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Pólipo Antrocoanal: Relato de caso

RC: 42023
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CONTEÚDO

RELATO DE CASO

LIMA, Fabrizzio Omir Barbosa Barros [1], PIN, Laís Cristina de [2], RIBEIRO, Fernando Rodrigues [3], PLACHESKI, Ana Carolina Galindo [4], PASSOS, Fabio Manoel dos [5], OLIVEIRA, Ronan Djavier Alves [6], ESPÓSITO, Mario Pinheiro [7]

LIMA, Fabrizzio Omir Barbosa Barros. Et al. Pólipo Antrocoanal: Relato de caso. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 11, Vol. 06, pp. 94-100. Novembro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/polipo-antrocoanal

RESUMO

Os pólipos antrocoanais (PACs), são lesões de natureza benigna, com maior prevalência em crianças. O sintoma mais comum é a obstrução nasal unilateral, contínua, de caráter progressivo e evolução lenta. Seu diagnóstico é realizado por anamnese detalhada, associada exames de imagem como a videonasofibroscopia e a tomografia computadorizada.  Seu tratamento é exclusivamente cirúrgico, com remoção total da lesão, incluindo a inserção que geralmente encontra-se na parede lateral ou posterior do seio acometido. Este trabalho é um relato de caso de um PAC em uma paciente adulta, cujo tumor apresentava-se insinuando pela cavidade oral, submetida ao tratamento cirúrgico endoscópico nasal, com bom resultado.

Palavras-chave: Pólipo antrocoanal, Pólipo de Killian, Cirurgia endoscópica nasal, Tratamento cirúrgico, Obstrução nasal.

INTRODUÇÃO

Os pólipos antrocoanais (PACs), que têm o epônimo de pólipo de Killian, são lesões benignas, polipoides, que surgem na parede do seio maxilar provavelmente por obstrução de uma glândula mucosa, levando a formação de cisto de retenção que se exterioriza pelo óstio do seio, ocupando a fossa nasal e se estendendo até as coanas, e por vezes até a nasofaringe1.

Os PACs apresentam-se em sua maioria como massa polipoide nasal e /ou rinofaríngea unilateralmente, porém há alguns relatos de casos bilaterais. O sintoma mais comum é a obstrução nasal unilateral, contínua, de caráter progressivo e evolução lenta, porém pode manifestar-se com obstrução nasal bilateral a depender do tamanho do PAC1,6. Além de roncos noturnos bem como distúrbios do sono, respiração oral, rinorreia, gotejamento posterior, hiposmia, cefaleia, e epistaxes2,3.

RELATO DE CASO

Paciente PSKC, sexo feminino, 23 anos, apresentou-se com queixa de obstrução nasal unilateral à direita, contínua de início há 4 anos. Evoluiu com obstrução nasal bilateral progressiva, hiposmia, e roncos noturnos. No último ano começou apresentar abaulamento de palato mole. (Figura 1) Negava cefaleia, rinorreia, gotejamento posterior, queixas de atopia, rinossinusites e epistaxes. Negou também tabagismo ou etilismo, alergia a AAS ou AINES, asma, fibrose cística e outras comorbidades.

Figura 1. Visão endoscópica evidenciando lesão ocupando rinofaringe e exteriorizando para orofaringe, levando a abaulamento de palato mole e anteriorização de úvula

Fonte: Autor.

Na avaliação com videonasofibroscopia evidenciou massa única e aparentemente contínua, de aspecto polipode, de bordas lisas, ocluindo a totalidade da cavidade nasal à direita, ocupando toda a região do cavum e se estendendo para a região posterior da fossa nasal esquerda. Impossibilitando passagem da fibra para cavidade faríngea.

A Tomografia computadorizada de seios da face revelou lesão expansiva, de densidade de partes moles, ocupando seio maxilar direito, levando ao alargamento do complexo óstiomeatal, estendendo-se para cavidade nasal do mesmo lado, até a orofaringe, limites parcialmente definidos, sem impregnação de contraste. Além de lesão com as mesmas características, acometendo a região posterior da cavidade nasal esquerda, em aparente continuação com a lesão da fossa nasal direita. E desvio do septo nasal para esquerda. Demais seios e estruturas sem alterações. (Figuras 2, 3 e 4)

Figura 2. TC de seios da face – corte coronal, revelando lesão ocupando todo o seio maxilar direito com alargamento do complexo óstiomeatal do mesmo lado.

Fonte: Autor.

Figura 3. TC de seios da face – corte axial, revelando lesão ocupando toda a fossa nasal direita e região posterior da fossa nasal esquerda, com aparente continuação da lesão.

Fonte: Autor.

Figura 4. TC de seios da face – corte sagital, revelando extensão da lesão até orofaringe.

Fonte: Autor.

Realizou-se exérese da lesão por meio de antrostomia maxilar direita pela técnica endoscópica nasal exclusivamente. Os achados intraoperatórios evidenciaram que o seio maxilar direito, fossas nasais direita e esquerda, cavum e orofaringe estavam ocupados por lesão única de aspecto cístico implantada em paredes lateral direita. E que o desvio septal ocorria devido ao efeito de massa do PAC, com reposicionamento espontâneo e retificação do septo nasal após remoção de todo o tumor. Demais estruturas e suas funções estavam preservadas.

O diagnóstico histopatológico da lesão foi de pólipo inflamatório medindo 9,0 x 4,8 x 2,3cm, caracterizado por tecido conjuntivo edemaciado, revestido parcialmente por epitélio de padrão respiratório e escamoso, sem atipias. Ausência de neoplasias ou granulomas.  A paciente evoluiu sem intercorrências. Não houve recidiva até 30 dias após o procedimento. Paciente seguirá em reavaliações periódicas. (Figura 5)

Figura 5. Peça cirúrgica pós remoção endoscópica.

Fonte: Autor.

 DISCUSSÃO

Os PACs, descritos por Gustav Killian em 1906, têm uma incidência aproximada de 4%-6% de todos os pólipos nasais na população geral e são mais comuns na faixa pediátrica e adolescentes1,2.

Sua etiologia permanece desconhecida, embora evidências sugiram alguma relação  do surgimento dos PACs e a rinossinusite crônica, fibrose cística e alergias1,2. Estudos recentes sugerem que sua origem se deve a formação de um cisto que cresce próximo ao óstio maxilar. O efeito de Bernoulli, causado pelo fluxo aéreo respiratório perpendicular ao óstio, projetaria a lesão para a cavidade nasal5.

Seu diagnóstico é realizado por anamnese detalhada, associada a videonasofibroscopia e tomografia computadorizada4. A principal queixa dos pacientes é a obstrução nasal unilateral. Por isso faz-se diagnóstico diferencial com várias outras patologias que curam com este sintoma. Destacamos os mais comuns: corpo estranho nasal, polipose nasal, tumores nasais benignos como o nasoangiofibroma e os papilomas, bem como tumores nasais malignos. Na videonasofibroscopia demonstra massa de aspecto polipoide, com inserção no seio maxilar, e extensão da massa em direção a coana4. Já na TC de seios da face caracteristicamente encontra-se lesão de densidade de partes moles, estendendo-se até coanas, levando a alargamento do complexo óstiomeatal, sem acometimento ósseo4.

O tratamento do PAC é exclusivamente cirúrgico1,2,6, com remoção total da lesão, incluindo a inserção que geralmente encontra-se na parede lateral ou posterior do seio acometido4. A principal causa de recidiva é a não remoção deste pedículo de inserção do pólipo ou remoção incompleta da lesão4.

A técnica cirúrgica com a abordagem à Caldwell-Luc, que permite ampla exposição do seio maxilar, apresenta recorrência mínima2.  No entanto há risco de lesão das raízes dentárias anteriores e dos centros de crescimento da maxila2,6, por isso deve ser evitada em pacientes menores de oito anos. Atualmente a técnica endoscópica nasal, um procedimento minimamente invasivo, permite uma boa abordagem do tumor, com complicações mínimas e baixo risco de recidiva2. Salvo casos em que o sítio de inserção do pólipo não é visualizado, pode-se lançar mão da técnica combinada entre as duas já mencionadas.

A paciente desde relato de caso não apresentava nenhum fator etiológico que sugere sua causa. Foi submetida a remoção do PAC pela via endoscópica nasal, sem intercorrências, com remoção total do tumor, bem como da sua inserção. Devido ao seu grande volume que impossibilitava sua remoção pela fossa nasal, o tumor foi delicadamente direcionado para cavidade oral, por onde foi definitivamente removido, sem alteração das estruturas nasais, orais e faríngeas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PAC é um tumor benigno, de crescimento progressivo, mais comum em crianças, com tendência a recidiva quando não realizada a técnica cirúrgica adequada. Sua suspeição depende de uma boa avaliação clínica associada a propedêutica armada direcionada, com videonasofibroscopia e tomografia computadoriza. O diagnóstico precoce reduz morbidade além de permitir uma abordagem cirúrgica com maiores chances de sucesso definitivo.

REFERÊNCIAS

  1. Freitas MR, Giesta RP, Pinheiro SD, Silva VC. Pólipo antrocoanal: uma revisão de dezesseis casos. Braz J Otorhinolaryngol. 2006;72(6):831-5.
  2. Frosini P, Picarella G, De Campora E. Antrochoanal polyp: analysis of 200 cases. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2009;29:21-6.
  3. Gomes CC, Sakano E, Lucchezi MC, Endo LH. Pólipo antrocoanal – causa de obstrução nasal na infância: uma série de 12 casos. J Pediatr 1994;70(5):291-8.
  4. Lopes Filho, Otacílio. Tratado de otorrinolaringologia. In: Tratado de otorrinolaringologia. 1994.
  5. Yaman H, Yilmaz S, Karali E, Guclu E, Ozturk O. Evaluation and management of antrochoanal polyps. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2010;3:110-4
  6. Yilmaz YF, Titiz A, Ozcan M, Tezer MS, Ozlugedik S, Ünal A. Bilateral antrochoanal polyps in an adult: a case report. B-ENT. 2007;3:97-9.

[1] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; Graduação em Medicina pela Universidade Federal De Grande Dourados– UFGD.

[2] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; Graduação em Medicina pela Universidade José do Rosário Vellano.

[3] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Graduação em Medicina pela Faculdade Presidente Antônio Carlos – FAPAC, Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

[4] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; Graduada em Medicina pela Universidade de Cuiabá – UNIC.

[5] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial; Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná – UFPR.

[6] Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Graduação em Medicina pela Universidade de Cuiabá – UNIC.

[7] Doutor em Otorrinolaringologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Enviado: Agosto, 2019.

Aprovado: Novembro, 2019.

5/5 - (1 voto)
Fabrizzio Omir Basrbosa Barros Lima

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