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Educação Moral como Forma de Combater a Violência e o Bulling nas Escolas

RC: 18259
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CONTEÚDO

SILVA, José Antonio da [1]

SILVA, José Antonio da. Educação Moral Como Forma de Combater a Violência e o Bulling nas Escolas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 01, pp. 104-114, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar o cenário da violência escolar e do bulling na escola e quais suas consequências e formas de combate possíveis utilizando-se da pesquisa bibliográfica onde concluiu-se que a violência escolar e o bulling são ocorrências cada vez mais frequentes nas escolas, mas no momento em que a educação moral contribui com palestras, ensinamentos e muito dialogo, os alunos passam a entender que certas atitudes, ações e pensamentos não colocaram para o crescimento pessoal e social de cada um deles, muito pelo contrario os afasta de um cenário educacional positivo.

Palavras-chaves: Violência Escolar, Educação, Moral, Valores, Bulling.

1. Introdução

Pensar, hoje, em um conceito para a violência é fazer um esforço de reflexão sobre a nossa época, pois nos obriga a ver o momento atual num exercício de compreensão e distanciamento do nosso tempo, para que possamos perceber os condicionantes e as inter-relações que a escola possui com o fenômeno da violência. Devido à amplitude do fenômeno, o que dificulta o seu entendimento no que cabe a sua definição, estão a polissemia do conceito, a controvérsia na delimitação de seu objeto, as quantidades, variedade e interação de suas causas e a falta de consenso sobre a sua natureza.

Ristum (2001) faz uma exposição sobre cada um desses pontos, de forma a delimitar e classificar os problemas relacionados à violência, no que tange aos trabalhos produzidos na área de saúde pública, sociologia e psicologia social. Devido ao espaço e ao foco, esse trabalho se limitará à definição da violência e a sua classificação. Desse modo, encontramos definições das mais abrangentes às mais específicas na tentativa de definir a violência exigindo um aprofundamento nessa temática e mostrando de forma paralela a relevância de estudar a violência nas escolas, formas de combatê-la ou minimizá-las e as consequências possíveis da expansão da violência e do bulling nas escolas.

Nesse cenário este estudo tem como objetivo analisar o cenário da violência escolar e do bulling na escola e quais suas consequências e formas de combate possíveis.

Como metodologia este artigo adere a pesquisa bibliográfica que será feita mediante explicações embasadas em trabalhos publicados sob a forma de livros, revistas, artigos, enfim, publicações especializadas, imprensa escrita e dados oficiais publicados na Internet, que abordem direta ou indiretamente o tema em análise.

2. A violência escolar

Tavares dos Santos (2001) informa que a instituição escolar tem sido locus de conflito em, pelo menos, 23 países nos quais a violência escolar foi identificada como um fenômeno social. O autor pontua que tal fato vem se apresentando não apenas em países periféricos, mas também nos países centrais do sistema capitalista. Em seu trabalho salienta algumas pesquisas realizadas na França, no Canadá e nos Estados Unidos, apresentando alguns fatores – identificados nestes países – que contribuiriam para a violência na escola. (REIS; COSTA, 2011)

Na França, além da exclusão social, são apontados: a incapacidade atual da escola em fundar um modelo de ordem; a configuração de um conflito, cujo centro é o julgamento escolar; o desenvolvimento de uma cultura da violência arraigada no universo juvenil. (DIORIO, 2011)

A identificação de causas ou fatores que contribuem para a violência no contexto escolar tem sido uma tarefa incessante dos pesquisadores que se dedicam à temática. Se a própria definição de violência é polissêmica, controversa e relativa, os resultados de pesquisas sobre os fatores geradores se apresentam da mesma forma e com abordagens diferentes.

Por atmosfera escolar, entendemos a qualidade do ambiente da escola e o nível de bem-estar físico e emocional de seus alunos, independentemente de suas dificuldades sociais de origem, bem como as inter-relações percebidas e vivenciadas por seus protagonistas, que influenciam seu comportamento e que têm como base as relações interpessoais entre alunos, alunos e professores, e administradores e pais de alunos. (BLAYA, 2003; REIS; COSTA, 2011).

Abramovay e Rua (2002) se alinham com outros pesquisadores que entendem que, além de enfoques multidimensionais, a análise das situações de violência escolar exige uma abordagem transdisciplinar, com a contribuição das ciências da educação, da sociologia, da psicologia, da ciência política e da justiça criminal. As autoras argumentam que, no debate sobre a violência escolar, há uma tendência a que sejam enfatizados os fatores externos à escola, o que neutraliza a responsabilidade do sistema escolar no reconhecimento do fenômeno e no seu combate.

Por estes motivos, as autoras optam por recorrer a enfoques multidimensionais,

“nos quais se aponta um conjunto de fatores como prováveis causas da violência, sejam eles internos ou externos à escola”. (ABRAMOVAY; RUA, 2002, p. 29).

Cabe acrescentar a contribuição do trabalho de Abramovay (2002 et al.) que, mantendo a mesma concepção apresentada no parágrafo anterior, focaliza o ambiente escolar e aponta algumas situações que, no limite, podem favorecer a ocorrência de violência.

Sposito (2002, p. 73) analisa que na “equação escola e violência social, é preciso considerar que a acentuação dos processos de exclusão social constitui fator de risco para a violência”, embora não se possa estabelecer uma relação de causalidade entre miséria e violência.

Bazílio e Kramer (2006) abordam em seu trabalho “a questão da violência como estratégia que materializa o grau máximo da desigualdade e da exclusão”, acrescentando que o propósito da reflexão consiste em “apontar alguns aspectos do contexto de violência praticada contra/por crianças e jovens que têm impacto nas atitudes dos adultos, especialmente professores.” (BAZÍLIO; KRAMER, 2006, p. 109).

Os autores iniciam a reflexão pontuando a desigualdade e a exclusão como questões centrais na discussão sobre a violência e alertando que reconhecer a presença da violência na tradição brasileira é fundamental para que se possa combatê-la.

3. Bulling

A operacionalização do termo “bullying” parece-nos particularmente importante, dado poder existir o risco de confundir com outras formas de comportamento violento que é normalmente expresso em determinadas idades. Como dissemos a violência escolar nem sempre abarca situações esporádicas e nem está sempre próxima do termo “marginalidade” ou “criminalidade”, razão pela qual optamos por dizer que o “bullying” é uma das manifestações de violência sistemática e intencional, cuja persistência de uma prática a que a vítima é sujeita é o que o diferencia de outras situações de violência. (REIS; COSTA, 2011)

Cabe ressaltar que diversos estudiosos vêm dando suas definições e contribuições, ao longo do tempo, com respeito a esse tipo de comportamento. Porém, todas as definições convergem para a incapacidade da vítima em se defender.

Apontamos também, aliado a essa tendência, o fato de que a vítima não consegue motivar outras pessoas a agirem em sua defesa. Portanto, o bullying é um conceito específico, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência.

Assim o bullying possui, ainda, a propriedade de ser reconhecido onde quer que existam relações interpessoais, ou seja, em vários contextos: nas famílias, nos condomínios residenciais, nos clubes, nos locais de trabalho, nas prisões, enfim em qualquer lugar. Mas, no caso específico, focamos e fenômeno no ambiente escolar, o que se denomina de “bullying escolar”. (MOURA et al. 2011)

Muitos teóricos, como Menin (2002), por exemplo, alegam que um dos grandes problemas que leva ao bulling é exatamente a ausência de ensino de valores tanto na escola, quanto na família, levando a certas atitudes que desrespeitam de forma drástica os valores morais, como no caso do respeito ao próximo e da violência do bulling.

Logo este estudo chega ao seu foco: como lidar com a violência e o bulling na escola? Quais as estratégias para sua diminuição? Em resposta defendemos que através da educação moral e ensino de valores o cenário poderá ser gradualmente mudado.

4. Educação moral e ensino de valores

A escola ao assumir um caráter social, torna-se uma das instituições mais importantes na transmissão de valores, legitimada pela sociedade, vindo logo após da Família e da Igreja. Essa posição, por si só, não é garantia de êxito, haja vista a situação de violência que domina várias escolas. Espaço privilegiado de democratização e de construção da cidadania, a escola tem se tornado refém da cultura da violência. A violência instaurou-se nas escolas como um fenômeno crescente, presente em especial nas que se localizam nas áreas urbanas, alterando o comportamento dos jovens, que expressam a sua frustração com a família, o trabalho, a escola e a comunidade. O fato de que, na escola, surjam problemas de convivência não é nada novo. Sempre tem acontecido, se bem que o seu tratamento tem estado muito centrado nos aspectos punitivos e na seleção. (REIS; COSTA, 2011)

Embora muitas das causas da violência estejam fora da escola, seu reflexo no meio escolar representa ameaça a um dos pilares fundamentais da formação das crianças e dos jovens: o sistema escolar. A escola é vista como uma vítima de “maus elementos”, que a atacam, depredam e roubam. No entanto, a escola também produz violência no seu cotidiano.

A presença de práticas autoritárias, repressoras e agressivas no interior da própria escola não pode deixar de ser reconhecida, mostrando que, contraditoriamente, a instituição vem atuando como agente e vítima da violência, por meio de, por exemplo, regulamentos opressivos, currículos e sistemas de avaliação inadequados à realidade onde está inserida, e medidas e posturas que estigmatizam, discriminam e afastam os alunos. Na medida em que os meios de transmissão do saber estão sujeitos a elementos repressivos, instaura-se a violência simbólica. (TREVISOL et all. 2011)

Para Bourdieu, a violência simbólica é “uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que sofrem e, também, com a frequência dos que a exercem; na medida em que uns e outros são inconscientes de exercê-la ou de sofrê-la” (1992, p. 22). E mais, a escola é vista por ele como uma instituição na qual essa violência é comum, tendo em vista que determinados conhecimentos e culturas são selecionados e apresentados como melhores do que outros.

A escola representa um espaço privilegiado de socialização e, dependendo dos comportamentos promovidos, essa socialização pode ser constituída com base em relações defensivas ou propositivas.

Parece-nos, num primeiro olhar, que o link, do discurso teórico com a prática diária da ética e da construção de valores, ficou perdido e sem muita utilidade. — Afinal, para que serve a ética? E os valores? — hão de perguntar os alunos. E hão de responder-lhes os seus professores: — Para nos ensinar a alinhavar a convivência humana, evitando o desrespeito, a exclusão… Os alunos irão perceber, ao longo da sua vivência escolar, que essa resposta não passa de uma estratégia de reprodução — no sentido dado por Bourdieu (1992) — utilizada pelos seus mestres escolares, para reproduzirem e manterem as condições sociais vigentes. O que é uma violência, porém não uma violência física, mas uma violência intelectual do conhecimento imposta pelos seus supostos detentores àqueles que não participam desse domínio.

Bourdieu (1996) em seus estudos sobre as estratégias de reprodução, afirma que estas “são sequências objetivamente ordenadas e orientadas de práticas que todo grupo deve produzir para reproduzir-se enquanto grupo” (p. 55), apresenta as principais estratégias de reprodução, entre elas a educativa, que, segundo ele, “são investimentos para formação de agentes dignos ou preparados para receber, conduzir, manter ou expandir sua herança” (op cit, p. 56). E quanto à violência intelectual, o autor estuda a escola como uma instituição na qual essa violência é comum, na medida em que determinados conhecimentos e culturas são selecionados e apresentados como melhores do que outros. Gonçalves (2010) trabalhando a perspectiva de Bourdieu salienta:

Contudo, segundo o raciocínio de Bourdieu, a escola é um mecanismo que contribui para a manutenção da estabilidade social, inculcando ideias que permitem sua reprodução, e tornando os agentes parte obediente das regras (regularidades) do jogo social. Como Bourdieu, quando aborda as práticas e estratégias desenvolvidas nos diferentes campos, bem como os conflitos internos por legitimação e reconhecimento. George Tsebelis (1998) entende que os jogadores jogam, sim, conforme as regras do jogo, mas jogam em dois níveis: um, de acordo com as regras, e outro, o jogo na arena institucional, no qual implica que, para os dois autores, é admitida a inevitável possibilidade de mudança (p.97).

Em contrapartida, encontramos nos seres humanos um anseio de superar os bens materiais e conquistar uma felicidade maior desenvolvendo suas qualidades pessoais; eles próprios aspiram a uma perfeição mais elevada e querem alcançá-la, sobretudo por meio da educação.

A importância da educação no momento atual é cada vez maior e mais urgente, sua influência se faz sentir cada dia com mais intensidade no desenvolvimento do ser humano. Esta necessidade provém da conscientização do ser humano quanto a sua responsabilidade e dignidade; por outro lado, o progresso da técnica e os meios de comunicação social oferecem às pessoas a oportunidade de se dedicarem a cultivar os valores da inteligência, da vontade, da cultura, além daqueles valores éticos e morais.

Acredita-se que a educação em valores é um processo que mantém relação direta com os aspectos especificamente humanos do indivíduo. Educar é ajudar o desenvolvimento e a afirmação do caráter próprio da humanidade e de cada indivíduo. A pessoa educa-se à medida que se torna consciente de si mesma e responsável por si mesma. Mas essa tarefa, que só ela pode realizar, não pode ser efetivada sem a assistência alheia. (TREVISOL et all. 2011)

A construção de valores humanos no cotidiano escolar reflete muito da prática pedagógica ali estabelecida, de acordo com Marques (2007, p. 10) “As práticas excelentes exigem do agente a aquisição e o uso das virtudes intelectuais e das virtudes do caráter. A prática pedagógica não é exceção”. Para esse autor, as escolas são instituições onde a prática se expressa através do ensino. Na distinção que ele estabelece entre práticas e instituições alerta para que a escola não seja uma mera instituição da reprodução prática da sociedade em que está inserida.  Complementa ainda Marques (2007, p. 12): “A única forma de esbater esta contradição é conseguir que a instituição, neste caso, a escola, esteja impregnada de virtudes intelectuais e de virtudes de caráter”. E finaliza: “Uma escola sem justiça, temperança, amizade, coragem, esperança e fé não consegue resistir ao poder corrupto das instituições” (p. 12).

Dentro dessa perspectiva, Barrere e Martuccelli (2001, p.262) sugerem que “A principal dificuldade da escola parece-nos residir na sua incapacidade de reconhecer, de ponta a ponta, as consequências do primado da ética sobre as preocupações morais”. E complementam: “Importar-se com a integração da sociedade nunca retirou da escola sua preocupação educativa e, nesse sentido, a ordem moral sempre sofreu a concorrência de um objetivo ético” (p. 262). Para eles, as sociedades, de uma maneira geral, “viram suceder-se, no decorrer de sua história, diversas figuras de indivíduo que encarnavam os mais altos valores aos quais os atores pudessem aspirar”. E assim concluem que: “Os modelos éticos inspiraram amplamente a função propriamente educativa da escola. A igreja, e, sobretudo, a escola são os meios privilegiados de transmissão dessas figuras éticas consensuais do indivíduo” (p. 263).

É um fato que existe uma “verdade do humano”; existem alguns valores do homem e da vida humana. Valores humanos são aqueles que fazem o homem ser mais autenticamente homem. Mas nem todos os indivíduos chegam à mesma captação de valores. O conhecimento humano está condicionado por circunstâncias históricas e culturais que determinam boa parte de seus processos. No que se refere ao processo de valorização, Saviani (2002) descreve assim:

A valoração é o próprio esforço do homem em transformar o que é naquilo que deve ser. Essa distância entre o que é e o que deve ser constitui o próprio espaço vital da existência humana; com efeito, a coincidência total entre o ser e o dever ser; bem como a impossibilidade total dessa coincidência seriam igualmente fatais para o homem (p. 38).

Percebemos que a valorização é um processo complexo, no qual participa toda a conjuntura social, política, econômica e cultural da sociedade em que o homem se encontra formando. Assim não se podem desvincular os valores da valoração, se isso ocorrer equivalerá, segundo o autor acima, “a transformá-los em arquétipos de caráter estático e abstrato, dispostos numa hierarquia estabelecida “a priori” (p.38).

A sistematização de um conjunto valorativo próprio de um grupo ou de uma cultura dá lugar às ideologias que, relacionadas ao homem, são os diferentes humanismos ou antropologias. Assim, qualquer instituição educativa trabalha implícita ou explicitamente sob a inspiração de determinadas ideias ou princípios que pressupõem um conceito de valor e a adesão a alguns valores.

Quando os valores entram em crise, geralmente se impõe uma concepção relativista de valores, que transferem as instâncias decisivas para o âmbito da subjetividade. Esse encaminhamento não reconhece mais que haja a possibilidade de soluções universais e generalizáveis para os problemas morais. O fato de se negar a possibilidade de soluções generalizáveis não significa a imposição da indiferença ou do relativismo diante das controvérsias morais. Significa apenas que as controvérsias têm que ser resolvidas mediante decisões individuais pelos indivíduos afetados. Do ponto de vista educacional, isso significa que o professor deve levar os seus alunos a refletir sobre quais são os valores com os quais podem sentir-se comprometidos e por eles responsáveis. (TREVISOL et all. 2011)

A tarefa educativa fica reduzida ao estímulo da reflexão pessoal e do esclarecimento pessoal dos alunos. Cada indivíduo é responsável pela construção de sua própria vida e, no que se refere aos valores de ordem pública e social, serão as contribuições científicas e técnicas que irão decidir. Neste caso, atuar como uma pessoa moralmente adulta implica assumir a sua responsabilidade sem esperar das demais respostas nem soluções para os próprios conflitos de valores. De alguma maneira, considera-se que o isolamento ou a solidão é, no fundo, o destino do ser humano e que não se deve esperar das relações sociais e da convivência algo que não podem proporcionar (PUIG, 1998, p. 40-41).

Do ponto de vista social, os valores podem ser considerados uma conquista histórica que os seres humanos foram deduzindo no decorrer de sua própria história, de suas experiências e das relações interpessoais, para depois formulá-los de maneira categórica e com caráter de universalidade, indicando-nos aquilo que deve ser, de acordo com Saviani (2002, p. 39): “Os valores nos colocam diante do problema dos objetivos. Com efeito, um objetivo é exatamente aquilo que ainda não foi alcançado, mas que deve ser alcançado. A partir da valoração, é possível definir objetivos para a educação”.

Esses objetivos são determinados pelas necessidades humanas, se levarmos em consideração que, segundo o autor acima, a educação visa à promoção do homem. Porém, é preciso cuidar para que o aprendizado significativo não seja uma introjeção da ideologia dominante. Considerando que o discernimento dos valores é um processo individual e que só quando a pessoa vivencia um valor é que este de fato existe para ela, a atenção ao processo de valorização será fundamental dentro de um enfoque abrangente da educação em valores.

Conclusão

Neste estudo foi possível destacar a importância que a educação moral e o ensino de valores têm no cenário da luta contra a violência escolar e o bulling. Para mostra esse cenário percorreu-se desde o conceito da ética e da moral até os conceitos de violência escolar e bulling.

Educar para construir um sujeito moralmente e eticamente bem constituído é um dever de toda e qualquer ciência e atividade que esteja inserido no contexto formador de um cidadão e neste sentido a educação englobada é como um dos possíveis pilares para esta formação.

Percebe-se na educação hoje a clara intenção de amenizar problemas estruturais da sociedade com medidas que são, na verdade, paliativas e que contribuem apenas para uma tentativa de reorganização, colocando cada um em seu devido lugar, sem que isto resulte em protestos. No entanto o que se deve lembrar é que a formação de um cidadão começa desde cedo e que atividades educacionais podem e devem auxiliar nesta formação.

Pode-se concluir que desde o século XIX a presença da educação moral e de valores na escola sempre foi defendida pelos teóricos da educação brasileira, ou seja, havia grande preocupação no sentido de que a Educação Moral fizesse parte dos currículos escolares, contribuindo para a formação do povo brasileiro, assim como já acontecia com a organização escolar em outros países.

Assim, esse processo se mantém, apresentando várias nuanças, durante quase todo o século XX; ora formando um sujeito com bases higiênicas-eugênicas, ora formando sujeitos éticos, cooperativos e moralmente instruídos, ora formando grandes atletas.

Contudo, sempre a partir do entendimento do ser humano biologicamente determinado e moralmente e eticamente disciplinado para melhor contribuir na sociedade, sendo que esta pode ser considerada uma das mais notórias funções da Educação Moral dentro do ambiente educacional e escolar nos dias de hoje.

A violência escolar e o bulling são ocorrências cada vez mais frequentes nas escolas, mas no momento em que a educação moral contribui com palestras, ensinamentos e muito diálogo, os alunos passam a entender que certas atitudes, ações e pensamentos não colocaram para o crescimento pessoal e social de cada um deles, muito pelo contrario os afasta de um cenário educacional positivo.

Bibliografia

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[1] Bacharel em Teologia, pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora/MG-CES/JF. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Católica de Anápolis. Especializado em Bioética, Docência do Ensino Superior, Ensino Religioso, Docência de Filosofia e Sociologia. Mestre em Direito Canônico e Doutorando em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Católica de Buenos Aires/Argentina.

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José Antonio da Silva

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