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A teoria da aprendizagem significativa: possibilidade para o ensino da percussão corporal 

RC: 143442
336
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/percussao-corporal

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

GUEDES, Marina Donza [1]

GUEDES, Marina Donza.  A teoria da aprendizagem significativa: possibilidade para o ensino da percussão corporal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 04, Vol. 04, pp. 90-100. Abril de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/percussao-corporal, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/percussao-corporal

RESUMO

Este estudo tem como objetivo apresentar os principais conceitos da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS), de David Paul Ausubel (1980, 2006, 2008), como uma possibilidade para o ensino da improvisação musical da percussão corporal, focada em uma aprendizagem que enfatiza os processos construtivos do sujeito. A pesquisa, nos seus pressupostos metodológicos, é exploratória e bibliográfica, por se fazer uso de documentos já existentes. Embora a percussão corporal pareça ser de fácil execução, há uma limitação de métodos para o ensino dessa performance. Quando prevalece apenas a abordagem tradicionalista de estudos repetitivos, que não buscam a expressividade do corpo, não há resultados significativos de aprendizagem. Esta pesquisa, ao contrário de um ensino tradicional, reforça ideias que podem ser mudadas, que novas possibilidades podem ser tentadas, desde que sejam baseadas em teorias estabelecidas, evitando experimentalismos vazios e repetição de erros do passado. Este estudo evidenciou que a música quando ensinada a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, adquiridos ao longo de suas trajetórias de vida, possibilita uma aprendizagem significativa, convergindo em novos conhecimentos. Nesse universo, a TAS pode ser uma metodologia muito promissora para o desenvolvimento da performance da produção musical inovadora, voltada para o indivíduo como um meio de proporcionar um fazer musical expressivo, criativo e que gere significado.

Palavra-chave: Teoria da Aprendizagem Significativa, Percussão Corporal, Improvisação Musical.

INTRODUÇÃO

A percussão corporal tem usos, significados e funções muito específicos que são muito relacionáveis e apresentados na diversidade de estilos e costumes. Existem várias culturas em que a percussão corporal está presente através de suas representações musicais, como acontece em vários ritmos musicais (NARANJO, 2008).

A percussão corporal entrou totalmente no campo da música contemporânea no Brasil, devido a vários fatores anteriormente teorizados por Middleton (1990) e Manuel (1988), embora com algumas variantes.  Nesta pesquisa, faremos uma justificativa de como a aprendizagem significativa pode ser um meio eficaz para o ensino da percussão corporal.

O ensino tradicionalista ou tradicional trata basicamente da transmissão de informações. Nesse modelo, o conhecimento é transmitido aos alunos pelos professores com a ajuda de livros didáticos. É raro que os alunos sejam incentivados a raciocinar sozinhos (FREIRE, 2005). Os alunos não são vistos como construtores de conhecimento e dá-se “[…] muita ênfase na memória e pouca ênfase na reflexão” (ALENCAR, 1986, p. 66). É um ensino externo (empirismo), onde as informações são fornecidas pelos professores de acordo com a utilidade e importância que lhes são atribuídas por seus superiores.

É principalmente ensinado verbalmente (aulas explicativas) e, embora baseado na psicologia, coloca os alunos em uma fase passiva, em um ambiente um tanto sério e ritualístico. É consistente com os padrões de ensino estabelecidos e deve ser imitado. Ele orienta o ensino em contato com as obras-primas da literatura, arte, raciocínio e argumento que foram abraçados pelo método científico. Induz a memória de definições, afirmações, fórmulas, leis, resumos etc.

No ensino tradicional, estudam-se apenas os pressupostos corretos e todas as questões têm respostas, muitas vezes únicas, pois utilizam o pensamento convergente, alcançado por meio de um único caminho, o caminho criado por seu inventor. Não há muito espaço para a aventura intelectual, discussões sobre diferentes temas e experimentos que deem maior ênfase à criatividade do aluno no processo de ensino/aprendizagem. Apesar do interesse didático, étnico e estético da percussão corporal, ela não acaba se conectando com a sociedade e se tornando conhecida por sua natureza restrita do círculo acadêmico.

Conforme Naranjo (2012), a percussão corporal tem aspectos que aproximam o ouvinte da música popular, por sua vez, desperta de certa forma a curiosidade e criatividade. O autor deixa claro que a percussão corporal estabelece, ainda, uma relação com os timbres variados do corpo, promovendo a habilidade psicomotora de polirritmia, permitindo texturas sonoras variadas imitando instrumentos de percussão tradicionais.

O objetivo do estudo em questão é apresentar os principais conceitos da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS), de David Paul Ausubel (1980, 2006, 2008), como uma possibilidade para o ensino da improvisação musical da percussão corporal, focada em uma aprendizagem que enfatiza os processos construtivos do sujeito.

O fundamento da pesquisa é dar suporte para outras pesquisas que versem na TAS como um método de ensino eficaz para o ensino e prática da percussão corporal em ambientes formais e não formais da educação. Assim, justifica-se a aplicabilidade da prática de se explorar os sons corporais como um recurso para se desenvolver habilidades motoras, percepção auditiva, expressividade (MERLEAU-PONTY, 1999).

A metodologia adotada é de abordagem qualitativa, de natureza bibliográfica embasada na TAS, de David Paul Ausubel (1980, 2006, 2008), envolvendo a diferença da aprendizagem tradicionalista para a construtivista.

METODOLOGIA

De acordo com Bardin (2016), a pesquisa é um meio de se coletar informações através da observação sobre um determinado fenômeno por meio de procedimentos, com o objetivo de se alcançar solução para os problemas propostos, mediante métodos que facilitem as respostas do material de estudo.

Por se utilizar de fichamentos de livros em uma revisão de literatura, a abordagem se configura como qualitativa, onde se interpreta e representa, em forma de observações, o alcance do estudo (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). A pesquisa é de natureza básica, uma vez que “Objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Está classificada como exploratória e bibliográfica. Isso devido ao fato do uso de fontes bibliográficas para se obter um determinado resultado (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). Para a categoria de análise de conteúdo qualitativos, foi usado a técnica de Bardin (2016), como um método em três etapas de organização, codificação e categorização, atendendo a praticidade de análise e descrição do processo de pesquisa.

Como instrumento para coleta de informações, foram selecionadas apenas as literaturas que delimitam o universo deste estudo, aprendizagem significativa, percussão corporal, ensino tradicional e ensino construtivista. Quanto à amostra, foram selecionados 5 artigos e 10 livros, publicados no período de 1980 a 2022, nos idiomas português e espanhol, todos os tipos de delineamentos metodológicos foram aceitos. Para Gil (2008), apesar de quase todos os estudos precisarem de estudos bibliográficos, há os que são exclusivamente dessa natureza.

De forma geral, para a orientação da análise, seguiu-se a abordagem de conteúdo qualitativa, que se deu em volta da possibilidade do uso da TAS para o ensino da percussão corporal, enfatizando a didática aplicada da improvisação, onde o aprendiz, de forma subjetiva, assimila a música a partir de experiências com o seu corpo, buscando seus conhecimentos armazenados em seu cognitivo e dando lugar a sua criatividade.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Teoria da Aprendizagem Significativa – TAS, foi criada pelo psiquiatra e psicólogo educacional David Paul Ausubel, que concentrou seus estudos na aprendizagem cognitiva, enfatizando que o principal meio de se ensinar é saber o que o aluno já sabe, como um canal facilitador para o ensino de novos conceitos a serem apreendidos (MOREIRA, 2008). Na atualidade, busca-se por meios mais eficazes para se alcançar uma educação de qualidade e que venha de fato a atender as necessidades dos alunos.

A compreensão da teoria de Piaget permite que os professores de música abordem satisfatoriamente os processos cognitivos e interajam com os alunos de uma forma que respeite sua imanência, no entanto, TAS de David Paul Ausubel, também baseada em modelos construtivistas, apresenta conceitos muito originais, aprofundando a questão da aprendizagem e de como torná-la mais significativa,  olhando fundamentalmente como o conhecimento é estruturado nas disciplinas e de que forma essa interação ocorre.

A mente do psicólogo educacional Ausubel, embora complexa, pode ser incrivelmente resumida na seguinte proposição: descubra o que o aluno já sabe e ensine-o adequadamente (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Conforme explicado, dizer o que o aluno já sabe “refere-se à sua estrutura cognitiva chamada se subsunçor, que administra o conhecimento total do aluno e organiza o pensamento do indivíduo em determinado campo do conhecimento” (MOREIRA, 2006, p. 13).

Um grande marco para a teoria da aprendizagem significativa foi o mapa conceitual criado por Joseph Novak, baseado na teoria de Ausubel. Novak foi professor da Universidade de Cornell (EUA) e coautor da segunda edição do livro fundamental de Ausubel sobre a teoria da aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1978). Marco Antonio Moreira, professor de física da UFRGS, foi o principal divulgador da teoria no Brasil. Como colaborador direto de Novak, é autor de “The Theory of Meaningful Learning and Its Implementation in the Classroom” (MOREIRA, 2006).

O autor deixa claro que, com base na teoria de Ausubel, os conceitos relacionados ao ensino são: aprendizagem significativa versus aprendizagem mecânica, aprendizagem por descoberta versus aprendizagem receptiva, e inclusão de conceitos. Vale ressaltar que muitos outros conceitos da teoria podem ser aplicados ao ensino de música, como: memória, percepção, cognição, linguagem, avaliação etc., que não serão discutidos neste artigo.

A aprendizagem significativa é um processo pelo qual novas informações são associadas a aspectos relevantes da estrutura cognitiva de um indivíduo, de maneira substantiva, não arbitrária e não literal. Novas informações interagem com as estruturas cognitivas atuais, o que Ausubel chama de “conceito subsunçor” (MOREIRA, 2006, p. 15).

Conforme mencionado pelo autor, um subsunçor, então, é uma ideia ou proposição que já está presente na estrutura cognitiva, adquirida de forma importante, e pode servir de âncora para novas informações, caso haja interação entre ela e as informações existentes. O que Ausubel chama de aprendizagem mecânica ocorre quando o material aprendido não encontra relevância com outros conceitos presentes na estrutura cognitiva, armazenados de forma arbitrária e literal, gerando uma aprendizagem mecânica.

Isso ocorre, por exemplo, quando o aluno memoriza fórmulas de teste, regras e técnicas que logo esquece, utilizando-se de uma aprendizagem superficial e arbitrária, sendo ele incapaz de usar e transferir esse conhecimento. No entanto, Ausubel acredita que a aprendizagem mesmo quando se dá mecanicamente, poderá servir de âncora para uma nova aprendizagem. “Ausubel não faz distinção entre eles (significativos e mecânicos), mas os vê mais como uma situação contínua” (AUSUBEL, 1978, p. 22; MOREIRA, 2006, p. 14).

Na aprendizagem receptiva, o conteúdo a ser aprendido é apresentado ao aprendiz em sua forma final como exposição e palestras, enquanto na aprendizagem por descoberta, o conteúdo deve ser descoberto pelo aprendiz. Ausubel acredita que ambos os tipos de aprendizagem podem ou não ser importantes, dependendo das condições que foram anunciadas, mas a aprendizagem por descoberta é mais rápida porque o aprendiz irá em busca de respostas para suas indagações, o mesmo não acontece na transferência de conhecimento.

A aprendizagem significativa por recepção requer um fundamento, e é importante que exista uma estrutura, presente nos estágios avançados de maturação cognitiva, para que se possa aprender verbalmente sem recorrer a experiências específicas (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 21).

O significado é um produto da aprendizagem do significado, e o significado implica antecedentes do significado, o que levanta a questão: de onde vieram os primeiros incluídos? A resposta de Ausubel é que a aquisição de um signo conceitual ou o significado de um signo ocorre de forma gradual, individual e peculiar. Primeiro, as crianças aprendem mais frequentemente através do processo de formação de conceitos, que resulta da aprendizagem por descoberta, incluindo: geração, teste de hipóteses e generalização (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 52; MOREIRA, 2006, p. 22).

O autor deixa claro, por exemplo, que uma criança aprende primeiro a descascar uma banana, manipulando-a especificamente, mastigando-a, engolindo-a, cheirando-a, depois aprendendo que existem outros tipos de bananas, que é uma fruta, que é outro tipo de fruta etc. Mais tarde, já na escola, aprende que a banana é na verdade uma flor, que tem nome científico, que cresce sob certas condições e assim por diante.

Conforme verificado, a TAS de Ausubel é baseada nos pressupostos daquilo que um indivíduo carrega em sua estrutura cognitiva. A partir desses argumentos, é possível compreender que essa teoria afirma que o conhecimento armazenado em nosso subsunçor é o caminho para novos aprendizados que serão mais significativos e que farão a ligação para uma estrutura mais abrangente, permitindo que novos conhecimentos sejam aprendidos de forma significativa.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este estudo teve como objetivo apresentar os principais conceitos da TAS de Ausubel como uma possibilidade para o ensino da improvisação musical da percussão corporal, focada em uma aprendizagem que enfatiza os processos construtivos do sujeito.

Na categoria de análise, foi considerada os principais conceitos da TAS de Ausubel, que enfatiza o conhecimento prévio do sujeito aprendiz, por entender que estes, aplicados ao ensino da improvisação da percussão corporal, trarão uma aprendizagem construtivista, voltada para o aluno, sem a arbitrariedade de um método tradicional.

A suposição feita sobre a junção da teoria de Ausubel e a música percutida no corpo, foram confirmadas na possibilidade para implementação no ensino da música, despertando percepções, habilidades motoras e aspectos emocionais.

A percussão corporal é datada da pré-história, quando o homem descobre que através do seu corpo pode imitar o som da natureza (NARANJO, 2008). Na contemporaneidade, essa modalidade vislumbra as batidas corporais de forma espontânea, improvisadas e, de um certo modo, estruturadas e pensadas.  Por intermédio da mídia de massa, difundiu-se um tipo de música secular, promovendo entretenimento com um certo ar étnico e atual, que envolve o público por sua rápida conexão e resposta imediata. De acordo com Rangel (2009), estudos atuais apontam que a música em nosso corpo influencia diretamente nosso estado emocional.

Pode-se dizer que a percussão corporal é uma expressão musical que se vincula a um aprendizado contemporâneo voltado para o aprendiz. Neste contexto, fica claro que a facilidade do contato com o corpo através de batidas e reconhecimentos de timbres fará com que o aprendizado desperte a curiosidade e a busca por sons diversificados no corpo, despertando, assim, os conhecimentos armazenados em seus subsunçores (MOREIRA, 2013).

Um grupo de percussão famoso no Brasil é o Barbatuques. Por meio de seus ritmos de samba, baião, maracatu e afoxé misturados com ritmos urbanos como: reggae, funk ou rock, proporcionam novas sonoridades rítmicas. O grupo apresenta timbres e ritmos específicos, onde cada membro batuca ou faz sons com a boca em seus corpos, formando uma orquestra corporal inteira. Surpreende o público pela capacidade e variedade sonora, pelo alto nível de execução que seus intérpretes precisam e pelo sincretismo musical que realizam na música brasileira (CONSORTE, 2014).

De acordo com Freud (1980), a arte tem um papel de levar o indivíduo ao subterfúgio das emoções mais íntimas. Na experimentação do real, mesmo que esteja presente somente em seu imaginário, os sons do corpo estão vinculados ao toque, enfatizando a fantasia nos processos da aprendizagem criativa e ajudando o aprendiz a se aproximar do objeto no qual se está estudando.

Para Brikman (2014), a arte de olhar para dentro de si não é tarefa fácil e, por isso, é preciso que haja o “se permitir”, a intenção de se oportunizar em perceber o seu próprio corpo. Essa descoberta por meio do toque, das batidas e da interação com os sons tem a intenção de aproximar o aprendiz de seus sentidos, passando a observar mais e aguçar a sua percepção musical.

A percussão corporal, ao adquirir o entendimento de interiorização, passa a se estabelecer como uma verdadeira terapia, expressando-a de maneira subjetiva e, ao mesmo tempo, buscando o entendimento ao agrupar e reordenar os sons de acordo com sua capacidade de compreensão. A arte é capaz de aguçar o conhecimento artístico de forma criativa, despertando o artista que habita em cada indivíduo.

Rangel (2009, p. 16), enfatiza que

A biologia vem descobrindo, que as terminações dos nervos auditivos não se restringem somente ao ouvido interno, que existe percepção auditiva subliminar através de toda rede nervosa, isto justifica o porquê de a própria ciência afirmar que não existe surdez total.

Conforme citado acima, o autor deixa elucidado que estudos científicos afirmam que o nosso corpo sofre influência da música. Dessa forma, a percussão corporal pode ser um bom influenciador para a aprendizagem significativa e também para ajudar na sensibilidade de exercícios de percepção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise da Teoria da Aprendizagem Significativa como base teórica para a percussão corporal como possibilidade de um ensino significativo da música, sendo esta uma chave para futuras pesquisas que versem no aspecto de uma reflexão acerca dos benefícios da música percutida no corpo como um recurso didático que pode ser utilizado para diversificar as aulas no ensino da música.

Com esta pesquisa pudemos compreender que o corpo humano utilizado como um instrumento musical pode ser um caminho para uma aprendizagem significativa, sem a arbitrariedade de uma aprendizagem mecânica que dificulta a percepção dos sentidos e dos sons acústicos no corpo. Se tornando uma modalidade de ensino musical diferenciado que facilita a expressividade e a liberdade do aprendiz em experimentar o seu próprio corpo, descobrindo suas possibilidades de forma lúdica e com entendimento.

A maioria dos professores de música utilizam a forma tradicional de ensino em suas aulas, repetindo erros do passado e limitando o aprendizado musical. É preciso criar estratégias de ensino que seja pautada em teorias de aprendizagem, que resgatem os conhecimentos adquiridos ao longo da vida do aprendiz.

Diante deste estudo ficou evidente que o objetivo de analisar a possibilidade de se usar a TAS, como teoria pedagógica para o ensino da percussão corporal, foi alcançado. Os principais conceitos da TAS possibilitaram reforçar que a aprendizagem se constrói e precisa ser enfatizada, resgatada e experimentada em cada novo aprendizado.

O modelo construtivista da TAS, mantém uma relação com o ensino moderno da percussão corporal, onde o alvo é o aluno, buscando aproximá-lo do cotidiano e do que este já possui de conhecimento musical, adequando o que se vai ensinar, sempre respeitando a sua imanência.

A forma de ensinar estimulando o aluno a aprender por descoberta, visa a associação de novas informações a aspectos relevantes já presentes em sua estrutura cognitiva, proporcionando um aprendizado consistente e duradouro. A percussão corporal, quando ensinada com foco na vivência cotidiana do aprendiz, permitindo espaço para que este busque respostas para suas dúvidas, motiva-o ao gosto pelo conhecimento.

Dada a importância do tema, novas pesquisas precisam ser desenvolvidas no aspecto ao ensino musical através da percussão corporal, onde novas descobertas possam ser vivenciadas e colocadas em prática por docentes e grupos musicais que buscam uma prática pedagógica diferenciada.

Nesse sentido, o ensino da percussão corporal vinculada a TAS, contribui para uma aprendizagem de recriação, de representações pessoais e coletivas em torno de culturas variadas, permitindo que educadores musicais conduzam o processo ensino/aprendizagem de uma forma mais enriquecedora, contribuindo para uma aprendizagem significativa.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, E. M. L. S. de. Psicologia da criatividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

AUSUBEL, D. P. Psicologia educativa: un punto de vista cognoscitivo. Cidade do México: Trillas, 1978.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

BRIKMAN, L. A Linguagem do Movimento Corporal. 3ª ed. São Paulo: Summus Editorial, 2014.

CONSORTE, P. L. Por Relações Mais Porosas: Repensando Formas de Trabalhar Com a Percussão Corporal, a Partir da Teoria Corpomídia. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação das Artes do Corpo) – Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da Pontifícia Universidade Católica. São Paulo, 2014.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 47ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

FREUD, S. Escritores criativos e devaneios. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Trad. J. Salomão. Vol. 9. Rio de Janeiro: Imago, 1980.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Org. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2009.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Ed. São Paulo: Editora Atlas AS, 2008.

MANUEL, P. Músicas Populares do Mundo Não Ocidental. Uma pesquisa introdutória. Nova Iorque/Oxford: Oxford University Press, 1988.

MIDDLETON, R. Estudando Música Popular. Milton Keynes: Open University Press, 1990.

MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora UnB, 2006.

MOREIRA, M. A. Organizadores Previos Y Aprendizaje Significativo. Revista chilena de educación científica, v. 7, n. 2, 2008.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa em mapas conceituais. Porto Alegre: UFRGS, Instituto de Física, 2013.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

NARANJO, F. J. R. Percussão corporal em diferentes culturas. Música e Educação: Revista Trimestral de Pedagogia musical, Madrid, Espanha, Ano XXI, v.4, n. 76., 2008.

NARANJO, F. J. R. Didática da percussão corporal. Base teórico-prática. Vol. 2. Barcelona: Body music Body percussion percussion Press, 2012.

RANGEL, V. A Influência da Música no Corpo Humano: Os sons e seus efeitos. Editora: Clube de autores, 2009.

SAMPIERI, R. H., COLLADO, C. F., LUCIO, M. del P. B. Metodologia de Pesquisa. 5a Ed. Porto Alegre: Penso, 2013.

[1] Mestrado em estudos Antrópicos na Amazônia, licenciatura plena em educação artística-música, bacharel em música, pós graduação em arterapia, pós graduação em musicoterapia. ORCID: 0000-0001-5836-311X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6813565012099674.

Enviado: 10 de Abril, 2023.

Aprovado: 21 de Abril, 2023.

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Marina Donza Guedes

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