BARROS, Simone Regina Alves de Freitas [1], FERREIRA, Fernanda Cruz Ramos [2], FALCÃO, Pedro Henrique de Barros [3]
BARROS, Simone Regina Alves de Freitas; FERREIRA, Fernanda Cruz Ramos; FALCÃO, Pedro Henrique de Barros. A Contribuição da Cromoterapia no Trabalho de Parto. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 02, pp. 52-57, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959
Resumo
Várias foram as civilizações antigas, como a egípcia, a grega, a indiana, a chinesa e outras que fizeram uso das cores para tratamento de saúde. As evidências científicas apontam que a cromoterapia é uma importante terapia complementar indicada para a redução da dor, dilatação e controle da irritabilidade durante o trabalho de parto. MATERIAIS E MÉTODOS: Pesquisa bibliográfica. A coleta de dados foi realizada de junho a outubro de 2017, por meio das seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Critérios de inclusão: estudos publicados entre 2010 e 2015, escritos em língua portuguesa ou inglesa e em forma de texto completo sobre a temática. Foram identificados 240 estudos desses apenas 22 responderam aos objetivos da pesquisa. CONCLUSÕES: Estudos apontam resultados positivos acerca da aplicação da cromoterapia nos aspectos biológicos, emocionais e psicológicos da mulher durante o trabalho de parto, embora tenha seus benéficos comprovados, essa terapia ainda é pouco divulgada no Brasil, sendo necessário o direcionamento e incentivo de pesquisas nessa área.
Palavras-chave: Parto, Dor, Cromoterapia.
Introdução
O vocábulo cromoterapia é formado por dois radicais: cromo que significa cor e terapia que corresponde a tratamento ou terapia. Então, cromoterapia é o tratamento pelas cores (BALZANO, 2008).
Define-se Cromoterapia como a ciência que utiliza as cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio físico-energético em áreas do corpo humano atingidas por alguma disfunção, com o objetivo de harmonizá-lo, atuando do nível físico aos mais sutis, entendendo-se que cada cor possui uma vibração específica e uma capacidade terapêutica (MARTINS, 2010).
Segundo Balzano (2008), ela fundamenta-se em três ciências: Medicina entendida como a arte de curar; Física como a ciência que estuda as transformações da energia, a natureza e origem da luz, os elementos do espectro eletromagnético, o comprimento da onda, frequência e velocidade da luz; Bioenergética como a ciência demonstra a existência do corpo bioenergético, analisando a energia vital. A luz é incontestavelmente a primeira fonte de vida.
Embora pareça novidade, a cromoterapia não foi inventada no século XX. Várias foram as civilizações antigas, como a egípcia, a grega, a indiana, a chinesa e outras que fizeram uso das cores para tratamento de saúde. Na China e na Índia a cor era mais relacionada à Mitologia e à Astrologia. Na Grécia muitos filósofos-médicos foram absorver o conhecimento da ciência médica na fonte egípcia, com os sacerdotes médicos. Por tratar-se de uma prática milenar, não há registros precisos da origem da cromoterapia (MARTINS, 2010).
Especialistas e estudiosos acreditam que as células humanas possuem propriedades de luz e que dependendo da harmonização dessas células, ocorrem modificações no sistema de informação do corpo (LIMA, 2017).
Para Gaspar (2002), um elemento fundamental da cromoterapia é o efeito psicológico resultante, não apenas da interação física com a radiação luminosa, mas da percepção da cor. Esse efeito é muito utilizado em Psicologia Ocupacional, Marketing e Saúde.
Os efeitos das cores são explicados como resultado das modificações que estas provocam no sistema nervoso. O estímulo colorido depois de captado pelos olhos e conduzidos ao cérebro e ali produzem transformações bioquímicas que resultam em sensações psíquicas e somáticas (PINTO, 1997).
A Cromoterapia baseia-se nas propriedades terapêuticas das sete cores do arco-íris reveladas pela incidência da luz solar nas gotículas de água da chuva, ainda suspensas na atmosfera. É como se cada gota fosse um prisma e quando os raios do sol tocam esse prisma, a luz se refrata em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, azul índigo e violeta, que são as cores também associadas aos centros de energia presentes no nosso corpo, os chakras (SANTOS et al., 2007).
Na saúde a cromoterapia é uma terapia complementar reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1976. É vista pela entidade como uma das principais técnicas complementares para tratar doenças tanto emocionais, como mentais e físicas (PEDROL, 2017).
No Brasil as práticas integrativas e complementares são definidas pela Portaria de nº 971, de 3 de maio de 2006 do Ministério da Saúde que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (LEMOS et al., 2014).
Nos últimos anos, houve uma necessidade de mudança dos modelos de assistência à saúde da mulher, devido às limitações impostas pelo modelo biomédico. Atualmente os métodos terapêuticos não convencionais vêm sendo utilizados no cuidado, manutenção e recuperação da saúde. Essas estratégias utilizam recursos simples e seguros, convergentes à atenção à saúde da mulher e as propostas de humanização da assistência ao parto e nascimento (BORGES; MADEIRA; AZEVEDO, 2011).
Sabe-se que os fatores psicológicos podem ter um papel decisivo no trabalho de parto. Elevados níveis de ansiedade são em parte, responsáveis por perturbações e complicações do parto. Assim, os medos e a ansiedade aparecem como preditores das complicações do parto (CUNHA, 2017).
Alinhando-se ao uso da cromoterapia no trabalho de parto observa-se que no campo das práticas integrativas e complementares essa terapia ainda é pouco explorada no Brasil, embora seja uma prática milenar e eficaz (PEDROL, 2017).
As evidências científicas apontam que a cromoterapia através do uso das cores é uma importante terapia complementar indicada para a redução da dor, dilatação e controle da irritabilidade durante o trabalho de parto (BARBIERI; GABRIELLONI; HENRIQUE, 2015).
Segundo Macedo e colaboradores (2008), a cromoterapia é vista como uma tecnologia de cuidado durante o trabalho de parto.
Sendo assim, este trabalho pretende responder ao seguinte problema de pesquisa: Quais as contribuições da cromoterapia para o trabalho de parto perante os achados da literatura?
Diante deste contexto, pretende-se com esse trabalho aprimorar conhecimentos acerca do uso da cromoterapia no trabalho de parto e elucidar os seus benefícios à luz das evidências científicas.
Materiais e método
Atendendo à proposta da investigação, optamos por desenvolver uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão de literatura. Para elaboração do estudo, percorremos as seguintes etapas: estabelecimento do objetivo da revisão; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de estudos; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; análise dos resultados; discussão e apresentação dos resultados. Para nortear esta pesquisa, formulamos a seguinte questão: Quais as contribuições da cromoterapia para o trabalho de parto perante os achados da literatura?
A coleta de dados foi realizada de junho a outubro de 2017, por meio das seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Os descritores utilizados para a coleta dos dados foram:parto, dor, cromoterapia. Todos segundo a classificação dos descritores em ciências da saúde (DeCS).
Os critérios de inclusão dos estudos para esta revisão bibliográfica apontaram para estudos sobre a temática: cromoterapia no trabalho de parto publicada entre 2010 e 2015, escritos em língua portuguesa e inglesa em forma de texto completo. Assim, excluíram-se os estudos com ano de publicação inferior a 2010 e as duplicidades; também foram utilizados livros, a fim de complementar a discussão dos resultados, devido à escassez de artigos científicos brasileiros sobre o objeto de estudo abordado nessa investigação. Nesse sentido, a análise crítica dos estudos incluídos foi baseada em conformidade com os objetivos desta pesquisa em que se buscou: apresentar revisão de literatura sobre cromoterapia no trabalho de parto. Os autores utilizados neste estudo foram devidamente referenciados, respeitando e identificando as fontes de pesquisa, observando assim, o rigor ético.
Resultados e discussão
Foram identificados 240 estudos nas bases de dados: SciELO e LILACS, porém considerando-se os critérios de inclusão descritos, foram selecionadas 22 publicações.
Sabe-se que um parto normal acontece sozinho, guiado pelo próprio corpo, portanto, pode ser compreendida fisiologicamente como uma cadeia sutil de hormônios, que vão acionando um ao outro e conduzindo ao parto/nascimento. Quem comanda todo esse processo é a estrutura primitiva do cérebro, chamada de “sistema límbico” e composta pelo hipotálamo e hipófise. Durante o trabalho de parto, como em qualquer outra experiência sexual, as inibições que podem acontecer no processo provêm da outra parte do cérebro, a mais moderna, denominada córtex ou neocórtex (KOEHLER, 2017).
Torna-se necessário na assistência obstétrica evitar fatores que estimulam a atividade do neocortex, permitindo que o cérebro primitivo funcione sem impedimentos e assim favoreça o trabalho de parto. Colocando-se em ação o modelo fisiológico previsto para um parto seguro e prazeroso (KOEHLER, 2017).
A mulher no trabalho de parto experimenta as mais tocantes emoções, incluindo expectativa, dúvida, incerteza ou temor. Associadas a essa experiência emocional estão às dores que, com frequência, as levam à exaustão (CAVALCANTE et al., 2007).
Contudo, esses fatores psicológicos podem desencadear altos níveis de ansiedade, responsáveis por estimularem a atividade do neocortex e impedirem que o trabalho de parto curse dentro dos padrões fisiológicos. Assim, os medos e a ansiedade aparecem como preditores do parto com experiências negativas (CUNHA, 2017).
Para Barbieri e colaboradores (2015), estas percepções conflituosas em relação ao parto podem ser minimizadas com uma assistência humanizada que extrapole a dimensão biológica. Dentro desse contexto insere-se a cromoterapia atuando nos aspectos físico, mental e emocional da mulher. Reduzindo-se ao máximo as ansiedades e temores dessas parturientes, favorecendo o pleno êxito do parto.
A tabela a seguir mostra o uso da cromoterapia no trabalho de parto segundo Barbieri e colaboradores (2015):
Tabela 1 – uso da cromoterapia no trabalho de parto
COR | INDICAÇÃO | CONTRAINDICAÇÃO |
VERMELHO |
Indicado no trabalho de parto (TP) para estimular as contrações. Produz contração da musculatura estriada. | Febre, taquicardia e pressão alta. Tensão emocional excessiva. Cãibras musculares. |
AMARELO | Para diminuir enjoos. Reduz levemente a produção de ácidos gástricos. | Evitar aplicar nos casos de infecção, inflamação, gastrite e úlcera. |
VERDE |
Muito indicada no trabalho de parto para acalmar sem desacelerar o processo. Tranquiliza, revigora e contribui para a mulher ter a força necessária para parir. Auxilia na dilatação do colo uterino. Regulariza a pressão arterial. Leve contração dos músculos involuntários. | Deve ser evitado em situações de fadiga intensa da parturiente, pois pode acentuar a fadiga. |
LARANJA | Influencia o processo de tomar decisões.antidepressivacor alegre e antidepressivaIndicada para melhorar o humor durante o trabalho de parto. Como também, o empoderamento do ato de parir. | Deve-se evitar aplicar o laranja nos casos de trombose.··. |
AZUL |
Reduz a percepção da dor no trabalho de parto (analgésico). Reduz a pressão arterial, diminui o ritmo respiratório, inibi a descarga de adrenalina. Acalma e auxilia na vocalização durante as contrações. É a cor de maior propriedade terapêutica. | Não possui contraindicações dignas de destaque. |
ÍNDIGO |
No trabalho de parto essa cor auxilia na aceitação e entendimento do processo, contribuindo para um estado meditativo, facilitando o trabalho do corpo sem a influência da mente tentando controlar. Auxilia também no pós-parto no processo de coagulação e dequitação. | Não apresenta contraindicação |
VIOLETA |
Regeneração do sistema nervoso esgotado e estressado com o TP com fadiga prolongada. Produz equilíbrio entre o sistema simpático e parassimpático e controla a irritabilidade do trabalho de parto. | Há uma possibilidade remota de desacelerar o TP devido efeito sobre o sistema nervoso simpático e parassimpático. Contraindicado na hipoglicemia. |
Fonte: Elaboração dos autores, 2017.
Conclusões
Os estudos apontam resultados positivos acerca da aplicação da cromoterapia nos aspectos biológicos, emocionais e psicológicos. No entanto, torna-se necessário que mais estudos acerca da cromoterapia no trabalho de parto sejam incentivados e sirvam de referência para profissionais que já utilizam ou desejam integrá-la a tecnologia do cuidado durante o trabalho de parto.
Referências bibliográficas
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BALZANO, O. Cromoterapia: Medicina Quântica. São Paulo, 2008. Disponível em: <www.biblioteca 24×7.com.br>. Acesso em 22 de set de 2017.
BORGES, M.R.; MADEIRA, L. M.; AZEVEDO, V. M. G. O. As práticas integrativas e complementares na atenção à saúde da mulher: uma estratégia de humanização da assistência no Hospital Sofia Feldman. Rev. Min. Enferm, 15(1):105-13, 2011.
CAVALCANTE, F.N.; OLIVEIRA, L. V.; RIBEIRO, M. O. M.; NERY, I. S. Sentimentos vivenciados por mulheres durante trabalho de parto e parto. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 21, n. 1, p. 31-40, jan/abr, 2007.
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LEMOS, I. C.; AGENOR, C.S.; OLIVEIRA, D. C. C.; CARVALHO, F. C. Produção científica nacional sobre práticas interativas não farmacológicas no trabalho de parto: uma revisão integrativa da literatura. Enfermagem Obstétrica, Rio de Janeiro, 1(1):25-30, jan/abr, 2014.
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MARTINS, E. R. Cromoterapia: influência da cor na aura e no sistema nervoso. 2010. 56p. Monografia (Curso de Pós-Graduação em terapia transpessoal) – Instituto Superior de Ciências da Saúde. Salvador – BA.
PEDROL, S. Terapia alternativa. 2009. Disponível em:< http://www.scribd.com/doc/14944401/Terapia-Alternativa> Acesso em: 20 de set. de 2017.
PINTO, N.O. Cura Através da Luz: cromoterapia associada aos chakras e a radiestesia. Salvador: Kiai Editora. 1997.
SANTOS, C.H.; OLIVEIRA, G.F; PANIZZA, T. O poder das cores: a cura dos problemas orgânicos e emocionais pelo uso das cores. Em Tempo: Jornal do laboratório dos alunos da UNIFIEO, v.5, n.19, p.12, jun. 2007.
[1] Enfermeira Obstetra do HUPAA
[2] Enfermeira Obstetra do HULW
[3] Professor Adjunto da UPE