhecida pela Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e também a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST).

Entende-se que o profissional de enfermagem emprega total importância no que se refere a uma assistência integralizada ao paciente portador de lesão crônica, pois é competente para acompanhar a evolução da lesão, orientar sua equipe e executar o curativo de forma hábil e humanizada. Diante de um maior nível de convivência, justificado pela realização diária dos curativos, o enfermeiro deve se atentar a observar intensa vinculação aos fatores locais, sistêmicos, psicossociais e externos que condicionam o surgimento de novas lesões ou prejudiquem no processo de cicatrização. Consequentemente, é necessária uma visão crítica que relaciona alguns pontos influentes neste processo, como o controle da patologia de base nutricional, infeccioso, medicamentoso e, especialmente, tratar o psicoemocional (OLIVEIRA et al., 2011).

Nesse cenário, o enfermeiro representa um importante papel na assistência prestada aos portadores de lesão crônica, por ter contato direto e diário ao paciente, sendo o responsável para realizar o curativo, orientar quanto aos cuidados necessários para a boa evolução do tratamento e adaptações às novas rotinas do paciente e da família, programarem medidas analgésicas conforme horários de curativos e outros procedimentos, tendo em vista que a dor é um fator relatado por vários pacientes (SILVA; MOREIRA, 2020). Assim o objetivo do presente estudo foi analisar literaturas relacionadas com a qualidade de vida de pacientes com lesões crônicas.

2. METODOLOGIA

Refere-se a uma revisão integrativa da literatura, com a coleta de dados online realizada nos meses de agosto e parte de setembro de 2020. Por meio de levantamento bibliográfico e análise dos dados sistematizados.

A revisão integrativa da literatura é um método que inclui a análise de estudos relevantes, com o intuito de congregar resultados de estudos sobre temas estipulados por metodologia e organização, além de nortear em questões que precisam ser melhoradas, colaborando para o aperfeiçoamento do tema escolhido. Para a realização de uma revisão integrativa da literatura é necessário seguir seis fases distinta, que são: 1) Escolha do tema e questionamento da pesquisa; 2) Pesquisa na literatura; 3) Reprodução dos estudos selecionados em formato de tabelas; 4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa da literatura; 5) Interpretação dos resultados. 6) Reportar, de forma clara, a evidência encontrada. (MENDES et al.,2008).

Etapa 1: escolha do tema ou questionamento da Revisão Integrativa da literatura

Elaborou-se a seguinte questão norteadora: “Quais são os estudos científicos publicados, no período de 2015 a 2020, sobre como é qualidade de vida em pacientes com lesões crônicas?”.

Etapa 2: amostragem ou busca na literatura

Verificou-se a busca dos artigos nas seguintes plataformas: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (Scielo) e PubMed.

As palavras chaves empregadas foram: qualidade de vida, lesão, enfermagem. Os parâmetros utilizados para a escolha das palavras chaves basearam- se em compatibilizar aos Descritores em ciências da saúde (DeCs).

Etapa 3: reprodução dos estudos

Os critérios usados para a inclusão dos artigos foram: artigos completos; publicados no período entre 2015 a 2020; a disposição nos idiomas português e inglês; dispostos nas bases de dados mencionadas; que dissertam sobre qualidade de vida em portadores de lesões crônicas.

Para a classificação dos estudos as informações reproduzidas dos artigos selecionados se referiram aos seguintes itens: títulos do artigo, informações sobre as metodologias utilizadas, objetivos desejados e as conclusões a que os autores chegaram.

Etapa 4: avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa da literatura

A busca ativa inicial pelos resumos dos artigos que respondiam aos descritores adotados e, selecionados aqueles que mencionaram fatores relacionados à qualidade de vida em pacientes com lesão crônica.

Etapa 5: interpretação dos resultados

Após reler várias vezes os resumos selecionados na etapa anterior se extraíram aqueles que reportavam sobre Qualidade de vida e lesões crônicas. Em relação ao tratamento dos dados, foi aplicado o método de Análise de Conteúdo, que propiciou o agrupamento do conteúdo estudado em categorias temáticas.

Etapa 6: reportar, de forma clara, a evidência encontrada.

Ao final da leitura dos estudos selecionados, buscou-se estabelecer os pontos de concordância e divergência entre os artigos, assim como, situar a relação entre os achados e a questão de pesquisa. Os artigos foram agrupados nas seguintes categorias: 1. Lesões crônicas; 2. Como as lesões crônicas influenciam na qualidade de vida.

Resumo

Figura 1 – Esquema de seleção de artigos para revisão integrativa.

Fonte: elaboração da autora, 2020.

Dos treze artigos selecionados, onze foram publicados em diferentes periódicos nacionais. Destes, nove são inerentes a qualidade de vida de portadores de lesão crônica.

Com relação à pesquisa realizada, Enfermagem foi a profissão que mais publicou resultados de pesquisa sobre qualidade de vida em portadores de lesões crônicas.

Tabela 1. Descrição dos artigos selecionados para a elaboração dos resultados e discussão.

 

 

Periódico (ano) Título Método Objetivo Conclusão
1 Revista Brasileira de enfermagem- Rebem (2018) Impacto das úlceras venosas na qualidade de vida dos pacientes: revisão integrativa A metodologia adotada para o desenvolvimento deste estudo foi a revisão bibliográfica sistemática, do tipo integrativa Analisar as produções do conhecimento sobre o impacto das úlceras venosas crônicas na qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa possibilitou analisarmos as produções do conhecimento sobre o impacto das úlceras venosas crônicas na qualidade de vida dos pacientes, pois os resultados identificaram que as referidas lesões repercutem negativamente na integralidade dos sujeitos (biopsicoespiritual) e também na esfera socioeconômica.
2 Revista da escola de enfermagem da USP

(2018)

Prevalência e fatores associados a feridas crônicas em idosos na atenção básica Estudo epidemiológico transversal, analítico. Objetivou analisar a prevalência de lesão por pressão, úlcera diabética e vasculogênica e os fatores associados em idosos assistidos na atenção básica. A prevalência de feridas crônicas foi de 11,8%, 5% de LP, 3,2% de úlcera diabética e 2,9% de UVC. Apresentaram associação com a prevalência de ferida crônica não desenvolver nenhuma atividade laboral e não realizar atividade física regular, enquanto se movimentar ativamente e não ter restrição alimentar foram fatores protetores contra o desenvolvimento de feridas.
3 Revista oficial do conselho regional de enfermagem. (2018) Pacientes internados com feridas crônicas: um enfoque na qualidade de vida Trata-se de um estudo analítico, transversal, com abordagem quantitativa. Avaliar a qualidade de vida de pacientes com feridas crônicas. O domínio Saúde e Funcionamento foi o que obteve menor escore entre os avaliados no IQVFP. O sexo se correlacionou com o Índice de Qualidade de Vida Geral, enquanto o tempo de internação se correlacionou com o domínio família e com o Psicológico e espiritual, no entanto, à área total da ferida com o domínio Psicológico e Espiritual. Os sinais de cicatrização, demonstraram-se muito relevantes na correlação com os domínios Saúde e Funcionamento, Socioeconômico, Psicológico e Espiritual e no Índice de Qualidade de Vida Geral.
4 REME • Rev Min Enfermagem (2018) Prevalência de lesões crônicas de município da zona da mata mineira (brasil) prevalence of chronic wounds in a city of Minas Gerais (brazil) Trata-se de estudo epidemiológico, transversal, descritivo exploratório

 

Os objetivos do estudo foram estimar a prevalência de lesões crônicas de um município de Minas Gerais, identificar o perfil clínico, epidemiológico e sociodemográfico dos pacientes com lesão e descrever as características das lesões e o tratamento recebido. A prevalência de pacientes com lesões crônicas encontradas no município estudado foi semelhante à estimada na literatura. Os resultados a respeito das características clínicas, epidemiológicas e sociodemográficas dos usuários com lesões crônicas orientarão os profissionais e gestores do município da pesquisa no planejamento e organização de uma rede de serviços de saúde responsável pelo atendimento a essa clientela, visando à melhoria da qualidade da assistência prestada e cálculos do custeio dessa assistência.
5 JMPHC. Journal of Management and Primary Health Care (2017)  Cuidado de pessoas com feridas crônicas na Atenção Primária à Saúde Care of people with chronic wounds in Primary Health Care Trata-se de uma pesquisa-ação mediante implementação de estratégia multifacetada. O objetivo deste estudo é caracterizar e melhorar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes portadores de feridas crônicas no âmbito da Atenção Primária à Saúde. O cuidado das pessoas com feridas, sejam elas crônicas ou agudas, é responsabilidade da Atenção Primária à Saúde. O autocuidado é fator determinante no surgimento, cronificação e cura de feridas crônicas, relacionando-se a variáveis como condições sócio-econômica-cultural das pessoas, de sua família e de sua comunidade; hábitos de higiene, literacia sobre o feridas crônicas, acesso aos serviços de saúde.
6 Revista online de pesquisa (2018) Fatores associados à qualidade de vida de pessoas com feridas complexas crônicas* Factors associated with quality of life of people with chronic complex wounds Trata-se de um estudo observacional analítico-transversal com abordagem quantitativa, que identificou os aspectos sociodemográficos/clínicos e a qualidade de vida de pacientes com feridas complexas crônicas Objetivo analisar a qualidade de vida de pessoas com feridas complexas e variáveis sociodemográficas e clínicas. A pesquisa mostrou a predominância do sexo feminino, idade acima de 60 anos, renda per capita igual ou menor a um salário-mínimo, baixa escolaridade, pessoas inativas profissionalmente e que viviam sem companheiro entre pacientes acometidos por feridas crônicas complexas. Houve o predomínio das úlceras venosas, e os escores do WHOQOL-Bref não se mostraram afetados pelas feridas, com exceção do domínio físico que obteve menor escore comparado aos outros domínios. A escolaridade afeta o domínio psicológico, enquanto a dor se correlaciona com o domínio físico, psicológico e tempo de lesão.
7 Revista brasileira de qualidade de vida. RBQV Avaliação da qualidade de vida de pacientes portadores de feridas crônicas atendidos no ambulatório de cicatrização do Hospital Universitário de Sergipe Trata-se de uma pesquisa transversal, exploratório-descritiva, com abordagem qualiquantitativa. O objetivo do estudo foi avaliar a QV de pessoas portadoras de feridas crônicas atendidas no Ambulatório de cicatrização do Hospital Universitário de Sergipe (HU- UFS). Os dados revelaram que todos os domínios avaliados pelo WHOQOL-bref apresentaram um baixo escore, evidenciando uma baixa QV dos pacientes estudados, sendo a menor média observada no domínio físico e a maior no domínio relações sociais. A auto avaliação da QV foi classificada como nem ruim/nem boa, crônica, além da dependência de medicamentos e acompanhamento de saúde regular.
9 Revista de enfermagem UFPE (2017) Percepção de pessoas com a ferida crônica perception of people with chronic wound percepción de personas con la herida crónica Estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa Compreender a percepção de pessoas com ferida crônica. O estudo evidenciou que a percepção do portador sobre a ferida crônica está relacionada às mudanças no cotidiano e limitações em conviver com as dificuldades na realização de atividades diárias. Além disso, os sentimentos negativos alteram a autoestima e autoimagem, afetando diretamente a vida social da pessoa, levando à busca pela espiritualidade/fé como forma de conforto e bem-estar para, assim, ter forças no enfrentamento da doença.
10 Revista de enfermagem do centro Oeste Mineiro Impacto das feridas crônicas na qualidade de vida de usuários da estratégia de saúde da família Trata-se de uma pesquisa quantitativa descritiva, Objetivou-se avaliar a qualidade de vida (QV) de portadores de feridas crônicas em membros inferiores (MMII) de usuários cadastrados em Estratégia Saúde da Família (ESF) de um município de Goiás A avaliação da QV mostrou diferenças em relação a outros estudos, sendo o domínio ambiente com maior escore, demonstrando sua relevância na QV de paciente com feridas crônicas em membros inferiores. O domínio relações sociais recebeu o menor escore, com prevalência na vida destes clientes; essa problemática aponta que esses pacientes necessitam de atendimento integral e multiprofissional, além de acesso facilitado aos serviços de saúde.
11 Revista Gaúcha de Enfermagem (2019) Feridas em membros inferiores em diabéticos e não diabéticos: estudo de sobrevida Estudo de coorte retrospectivo de pacientes com úlceras de membros inferiores tratados em centro especializado Avaliar a sobrevida de feridas em membros inferiores de pacientes diabéticos e não diabéticos Neste estudo, foi demonstrado que os pacientes com diabetes apresentam menor probabilidade de cicatrização de feridas quando comparados àqueles sem a doença. Esses achados podem auxiliar os profissionais da equipe de enfermagem que, frequentemente, se envolvem em atividades de promoção à saúde e na predição do tempo de tratamento de feridas em pacientes com diabetes. Ademais, os aspectos aqui explicitados enfatizam a necessidade de cuidados preventivos por toda a vida, especialmente em pacientes com maior risco de desenvolver úlceras neuropáticas ou que já apresentaram eventos prévios dessas feridas ou de amputações.
12 Acta Paulista Enfermagem (2019) Qualidade de vida de pessoas com feridas crônicas Estudo quantitativo e transversal realizado em dois locais: em ambulatório especializado no tratamento de feridas complexas e em ambiente domiciliar de pessoas com lesões crônicas acompanhadas pela Atenção Primária em Saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida de pessoas com feridas crônicas. Os resultados demonstraram que as feridas crônicas apresentaram comprometimentos na qualidade de vida e o domínio “bem-estar” foi o mais acometido, principalmente quando associado aos fatores clínicos. Dentre as condições clínicas associadas à pior QV, destacou-se tempo de duração, tipo de ferida, profundidade, aspecto de exsudato, odor e dor.
13 Revista Gaúcha de Enfermagem (2016) Classificações de intervenções e resultados de enfermagem em pacientes com feridas: mapeamento cruzado Pesquisa observacional, retrospectiva, realizada através de mapeamento cruzado. Realizar o mapeamento cruzado dos termos referentes às intervenções e aos resultados de enfermagem nos prontuários dos pacientes com feridas em comparação às classificações de intervenções e aos resultados de enfermagem. registros de intervenções do que de resultados de enfermagem. Isso não indica necessariamente que não são avaliados os resultados, mas sim que essas avaliações realizadas na prática não têm sido registradas adequadamente. Vê-se, por isso, que este estudo traz contribuições significativas para a enfermagem, ao mostrar vieses da prática clínica que precisam ser dirimidos para incremento de cientificidade à profissão.

Fonte: elaboração da autora, 2020.

3. DISCUSSÃO

3.1 LESÕES CRÔNICAS

De acordo com, Joaquim (2017), o termo lesão compreende em qualquer descontinuidade da pele que pode ser ocasionado por agentes internos ou externos com duração superior ou igual a seis semanas. Após o processo de lesão, começa o processo de cicatrização, com o seguimento de modificações celulares e moleculares onde dá-se: inflamação, migração de células, angiogênese, síntese de matriz provisória, acumulação de colágeno e reepitelização. Tal processo, pode ocorrer de forma prolongada em atribuição às patologias de base, idade avançada, fatores ligados a oxigenação e estado nutricional.

Diversos autores, como Oliveira et al (2019), afirmam que as lesões crônicas podem ser de origem vasculogênicas, arterial, mista e diabética. Lesões ocasionadas por neuropatia diabética apresentam-se por diversos fatores, porém o mais comum é em virtude a neuropatia sensitivo-motora e autonômica, justificada pela redução muscular e mutações anatomopatológicas e neurológicas dos MMII´s que pode estar associado às mudanças na derme, como ressecamento e fissuras. Segundo, Stone et al (2017) 70% das lesões em membros inferiores são de causas vasculares e as artérias têm a maior taxa de amputação.

Segundo Natalia et. al (2017), em uma pesquisa realizada em 2014, com método de análise de prontuários, identificou 18 pacientes portadores de lesões, sendo que os mesmos possuíam como comorbidades: insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, hipotireoidismo, artrite reumatóide, fibrilação atrial, bexiga neurogênica, glaucoma, carcinoma espinocelular, epilepsia e filariose.

3.2 QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM LESÃO CRÔNICA

Oliveira et al (2019), menciona que o conceito de qualidade de vida descrito pela OMS diz que qualidade de vida é como a pessoa se sente perante a sociedade, em seu posicionamento perante a vida de acordo com a cultura, sistema, valores e em associação aos seus propósitos, perspectiva padrões e apreensão. Tornando a avaliação da QV como parâmetro de feedback da terapêutica utilizada em pessoas com lesões crônicas tendo em consideração os aspectos físicos, psicológicos, sociais, o estado funcional e a visão da vida.

As lesões crônicas podem causar uma gama de alterações na vida dos pacientes, por consequências de dores, excesso de exsudato, odor fétido, dificuldade de locomoção, trazendo sentimentos como baixa autoestima alterações de humor, mal relacionamento com familiares e no convívio com a sociedade, tornando as atividades de rotina como banho, descer e subir escadas, ou mesmo a locomoção entre os cômodos da casa, difíceis ou impossíveis de serem realizadas sem a ajuda de familiares. (JOAQUIM, 2017).

De acordo com Bedin et al. (2014), o aparecimento de lesões pode deixar os portadores mais suscetíveis ao desemprego e também ao afastamento social, ocasionando sentimento como ansiedade, vergonha, pensamentos depressivos, raiva, interferindo também na autoimagem, autoestima e autocuidado. Em um estudo comparativo, em pacientes com lesões de procedência venosa e outras lesões, notou-se que a média de qualidade de vida se mostrou abaixo em todos os critérios, com maior ênfase nos domínios físicos e relações sociais dos portadores de lesão venosa (DIAS et al., 2014).

É evidenciado que as lesões crônicas prejudicam os portadores na capacidade funcional, restrições em aspectos físicos, algias, entusiasmo e consequentemente o emocional e saúde mental, tornando sua qualidade de vida com baixo escore. A dor e os encadeamentos psicoemocionais causam adversidades, como se dedicar e ou persistir nas atividades rotineiras, sociais e no trabalho, tornando-se um imenso obstáculo, até mesmo para o tratamento clínico, notado que os portadores apresentam dificuldade de locomoção e deslocamento até a unidade de tratamento.

De acordo com Evangelista e colaboradores (2014), a dor é um dos sintomas mais notados pelos pacientes com lesão crônica, sendo que 54,5% dos pacientes em estudo mencionaram a dor como insuportável ou a pior dor possível, 30,4% com dor intensa, 12,1% dor moderada, e somente 3,0% mencionaram dor leve. Porém, é importante salientar que a dor tem caráter subjetivo. Outro ponto que tem destaque é o alto custo do tratamento, apesar de ser oferecido pela saúde pública. Os portadores ainda têm custos com medicações e cobertura específica no mesmo momento em que o paciente se afasta das atividades laborais, então, ele começa a ponderar os gastos e desistir do tratamento adotado/indicado (JOAQUIM, 2017).

Em um estudo transversal, realizado em 2015, com dez pacientes tratados no Núcleo Interdisciplinar no Tratamento de Feridas da UESB, no município de Jequié–BA, foi perguntado aos participantes como a lesão crônica representava no cotidiano dos mesmos, e a declaração foi que eles viam como uma lesão de difícil cicatrização, e que as mudanças no cotidiano e as limitações em conviver com as dificuldades na realização de atividades diárias proporcionam sentimentos negativos afetando diretamente a vida social da pessoa. Assim, se pode notar que, a lesão se instala na parte física, porém atinge o psicológico. Neste aspecto, vale enaltecer a necessidade de viabilizar o esclarecimento aos portadores, orientando sobre como é a evolução da lesão, a fim de proporcionar o suporte no convívio com a lesão (LEAL et al., 2017).

Fato importante é salientar que pacientes portadores de lesões crônicas têm sua qualidade de vida alterada drasticamente. Nesse contexto, Dias e colaboradores verificaram que estes têm predominância dos pacientes com idade de 51 anos (75%), aumentando ainda mais sentimentos como solidão e exclusão social, além de apresentarem, por exemplo, dificuldade de locomobilidade, baixa autoestima, impossibilitação do trabalho, retração social, dificuldades financeiras e também os fatores psicossociais, desta forma, necessitam de assistência multiprofissional com maior acessibilidade.

3.3 IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM LESÃO CRÔNICA

De acordo com Joaquim (2017), para que o paciente com lesão crônica apresente uma melhor qualidade de vida, o mesmo necessita ter uma atenção desdobrada e integral, diante de tratar a lesão, mas também tratar o psicoemocional do paciente, procriando a otimização do tratamento. O profissional de enfermagem representa um grande papel a respeito de condutas terapêuticas que circunda o parecer do diagnóstico, sistema cicatricial e na premeditação de agravos correlacionado com a patologia de base, realizando orientações sobre prevenção de novas lesões, realizando orientações para o paciente ajudando a se adaptar a uma nova rotina, introduzindo as mais novas técnicas de cuidado de enfermagem, visando uma melhor e mais rápida cicatrização.

O profissional de enfermagem se faz presente todos os dias na realização do curativo, tendo ali momentos para investigar como anda a parte emocional do paciente, assistindo o mesmo em sua totalidade, notado que o portador de lesão crônica se apresenta em desequilíbrio psicoemocional e econômico, estimulado o mesmo a enfrentar seus medos e dificuldades ocasionados pelas lesões crônicas, e ao mesmo tempo, propiciar conforto e bem estar ao mesmo, influenciando diretamente na sua qualidade de vida. (SELL et al, 2015).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão de literatura possibilitou analisarmos as produções do conhecimento sobre qualidade de vida dos pacientes portadores de lesão crônica. A repercussão dos estudos identificou que as lesões refletem negativamente na integralidade dos cidadãos tanto fisicamente, emocionalmente, espiritualmente e até financeiramente. Sendo assim, torna-se necessário que os pacientes com lesão crônica recebam atendimento marcado no acolhimento humanizado, escuta delicada e detalhada, possuam apoio emocional e psicológico durante todo o recurso terapêutico. Diante do exposto, destaca-se a importância de novas táticas distintas para reduzir o impacto causado pelas lesões crônicas, uma vez que se trata de aspectos que podem ser reduzidos ou evitados pelos profissionais da enfermagem, juntamente com outros profissionais da saúde, causando uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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LEAL, T. S.; et. al. Percepção de pessoas com ferida crônica. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 11, n. 3, p. 1156-1162, Março, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/13490/16210/. Acesso em: 20 de abril de 2020.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Integrative literature review: a research method to incorporate evidence in health care and nursing. Texto Contexto Enferm. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/tce/v17n4/18.pdf/ Acesso em: 14 de setembro de 2020.

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[1] Graduanda em Enfermagem.

[2] Orientadora. Professora Especialista de Enfermagem.

Enviado: Dezembro, 2020.

Aprovado: Janeiro, 2021.

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