SILVA, Luziane Brito da; VIEIRA, Elisangela de Freitas
SILVA, Luziane Brito da; VIEIRA, Elisangela de Freitas. Assistência do Enfermeiro no Tratamento da Sífilis. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 02, pp. 120-141, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959
Resumo
A sífilis é uma IST (infecção sexualmente transmissível) provocada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, onde o principal sintoma é o surgimento de uma úlcera indolor na genitália. Na era pré-antibióticos a sífilis era uma doença crônica, prolongada, dolorosa e que, em fases avançadas, acometia todos os sistemas do organismo, sendo extremamente temida e muito estigmatizada. Essa doença é classificada em precoce e tardia, de acordo com o aparecimento dos sinais clínicos. Entende-se que a sífilis congênita pode acarretar várias sequelas para a criança, tanto na infância quanto na vida adulto. O presente estudo vem demonstrar os aspectos relacionados as formas de transmissão, estágios da sífilis, assim como as medidas de prevenção, controle dessa enfermidade, como a assistência do enfermeiro no tratamento dessa patologia. Sendo realizada uma revisão integrativa de artigos indexados em base dos descritores: sífilis, congênita tratamento, transmissão, prevenção, assistência, enfermagem relacionado a artigos publicados na SCIELO e LILACS. Entende-se que tratamento deve ser feito precocemente, tanto das gestantes quantos de seus parceiros. A penicilina benzatina continua como única opção terapêutica para prevenção da sífilis congênita, e sua transmissão pode ser evitada, de acordo com o tratamento ininterrupto.
Palavras-chave: Sífilis, Congênita, Transmissão, Tratamento, Prevenção, Controle, Assistência, Enfermagem.
Introdução
A Sífilis é uma enfermidade infecciosa ocasionada pela bactéria Treponema pallidum, que se apresentam das seguintes formas: nas duas primeiras fases, momento em que a doença é mais transmissível. O último momento pode não ter sintoma e, às vezes, dá impressão de não se manifestar, porém essa afirmativa pode ser falsa.
Todo indivíduo que possui uma vida sexual ativa, precisa devem fazer o teste para diagnosticar a sífilis, essencialmente as grávidas, afinal essa enfermidade pode ser congênita pode provocar o aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer.
É necessário atenção no momento do parto, para evitar possíveis sequelas ao bebê. Mesmo não sendo 100% segura, a camisinha ainda é a forma de prevenção mais indicada para evitar a transmissão por via sexual da sífilis.
Este estudo justifica se através de dados, as disfunções que ocasiona a ausência de hábitos de prevenção para evitar doenças transmissíveis, destacando a importância de orientar os adolescentes, em relação à sífilis, alertando que é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que está relacionada a grandes problemas de saúde pública do país.
Desse modo, este trabalho tem teor qualitativo, fundamentada através de estudos bibliográficos de fontes de artigos publicados e para a execução deste estudo, norteará como fonte de busca as palavras chaves:, sífilis, estágios da sífilis, classificação da sífilis, controle da sífilis, prevenção da sífilis, tratamento da sífilis, atuação da enfermagem na prevenção e no tratamento da sífilis.
Sendo assim, considerando o índice elevado de diagnósticos de sífilis, a necessidade de se pesquisar a contextualização, estágios de transmissão da enfermidade e medidas de prevenção que serão pontuados no capítulo 1.
No capítulo 2, os mecanismos de controle e o rompimento de cadeia de transmissão, tendo no último capítulo a descrição da atuação da assistência da enfermagem perante o individuo, família e comunidade acometidos com sífilis adquirida e congênita.
O mesmo pontuará o papel do enfermeiro no auxílio dos portadores dessa enfermidade, bem como apresentar os meios de prevenção e observando formas de amenizar essa problemática
1. Sífilis: conceito e transmissão
A Sífilis é uma disfunção onde o contágio crônico tem como agente etiológico o Treponema pallidum que ataca os sistemas e órgãos, como pele, fígado, coração e sistema nervoso central. Surgiu no continente europeu no final do século XV e expandindo-se mundialmente, tornando uma enfermidade típica no século XIX (AVELLEIRA, et al, 2006)
Estudos sobre a história da sífilis apontam três versões, segundo a visão de Azulay (2008), as possibilidades de aparição da doença destacam-se, na América, na África e na Ásia. A mais aceitável é a primeira, pela presença de mudanças ósseas de origem sifilítica encontradas na época colombiana (1942), bem como a propagação da doença no continente europeu no século XV.
Porém o mesmo autor descreve a versão africana, e segundo ele, a achados relacionados a essa patologia em terras asiáticas, pontuado pelo doutor chinês Hongty (2637 a.C).
De acordo com autor acima, suas teorias ainda afirmam sobre a confusão em identificar as diferenças das sífilis com a gonorreia até 1767, Balfour conseguiu diferencia-las. Desse modo, seguindo a ideia do autor, em 1786, Hunter descreveu conceituar as particularidades dos cancros sifilíticos, em seguida Hollet identifica o cancros mistos, e por fim cita Fourmier como seguidor de Ricord, considerado o precursor em definir a sífilis em termos gerais, antes mesmo do descobrimento do agente etiológico da doença.
No início do século XX, Shaudin fez a descoberta que a sífilis originava-se da bactéria Treponema pallidum e Wassermann criou um teste para identificar a contaminação no organismo.
A Sífilis é uma enfermidade preocupante de saúde pública, quase como a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), por causa do comprometimento que pode ter em todos os órgãos e sistemas do corpo. A sífilis quando diagnosticada ou tratada de forma apropriada pode levar a quadros irreversíveis à saúde, bem como a infertilidade, doenças neonatais e infantis, câncer, abortos ou natimortos (BRASIL, 2006).
1.1 Formas de transmissão
Os meios de contaminação se dividem em duas formas: sífilis (adquirida) que se dá pelo contato direto com as feridas abertas (cancro duro- sendo lesões contaminadas, podendo ser o indivíduo infectado no ato sexual) e sífilis (congênita), o contágio é através da placenta da gestante para o bebê.
A sífilis congênita é uma disfunção de saúde pública e um marcador da qualidade da assistência à saúde materno-fetal, que ocasiona um aumento na taxa de morbidade, mortalidade materna, fetal e perinatal em grávidas portadores de sífilis (CLEMENTE et al., 2012; BRASIL, 2013).
A assistência da enfermagem relacionada à sífilis congênita é o apoio e acompanhamento do pré-natal adequada e precoce. Em suma, várias ações podem ser feitas no pré-natal, tanto diagnóstica como instrutiva em relação ao tratamento. Assim, tender a favorecer a diminuição de risco da gestante e do recém-nascido (ARAÚJO et al., 2010).
Na concepção de Santos e Anjos (2009), os motivos determinantes que direcionam a chance de transmissão vertical são o estágio da doença na mãe e o tempo de exposição fetal no útero, sendo maior no começo por causa do índice elevado de espiroquetas na circulação. A sífilis na gravidez pode provocar aborto, parto prematuro, má formações e morte fetal.
Para Campos et al (2010) a segurança de um suporte no pré-natal de qualidade é forma mais indicado e eficaz no controle da sífilis congênita, propiciando o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo.
1.2 Estágios da sífilis
A patologia intensifica através de estágios gradativamente: a sífilis primária, secundária e terciária. Desse modo, no primeiro estágio, surge a lesão mais característica desta doença: o cancro duro. A úlcera indolor aparece nesta altura na zona genital da pessoa contaminada.
Com a evolução da medicina, vários estudos contribuíram no tratamento e constatação do diagnóstico em tempo hábil da sífilis, assim como a seus estágios, porém, por muito tempo a sífilis foi confundida com a gonorreia (até 1767), algumas pesquisas foram desenvolvidas e com a chegada das novas tecnologias e evolução da ciência alguns pesquisadores do Século XVIII (Balfour e Hunter) desenvolveram estratégias de diferenciar a sífilis e a gonorreia, onde destacaram a aparência e rigidez do cancro sifilítico. (ARAÚJO, 2010).
Para compreender os casos de sífilis, a mesma pode ser dividida em:
- Sífilis Primária: apresenta após um tempo de incubação (entre 10 e 90 dias), com uma média de 21 dias após o contato com o agente etiológico. Nesse período inicial o paciente apresenta-se assintomático até o aparecimento do chamado “cancro duro”, (DONALIGIO, FREIRE e MENDES, 2007; SÁ et al, 2010).
O diagnóstico no homem é simples de ser detectado, pois a lesão localizar-se no pênis do paciente, sendo de fácil visualização; já na mulher, os ferimentos podem surgir no interior da vagina, somente com o exame com um especulo pode-se detectar com mais precisão o diagnóstico (ARAÚJO, 2008). Esta lesão permanece por 4 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente, sendo assim, a pessoa infectada pode pensar erroneamente que está curada.
- Sífilis Secundária: Instala-se decorrente da sífilis primária não tratada. É denominada através da erupção cutânea que aparece de 1 a 6 meses (6 a 8 semanas) após a lesão primária ter desaparecido (ARAÚJO, et al, 2008). Entre os sintomas citados, podem surgir de forma acentuada: mal-estar, cefaleia, febre, prurido e hiporexia.
- Sífilis Terciária: Desenvolve um ano depois da infecção inicial, mas, existem episódios que manifestam após de 10 anos. Esse estágio é caracterizado por formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas na pele e nas mucosas, existe a possibilidade de se instalarem em qualquer parte do corpo, inclusive no sistema ósseo. As manifestações mais graves incluem neurossífilis e a sífilis cardiovascular. (PIRES et al, 2007).
Tabela 1: Esquemas de tratamento da sífilis, segundo protocolo de transmissão.
Estadiamento | Penicilina G
Benzatina |
Intervalo entre as séries | Controle de cura |
Sífilis primária | 1 série/ Dose total 2.400.000 UI | Dose Única | VDRL mensal |
Sífilis secundária
(ou latente com menos de 1 ano de evolução) |
2 séries/ Dose total 4.800.000 UI | 1 semana | VDRL Mensal |
Sífilis terciária (com mais de um ano de evolução ou com duração ignorada) | 3 séries/ Dose
total 7.200.000 UI |
1 semana | VDRL mensal |
Fonte: Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis. MS, 2007.
De acordo com Avelleira e Bottino (2006), o VDR (venereal Disease Research Laboratory) é um método utilizado para detectar de reaginas da sífilis, excepcionalmente para a ação diagnóstica in vitro.
A combinação de lecitina, colesterol e cardiolipina demonstram afinidade imunológica com antígenos do Treponema pallidum, consistindo em um antígeno não treponêmico. A associação das reaginas da amostra com este antígeno gera floculação que pode ser percebida ao microscópio óptico.
1.2.1. Medidas de Prevenção
Segundo o MS Ministério da Saúde (2006), várias medidas estão sendo feitas para amenizar a propagação da doença no Brasil. Dentre essas medidas de prevenção à confecção de cadernos de boas ações em relação à doença e um método satisfatório de comunicação entre o poder público e laboratórios fabricantes da penicilina, com o intuito de aumentar a quantidade adequada do medicamento para todos no país.
Segundo Lorenzi, Fiaminghi e Artico (2009), o tratamento é fundamental, mas a orientação dos riscos e os transtornos que causam essa enfermidade à saúde e ao feto destaca a importância da utilização do preservativo durante e após o tratamento, como método de prevenção. Sendo assim, o hábito de utilizar a camisinha nas relações sexuais continua sendo a forma mais eficaz e indicada de evitar a contaminação da sífilis.
2. Medidas de controle a enfermidade sífilis
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2008), 1,4 milhão de gestantes em todo planeta foram detectadas com sífilis, sendo que 80% tinham acompanhamentos e cuidados médicos. No mesmo período, 20% dessas gestantes não foram ao serviço de referência para receber a orientação e tratamento necessário no pré-natal. (WHO 2016).
Considerando os dados mencionados a presença mundial da sífilis e seus agravantes que inserem a saúde materno-infantil, assim como as disfunções encontradas pela vigilância epidemiológica em suplantar o padrão biomédico, a fragmentação do cuidado (FERTONANI 2015), torna se importante à pesquisa e métodos estratégicos que norteiem a ação mais eficiente de medidas de intervenção.
Em nosso país, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal Brasileira em 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/90, e pela Lei nº 8.142/90; é feito de aplicações de serviços de saúde sob gestão pública, atuando em todo o território nacional, onde recomenda a prevenção através do Programa de Assistência Sentinela, que proporciona o diagnóstico e tratamento gratuitos para a população, que neste caso específico atende às gestantes e suas parcerias sexuais. Porém ainda estima-se um índice de casos de sífilis congênita, conforme é apontado pelas mortes de fetos, abortos e diversas sequelas irreversíveis para os recém-nascidos (OMS 2008).
Seguindo esse pressuposto, a redução de ocorrências de sífilis congênita é orientada pela (OMS) 2008, a realização de, no mínimo, dois testes sorológicos durante a gravidez, sendo o primeiro passo do pré-natal e o segundo no 3° trimestre de gestação. Isso se afirma pela permanência, segundo dados relatados da sífilis nas gestantes, o acesso ao diagnóstico e de tratamento e o informação ajuda a reduzir essa prevalência.
Em suma, a hipótese de reinfecção da mulher, pela ausência do pré-natal ou pelo número menor de consultas, aconselha-se a fazer um terceiro teste nas maternidades, antes do parto (SHAHROOK 2014).
Na visão de De Lorenzi (2001), a sífilis é uma patologia possível de controle no contexto da atenção básica; portanto, é importante de que todas as parturientes tenham atendimento de saúde especializado através de medidas de controle preventivo. Diante das várias políticas elaboradas pelo Ministério da Saúde (MS), ainda pode-se pontuar a Política Nacional de Atenção Integrada a Saúde da Mulher (PAISM); que é uma política estruturada, onde a proposta é a assistência de serviços à mulher.
O PAISM implementa e regulamenta a atenção à saúde em todos os estágios da vida da mulher, por meio de ações de precauções com a finalidade de diminuir a vulnerabilidade da mesma as disfunções resultantes do seu ciclo vital.
O acompanhamento pré-natal é um dos mecanismos de assistência, onde a gestante realiza o exame Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) indicado para a identificação da sífilis, feito no início da gravidez e por volta da 28 semanas, isso com o objetivo de prevenção da transmissão vertical da patologia (BRASIL, 2010).
A Ministério da Educação ( 2006 ), publicou um manual com diretrizes para o controle de Sífilis Congênita em que verbaliza metas e ações gradativa no processo de acompanhamento a gestante bem como uma assistência pré- natal adequada:
- Contato precoce da gestante para a realização em tempo hábil do pré- natal;
- Atendimento de no mínimo, seis consultas, com atenção integral qualificada;
- Realização do VDRL no primeiro trimestre da gestação, idealmente na primeira consulta, e de um segundo teste em torno da 28a semana com ações direcionadas para busca ativa a partir dos testes reagentes (recém-diagnosticadas ou em seguimento);
- Tratamento e orientação personalizada a gestante e do(s) seu(s) parceiro(s), abordando os casos de forma clínico-epidemiológica;
- Registro documentado dos resultados das sorologias e tratamento da sífilis na carteira da gestante;
- Notificação dos casos de sífilis congênita.
Segundo o Ministério da Saúde ( 2008 ), as ocorrências de sífilis em gestante e Sífilis Congênita, deve ser notificado à vigilância epidemiológica, por profissionais de saúde na execução efetiva de seu trabalho, que deverá ser notificada através de preenchimento e envio da Ficha ao setor de Vigilância Epidemiológica do município.
Os dados coletados, após serem anexados na base de dados do SINAN- Sistema de Informação de Agravos de Notificação, são revisados, analisados e informados aos diferentes níveis do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (PAZ et al., 2004).
As rotinas para notificação de casos e agravos incluídos na base de dados do SINAN é sistematizado, respeitando os níveis de interesses:
I – agravos compulsórios e agravos de interesse nacional que apresentam a Ficha de Notificação e de Investigação padronizados pela SVS;
II – agravos de interesse estadual e municipal que apresentam a Ficha de Notifi cação e o módulo de conclusão.
O autor ainda frisa a importância do conhecimento dos profissionais, em relação às questões da Vigilância Epidemiológica (VE), para melhor aplicação do controle da infecção pelo T.pallidum, afial essas atividades da VE são primordiais para a base do planejamento e controle desse evento, adicionadas à estratégia de monitoramento e avaliação.
Ademais, as medidas de controle, através da realização do VDRL, deve se atentar a um leque de possibilidade da mulher infectar-se, ou, estando infectado, transmitir a enfermidade ao bebê: antes da gestação ou durante, tanto para a realização do parto ou para curetagem pós-aborto, seja por qualquer outra intercorrência durante a gestação.
3. Assistência do enfermeiro no tratamento da sífilis
A Assistência de Enfermagem precisa ser feita em torno das gestantes e parceiros com o desenvolvimento de atividades conduzidas pelo enfermeiro, propiciando uma melhor qualidade, com acompanhamento da sífilis na consulta Pré-Natal, ações associadas à educação em saúde, monitorando de casos da enfermidade, fazendo sempre a notificação para um tratamento necessário dos parceiros sexuais, orientando na realização de exames sorológicos para propiciar possibilidades de cura (OLIVEIRA; FIGUEIREDO, 2011).
Oliveira e Figueiredo (2011) afirma que a ação de conhecer, buscar é a ferramenta mais eficaz do enfermeiro, pois promove tanto o contato precoce das mães quanto a prática assistencial ao atendimento de saúde. Quando identificada a necessidade do serviço especializado, deve se inserir a programação do calendário de atendimento pré-natal e nas consultas e de suporte da equipe de enfermagem, assegurando-se que todas as avaliações sejam feitas. E ainda, o preenchimento do cartão da gestante e da ficha de pré-natal deve ser feito corretamente (LEITÃO et al, 2009). É essencial que mesmo a quantidade de consultas e o auxílio sejam periodicamente feitos como método de avaliação do Pré-Natal, é primordial a garantia de uma boa qualidade no acompanhamento, aspecto aparentemente negligenciado na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) (MELO; FILHO; FERREIRA, 2011).
Para Silva (2010), a assistência pré-natal é um momento único, no qual o profissional possuem instrumentos apropriados para a prevenção da SC, somado ao um conhecimento técnico / científico atualizado.
É importante que os profissionais da atenção primária se aperfeiçoem para detectar e controlar essa enfermidade que, por ser associada à sexualidade, às vezes torna-se complicada a abordagem, pois as mulheres apresentam inseguranças, deixando de expor episódios relevantes relacionadas à transmissão das DSTs (ARAÚJO; LEITÃO, 2005).
O acompanhamento do enfermeiro deve ser realizado de modo completo através da anamnese com orientações a gestante e parceiro sexual, sendo um ponto facilitador para a evolução de atividades voltadas para a redução da sífilis (OLIVEIRA; FIGUEIREDO, 2011).
A pesquisa do autor, apresenta importância a sociedade ao nortear a realização apropriada do Pré-Natal de qualidade e o tratamento da gestante e de seu parceiro sexual, sendo fundamental na prevenção do diagnóstico precoce da doença, para situações difíceis, relacionadas a transmissão vertical da sífilis porém, mesmo das várias tentativa de amenizar a ocorrências da doença, constata um aumento relevante nos episódios de sífilis congênita, observando-se que inúmeras gestantes com tratamento impróprio acabam transmitindo para o seu parceiro, mesmo tendo constantes ações de incentivo e prevenção no pré- Natal.
Segue abaixo algumas sugestões de aplicações de estratégias do MS (2007) ao tratamento da Sífilis:
O Ministério da Saúde com foi visto ao decorrer deste estudo, tem realizado campanhas para a prevenção e tratamento dessa enfermidade, como também o “Projeto Nascer Maternidades”, instituído pelo Sistema Único de Saúde (SUS 2002),
que tem o intuito de restaurar a chance perdida de diagnóstico durante o pré-natal, fazendo testes em todas as gestantes que não tenham ainda sorologias negativas para sífilis, além de aplicar métodos profiláticas e/ou terapêuticas, face à positividade dos exames.
Nessa conjuntura, os profissionais que trabalham na atenção básica, adquirem uma função fundamental nesse contexto, pelo vínculo e acompanhamento presentes em todo o período pré-natal.
Atualmente o desafio no atendimento dos profissionais de saúde é a percepção e captação eficiente do diagnóstico para a execução nas estratégias da cura, promoção e proteção. A identificação da gestante, a inserção no acompanhamento pré-natal, e o acesso às consultas promovem resultados satisfatórios e ameniza o índice de sífilis congênita.
Assim é fundamental que tanto os profissionais da saúde quanto os gestores estejam realmente comprometidos com a qualidade dos serviços prestados na assistência pré-natal, considerando também essencial, os registros referentes ao acompanhamento da gestante, cabe ressaltar a necessidade de melhoria nas informações registradas nos prontuários e nos cartões das gestantes.
Em termos gerais da doença tanto adquirida ou congênita, é necessário desenvolver outras estratégias de prevenção, também eficazes, bem como a utilização regular de preservativos, a diminuição do número de parceiros sexuais, o diagnóstico precoce, o tratamento dos envolvidos e a amenização do índice de usuários de drogas, como afirma (STAMM 2015).
Conforme o Ministério da Saúde e a Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87 o profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, sendo a consulta de enfermagem uma atividade independente e privativa do enfermeiro, 14 com o objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida (BRASIL, 2012).
De a acordo com Campos et al (2010), a eficácia ação de assistência pré-natal de qualidade é uma atividade de controle da sífilis congênita, assegurando-se o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo hábil. Portanto, durante a realização do pré-natal, o enfermeiro deve pedir o exame VDRL para todas as mães grávidas, nos três trimestres de gestação; e ainda, deverão fazer testes rápidos (TR) para detecção de HIV e sífilis às gestantes já no primeiro atendimento (BRASIL, 2012).
Seguindo esse pressuposto, Araújo et al (2012) identificaram a Incidência da sífilis congênita no Brasil e sua relação com a Estratégia Saúde da Família, e encontraram resultados negativos em relação a qualidade do pré-natal oferecido, onde o número de grávidas é baixo sendo entre (7,7% a 49,6%) que possuem acompanhamento apropriado.
É fundamental e necessária uma atenção de qualidade e humanizada no pré-natal e puerperal, para a saúde materna e neonatal. Inclusive a realização de ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrem neste período. (BRASIL, 2005)
A enfermagem têm funções essenciais na prevenção e tratamento da sífilis congênita, através de ações assistenciais; bem como Continuidade de ações: campanhas; palestras; orientações às mulheres, juntamente com a triagem de notificação quando procuram as Unidades Básicas de Saúde e nas consultas realizadas pelo enfermeiro durante o pré-natal, organizando as estratégias de abordagem, cuidado com a integridade da pele prejudicada e Educação em Saúde nas Escolas. É necessário frisar para a gestante, a importância da realização de testes sorológicos, mesmo com a falta de sintomas, às atividades sexuais e à realização do pré-natal. (SANTOS; ANJOS, 2009).
Considerações finais
Através deste estudo, observou-se que a sífilis ainda é uma grande disfunção que afeta a saúde pública, por ainda detectar novos episódios, em todo território brasileiro e no mundo. Entre estas a preocupação em proporcionar qualidade da assistência no pré-natal, já que através do acompanhamento que é possível detectar a doença e captar a sífilis adquirida.
A pesquisa ainda revelou o papel fundamental do profissional de enfermagem no controle e prevenção da sífilis, através da realização de cuidados de caráter privativo, como as consultas de enfermagem, bem como os de cunho comum entre os profissionais de saúde, como as atividades educativas em saúde, que possibilita o conhecimento dos estágios da doença.
Observamos nessa pesquisa que falta de acesso à assistência pré-natal foi apontada inicialmente como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita.
O enfermeiro tem função primordial na melhoria da qualidade a assistência ofertada às gestantes, considerando que suas aplicações interventivas contemplam a captação precoce, o acompanhamento, a oferecimento de exames no início da gravidez. Compreende-se ainda que, o atendimento clínico apropriado à grávida e de seu(s)parceiro(s), incluindo a orientação sobre a enfermidade e métodos de prevenção, poderá contribuir o aumento da incorporação ao tratamento e redução da vulnerabilidade das mulheres e seus parceiros às DST.
Em suma, o enfermeiro deve desenvolver ações educativas e outras estratégicas de prevenção, no intuito de orientar melhor às gestantes sobre a problemática e o forma de transmissão da sífilis e de seus resultados negativos e preocupantes da doença.
Desse modo, faz-se necessária a contínua sensibilização e educação continuada de todos os profissionais de saúde envolvidos com a assistência as mulheres em geral, e em especial, as grávidas, tendo em vista a aplicação de condutas para a redução de complicações maternas e fetais.
Sendo assim, o aperfeiçoamento na capacitação dos enfermeiros por meio da educação continuada, propicia uma assistência mais especializada e significativa e ainda contribui para a detecção precoce da sífilis, promovendo a diminuição da propagação e possível cura da infecção da sífilis e fortalecendo o combate e prevenção dessa enfermidade no país.
Referências
ANDRADE, R.FV., et al. Conhecimento dos enfermeiros acerca do manejo da gestante com exame de VDRL Reagente. DST – Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, v.23, n.4, p.188- 193, 2011.
ARAÚJO, Jeferson Santos. et al. Assistência de enfermagem no pré-natal de gestantes sifilíticas: Um cuidado necessário. In: Anais do congresso brasileiro dos conselhos de enfermagem; 2010; Universidade Federal do Pará, 2008. Acesso disponível em 16 de agosto de 2017.
ARAÚJO, M.A.L.; LEITÃO, G. C. M. Acesso à consulta a portadores de doenças sexualmente transmissíveis: experiências de homens em uma unidade de saúde de Fortaleza, Ceará. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol.21, n. 2 , mar. / apr. 2005
ARAÚJO, S.M., et al.. A importância do pré-natal e a assistência de enfermagem. Veredas Favip, Revista Eletrônica de Ciências, v.3, n. 2, jul \ dez. 2010.
ARAÚJO,Cinthia Lociks et al. Incidência da sífilis congênita no Brasil e sua relação com a estratégia saúde da família. Rev. Saúde Pública 2012;46(3):479-86
AVELLEIRA João Carlos Regazzi, BOTTINO Giuliana, Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An. Bras.Dermatol. vol.81 nº2 Rio de Janeiro Mar./Apr.2006.
AZULAY, David Rubem. A Sífilis na assistência pré-natal. Revista Epidemiologia e Serviços de saúde. Editora Guanabara. Koogan 5 ed. Rio de Janeiro/Ano2008.
BRASIL Ministério da Saúde. Conversando com a gestante. Brasília, 2008 a. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual Técnico: Pré-natal e puerpério Atenção qualificada e humanizada. Brasília, 2005.
BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006
BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Diretrizes para o controle da sífilis congênita. Brasília, 2015.
CAMPOS, Ana Luiza.; et al. Epidemiologia da sífilis gestacional em Fortaleza, Ceará, Brasil: um agravo sem controle. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro 2010.
CLEMENTE, Tâmara Santos. et al. A importância do pré-natal como ferramenta na prevenção da sífilis congênita: revisão bibliográfica. Cadernos de Graduação – Ciências Biológicas e da Saúde Fits, Maceió, v. 1, n.1, p. 33-42, nov. 2012. Acesso disponívelem:https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitsbiosaude/article/view/455> 18 de agosto de 2017
DE LORENZI, D. R. S. Sífilis congênita como indicador de assistência pré-natal. Rev Bras Ginecologia e Obstetrícia. 2001; 23 (10): 647-52
Donalísio MR, Freire JB, Mendes ET. Investigação da sífilis congênita na microrregião de Sumaré, Estado de São Paulo, Brasil – desvelando a fragilidade do cuidado à gestante e ao recém nascido. Epidemiol Serv Saúde 2007; 16:165-73.
GONÇALVES, Alexandre. Origem da Sífilis, é mais antigo que o imaginado. São Paulo Ano 2010. Acesso disponível em 20 de agosto de 2017.
Interdisciplinar, volume 08, número 01, Janeiro e fevereiro, março de 2015.
JUBILUT, Paulo. Sífilis, A Importância da Prevenção. Revista eletrônica Bayer/ maio 2016. Acesso disponível em 20 de agosto de 2017.
LEITÃO, E. J. L; et al. Sífilis gestacional como indicador da qualidade do pré-natal no Centro de Saúde n.º 2 Samambaia-DF. Com. Ciências Saúde. 2009; 307-314.
LORENZI, Roberto; FIAMINGHI, Luciane; ARTICO. RECH Graziela. Transmissão vertical da sífilis: prevenção, diagnóstico e tratamento. FEMINA | Fevereiro| vol 37 |nº 2 Ano 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR) . Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis, Brasília, 2016. Acesso disponível em 20 de agosto de 2017.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR)Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.
MINISTÉRIO DA SAÚDE(BR) Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Transmissão Vertical do HIV e Sífilis: Estratégias para Redução e Eliminação [Internet]. Brasília, DF; 2014
OLIVEIRA MLC, Lopes LAB. Situação epidemiológica da sífilis em gestantes e da sífilis congênita no DF [Internet]. [citado em 2010 Mar 17]. Disponível em: http:// www.saude.df.gov.br/sites/300/373/00000212.pdf.
PAZ, L.C., et al. Vigilância epidemiológica da sífilis congênita no Brasil: definição de casos, 2004. Boletim Epidemiológico AIDS e DST , a. 1, n.1, jan.-jun. 2004.
Pires O; et al. Vigilância epidemiológica da sífilis na gravidez no centro de saúde do bairro Uruará-Área Verde. DST J Bras Doenças Sex Transm 2007; 19:162-5
SÁ RAM, Bornia RBG, Cunha AA, Oliveira CA, Rocha GPG, Giordano EB. Sífilis e gravidez: avaliação da prevalência e fatores de risco nas gestantes atendidas na Maternidade Escola – UFRJ. DST J Bras Doenças Sex Transm 2001; 13:6-8.
SHAHROOK Sadequa. Strategies of Testing fr Syphilis During Pregnancy. Cochrane Data Base Syst Ver. 2014.
SANTOS, Vanessa. ANJOS, Karla. Sífilis: uma realidade prevenível. Sua erradicação, um desafio atual. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 257-263, mai./ago. 2009.
SILVA, Teresa,et al. Prevenção da sífilis congênita pelo enfermeiro. Revista Interdisciplinar v. 8, n. 1 Ano 2015.
STAMM LV. Syphilis: antibiotic treatment and resistance. Epidemiol Infect. [Internet]. 2015;143(8):1567-74. doi: 10.1017/S0950268814002830
WHO Investment case for eliminating mother-to-child transmission of syphilis: promoting better maternal and child health and stronger health systems [Internet]. Geneva; 2012. Disponível em: http://apps. who.int/iris/bitstream/10665/75480/1/9789241504348_ eng.pdf ISBN 978 92 4 150434 8. Acesso em: 8 de out 2017