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O impacto da COVID-19 na rotina da enfermagem na Unidade de terapia intensiva (UTI)

RC: 75751
379
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/rotina-da-enfermagem

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos [1], FLAUZINO, Victor Hugo de Paula [2], MEJIA, Judith Victoria Castillo [3], HERNANDES, Luana de Oliveira [4], GOMES, Daiana Moreira [5], VITORINO, Priscila Gramata da Silva [6]

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos. Et al. O impacto da COVID-19 na rotina da enfermagem na Unidade de terapia intensiva (UTI). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 05, pp. 175-187. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/rotina-da-enfermagem, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/rotina-da-enfermagem

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi descrever as mudanças na rotina da equipe de enfermagem da unidade de terapia intensiva e as dificuldades dessa equipe no combate ao COVID-19. Trata-se de uma de revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa, utilizando os seguintes descritores: COVID-19, Cuidados de Enfermagem, Unidades de Terapia Intensiva, Direito Sanitário. Os bancos de dados utilizados foram SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) LATINDEX (Índice Latino- americano de Publicações Científicas Seriadas) e BVS (Biblioteca Virtual de Saúde). As principais mudanças encontradas na rotina da equipe de enfermagem da UTI foram: 1.O aumento das medidas de prevenção e segurança dos pacientes e profissionais 2. As Adaptação da UTI para o atendimento exclusivo de pacientes com COVID-19 3. Aumento de treinamentos para prevenção e tratamento da COVID-19 4. Restrição de visita causando ansiedade nos familiares dos pacientes. Embora a pandemia do COVID-19, continua representando um desafio para a equipe de enfermagem da UTI, a falta de conhecimento sobre o tratamento e prevenção, o estresse, medo, ansiedade, angústia, falta de leitos de UTI, equipamentos médicos hospitalares e insumos básicos, ainda representam um obstáculo enorme que a enfermagem e outro pessoal de saúde está superando.

Palavras chaves: COVID-19, Cuidados de Enfermagem, Unidades de Terapia Intensiva, Direito Sanitário.

INTRODUÇÃO

A infecção causada pelo vírus da família Coronoviridae tem mostrado ser um verdadeiro desafio mundial a ser enfrentado. Segundo os dados do Coronavírus Datacenter do John Hopkins Hospital, mostra que foram mais de 100.000,000 de casos e mais de 2.177,819 mortes a nível mundial causados pelo COVID-19. Apesar dos grandes avanços da ciência, o COVID 19 continua sendo um problema a ser controlado, pois sua disseminação causou e tem causado inúmeras consequências sociais, económicas, políticas e principalmente de saúde. A disseminação exacerbada da doença, levou a Organização Mundial da Saúde a declarar emergência publica a nível internacional devido a quantidade de casos de mortes e contaminação em tão pouco tempo. (CESÁRIO et al., 2020; SANT’ANA, 2020).

A doença denominada COVID-19, é causada pela infecção do coronavírus chamado SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndorme Coronavirus 2). É uma infecção rápida, que atinge o sistema respiratório e apresenta sintomas similares ao da gripe, porém os pacientes infectados podem apresentar desde quadro respiratórios brandos até pneumonia grave com elevado poder de comprometimento da capacidade respiratória. É uma doença altamente transmissível, que se passa de pessoa para pessoa, através do contato direto ou indireto de pessoas sintomáticas. No entanto existem estudos que demonstram que pessoas assintomáticas também podem ser fonte de contaminação (SOUZA, 2020).

Devido a esse impacto no sistema de saúde mundial, o enfermeiro, como profissional de linha de frente, teve suas tarefas intensificadas e vem sofrendo a necessidade de adaptar sua rotina para melhor atender às necessidades desses pacientes. Essa nova adaptação, requer do enfermeiro o desenvolvimento e aperfeiçoamento de melhores práticas de assistência de enfermagem que visem identificar e resolver as complicações críticas paciente com COVID-19 (MORAES; ALMEIDA; GIODARNI, 2020).

A assistência ao paciente em situação crítica, requer que os enfermeiros que atuam diretamente em Unidade Intensivas, estejam preparados tanto na forma de como prestar a assistência ao paciente, assim como na forma de se proteger contra risco de contaminação e disseminação da doença. Por ser um vírus de alto poder de contaminação o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), cuidados básicos como, por exemplo, lavar as mãos, acompanhamento de sinais e constante verificação dos sinais vitais ao paciente com COVID-19 se tonaram uma rotina obrigatória e indispensável na assistência de enfermagem nas unidades intensivas, com isto surgia a pergunta norteadora; Como a rotina da UTI foi impactada durante a pandemia do COVID-19?

Diante disso, o presente estudo objetivou descrever as mudanças na rotina da equipe de enfermagem da unidade de terapia intensiva e suas dificuldades no combate ao COVID-19.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa. Segundo Cesário, Flauzino e Mejia (2020), fundamenta-se com base em material que já foram construídos, o que incluí artigos científicos publicados em periódicos acadêmicos.

Na primeira etapa, buscou-se reunir evidências para responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como a rotina da UTI foi impactada durante a pandemia do COVID-19? Na seguinte etapa definiu-se os seguintes descritores encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), utilizando-os junto ao operador Booleano “AND”, resultando da seguinte forma: COVID-19 AND Cuidados de Enfermagem AND Unidades de Terapia Intensiva AND Direito Sanitário.

Os bancos de dados utilizados foram SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) LATINDEX (Índice Latino- americano de Publicações Científicas Seriadas) e BVS (Biblioteca Virtual de Saúde). Na terceira etapa, estabeleceu-se como critérios de inclusão, os artigos acadêmicos publicados em 2020, na língua portuguesa, disponíveis de forma gratuita, nos bancos de dados já mencionados e que respondessem à pergunta de pesquisa. Excluíram-se artigos duplicados e incompletos. A coleta dos dados foi realizada no mês de novembro/2020, por seis pesquisadores de forma independente.

Encontraram-se no total 50 artigos, porém, após aplicação dos filtros mencionados, leitura dos resumos e a exclusão dos trabalhos duplicados/incompletos, resultou em 37 artigos, os quais foram lidos na integra. Destes 37 artigos, foram excluídos os que não respondiam à questão norteadora de pesquisa, resultando numa amostra final de 20 artigos, sendo apresentados em forma de tabela.

RESULTADOS

Por meio da tabela 1 é possível verificar a distribuição inicial dos artigos científicos encontrados nas bases de dados da Latindex, SciELO, BVS e LILACS

Tabela 1 – Resultados da busca nas bases de dados

Base de dados Artigos
Total Incluídos
Latindex 18 7
SciELO 14 6
BVS 10 5
LILACS 8 2

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Os resultados foram divididos em duas categorias sendo elas; Categoria A –Mudanças na rotina da equipe de enfermagem ocasionado pela Covid-19 e Categoria B – Dificuldades da equipe de enfermagem da UTI no combate ao Covid-19. O quadro 1 mostra os artigos utilizados para revisar a literatura na categoria A, com o extrato dos artigos selecionados, mostrando as seguintes variáveis como: autor, título, objetivo central e tipo de estudo

Quadro 1. Artigos incluídos na categoria temática A

N Autor/ano Título Objetivos Tipo de estudo
1.        BELARMINO et al. 2020 Práticas colaborativas em equipe de saúde diante da pandemia de COVID-19. Relatar a vivência de práticas colaborativas no enfrentamento da pandemia de COVID-19. Relato de experiência.

 

2.        BITENCOURT et al. 2020 Protagonismo do enfermeiro na estruturação e gestão de uma unidade específica para covid-19 Relatar a experiência no processo de estruturação e gestão de uma unidade específica para COVID-19, ressaltando o protagonismo do enfermeiro nas tomadas de decisão. Relato de experiência
3.        CESÁRIO et al. 2020 O protagonismo da enfermagem no combate do COVID-19 Descrever o protagonismo da enfermagem no combate do covid-19. Revisão integrativa da literatura, de abordagem descritiva e qualitativa
4.        MORAES, ALMEIDA GIODARNI 2020 COVID-19: Cuidados de enfermagem em unidade de terapia intensiva. Descrever rotinas e protocolos relacionados às melhores práticas para assistência de enfermagem aos pacientes com a COVID-19. Revisão Bibliográfica.
5.        NUNES, 2020 A atuação do enfermeiro em unidade de terapia intensiva na pandemia de COVID-19: relato de experiência. Relatar a atuação do enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva (UTI) adulto de pacientes com COVID-19. Estudo descritivo    e narrativo.
6.        PORTUGAL et al. 2020 COVID-19: Impacto emocional da equipe de enfermagem na linha de frente no combate a

pandemia.

Relatar a percepção da equipe de enfermagem de um hospital em um município
no interior do estado do Amazonas, diante da pandemia de Coronavírus, expondo os principais medos e anseios frente as incertezas do novo cenário mundial e os desafios.
Relato de experiências.

 

7.        RIOS et al. 2020 Atenção primária à saúde frente à covid-19 em um centro de saúde. Relatar as estratégias de enfrentamento à COVID-19 de um Centro de Saúde da Atenção Primária à Saúde. Relato de experiência.

 

8.        SANT’ANA et. al 2020 Infecções e óbitos de profissionais da saúde por COVID-19 Identificar as evidências quanto à infecção pelo SARS-CoV-2 e óbitos dos profissionais de saúde e fatores de risco relacionados. Revisão sistemática.
9.        SOARES et al. 2020 (a) Pandemia de Covid-19 e o uso racional de equipamentos de proteção individual.

 

Descrever as recomendações sobre o uso racional e seguro dos equipamentos de proteção individual (EPI) no transcorrer da cadeia assistencial de pessoas com suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus. Pesquisa quantitativa.
10.    SOARES et al. 2020 (b) Enfermagem brasileira nocombate à infodemia durante a pandemia da COVID-19. Analisar, a partir de publicações do site do Conselho Federal de Enfermagem, os léxicos que mantêm relação com a temática “Combate à infodemia durante a pandemia da Covid-19”. Pesquisa qualitativa.

 

11.    SOUZA et al. 2020 Assistência de enfermagem durante a pandemia
de Covid-19: um relato de experiência.
Descrever a experiência na assistência de enfermagem aos casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 em hospital no interior. Relato de experiência.

 

12.    TOSO et. al. 2020 Ações de Enfermagem no cuidado à criança na atenção primária durante a pandemia de COVID-19. Verificar a atuação do enfermeiro de atenção primária, em unidades básicas de saúde tradicionais e unidades de saúde da família, nas ações de cuidado de rotina à saúde da criança, durante o período de pandemia da COVID-19.  

Pesquisa    Quali-quantitativa de caráter descritivo.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

O quadro 2 mostra os artigos utilizados para revisar a literatura na categoria B, com o extrato dos artigos selecionados, mostrando as seguintes variáveis como: autor, título, objetivo central e tipo de estudo.

Quadro 2. Artigos incluídos na categoria temática B

N Autor/ano Título Objetivos Tipo de estudo
1 CARVALHO et al. 2020 Infecção e óbitos de da Atuação profissional frente à pandemia de COVID-19: dificuldades e possibilidades. O presente estudo tem por objetivo relatar a experiência de profissionais que atuam em cenários diferentes ante ao enfrentamento da pandemia de COVID-19. O presente estudo tem por objetivo relatar a experiência de profissionais que atuam em cenários diferentes ante ao enfrentamento da pandemia de COVID-19. Relato de experiência.
2 GÓES et al. 2020 Desafio de profissionais de enfermagem Pediátrica frente à pandemia da COVID-19 Identificar os desafios de profissionais de Enfermagem Pediátrica frente à pandemia da COVID-19. Pesquisa qualitativa
3 HAMMERSCHMIDT, BONATELLI, CARVALHO, 2020 Caminho da esperança nas relações envolvendo os idosos: olhar da complexidade sobre pandemia da COVID-19. Refltir sobre as relações envolvendo os idosos durante a pandemia da COVID19 sob o olhar da complexidade, vislumbrando o caminho da esperança.

 

Estudo reflexivo.
4 HELIOTERIO et al. 2020 Covid-19: Por que a proteção de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia? A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) configura quadro de emergência de saúde pública mundial. Objetiva-se sumarizar e sistematizar aspectos relativos às condições de trabalho e de saúde dos(as) trabalhadores(as) da saúde nessa pandemia, enfatizando a situação no Brasil Revisão literária.
5 MAGATON. 2020 Consequências ao Sistema de Saúde no Brasil e a repercussão ao profissional Enfermeiro: SARS-CoV 2 e sua COVID-19. Descrever as Consequências do Sistema de Saúde no Brasil e a repercussão ao profissional Revisão integrativa.
6 MARINS et al. 2020 Enfermeiro na linha de frente ao COVID-19: A experiência da realidade vivenciada. Identificar e analisar os fatores estressores vivenciados pelo profissional da saúde na linha de frente do combate à COVID-19. Estudo Descritivo.
7 OLIVEIRA. 2020 COVID-19: Desafios e oportunidades da enfermagem brasileira Reduzir o risco de infecção nas interações com pacientes com COVID- 19. Revisão bibliográfica.
8 SCHULTZ. et. el. 2020 Resiliência da equipe de enfermagem no âmbito hospitalar com ênfase na pandemia COVID-19. Intervenções educativas e promotoras da saúde para prevenção do seu adoecimento, inclusive para melhor enfrentamento da pandemia COVID-19. Revisão integrativa.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

DISCUSSÃO

CATEGORIA A – MUDANÇAS NA ROTINA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM OCASIONADO PELA COVID-19

Em se tratando dessas mudanças, Moraes, Almeida e Giodarni, (2020), relatam que durante o início da pandemia COVID-19, foram observadas mudanças de rotina direcionadas para prevenir a propagação do Vírus dentro dos hospitais. A enfermagem na Unidade de terapia intensiva (UTI), adaptou a rotina aumentando as medidas de prevenção e segurança dos profissionais que atuam diretamente na assistência de enfermagem. A maioria dos hospitais deixaram uma UTI, própria para paciente contaminados com COVID-19 (MORAES; ALMEIDA; GIODARNI, 2020).

Para Sant’Ana et al (2020), a partir das Criações das Unidades de terapias Intensiva de Covid-19, a enfermagem ficou exposta a um alto risco de contaminação. Em alguns Hospitais, grande parte dos leitos eram separados por Persianas, deixando todos os profissionais de saúde paramentados durante todo o seu plantão. Assim, a equipe multiprofissional adentrava no setor da UTI já paramentação com equipamentos de proteção individual (EPI) e realizava a desparamentação quando da saída do setor (SANT’ANA et al, 2020).

Segundo Souza et al (2020) e Cesário, et al (2020), uma das grandes mudanças na rotina da UTI está ligada diretamente a assistência enfermagem. Nesse contexto, entendesse que o profissional de saúde teve que manter-se durante todo o tempo paramentado, impedindo com isso que o paciente conheça o profissional que está por trás da paramentação. A equipe de enfermagem com métodos ativos e inovadores, mudou a identificação de seus profissionais por meio de Crachás grandes, permitindo ao paciente, visualizar com facilidade o profissional que está prestando assistência. (SOUZA et al, 2020; CESÁRIO et al, 2020).

A partir dessa mudança na rotina de enfermagem, Bitencourt et al (2020) disse que a enfermagem passou por uma rotina de treinamentos maçantes sobre a paramentação e desparamentação, além de planejar todo o funcionamento da estrutura física da UTI, gestão de recursos humanos e construção de protocolos (BITENCOURT et al, 2020)

A elaboração de protocolos para triagem do paciente com COVID-19, permitiu que após a coleta deste exame o paciente fosse submetido ao isolamento por aerossol e contato, visando diminuir a propagação do vírus. Além disso, foi diminuído o número de entradas no quarto do paciente, a partir de um planejamento apropriado das atividades que serão realizadas à beira do leito, mantendo o cuidado prestado e utilizando os EPIs adequados, para segurança do colaborador da enfermagem (SOARES et al, 2020).

Ainda sobre essas mudanças, encontrou-se o cancelamento da rotina de visitas nas unidades de tratamento a Covid-19. Nesse contexto, os pacientes e familiares tinham notícias, somente por meio de ligações realizadas pelo médico intensivista. Sendo assim, foi necessária a estruturação de todo o serviço de saúde para dar suporte à os familiares dos pacientes internados, pelo telefone, desmistificando possíveis informações falsa, objetivando prevenir aglomerações e consequentemente a propagação do vírus durante as visitas (RIOS et al, 2020; SOARES et al., 2020).

Diante desse cenário de reestruturação e a constante pressão para combater o vírus, os profissionais de saúde estão lidando diretamente com a insegurança, medo, angústia, ansiedade e o risco de infecção, o que acabou ocasionando turbulência emocional, desgaste físico e psicológico (NUNES, 2020; PORTUGAL et al, 2020; TOSO et al, 2020).

Embora tenha acontecido essas alterações neste momento conturbado da pandemia da Covid-19, destaca-se a equipe de enfermagem, por serem profissionais resilientes, desenvolvedores de práticas colaborativas para o enfrentamento da pandemia com base na solução de problemas, potencialização da eficácia e qualidade nos cuidados de enfermagem prestados (BELARMINO et al., 2020).

CATEGORIA B – DIFICULDADES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI NO COMBATE AO COVID-19

Após o início da pandemia de COVID-19, o grande desafio da equipe de enfermagem da UTI foi a falta de conhecimento sobre tratamento e prevenção do novo coronavírus. A enfermagem se deparou com um sistema de saúde precário, atendendo grande demanda de pacientes infectados com quadros de média a alta complexidade, sem o devido conhecimento sobre está patologia (MARINS et al., 2020).

Conforme Magaton (2020) a equipe de enfermagem teve que lidar com o despreparo da saúde pública para a assistência da população, visto que o sistema de saúde vem enfrentando dificuldades como número elevado de pessoas para atender o que ocasiona a super lotação. Mesmo diante a situação emergencial os recursos estão sendo insuficiente para o combate do COVID-19.  Nesse contexto, a falta de suprimentos essenciais, EPIS, Dispositivos médicos hospitalares e leitos de UTI e o aumento de pressão na equipe de enfermagem da UTI foi enorme tanto na assistência quanto na liberação de vagas para o internamento de novos pacientes (MAGATON, 2020).

A atuação da equipe de enfermagem da UTI na pandemia de COVID-19, teve como desafio o déficit dos EPIs e equipamentos, ocorrendo o desabastecimento na rede de saúde. ocasionando maior risco de exposição e contaminação. Neste contexto, o sistema de saúde teve que realizar diversas ações para enfrentamento da crise causada pela pandemia, provendo condições seguras, visando garantir a integridade da equipe de saúde (CESÁRIO et al, 2020; HELIOTERIO et al, 2020).

Segundo Maris et al (2020), a equipe de enfermagem da UTI que atua diretamente na assistência, vem enfrentando e vivenciando desencadeantes do estresse. Dentre desses estressores encontrasse, o medo ao risco de ser infectado, adoecer, morrer e a possibilidade de infectar outras pessoas, a sobrecarga e fadiga, a exposição a mortes em larga escala e a frustração. No entanto e a apesar dos esforços, sofre com ameaças, agressões, afastamento de entes querido e perda dos colegas de equipe (MARIS et al, 2020).

Ainda sobre isso, afirmasse que esses fatores estressores, comprometem seu psicológico, sua qualidade de vida e no seu desempenho profissional, podendo colocar em risco sua segurança e a assistência da população atendida no sistema de saúde. A preocupação com o cuidado voltado à segurança do paciente pode interferir na qualidade dos serviços de saúde e nas boas práticas assistenciais (MARIS et al, 2020; SCHULTZ et al, 2020).

Segundo Marins et al (2020), a equipe de enfermagem da UTI, com condições de trabalho precárias somada as altas e injustas cargas horarias, foram submetidos a um nível elevado estresse que causa danos físicos e psíquicos, desgaste físico e mental. Assim, os fatores de riscos do trabalho, a desmotivação profissional, a baixa remuneração e dupla jornada de serviços, aumentou o risco de doenças ocupacional, além de ocasionar falhas durante o processo assistencial de enfermagem colocando em risco a segurança do paciente (MARIS et al, 2020).

Para reforçar a ideia de Marins et al (2020), Oliveira (2020), diz que os profissionais da área da saúde que estão atuando nas UTI e diretamente na assistência de paciente com COVID 19, apresentam crises de estresse, depressão, ansiedade, incertezas e medo de disseminar o vírus para seus entes queridos, levando o profissional a desenvolver a síndrome de Burnout. (MARINS et al, 2020; OLIVEIRA, 2020).

Conforme Hammerschmidt, Bonatelli e Carvalho (2020), uma das grandes dificuldades foi realizar o processo de humanização dentro da UTI, pois os profissionais estão com um nível de estresse alto. Para isto a enfermagem criou medidas de interação com famílias e paciente para fortalecer a condição humana, a dignidade, solidariedade, cidadania e fraternidade (HAMMERSCHMIDT; BONATELLI; CARVALHO, 2020).

Nessa linha de raciocínio, entendesse que a equipe de enfermagem teve como desafio a adaptação rápida para o combate do COVID-19, a falta de informação em um sistema de saúde com déficits de recursos humanos, materiais e de qualificação profissional tornando a enfermagem resiliente e aumentando os laços profissionais entre as equipes multiprofissionais. Assim, a equipe de enfermagem vem se adaptando aos cuidados e proteção para o atendimento dos pacientes e superando diariamente o medo, exaustão para conseguir combater a COVID-19 (CARVALHO et al, 2020; GÓES et al, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal mudança de rotina da equipe de enfermagem da UTI, foi o aumento das medidas de prevenção e segurança dos pacientes e profissionais durante a sua estadia dentro da UTI. isto, visando diminuir o contato físico, limitando assim, a propagação do vírus. Os profissionais de enfermagem foram imersos em treinamentos de prevenção e tratamento da COVID-19, porém com protocolos instáveis, alterando diversas vezes a rotina da equipe de enfermagem da UTI, gerando com isso, um ambiente bastante estressante.

Embora a pandemia do COVID-19, continua representando um desafio para a equipe de enfermagem da UTI, a falta de conhecimento sobre o tratamento e prevenção, o estresse, medo, ansiedade, angústia, falta de leitos de UTI, equipamentos médicos hospitalares e insumos básicos, ainda representam um obstáculo enorme que a enfermagem e outros profissionais da saúde estão superando com muita dedicação e resiliência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELARMINO et al. Práticas colaborativas em equipe de saúde diante da pandemia de COVID-19. Rev Bras Enferm. 2020;73(Suppl 6): e20200470.

BITENCOURT et al. Protagonismo do enfermeiro na estruturação e gestão de uma unidade específica para COVID-19. Texto & Contexto Enfermagem 2020, v. 29: e20200213.

CARVALHO et al. Atuação profissional frente à pandemia de COVID-19: dificuldades e possibilidades. Research, SocietyandDevelopment, v. 9, n. 9, e830998025, 2020.

CESÁRIO, J.M.S; FLAUZINO, V.H.P; MEJIA, J.V.C. Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas caraterísticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 05, pp. 23-33. novembro de 2020

CESÁRIO, J.M.S, et al. O protagonismo da enfermagem no combate do COVID-19. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 25, pp. 149-168. Novembro de 2020. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/protagonismo-da-enfermagem. Acesso em 16/01/2021.

GÓES et al. Desafio de profissionais de Enfermagem Pediátrica frente à pandemia da COVID-19. Challenges faced by pediatric nursing workers in the face of the COVID-19 pandemic. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28:e3367.

HAMMERSCHMIDT, K.S.A; BONATELLI, L.C.S; CARVALHO, A.C. Caminho da esperança nas relações envolvendo os idosos: olhar da complexidade sobre pandemia da COVID-19. Texto & Contexto Enfermagem 2020, v. 29: e20200132 ISSN 1980-265X.

HELIOTERIO et al. Covid-19: Por que a proteção de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia? Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n. 3, 2020, 0289121. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00289.

MAGATON, A.P.F.S. Conseqüências ao Sistema de Saúde no Brasil e a repercussão ao profissional Enfermeiro: SARS-CoV 2 e sua COVID-19. Revista Eletrônica Nurses – REN. 2020; 1(1):1 -2.

MARINS, T.V.O et al. Enfermeiro na linha de frente ao COVID-19: A experiência da realidade vivenciada.  Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e710986471, 2020.

MORAES, E.M; ALMEIDA, L.H.A; GIODARNI, E. COVID-19: cuidados de enfermagem em unidade de terapia intensiva. Scientia Medica Porto Alegre, v. 30, p. 1-11, jan.-dez. 2020 | e-38468.

NUNES, M.R. A atuação do enfermeiro em unidade de terapia intensiva na pandemia de COVID-19. REAS/EJCH |Vol.12(11) | e4935. 11/2020.

OLIVEIRA, W.A. COVID-19: Desafios e oportunidades da enfermagem brasileira. Revista de Saúde – RSF Brasília, v. 7, n. 2, EDIÇÃO ESPECIAL – COVID-19 2020.

PORTUGAL, et al. COVID-19: impacto emocional da equipe de enfermagem na linha de frente no combate a pandemia. Saúde em Foco: Temas Contemporâneos – Volume 1. 2020.

RIOS, et al.  Atenção primária à saúde frente à covid-19 em um centro de saúde. Enferm. Foco 2020; 11 (1) Especial: 246-251.

SANT’ANA, G et al. Infecção e óbitos de profissionais da saúde por COVID-19. Acta Paul Enferm. 2020; 33:1-9.

SCHULTZ, C.C et al. Resiliência da equipe de enfermagem no âmbito hospitalar com ênfase na pandemia COVID-19. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, e539119466, 2020.

SOARES et al (a). Pandemia de Covid-19 e o uso racional de equipamentos de proteção individual. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2020; 28:e50360.

SOARES et al (b). Enfermagem brasileira no combate à infodemia durante a pandemia da COVID-19. Cogitare enferm. 25: e74676, 2020.

SOUZA et al. Assistência de enfermagem durante a pandemia de covid-19: um relato de experiência. Atenas Higeia vol.2 nº 3 Set. 2020.

TOSO et al. Ações de Enfermagem no cuidado à criança na atenção primária durante a pandemia de COVID-19. Rev Soc Bras Enferm Ped. | v.20, Especial COVID-19, p 6-15. 09/20.

[1] Mestrado em Medicina.

[2] Graduação em Enfermagem.

[3] Enfermeira, Mestra em Enfermagem pela UPE.

[4] Graduação em Enfermagem.

[5] Bacharel em Enfermagem.

[6] Mestrado em terapia intensiva.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Jonas Magno dos Santos Cesário

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