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Analise cultural/antropológica de aspectos do patrimônio material e imaterial da cultura polonesa no município de São Bento do Sul/SC.

RC: 19451
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CONTEÚDO

CHAPIESKI, Rafael Márcio [1]

CHAPIESKI, Rafael Márcio. Analise cultural/antropológica de aspectos do patrimônio material e imaterial da cultura polonesa no município de São Bento do Sul/SC. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 14, pp. 15-23, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

A pesquisa forneceu subsídios para uma análise antropológica do patrimônio material e imaterial da cultura polonesa no município de São Bento do Sul/SC. O espaço específico desta análise foi a Colônia (mais tarde Vila) de São Bento, que hoje é o município de São Bento do Sul. A contribuição Cientifica desta pesquisa antropológica do patrimônio material e imaterial preencheu a pouca informação que se tem com relação a sua própria história local e bens culturais antropológicos. Num sentido mais amplo, a ligação das abordagens com locais específicos constitui-se por grande mérito da investigação cultural e antropológica, porque enlevam o orgulho e a valorização de sujeitos que se descobrem como formadores “do processo”. Sob recorte temporal de 1873-1945 teve-se como ponto de partida para o estudo, o momento da fundação da Colônia São Bento, que está diretamente ligada à Fundação da Colônia Dona Francisca. A proposta central foi abordar o espectro da Cultura Material e Imaterial: Arquitetura, Indumentária, Utensílios domésticos. Portanto, constatou-se o quanto os grupos de imigrantes viveram recriações socioculturais necessárias às suas aspirações individuais e coletivas.

Palavras-Chave: Cultural, Antropologia, Poloneses, Design.

INTRODUÇÃO

A pesquisa tem como objetivo fornecer subsídios para uma análise antropológica do patrimônio material e imaterial da cultura polonesa no município de São Bento do Sul/SC. É percebido como pequena a contribuição aos estudos antropológicos do patrimônio material e imaterial da cultura polonesa do Estado de Santa Catarina, especificamente, do município de São Bento do Sul.

Foi em 23 de setembro de 1873 que os machados dos colonizadores reboaram pela primeira vez para a limpeza dos lotes, assim constituindo a colônia São Bento. (ZIPPERER, 1873). “Na primeira distribuição de lotes os, ainda em 1873, os poloneses preferiram a estrada Wunderwald, onde ficaram em maioria, motivo este para a  estrada ser mais conhecida como estrada dos polacos”.

Infelizmente no Estado de Santa Catarina ainda não dispomos de estudos tão detalhados sobre grupos étnicos minoritários e que se situaram de modo mais disperso. Isto de certa forma dificulta o trabalho dos agentes governamentais quando optam pela defesa de nosso Patrimônio Histórico, sejam eles bens móveis ou imóveis.

O espaço específico desta análise é a Colônia (mais tarde Vila) de São Bento, que hoje é o município de São Bento do Sul. O contato principalmente com pesquisas antropológica do patrimônio material e imaterial de diversas culturas, percebeu-se como lacuna de um modo geral, a pouca informação que as pessoas têm com relação a sua própria história local e bens culturais antropológicos.

Como um dos motivos para o aumento e acréscimo desses novos estudos, poderíamos elencar o surgimento na última década, de várias demandas relacionadas a análise antropológica cultural. Num sentido mais amplo, a ligação das abordagens com locais específicos constitui-se por grande mérito da investigação cultural e antropológica, porque enlevam o orgulho e a valorização de sujeitos que se descobrem como formadores “do processo”.

Apesar de aleatoriamente visualizarmos informações que enfatizam uma identidade única, sabemos que divergimos ao vivenciar uma diversificada herança étnica. Portanto nas gerações de imigração, algumas colônias não foram caracterizadas por homogeneidade cultural. Afinal, construir a casa e ter condição de trabalho para sustentar a família era desejo de todos. A escola (paroquial) para os filhos também era primordial.

Sob recorte temporal de 1873-1945 tem-se como ponto de partida para seu estudo, o momento da fundação da Colônia São Bento, que está diretamente ligada à Fundação da Colônia Dona Francisca. A proposta central é abordar o espectro da Cultura Material e Imaterial: Arquitetura, Indumentária, Utensílios domésticos. Portanto, é dar ênfase e propor o quanto os grupos de imigrantes viveram recriações socioculturais necessárias às suas aspirações individuais e coletivas.

A presença de descendentes de poloneses, no sul do Brasil, é marca que nada pode apagar, ao contrário luz permanente de desenvolvimento e progresso. E para entender esta realidade muitas vezes marcada por sonhos, ilusões e contradições, principalmente no Norte de Santa Catarina, município de São Bento do Sul e Paraná, região de Curitiba, se faz necessário mergulhar na História Européia, desde o início do século XIX e conjuntamente na História do Brasil nos seus últimos 200 anos.

Os poloneses pioneiros que se instalaram no Município de São Bento do Sul, foram deslocados pela Companhia Colonizadora de Hamburgo, da Alemanha até o Porto de São Francisco. Sendo instalados provisoriamente em Joinville, para em seguida serem deslocados para a Colônia de São Bento, no alto da Serra do Mar. A origem destes imigrantes, conforme dados do Arquivo Histórico de Joinville e Arquivo Histórico de São Bento do Sul, está na Alemanha Oriental ou mais precisamente Prússia Oriental, região polonesa, porém anexada pela Prússia na época de sua unificação 1871[2]. Outros poloneses chegaram na Colônia de São Bento, vindos de Rio Negro ou de Curitiba. Porém eram pequenos grupos, indivíduos ou famílias, sem muita organização, que acabaram se fixando em áreas agrícolas isoladas, como a vila de Rio Natal.

Foi em 23 de setembro de 1873 que os machados dos colonizadores reboaram pela primeira vez para a limpeza dos lotes, assim constituindo a colônia São Bento. (ZIPPERER, 1873). “Na primeira distribuição de lotes os, ainda em 1873, os poloneses preferiram a estrada Wunderwald, onde ficaram em maioria, motivo este para a estrada ser mais conhecida como estrada dos polacos”.

Faz-se necessário o estudo de categorias de análise como etnicidade, memória e identidade. Por ser fruto de discussão interdisciplinar envolvendo a História, Sociologia e Antropologia, torna-se muito importante considerar estas categorias analíticas. Mais especificamente, no caso de estudos sobre religiosidade, é muito frequente a utilização das ciências tidas por auxiliares, como a Filosofia, Sociologia e Psicologia.

Como a pesquisa empírica aqui se constitui por essencial, o papel da Antropologia Cultural Material e Imaterial.

Nos últimos anos observa-se uma intensificação da vida cultural dos descendentes dos imigrantes poloneses no Brasil, assim como da cooperação entre as suas instituições da Polônia. Em 1900 foram fundadas duas novas organizações, a Polbras, presidida por Anísio Olesky e a Braspol, presidida por Rizio Wachowicz. A Braspol congrega atualmente mais de trezentas entidades polono-brasileiras espalhadas pelo Brasil, aproximando-as e contribuindo para a intensificação das suas atividades.

Muitas tradições são pelo grupo de poloneses ainda cultivados. Além de um muito bem organizado museu. Há também uma filial de Braspol, que relata muito bem suas atividades, além de promover encontros entre os descendentes, missas festivas e grupos como o dos “Reis Magos”. São netos dos primeiros imigrantes, que moravam em bateias e que acordavam de madrugada para ir rezar e acompanhar a missa com padres no Rio Vermelho. Mas hoje, a comunidade local manifesta sua alegria em poder realizar festejos religiosos e levar para outras comunidades a apresentação dos reis magos, em época de páscoa ou de comemoração do natal.

Como a maioria aqui não se dedicou à atividades ligadas ao comércio profissional e sim mais à agricultura, o gosto pelo cultivo da terra ainda é muito evidente. O seu orgulho de prover seus próprios alimentos e desempenhar bem suas atividades aqui no Brasil, proporcionaram-lhe o orgulho de sua origem.

Os poloneses, apesar de seu atraso com relação aos moldes da Europa Ocidental, sentiram sua superioridade técnica e isto os satisfez em seu orgulho. Onde quer que as populações agrícolas nativas brasileiras entrem em concorrência, os poloneses se impuseram na agricultura.

Era e ainda é muito comum confundir o termo “polaco”, com a forma de um estereótipo negativo e humilhante. “O termo polaco, durante algum tempo, foi usado no Sul do Brasil para agredir e ofender os imigrantes e seus descendentes”. No entanto, no Brasil, estudos da reversão do termo para “polonês”, atribuídos por grupos de convívio, demonstram a grande confusão que girou (e gira) em torno dessa nomeação. Afinal, polaco era o termo correto, a identificação de alguém nascido na Polônia.

Esta atribuição correta não só em colônias paranaenses, mas na Colônia são Bento também, parecia, entretanto, ser entendida somente entre o próprio grupo. Ou seja, para eles, ser polaco era motivo de orgulho.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A investigação está dividida em duas etapas:  etapa 1ª são os métodos e materiais; a 2ª  a seleção do objeto para registro fotográfico e a 3ª Analise e descrição técnica sob a ótica  da antropologia cultural e do design.

 A primeira etapa metodologicamente desenvolveu-se por meio de  pesquisas bibliográficas e levantamentos de fontes primarias. O primeiro local investigado foi o Arquivo Histórico Municipal de São Bento do Sul, em busca de registros históricos da presença dos poloneses no município de São Bento do Sul, e respectivamente sobre sua cultura.  Foram encontrados registros originais e copias das listas dos primeiros imigrantes poloneses que aqui instalaram-se no final do século XIX e  inicio do século XX. A bibliografia acessada consta das seguintes obras: Murielle Silveira Boeira Benthien,  Poloneses da colônia São Bento (1873-1930);, Alexandre Pfeiffer, São Bento, cousas do nosso tempo. 2.ed. São Bento do Sul: dos autores1991, Josef Zipperer, São Bento no passado: reminiscências da época de fundação e povoação do município. Diários reunidos por Josef Zipperer. Curitiba 1951.

Utilizando a metodologia da Entrevista, a coordenadora do grupo Folclorico Polonês Hercílio Malinowsky , Neide Cabral, permitiu o acesso ao conhecimento do patrimônio Material e Imaterial, em que  inúmeras características antropológicas e do design da indumentária típica polonesa foram consolidados pela pesquisa.

A Sociedade Varsóvia de São Bento do Sul, que é responsável por promover diversos eventos de cunho étnico Polonês, foi acessada por meio de uma entrevista do porta voz da sociedade, Marco Viliczinski, permitindo conhecer a origem, história e sua importância social para a identidade cultural polonesa no Município de São Bento do Sul.

A 2ª etapa foi realizada por meio de Registro fotográfico dos trajes típicos poloneses, detalhando a simbologia da identidade polonesa, presente nos quatro trajes típicos. Aspectos do design presentes no casario típico polonês, especificamente nas localidades de Rio Natal e Rio Vermelho, resultou em conteúdo visual fotográfico presentes nas construções típicas polonesas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme etapas metodologicamente propostas, primeiramente foi realizada uma investigação no acervo do Arquivo Histórico de São Bento do Sul, onde foram obtidas diversas informações necessárias para obter êxito na pesquisa proposta.

Além de informações obtidas em acervos, foram realizadas algumas visitas ao Grupo Folclórico Polonês Hecílio Malinowsky, onde primeiramente foi indagado em relação a sua história, e motivos de fundação desde tradicional grupo de danças típicas.

Neide Cabral aponta em entrevista conedida ao pesquisaor que o grupo foi fundado no dia dez de maio do ano de 1996 pelas professoras, Diucléia Giese, Isolete Valentin e Neide Cabral, com o intuito de cultivar a cultura polonesa e incentivar as crianças e pré-adolescentes a tomar conhecimento dos costumes dos seus descentes.

Em seu arquivo próprio, o grupo folclórico conta com inúmeros registros de suas apresentações e afins, este registro é de uma das primeiras formações,  já que existe uma certa rotatividade de integrantes.

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Fonte :Acerrvo grupo folclórico Hercílio Malinowsky

O nome do grupo é o mesmo da escola onde o grupo surgiu, a Escola Basica Municipal Doutor Hercílio Malinowsky, ambos em homenagem ao dentista Hercílio Malinowsky que foi homenageado pela prefeitura após seu falecimento.

Atualmente o grupo é comandado apenas pela Neide Cabral, que ensaia semanalmente nas quartas feiras as 17:30, na própria escola.

Conta apenas com um grupo juvenil de 25 integrantes, sendo eles meninas e meninos da própria escola, a partir do 6ºano que por livre e espontânea vontade migram para o grupo. Não tem idade limite para sair do grupo, o integrante que decide a hora de sair, por exemplo, existem dois alunos remanescentes que estão no ensino médio e continuam abrilhantando nos palcos da região

Figura 2 Escola Básica Municipal Doutor Hercílio Malinowsky

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Fonte: O autor (2017)

O grupo conta com um repertório variado de danças, para suas apresentações, são elas: Sacz, Lublin, Kracówiak, Kurpie, Kachup, Mazur, Goralsky e Slask. Seus principais eventos são participações de festas típicas da região, festivais de danças polonesas como o: Campeonato estadual de dança de Santa Catarina, onde se sagrou campeão no ano de 2016, e o Dança Curitiba, onde sua melhor colocação foi o segundo lugar no ano de 2016.

O grupo utiliza o traje de Mazur militar, baseados nos trajes franceses da nobreza exibem leveza e requinte de tecidos e passos sua dança é graciosa e tenta mostrar a força do povo polonês. Uma dança nobre de raízes da região de Mazury e Mazowsze.

CONCLUSÃO

Nem todas as etnias eram constitutivas de serem consideradas no Brasil como elementos ativos sociais. Temos de levar em consideração que nosso país tende aos poucos, de maneira positiva, trazer cada vez mais pesquisas para investigar identidades por vezes “silenciadas”.

Muito ainda há por se fazer nas áreas da pesquisa, felizmente. Seria muita ambição, pensarmos que uma única identidade constituíra-se no ícone representativo de nossa sociedade tão plural em gostos, manifestações, gestos, atitudes, comportamento e religiosidade.

Buscou-se aqui, proporcionar ao leitor informações e análise abrangente sobre descendentes de poloneses e seu processo de recriações socioculturais, quando ocorreu sua inserção na sociedade brasileira.

Muito desta riqueza ainda pode ser estudada e esta foi uma pequena contribuição. Refletir sobre seus valores, como sujeitos não só participantes do desenvolvimento agrícola e urbano de São Bento, mas também como recriadores de seus valores, evidencia o quanto ainda pode ser explorado em pesquisas futuras. Portanto, a pesquisa não encerra o assunto.

REFERÊNCIAS

ANAIS DA COMUNIDADE BRASILEIRO POLONESA. Superintendência do Centenário da Imigração Polonesa ao Paraná. Curitiba, 1969.

ARQUIVO DA PARÓQUIA PURÍSSIMO CORAÇÃO DE MARIA. Livro Tombo nº 1. São Bento do Sul, 1901.

ARQUIVO HISTÓRICO DE JOINVILLE. Em Registros da Imigração em Joinville 1873.

BENTHIEN, Murielle Silveira Boeira. Poloneses da colônia São Bento (1873-1930) Porto Alegre: EST Edições: Rodycz & Ordakowski, 2016.

VASCONCELLOS, Osny, PFEIFFER, Alexandre. São Bento, cousas do nosso tempo. 2.ed.São Bento do Sul: dos autores1991.

ZIPPERER, Josef. São Bento no passado: reminiscências da época de fundação e povoação do município. Diários reunidos por Josef Zipperer. Curitiba 1951.

Entrevistas

VILICZINSKi, Marco, entrevista concedida a Bruno Duarte. São Bento do Sul-SC 2017.

CABRAL, Neide, entrevista concedida a Bruno Duarte. São Bento do Sul-SC 2017.

ARQUIVO HISTÓRICO DE JOINVILLE. Em Registros da Imigração em Joinville 1873.

[1] Graduação Filosofia; Doutor: Historia, Universidade do Contestado – Campus Rio Negrinho/SC

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Rafael Márcio Chapieski

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