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Competências e habilidades do enfermeiro que atua em unidade de terapia intensiva (UTI): uma revisão de literatura

RC: 101245
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

FRANCO, Ana Paula da Silva [1], LEITE, Cristina Limeira [2], MARINHO, Yaciara Casimiro Bonfim [3], CARDOSO, Samia Marques Lopes [4], MIRANDA, Andiara Casimiro Bonfim [5]

FRANCO, Ana Paula da Silva. Et al. Competências e habilidades do enfermeiro que atua em unidade de terapia intensiva (UTI): uma revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 11, Vol. 07, pp. 92-105. Novembro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/habilidades-do-enfermeiro

RESUMO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é a unidade hospitalar de pacientes que necessitam de cuidados intensivos. A UTI tem como objetivo a recuperação hábil do paciente, estando acompanhada de uma equipe multidisciplinar, preparada e capacitada para agir sobre as complexidades que os pacientes presentes neste tipo de serviço apresentam. O enfermeiro que faz parte desta equipe precisa ter um amplo conhecimento a respeito das técnicas, além de possuir senso crítico e agilidade na tomada de decisão. Diante disso, a pergunta norteadora deste artigo é: Quais as competências do enfermeiro intensivista necessárias para uma assistência humanizada e pautada na qualidade e segurança do cliente? O objetivo geral consiste em conhecer as competências do enfermeiro intensivista, necessárias para uma assistência humanizada e pautada na qualidade e segurança do paciente. Trata-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura. A coleta de dados foi feita através de artigos encontrados nas plataformas digitais, Pubmed, Scielo, LIlacs dentre outros. Utilizando os seguintes descritores: Enfermeiro Intensivista + Atuação profissional + Assistência humanizada + Assistência de qualidade. Os artigos analisados apontam que os enfermeiros exercem um papel primordial no cuidado, os quais devem assistir ao paciente de modo holístico, integral e com empatia, considerando seus familiares no processo de cuidar, estabelecendo uma comunicação sem conflitos. Conclui-se que a utilização de estratégias por parte dos enfermeiros para efetivação da humanização, mesmo que se saiba da existência dos inúmeros entraves existentes, é fundamental para que o paciente tenha um cuidado integral, considerando inclusive a importância da família em seu processo de recuperação.

Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva, Enfermagem, Competências, Humanização.

1. INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é a unidade hospitalar de pacientes que necessitam de cuidados intensivos, esta unidade surgiu em 1950 devido a epidemia de poliomielite, criada pelo médico Bjorn Ibsen dentro do hospital municipal de Copenhague, com o objetivo em manter um estrutura capaz de fornecer suporte para pacientes graves, com potencial risco de vida, com prestação de cuidados 24 por dia, com o objetivo de restaurar e manter as funções dos órgãos vitais, aumentando as chances de sobrevivência (CORREIO et al., 2015).

Estas unidades eram organizadas, de modo a prestar assistência especializada, composta por uma equipe especializada com profissionais de diferentes áreas, exigindo controle e assistência de saúde constante, o que justifica a introdução de tecnologias cada vez mais aprimoradas e profissionais preparados para manipulá-las com segurança (ALENCAR et al., 2016).

As UTI’s, são compostas por uma equipe multidisciplinar, preparada e capacitada para agir sobre as complexidades que os pacientes presentes neste tipo de serviço apresentam. O enfermeiro que faz parte desta equipe, precisa ter um amplo conhecimento a respeito das técnicas, além de possuir um senso crítico e agilidade na tomada de decisão, pois para atuar dentro de uma UTI, requer do enfermeiro a expertise em múltiplas áreas, além de  saber atuar em equipe, para desempenhar bem seu papel (COSTA et al., 2019).

O enfermeiro que atua nas UTI’s, deve prestar cuidados norteados pela sistematização da assistência em enfermagem, que é fator primordial para qualidade da assistência prestada, bem como um guia de como deve ser o cuidado e assistência ao paciente crítico. Os protocolos de cuidados de enfermagem são baseados nos padrões de enfermagem e no processo de enfermagem (PRAZERES et al., 2021).

O que leva a abordar sobre o assunto é justamente ressaltar a importância do trabalho do enfermeiro dentro da Unidade Intensiva, e poder ter um entendimento mais amplo sobre o tema, frisando obter conhecimento sobre as atividades exercidas, considerando que a UTI, é um ambiente hospitalar que exige um profissional mais capacitado (LOIOLA NETO et al., 2017).

Trata-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura. A coleta de dados foi feita através de artigos encontrados nas plataformas digital, Pubmed, Scielo, LIlacs dentre outros. Utilizando os seguintes descritores: Enfermeiro Intensivista + Atuação profissional + Assistência humanizada + Assistência de qualidade.

Diante disso, a pergunta norteadora é a seguinte: Quais as competências do enfermeiro intensivista, necessárias para uma assistência humanizada e pautada na qualidade e segurança do cliente? O objetivo geral consiste em conhecer as competências do enfermeiro intensivista, necessárias para uma assistência humanizada e pautada na qualidade e segurança do paciente. E os específicos são: conhecer o ambiente UTI; descrever as atividades que o enfermeiro desenvolve na UTI e caracterizar o perfil profissional desejável do enfermeiro intensivista.

Espera-se que a pesquisa contribua para a comunidade científica, contemplando com amplo conhecimento sobre como precisa ser o perfil do enfermeiro da UTI. E para os profissionais enfermeiros, visando reforçar o conhecimento das competências para aqueles que buscam entender e compreender sobre o tema da pesquisa.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi classificada como uma pesquisa exploratória, qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura. A coleta de dados foi feita através de artigos encontrados nas plataformas digital, Pubmed, Scielo, LIlacs dentre outros. Utilizando os seguintes descritores: Enfermeiro Intensivista + Atuação profissional + Assistência humanizada + Assistência de qualidade.  Os artigos foram organizados em categorias e após essa organização foi realizado fichamentos deles, de modo a melhorar a análise dos dados.

Dessa forma, foi possível fazer a mesma fundamentadas, em livros, artigos e trabalhos acadêmicos disponíveis. Onde foi possível explorar, conhecer e analisar as competências do enfermeiro dentro da Terapia Intensiva. Os critérios de inclusão dos artigos foram: texto disponível completo, idioma em português e período de publicação nos últimos 5 anos (2015 a 2020). Os critérios de exclusão foram: Artigos indexados repetidamente e artigos que não atendiam ao objetivo da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada no segundo semestre do ano corrente (2021), foram coletados 98 artigos e 11 foram selecionados por atender aos critérios exigidos.

3. RESULTADOS

A amostra dos dados coletados se resume em 11 (onze) artigos científicos. O quadro os demonstra sendo distribuídos, segundo: ano de publicação; periódico; autores; título e tipo de pesquisa.

Quadro 1. Artigos levantados para revisão integrativa da literatura.

ANO PERIÓDICO AUTORES TÍTULO
2016 rev. e-ciênc ALENCAR, Ana Paula Agostinho, et al A atuação do profissional de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
2015 Enferm. Foco CORREIO, Renata Andrea Pietro Pereira Viana, et al Desvelando Competências do enfermeiro de Terapia Intensiva
2019 Revista Gestão & Saúde COSTA, Sonia Padilha, et al Enfermeiro no âmbito da gerência na unidade de terapia intensiva: uma revisão integrativa
2020 HU Revista GOMES, Ana Paula Regis Sena, et al Atuação do enfermeiro no cuidado humanizado em unidades de terapia intensiva no Brasil: uma revisão integrativa da literatura
2017 Revista UNINGÁ LOIOLA NETO, Isac Rodrigues, et al O papel do enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva na hemodiálise
2020 Revista Eletrônica Acervo Saúde NUNES, Maurício Rouvel A atuação do enfermeiro em unidade de terapia intensiva na pandemia de COVID-19: relato de experiência
2018 Revista Saúde em Foco OUCHI, Janaina Daniel, et al O papel do enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva diante de novas tecnologias em saúde
2021 Research, Society and Development PRAZERES, Letícia Erica Neves dos, et al. Atuação do enfermeiro nos cuidados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal: Revisão integrativa da literatura
2021 Rev. Enferm. Contemp RIBEIRO, Jaqueline Fernandes, et al Profissionais de Enfermagem na UTI e seu protagonismo na pandemia: Legados da Covid-19
2019 Temas em saúde SILVA, Maria Fabiana Lucindo da, et al Desafio ao enfermeiro nas ações assistenciais e gerenciais na Unidade de Terapia Intensiva
2019 REME • Rev Min Enferm. MELO, Geórgia Alcântara Alencar et al Relação entre perfil profissional de enfermeiros intensivistas e cuidados omissos na terapia por hemodiálise

Fonte: Autores.

Portanto, foi feita uma leitura dos artigos selecionados, proporcionando um melhor entendimento do assunto. A seguir foi realizado fichamento dos artigos e assim uma  melhor organização dos assuntos, através dessa sintetização dos artigos foi possível uma melhor fixação das ideias centrais.

4. DISCUSSÃO

4.1 O AMBIENTE UTI

No que concerne à infraestrutura, o Ministério da Saúde (MS), na portaria abaixo, assegura que os serviços nas UTI’s devem dispor de ambiente e instalações necessárias para a realização dos procedimentos com segurança e qualidade, além de possuir as seguintes características:

Quarto coletivo ou individual para internação dos pacientes adultos, pediátricos ou neonatal; Quarto de isolamento para internação de pacientes adultos, pediátricos ou neonatal; Posto de enfermagem que permita a observação visual direta ou eletrônica dos leitos; Área para prescrição médica; Sala de expurgo dotada de pia com ducha manual para lavagem;

Depósito de material de limpeza; Almoxarifado; Sala administrativa;

Sala de repouso para a equipe de plantão, com banheiro; Vestiários para profissionais, com banheiro; Lavatório para higienização das mãos nos quartos individuais, coletivos e isolamento (BRASIL, 2014, p. 13).

Quanto às instalações pertinentes, esta portaria endossa ainda que as UTI’s devem possuir sistemas elétricos de emergência para alimentação dos equipamentos de suporte a vida e para os circuitos de iluminação de emergência; circuitos de iluminação distintos dos circuitos comuns afim de evitar interferência nos equipamentos e instalações; sistema de abastecimento de gás medicinal centralizado, com pontos de vácuo, oxigênio e ar medicinal por leito; e sistema de climatização que permita o controle do conforto do paciente, bem como promova renovação de ar contínua no interior (ALENCAR et al., 2016).

Quanto aos recursos materiais, cada leito de UTI deve conter, segundo a Resolução nº 7 de 24 de fevereiro de 2010, do Ministério da Saúde:

Cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios; Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão autoinflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; Estetoscópio; Conjunto para nebulização;

Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos: Fita métrica; Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de sinais vitais (frequência respiratória, oximetria de pulso, frequência cardíaca, temperatura e pressão arterial não-invasiva) (BRASIL, 2010)

Quanto aos recursos humanos, deve ser designada à UTI uma equipe multiprofissional legalmente habilitada, a qual deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente considerando o perfil assistencial e demanda do setor (ALENCAR et al., 2016).  Devem ser profissionais de atuação específica na unidade, a título de exemplo:

I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especialista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia para atuação em UTI Neonatal;

II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno.

III – Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno.

IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação;

V – Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada turno, além de 1 (um) técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial em cada turno;

VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade;

VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno (RDC nº 7, 2010).

O dimensionamento de pessoal para a UTI é uma das tarefas mais importantes para o bom desempenho do setor, pois tem caráter gerencial e assistencial. A contratação de profissionais não deve ser subestimada, pois este ato pode influenciar diretamente na qualidade dos cuidados prestados. Alguns aspectos são importantes para definir o número de profissionais a compor a equipe, como planta física, número de leitos, características do hospital, grau de dependência dos pacientes, capacidade do pessoal, quantidade e qualidade dos equipamentos e processos internos (CORREIO et al., 2015).

Diante disso, incialmente os cuidados intensivos eram realizados a pacientes em estado grave, sem muitos recursos tanto de equipamentos como de pessoal, o cuidado era realizado basicamente com uma enfermeira no leito, observando o paciente de modo quase contínuo (CORREIO et al., 2015).

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) são unidades complexas, destinadas ao atendimento de pacientes graves, que demandam espaço físico específico, recursos humanos especializados e instrumentais tecnológico avançados, o que as tornam unidades de alto custo (COSTA et al., 2019).

A equipe multiprofissional atuante nas UTI’s é composta por: Médicos Intensivistas, responsáveis pela assistência médica durante a permanência do paciente na UTI, que, juntamente com o médico responsável pela internação do paciente, elabora um plano para diagnóstico e tratamento; Enfermeiras são responsáveis pela avaliação e elaboração de um plano de cuidados de enfermagem individualizado e sistematizado. A equipe multidisciplinar da UTI ainda é composta por Auxiliar de Enfermagem, Agente de Transporte, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Higiene Hospitalar, Fisioterapeutas, Nutricionistas e Voluntárias (CORREIO et al., 2015).

A UTI é o local destinado exclusivamente a internação de pacientes com instabilidade clínica e com potencial de gravidade. É um local de alta complexidade, reservado e único no âmbito hospitalar, já que se propõe estabelecer monitorização completa e vigilância 24 horas (COSTA et al., 2019).

As Unidade de Terapia Intensiva (UTI’s) têm como um dos objetivos principais amenizar ações provenientes das doenças a qual são diagnosticadas como graves, e ainda amenizar no paciente as sensações de dor, insuficiência respiratória e outros independentemente da situação. Com isso, a possibilidade de tratamento de doenças hoje na sociedade é muito extensa, é visto que as causas de internação nas UTI’s são diversas, os procedimentos devem ser rápidos e precisos (GOMES et al., 2020).

Em virtude disso, as equipes que atuam nesses centros especializados devem ser multiprofissionais incluindo médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeuta ocupacional, assistentes sociais e nutricionistas. As UTI’s concentram pacientes em estado crítico ou de alto risco, que, juntamente com materiais e equipe treinada se mobilizam para a adequada recuperação e cuidado dos mesmos (LOIOLA NETO et al., 2017).

Contudo no ambiente hospitalar existem equipamentos que são utilizados para acelerar a recuperação dos pacientes em estado crítico na maioria dos casos são usados aparelhos invasivos e eles acabam proporcionando vários incômodos aos pacientes, como falta de privacidade, incômodo extremo devido aos ruídos que são gerados, luzes e clima frio, além do desconforto ocasionado pelas intervenções necessárias (GOMES et al., 2020).

4.2 A IMPORTÂCIA DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADO PELO ENFERMEIRO NAS UTI’s

O trabalho realizado por profissionais nas mais diversas áreas da saúde destaca um local de extrema importância para todos os grandes centros de saúde existentes no mundo, a UTI (LOIOLA NETO et al., 2017).

As UTI’s são providas de uma diversidade de equipamentos especializados, fundamental para assegurar uma boa assistência ao paciente, onde eles são assistidos de forma reservada e individual. Deve ser considerada uma área para ser utilizada tão e somente por pacientes em estado clínico considerados graves. Esta área complexa de cuidados, deve ser realizada por profissionais aptos e qualificados, sempre considerando o estado de gravidade dos pacientes ali internados (NUNES, 2020).

A possibilidade de tratamento de doenças hoje em nossa sociedade é muito extensa, é visto que as causas de internação nas UTI’s são diversas, os procedimentos devem ser rápidos e precisos (CORREIO et al., 2015). Assim, percebe-se que a função do atendimento na UTI é amenizar ações provenientes das doenças a qual são diagnosticadas como graves, e ainda amenizar no paciente as sensações de dor, insuficiência respiratória e outros independentemente da situação (COSTA et al., 2019).

As equipes de enfermagem, devem ser capacitadas e preparadas para tal fim, uma vez que a UTI necessita de profissionais capacitados para lidar com pacientes em estado crítico, considerando que estes demandam conhecimentos bastante específicos (CORREIO et al., 2015).

Ao enfermeiro de UTI é imprescindível a fundamentação teórica aliada à capacidade de discernimento, tomada de decisão, trabalho em equipe, iniciativa, liderança e responsabilidade. Autoconfiança e um trabalho metódico, apoiados em amplo conhecimento técnico-científico, são essenciais para liderar um grupo que deve estar bem treinado, apto a atender o paciente e a manejar os equipamentos com segurança (NUNES, 2020).

A emergência trata-se de uma propriedade que uma dada situação assume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assistência em situações de emergência e urgência é muito importante, principalmente porque quando ela ocorre há uma necessidade urgente de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo e a calma, experiência e habilidades contam muito nesse momento. A emergência é caracterizada como sendo a situação em que não pode haver uma protelação no atendimento, ele deve ser imediato e sem falhas (COSTA et al., 2019).

A importante que o enfermeiro tenha formação específica para atuar de maneira eficiente nas unidades móveis, pois acrescenta bastante no atendimento urgente para paciente em estado grave, pois o socorro em momento de acidente por exemplo, precisam ser rápidos e precisos, dando ênfase as duas primeiras horas (OUCHI et al., 2018).

Cada paciente é atendido de acordo com seu caso, sendo oferecido tratamento específico, sendo que em alguns casos, onde a UTI não disponha de recursos para tratamento de alguns casos específicos, o paciente deve ser encaminhado para a especialidade que atenda a sua necessidade, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica médica etc. (LOIOLA NETO et al., 2017).

Neste contexto, a enfermagem como um todo é participante ativa em todos os processos, tanto na urgência quanto na emergência (NUNES, 2020).  Esta área hospitalar é considerada um dos setores que mais causam sentimentos de angústia e medo, tanto em relação aos pacientes, quanto aos familiares. A realização de procedimentos complexos impostos pela gravidade do estado clínico do paciente favorece a mecanização e despersonificação da prestação de cuidados, bem como a supervalorização da tecnologia e sobrecarga de trabalho por parte da equipe cuidadora (PRAZERES et al., 2021).

A tecnologia tem que ser usada de maneira equilibrada, de modo que não interfira negativamente no prognóstico do paciente. Afirma ainda que vivemos uma nova realidade jamais imaginada. Não se trata de condenar a tecnologia. Esta, em si mesma, não é benéfica nem maléfica, pois tudo depende da forma como a usamos. A tecnologia deve ser utilizada de forma criativa para melhorar a qualidade de vida (RIBEIRO et al., 2021).

De outro modo, a mudança da forma de cuidar vem acontecendo desde as décadas de 70 e 80, a partir do alerta feito por estudiosas de enfermagem em cuidado intensivo para que fosse considerada a existência de outras necessidades tão importantes quanto às correspondentes ao modelo biomédico, alterando assim o modelo de assistência. Entretanto ainda se percebe que, embora se tenha necessidade de focar o sensível, o cuidado voltado para os aspectos físicos e patológicos ainda é predominante (SILVA et al., 2019).

Devido a isso, as práticas humanizadas se fazem cada vez mais relevantes nos cenários de instituições e organizações de saúde reprodutoras do sistema biomédico instituído histórico-socialmente. Os efeitos negativos provocados pela internação nas UTI’s se destacaram, a partir de estudos, a necessidade da reformulação do cuidado no setor, inserindo a humanização no cuidado e dando ênfase na visualização do paciente como um ser holístico, repleto de necessidades biológicas, psicológicas, sociais e espirituais (CORREIO et al., 2015).

Humanizar significa evidenciar aquilo que torna o homem um “ser humano”, capaz de amar, perdoar, cuidar e se emocionar com o próximo. Implica também na capacidade de compreender o paciente como um todo, respeitando seus valores, crenças, medos e expectativas. Humanizar se reflete no cuidado, significando solicitude, zelo, atenção e dedicação, ajudando no que é necessário (MELO et al., 2019).

A humanização do cuidado a pacientes de UTI pressupõe reconhecer e minimizar fatores que gerem desconforto ou que possam acarretar situações estressantes ao paciente, alterando suas necessidades básicas e despojando-o de sua privacidade. Dor, ruídos, alteração do padrão de sono, tubos, fios e perda do controle de si mesmo são estressores frequentemente apontados pelos pacientes, sendo de suma importância a identificação e intervenção correta pela equipe de enfermagem (SILVA et al., 2019).

4.3 PERFIL PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO INTENSIVISTA

O enfermeiro que desempenha sua atividade laboral na UTI precisa estar apto a desempenhar também técnicas com a tecnologia, tendo conhecimento sobre os princípios científicos e, ao mesmo tempo, atuando em equipe. Neste ambiente, o enfermeiro intensivista tem desempenhado em suas rotinas diárias, ensino, pesquisa, assistência, gerência e questões políticas, que precisam de diversas competências (SILVA et al., 2019).

De acordo com Correio et al. (2015, p. 48) podem ser apresentadas algumas competências e estratégias do enfermeiro de terapia intensiva.

 Quadro 1. Competências e estratégias do enfermeiro de terapia intensiva.

COMPETÊNCIA QUALIDADES/ESTRATÉGIAS NECESSÁRIAS
Conhecimento e Desempenho Técnico/Tecnológico • Desenvolver habilidades/técnicas;

• Conhecer materiais/equipamentos e cuidados na UTI;

• Promover educação em serviço.

Conhecimento

Científico

• Criar grupos de estudos na UTI;

• Estimular participação em eventos científicos;

• Buscar estar sempre atualizado.

Tomada de decisão • Ser proativo;

• Dialogar com diferentes profissionais da UTI;

• Desenvolver visão global do cuidado;

• Modificar/reavaliar processos sempre que necessário.

Liderança • Treinar/orientar a equipe em diferentes situações;

• Saber antecipar às necessidades da equipe;

• Coordenar equipe.

Trabalho em Equipe • Prestar cuidados a beira do leito;

• Desenvolver parcerias;

• Interagir de modo colaborativo.

Relacionamento Interpessoal • Evitar atrito com equipe;

• Oferecer ajuda sempre que necessário.

Comunicação • Conhecer processos/rotinas;

• Ser articulado;

• Trabalhar com sincronia e atenção;

• Desenvolver linguagem verbal/não verbal com equipe.

Planejamento • Conhecer processos/rotinas;

• Participar das atividades com equipe multidisciplinar;

• Manter proximidade com pacientes/familiares;

• Manter atualização técnica/científica.

Organização • Realizar ações coletivas;

• Apresentar rotinas à equipe;

• Direcionar tarefas à equipe;

• Promover padronização de rotinas/protocolos.

Equilíbrio Emocional • Desenvolver sensibilidade/tato;

• Trabalhar incertezas;

• Manter a calma em situações adversas

Fonte: Correio et al. (2015, p. 48)

O enfermeiro atuante em UTI, deve dispor de qualificações especificas, uma vez que este como líder da equipe deve ser capaz de liderar e capacitar sua equipe no que tange a atividade especificas do setor, uma vez que estas são frequentes e rotineiras, exigindo assim um líder capacitado para tal função. (COSTA et al., 2019).

Na UTI, estas qualificações são fundamentais para a qualidade do paciente em estado crítico, uma vez que durante o cuidado há uma demanda de recursos e equipamentos tecnológicos, necessários para a realização desse cuidado, assim os enfermeiros deve ter conhecimentos e habilidades para o manuseio dessas máquinas e equipamentos (SILVA et al., 2019).

Considera-se ainda a família desses pacientes como elemento participante desse processo, considerando seus medos, dúvidas e angústias diante do quadro. O enfermeiro através de suas muitas competências, deve possuir também a capacidade de lidar com os familiares, orientando-os e acolhendo-os. Nesse enfoque, tanto paciente como família fazem parte desse processo, necessitando assim ambos de um atendimento humanizado (OUCHI et al., 2018).

Portanto, o atendimento ofertado pelo enfermeiro na UTI deve ser realizado considerando o ser humano em todos seus aspectos biopsicossocial e espiritual, valorizando o ser doente e família de maneira integral e empática, procurando manter a comunicação ativa com os sujeitos envolvidos (GOMES et al., 2020).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atuação do enfermeiro na UTI tem sido caracterizada a partir do cuidado que busca o desenvolvimento da integralidade. Contudo, precisa se concentrar de forma individualizada quanto ao cuidado do paciente, de forma holística, apresentando empatia junto a situação que envolve o paciente e sua família.

No que se refere aos desafios e dificuldades cita-se a quantidade de aparato tecnológico, a despersonalização do enfermeiro, sua sobrecarga de trabalho, baixa remuneração e falta de autonomia.

Sendo assim, sob essa abordagem, fica claro que a utilização de estratégias por parte dos enfermeiros para contribuir na sua efetivação, mesmo com todos os obstáculos que surgem, é fundamental para que o paciente recebe de fato cuidado integral.

Sendo assim, retomando a questão norteadora: Quais as competências do enfermeiro intensivista, necessárias para uma assistência humanizada e pautada na qualidade e segurança do cliente? Concluímos que as competências do enfermeiro intensivista são: conhecimento e desempenho técnico/tecnológico; conhecimento científico; tomada de decisão; liderança; trabalho em equipe; relacionamento interpessoal; comunicação; planejamento; organização e equilíbrio emocional.

Conclui-se que a utilização de estratégias por parte dos enfermeiros para efetivação da humanização, mesmo que se saiba da existência dos inúmeros entraves existentes, é fundamental para que o paciente tenha um cuidado integral, considerando inclusive a importância da família em seu processo de recuperação.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Ana Paula Agostinho, et al. A atuação do profissional de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). rev. e-ciênc. v.4, n.2, 2016, p. 01-11.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 7, de 24 de fevereiro de 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 355, de 10 de março de 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0355_10_03_2014.html. Acesso em: 10/05/2021.

CORREIO, Renata Andrea Pietro Pereira Viana, et al. Desvelando Competências do enfermeiro de Terapia Intensiva. Enferm. Foco 2015; 6 (1/4): 46-50.

COSTA, Sonia Padilha, et al. Enfermeiro no âmbito da gerência na unidade de terapia intensiva: uma revisão integrativa. Revista Gestão & Saúde. RGS.2019;21(1):23-33.

GOMES, Ana Paula Regis Sena, et al. Atuação do enfermeiro no cuidado humanizado em unidades de terapia intensiva no Brasil: uma revisão integrativa da literatura. HU Revista. 2020.

LOIOLA NETO, Isac Rodrigues, et al. O papel do enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva na hemodiálise. Revista UNINGÁ. Vol. 31, n.1, pp.40-44 (Jul – Set 2017).

MELO, G. A. A, SILVA, R. A, AGUIAR, L. L, MEDINA, L. A. C, OLIVEIRA, C. V. F, MELO, D. G, CAETANO, J. A. Relação entre perfil profissional de enfermeiros intensivistas e cuidados omissos na terapia por hemodiálise. REME – Rev Min Enferm. 2019

NUNES, Maurício Rouvel. A atuação do enfermeiro em unidade de terapia intensiva na pandemia de COVID-19: relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde. submetido em: 8/2020 | aceito em: 9/2020 | publicado em: 11/2020.

OUCHI, Janaina Daniel, et al. O papel do enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva diante de novas tecnologias em saúde. Revista Saúde em Foco – Edição nº 10 – Ano: 2018.

PRAZERES, Letícia Erica Neves dos, et al. Atuação do enfermeiro nos cuidados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal: Revisão integrativa da literatura. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, e1910614588, 2021.

RIBEIRO, Jaqueline Fernandes, et al. Profissionais de Enfermagem na UTI e seu protagonismo na pandemia: Legados da Covid-19. Rev. Enferm. Contemp., Salvador, 2021 Outubro;10(2).

SILVA, Maria Fabiana Lucindo da, et al. Desafio ao enfermeiro nas ações assistenciais e gerenciais na Unidade de Terapia Intensiva. Temas em saúde. Volume 19, Número 4, João Pessoa, 2019.

[1] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA.

[2] Mestre.

[3] Enfermeira.

[4] Pós-Graduação em Urgência e Emergência e UTI-UNINTER.

[5] Pós-Graduada em UTI.

Enviado: Novembro, 2021.

Aprovado: Novembro, 2021.

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Ana Paula da Silva Franco

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