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Educação a Distância no Ensino Superior brasileiro: Trajetória e avanços

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ARAÚJO, Caliane Teixeira de [1]

ARAÚJO, Caliane Teixeira de. Educação a Distância no Ensino Superior brasileiro: Trajetória e avanços. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 05, pp. 167-181. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/trajetoria-e-avancos

RESUMO

O presente artigo aborda a educação a distância no Ensino Superior brasileiro. O objetivo deste estudo é apresentar conceitos e reflexões sobre a educação a distância (EAD) no ensino superior, abordando sua trajetória e avanços no Brasil, diferenciado o ensino a distância do ensino presencial. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com seleção de informações e de dados em variados sites e livros que abordam a temática de forma coerente. Destacou-se a facilidade que o ensino a distância tem em alcançar diferentes públicos e lugares, principalmente com as diretrizes educacionais que legitimam a modalidade, a EAD tem auxílio dos avanços tecnológicos, indispensável, pois o processo de ensino e aprendizagem não acontece com professor e aluno ocupando o mesmo espaço físico e temporal. Concluímos que a educação a distância progrediu muito nos últimos anos, com a ajuda da tecnologia vem alcançar mais indivíduos em diferentes localidades do país, a cada ano mais instituições oferecem essa modalidade, tornado o Nível Superior mais acessível e democrático.

Palavras-chave: Ensino a distância, trajetória e avanços da EAD no Brasil.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil o Ministério da Educação (MEC) permite que as instituições de ensino superior ofereçam duas modalidades de ensino, o ensino presencial e o ensino a distância (EAD).

O ensino presencial é a modalidade mais conhecida pela população brasileira e com mais tempo sendo oferecido no Brasil, a educação presencial é a modalidade de ensino onde alunos e professores dividem o mesmo espaço físico com horário fixo, geralmente o aluno escolhe seu horário de estudo no momento que se inscreve no processo seletivo para a instituição de ensino, a partir daí o mesmo precisa adaptar sua rotina aos horários do curso, muitas vezes gerando conflito de horários, principalmente para os alunos que precisam trabalhar e estudar, o ensino presencial é a mais convencional com maior número de adeptos, por todo seu histórico ele acaba gerando maior confiança.

Já a educação a distância é caracterizada pela distância física entre professor e aluno, essa modalidade de ensino foi oficialmente  legalizada no Brasil no ano de 1996, embasada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, porém a mesma só foi  regulamentada em 20 de dezembro de 2005 pelo Decreto n° 5.622, que revogou os Decretos n° 2.494 de 10/02/98, e n° 2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n° 4.361 de 2004 (ALVES, 2011). Essa modalidade permite maior autonomia para os estudantes, os mesmos podem organizar o horário de estudo de acordo com seu tempo disponível, outros fatores atraentes são: o baixo investimento financeiro e a garantia de cursar uma faculdade reconhecida pelo MEC.

Um dos principais motivos para o crescimento da demanda dos cursos de educação a distância é a evolução da tecnologia, EAD é a conexão das inovações tecnológicas com a educação, com o grande avanço da tecnologia de comunicação, principalmente a internet, a educação a distância tomou proporções gigantescas. A inclusão das novas TICs tem grande relevância, pois as TICs permitem avanços na EAD, essa é uma tendência que vem ganhando força em todas as partes do mundo e vem ganhado apoio da legislação brasileira, a educação a distância é muito importante na democratização da educação do Brasil, um país com território de extensão continental (ANDRADE e PEREIRA, 2012).

Outro item que merece destaque quando abordamos temáticas ligadas a educação a distância é seu papel social, a educação a distância tem grande papel na democratização do ensino superior, permitiu a entrada de maior número de estudantes em curso de graduação, contemplando cidadãos que sem essa modalidade dificilmente seriam alcançados.  Cada dia que passa a educação a distância conquista mais estudantes e amplia sua presença em nosso país, a educação a distância e uma modalidade de educação extremamente relevante em nossa sociedade atual, uma vez que ela tem a capacidade de se adaptar as diferentes situações e necessidades (BELLONI,1998).

2. PRINCIPAIS MODALIDADES DE ENSINO SUPERIOR

2.1 ENSINO PRESENCIAL

A primeira universidade do mundo que se tem notícia é a Universidade de Bolonha, localizada Itália, a mesma foi criada em 1150, as universidades demoraram alguns séculos para chegar ao Brasil, a primeira universidade do Brasil foi a Escola de Cirurgia da Bahia, datada de 1808.

A nomenclatura ensino presencial começou a ser empregada mais amplamente com o crescimento da modalidade de ensino a distância, antes disso o termo não era necessário, porque a única forma de ensino amplamente divulgada e de prestigio inquestionável era o ensino presencial.

Não podemos negar o grande avanço que a educação a distância vem conquistando nos últimos anos, mas a modalidade de ensino presencial ainda é a mais tradicional, sem sobra de dúvida, esse formato ainda é o formato de ensino que tem maior popularidade entre a maioria dos estudantes e da população brasileira, porém é importante destacar que não é a única modalidade reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).

No ensino presencial alunos e professores se reúnem diariamente em um espaço físico, todo conteúdo é exposto de forma presencial, com calendário e horários fixos predeterminados, o aluno deve optar entre três turnos para frequentar as aulas, podendo ser matutino, vespertino ou noturno, a provação ou reprovação do aluno está diretamente ligada à sua frequência as aulas, menos de 75% de presença implica na reprovação automática do aluno, exatamente por  grande parte das avaliações e atividades serem realizadas presencialmente. Geralmente os alunos podem contar com uma melhor infraestrutura das faculdades presenciais.

Um dos fatores que ainda impulsiona o ensino presencial é o contato olho no olho, entre colegas e professores, que ainda é de grande importância para grande parte do mundo acadêmico, atividades como seminários, eventos culturais, excursões e simpósios são exemplos de episódios de grande destaque no ensino presencial, isso permite que o aluno esteja ligado diretamente com o mundo acadêmico. Muitas vezes o estudante do ensino presencial tem grande chance de ampliar seu Networking, ou seja, ampliar seus contatos com grande chance de abrir novos horizontes, na verdade muitos estudantes encontram emprego através de indicações de professores e colegas de faculdade.

Uma das grandes vantagens do ensino presencial é o contato rápido e direto que existe entre os professores e os alunos, qualquer dúvida ou contribuição podem ser trabalhadas em tempo real na sala de aula, não existe uma distância física entre os agentes do ensino e aprendizagem, mas isso não significa que essa modalidade é perfeita e não tenha desvantagens, Rezende e Dias (2010) afirmam que:

Cabe ressaltar que na modalidade presencial, se não existe a distância física, existem também outros tipos de distâncias na relação professor-aluno: a distância da linguagem, a distância de metas e objetivos etc. Por outro lado, é notável o grande esforço que alguns educadores têm feito na tentativa de minimizar essas distâncias no ensino presencial. (REZENDE e DIAS, 2010, p.10)

Através de um decreto assinando em 2017, pelo então presidente do Brasil Michel Temer, as instituições de ensino privadas podem atuar somente com educação a distância, antes disso para uma instituição oferecer um curso a distância era necessário oferecer o mesmo curso na modalidade presencial.

Na atualidade algumas faculdades presencias oferecem determinadas disciplinas a distância durante o curso presencial. Até o fim de 2018 o MEC permitia apenas 20% das disciplinas a distância nos cursos presencias, foi quando o Diário Oficial da União divulgou uma portaria que amplia de 20% para 40% as disciplinas a distância nos cursos de graduação presencial.

2.2 ENSINO A DISTÂNCIA

Existem indícios que os primeiros registos de ensino a distância têm início por volta do ano 1728, na Europa, desde então essa modalidade vem se expandindo pelo mundo.

O ensino a distância (EAD) no ensino superior é uma modalidade de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), em 2006 o governo federal legalizou o ensino superior a distância por meio do Decreto n° 5.773, de 09 de maio de 2006, que trata do exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino, incluindo os da modalidade a distância (ALVES, 2011).

O ensino a distância é mediado principalmente pela tecnologia, Andrade e Pereira (2012) destacam que:

Com o desenvolvimento vertiginoso das tecnologias de comunicação, a educação a distância tomou outras proporções. Além da radiodifusão, da televisão, das fitas áudio e vídeo, foram inseridas outras ferramentas como o computador e a Internet. Agregado a esses dois últimos, os ambientes virtuais de aprendizagem – mas conhecidos como AVAs, softwares dirigidos para gerenciar as atividades de ensino pela internet – são considerados os responsáveis por várias experiências bem sucedidas realizadas na EaD. Instituições brasileiras como a UNICAMP, por exemplo, já são referências nessa modalidade de educação, inclusive com o desenvolvimento de um AVA própria, o TelEduc. (ANDRADE e PEREIRA, 2012, p.3)

O ensino a distância permite uma flexibilização do ensino e aprendizagem, alunos e professores estão separados pelos fatores espaço e tempo, os mesmos não precisam ocupar o mesmo espaço, como uma sala de aula física, para que o conteúdo seja transmitido, a maior parte dos conteúdos são gravados e disponibilizados em uma plataforma digital, mas também podem existir aulas ao vivo via internet, o melhor é que o aluno tem a oportunidade de fazer seus horários de estudo, o que é uma grande vantagem para as pessoas que não dispõem de muito tempo, as maiores críticas direcionadas a essa modalidade estão ligadas exatamente a essa distância física, os críticos acreditam que falta possibilidade de interação pessoal, porém os chats permitem uma boa interação entre alunos e professores, em muitos casos há tutores que prestam suporte aos alunos. Na EAD o aluno precisa ter total responsabilidade com seus horários de estudos, como os horários são flexíveis cada aluno determina seu horário, uma grande vantagem dessa flexibilidade é o estudante poder estudar em locas diferentes, por exemplo, a pessoa pode viajar a trabalho ou a lazer e não perder o conteúdo das aulas, todo o conteúdo fica disponível na internet em qualquer lugar ou momento.

Buscando romper com a dificuldades da barreira física, algumas faculdades oferecem aulas através de videoconferência, permitindo que professores e alunos se conectem simultaneamente, o que permite uma interação entre as partes, nesse contexto Romero (2010) afirma que:

Na educação apoiada por tecnologias interativas, os conteúdos e ferramentas digitais e virtuais assumem papel de destaque e oferecem novas formas de trabalho e de aprendizagem. (ROMERO, 2010, p.20)

É necessário salientar que assim como o ensino presencial o ensino a distância também é regido por regras estabelecidas pelo MEC, esse fator é de grande importância, pois ele permite um controle sobre as universidades e garantem a qualidade do ensino, além das atividades realizadas virtualmente os alunos precisam comparecer em locais chamados polos presencias para realizarem as principais avaliações, como provas e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), os alunos que não comparecerem ao local perdem os pontos referentes a avaliação agendada, outra regra dessa modalidade é que a frequência do aluno é contabilizada através dos trabalhos e das atividades realizadas, artigos e resenhas são alguns dos exemplos de trabalhos solicitados pelos professores.

Existem pessoas que criticam o termo educação a distância, Romero (2010) é um desses críticos, para ele o nome educação a distância não colabora com o real papel dessa forma de ensino e aprendizagem, quando a barreira da distância é quebrada com a ajuda das novas ferramentas de comunicação não significa que estudar a distância é estudar isolado e sozinho, ele afirma que:

O conceito de ensinar a distância – ou seria apesar dela? -, em contraposição à tradicional educação presencial, cria desnecessariamente antagonismo e, ironicamente, distanciamento entre pesquisas focadas em atividades de aprendizagem presenciais e aquelas que se especializam na educação virtual. (ROMERO, 2010, p.19)

Em sua essência a educação a distância é bem democrática, através dela o número de pessoas que podem ter aceso ao ensino superior cresceu muito nos últimos anos. O foco nesse momento deve ser a melhoria do ensino superior, seja ele presencial ou a distância Rezende e Dias (2010) afirmam que:

Não se trata de substituir o ensino presencial pelo ensino a distância, mas melhorar a qualidade de ambos, que coexistem nos dias de hoje. Não se trata de substituir um modo de aprender por outro. Amaneira presencial de aprender não é, de forma alguma, invalidada. O grande desafio é colocar a maneira presencial de aprender em interação com a maneira de aprender a distância. Ambas podem enriquecer-se. (REZENDE e DIAS, 2010, p.10)

3. TRAJETÓRIA DO ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Os ensaios inicias da Educação a Distância no Brasil são datados do início do século XX, segue abaixo uma tabela com os principais eventos dessa modalidade de ensino no Brasil, onde os acontecimentos podem ser vistos em ordem cronológica.

Tabela 1 – EAD no Brasil

Ano Acontecimento
1904 O Jornal do Brasil registra, na primeira edição da seção de classificados, anúncio que oferece profissionalização por correspondência para datilógrafo;
1923 Um grupo liderado por Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto criou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro que oferecia curso de Associação Brasileira de Educação a Distância 88 RBAAD – Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo Português, Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperanto, Radiotelegrafia e Telefonia. Tinha início assim a Educação a Distância pelo rádio brasileiro;
1934 Edgard Roquette-Pinto instalou a Rádio–Escola Municipal no Rio, projeto para a então Secretaria Municipal de Educação do Distrito Federal. Os estudantes tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas, e também era utilizada correspondência para contato com estudantes;
1939 Surgimento, em São Paulo, do Instituto Monitor, o primeiro instituto brasileiro a oferecer sistematicamente cursos profissionalizantes a distância por correspondência, na época ainda com o nome Instituto Rádio¬ Técnico Monitor;
1941 Surge o Instituto Universal Brasileiro, segundo instituto brasileiro a oferecer também cursos profissionalizantes sistematicamente. Fundado por um ex-sócio do Instituto Monitor, já formou mais de 4 milhões de pessoas e hoje possui cerca de 200 mil alunos; juntaram-se ao Instituto Monitor e ao Instituto Universal Brasileiro outras organizações similares, que foram responsáveis pelo atendimento de milhões de alunos em cursos abertos de iniciação profissionalizante a distância. Algumas dessas instituições atuam até hoje. Ainda no ano de 1941, surge a primeira Universidade do Ar, que durou até 1944.
1947 Surge a nova Universidade do Ar, patrocinada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio (SESC) e emissoras associadas. O objetivo desta era oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam exercícios com o auxílio dos monitores. A experiência durou até 1961, entretanto a experiência do SENAC com a Educação a Distância continua até hoje;
1959 A Diocese de Natal, Rio Grande do Norte, cria algumas escolas radiofônicas, dando origem ao Movimento de Educação de Base (MEB), marco na Educação a Distância não formal no Brasil. O MEB, envolvendo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Governo Federal utilizou- -se inicialmente de um sistema rádio educativo para a democratização do acesso à educação, promovendo o letramento de jovens e adultos;
1962 É fundada, em São Paulo, a Ocidental School, de origem americana, focada no campo da eletrônica;
1967 O Instituto Brasileiro de Administração Municipal inicia suas atividades na área de educação pública, utilizando-se de metodologia de ensino por correspondência. Ainda neste ano, a Fundação Padre Landell de Moura criou seu núcleo de Educação a Distância, com metodologia de ensino por correspondência e via rádio;
1970 Surge o Projeto Minerva, um convênio entre o Ministério da Educação, a Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta, cuja meta era a utilização do rádio para a educação e a inclusão social de adultos. O projeto foi mantido até o início da década de 1980;
1974 Surge o Instituto Padre Reus e na TV Ceará começam os cursos das antigas 5ª à 8ª séries (atuais 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental), com material televisivo, impresso e monitores;
1976 É criado o Sistema Nacional de Teleducação, com cursos através de material instrucional;
1979 A Universidade de Brasília, pioneira no uso da Educação a Distância, no ensino superior no Brasil, cria cursos veiculados por jornais e revistas, que em 1989 é transformado no Centro de Educação Aberta, Continuada, a Distância (CEAD) e lançado o Brasil EAD;
1981 É fundado o Centro Internacional de Estudos Regulares (CIER) do Colégio Anglo Americano que oferecia Ensino Fundamental e Médio a distância. O objetivo do CIER é permitir que crianças, cujas famílias mudem-se Volume 10 – 2011 Associação Brasileira de Educação a Distância 89 temporariamente para o exterior, continuem a estudar pelo sistema educacional brasileiro;
1983 O SENAC desenvolveu uma série de programas radiofônicos sobre orientação profissional na área de comércio e serviços, denominada “Abrindo Caminhos”;
1991 O programa “Jornal da Educação – Edição do Professor”, concebido e produzido pela Fundação Roquete-Pinto tem início e em 1995 com o nome “Um salto para o Futuro”, foi incorporado à TV Escola (canal educativo da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação) tornando-se um marco na Educação a Distância nacional. É um programa para a formação continuada e aperfeiçoamento de professores, principalmente do Ensino Fundamental e alunos dos cursos de magistério. Atinge por ano mais de 250 mil docentes em todo o país;
1992 É criada a Universidade Aberta de Brasília, acontecimento bastante importante na Educação a Distância do nosso país;
1995 É criado o Centro Nacional de Educação a Distância e nesse mesmo ano também a Secretaria Municipal de Educação cria a MultiRio (RJ) que ministra cursos do 6º ao 9º ano, através de programas televisivos e material impresso. Ainda em 1995, foi criado o Programa TV Escola da Secretaria de Educação a Distância do MEC;
1996 É criada a Secretaria de Educação a Distância (SEED), pelo Ministério da Educação, dentro de uma política que privilegia a democratização e a qualidade da educação brasileira. É neste ano também que a Educação a Distância surge oficialmente no Brasil, sendo as bases legais para essa modalidade de educação, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, embora somente regulamentada em 20 de dezembro de 2005 pelo Decreto n° 5.622 (BRASIL, 2005) que revogou os Decretos n° 2.494 de 10/02/98, e n° 2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n° 4.361 de 2004 (PORTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010).
2000 É formada a UniRede, Rede de Educação Superior a Distância, consórcio que reúne atualmente 70 instituições públicas do Brasil comprometidas na democratização do acesso à educação de qualidade, por meio da Educação a Distância, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Nesse ano, também nasce o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), com a assinatura de um documento que inaugurava a parceria entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, as universidades públicas e as prefeituras do Estado do Rio de Janeiro
2002 O CEDERJ é incorporado a Fundação Centro de Ciências de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro (Fundação CECIERJ).
2004 Vários programas para a formação inicial e continuada de professores da rede pública, por meio da EAD, foram implantados pelo MEC. Entre eles o Pro-letramento e o Mídias na Educação. Estas ações conflagraram na criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil.
2005 É criada a Universidade Aberta do Brasil, uma parceria entre o MEC, estados e municípios; integrando cursos, pesquisas e programas de educação superior a distância.
2006 Entra em vigor o Decreto n° 5.773, de 09 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino, incluindo os da modalidade a distância (BRASIL, 2006).
2007 Entra em vigor o Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007, que altera dispositivos do Decreto n° 5.622 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 2007).
2008 Em São Paulo, uma Lei permite o ensino médio a distância, onde até 20% da carga horária poderá ser não presencial.
2009 Entra em vigor a Portaria nº 10, de 02 julho de 2009, que fixa critérios para a dispensa de avaliação in loco e deu outras providências para a Educação a Distância no Ensino Superior no Brasil (BRASIL, 2009).
2011 A Secretaria de Educação a Distância é extinta.

Fonte: ALVES (2011)

É muito importante destacar que atualmente o ensino a distância é oferecido por instituições privadas e também por instituições públicas, o ensino a distância chegou bem tímido no Brasil, entretanto devemos salientar que a cada ano que passa essa modalidade alcança grandes índices de crescimento, não só no nível superior, como em outras categorias como pós-graduação e curso profissionalizante, como afirmam Andrade e Pereira (2012):

Do ponto de vista histórico, com a adesão aos programas federais de EaD, os Institutos Federais rompem, em um primeiro momento, com a centralidade no ensino presencial. Inicia-se uma nova etapa na história do ensino técnico profissionalizante. Já não é mais só o ensino presencial, a EaD entrou como mais uma alternativa para a expansão da rede federal de educação. Esse é um terreno fértil para que, numa escala institucional, essas duas modalidades de ensino- presencial e a distância- conversem e se relacionem. (ANDRADE E PEREIRA, 2012, p.4)

4. OS AVANÇOS DO ENSINO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Durante muito tempo a educação a distância lidou com a desconfiança da maioria dos estudantes, a maior preocupação estava relacionada com a qualidade do ensino, os estudantes tinham medo de adquirir um certificado que mais tarde não teria reconhecimento, outra grande preocupação era a distância física entre os professores e seus alunos, tradicionalmente essa distância não existe no ensino presencial, não se sabia exatamente como seria um curso onde não seria necessário o aluno frequentar diariamente a sala de aula física, esse senário marcou a educação a distância com o crescimento extremante lento,  no entanto, esse cenário começou a mudar a partir dos anos 2000, onde essa modalidade ganhou milhares de adeptos, hoje há cursos que a procura pela modalidade a distância já é maior que a procura pela modalidade presencial, esses avanços só foram possíveis por vários fatores combinados entre se.

Um fator imprescindível para o avanço da educação a distância foi o maior acesso da população as novas tecnologias, segundo Tori (2010, p.28) “Aos poucos, os recursos e as técnicas destinados inicialmente à educação eletrônica virtual foram sendo descobertos e aplicados pela educação convencional”.

Nos últimos vinte anos a população brasileira aumentou seu tempo de acesso a internet e adquiriu maior número de aparelhos como computadores e celulares, não é possível ignorar esse aspecto quando abordamos o ensino a distância, pois a evolução de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) foi a principal aliada no avanço dessa modalidade de ensino, Rezende e Dias (2010) afirmam que:

A cada dia surgem novas tecnologias que interferem diretamente (ou indiretamente) no nosso cotidiano. Computadores, celulares, cartões magnéticos são, por exemplo, algumas das tecnologias que já fazem parte do cotidiano da nova geração de adolescentes. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática […]. As relações entre homens, trabalho e a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são potencializadas por uma informática cada vez mais avançada. O cenário que se apresenta se constitui ao mesmo tempo como desafio e uma oportunidade ao mundo da educação. (REZENDE e DIAS, 2010, p.8)

Com os avanços tecnológicos várias mudanças sociais ocorreram no mundo, no Brasil não foi diferente, nos meios de comunicação os avanços foram latentes, gerando mudança na maneira da pessoa pensar e agir.

De modo automático somos inseridos no meio tecnológico, de certa forma somos obrigados a nos adaptar nesse novo mundo onde tudo acontece com muito mais rapidez, onde as transformações são diárias e em todas as esferas da sociedade, na educação não foi diferente, hoje os métodos de ensino não se resumem apenas aos materiais didáticos impressos ou a sala de aula convencional, o sistema educacional está cada vez mais conectado e os alunos estão cada vez mais interessados em novos desafios, daí um dos grandes motivos do crescimento da educação a distância, ela permite que o estudante consiga conciliar trabalho e ensino em locais distantes e diferentes, permitindo que cada pessoa estude dentro de seu próprio ritmo, de acordo com seu momento disponível, proporcionando uma grande autonomia nos estudos, Nunes (2009) fala que:

Neste cenário, as novas tecnologias da informação e de comunicação, em suas aplicações educativas, podem gerar condições para um aprendizado mais interativo, por meio de caminhos não lineares, em que o estudante determina seu ritmo, sua velocidade, seus percursos (NUNES, 2009, p.7).

Outro grande fator positivo para a educação a distância é seu baixo custo, a educação a distância também pode ser destacada pelo seu papel social, ela alcança principalmente o indivíduo de baixo poder aquisitivo, que de outra maneira praticamente não teria chance de ingressar no nível superior.

A vantagem financeira na educação a distância é notória, realmente é muito mais barato do que estudar presencialmente, os alunos pagam apenas pelo conhecimento, não pagam pelos funcionários das instituições de ensino, pelo espaço físico como biblioteca, no ensino presencial os alunos costumam arcar com as despesas como água e energia, todos esses fastos são considerados quando uma instituição calcula o valor de sua mensalidade, na EAD gastos extras podem ser evitados, são os gastos com alimentação, transporte e material impresso, os valores pagos são mínimos,  esses fatores deixam os custos com a EAD muito mais acessíveis.

É de conhecimento geral que nos últimos anos o Brasil vem enfrentado uma grave crise econômica, e essa também é uma das grandes explicações para a alta taxa de adesão a EAD, existem estudiosos que afirmam que os custos nessa modalidade podem ser até 70% mais baixos que os cursos presencias. A questão econômica é considerada quando alguém precisa decidir em que instituição de ensino vai estudar, em momentos economicamente complexos a tendência é que a opção que tenha o preço popular conquiste mais simpatizantes, o estudante sabe que irá obter um diploma com mesmo reconhecimento que o diploma de um curso presencial, mas com valores que ele pode arcar.

Além disso, podemos destacar o caráter geográfico do ensino a distância, ele quebra a barreira da distância alcançando um grande contingente de alunos em diferentes localidades remotas do país, a internet chega onde as universidades físicas não conseguem chegar, a EAD leva um amplo número de cursos para cidades que carecem de instituições que ofereçam o nível superior.

A maioria dos cursos de nível superior presencial estão concentrados em grandes centros urbanos, dificultando o acesso de pessoas que moram em pequenas e médias cidades, com destaque principalmente na zona rural, onde encontram-se pessoas que tem dificuldade de acesso ao nível superior, como destaca Alves (2011):

A metodologia da Educação a Distância possui uma relevância social muito importante, pois permite o acesso ao sistema àqueles que vêm sendo excluídos do processo educacional superior público por morarem longe das universidades ou por indisponibilidade de tempo nos horários tradicionais de aula, uma vez que a modalidade de Educação a Distância contribui para a formação de profissionais sem deslocá-los de seus municípios, (ALVES, 2011, p. 84)

Todos os fatores destacados até o presente momento ratificam os motivos que levaram a educação a distância conquistar grande avanço, para expressar esse crescimento em números o redator e reporte Estêvão Bertoni publicou um artigo de grande relevância, intitulado: A expansão do ensino a distância. E seu impacto na educação, no NEXO jornal, publicado em 15 de outubro de 2019, onde ele afirma por meio de dados matemáticos que:

Em 2018, foram abertas 7,1 milhões de vagas a distância, contra 6,3 milhões em cursos presenciais. Para se ter uma ideia do aumento, um ano antes eram oferecidas 4,7 milhões de vagas na graduação a distância. Em todo o Brasil, o número de cursos nessa modalidade pulou de 2.018, em 2017, para 3.177, em 2018. 50,7% foi o crescimento no número de cursos de graduação à distância no país entre 2017 e 2018, 28% foi o aumento na quantidade de alunos que ingressaram em curso de graduação a distância em 2018 em relação ao ano anterior. A expansão de vagas não significou o preenchimento de todas elas. Ainda assim, houve aumento no número de matrículas. Em 2018 foram registradas 1,3 milhão de inscrições em cursos a distância, o que representou 40% de todos os ingressantes na graduação naquele ano (contra 33,2% em 2017). Foram 2 milhões de alunos matriculados em cursos presenciais em 2018, 4% a menos do que no ano anterior. […] Das 7,1 milhões de vagas de graduação a distância abertas em 2018, 7 milhões foram no setor privado e apenas 113 mil no público. De 1,3 milhão de inscrições na modalidade naquele ano, 95% eram em instituições privadas de ensino. O Censo do Ensino Superior revelou ainda uma concentração em apenas cinco grupos empresariais privados, que têm mais de 50% dos alunos. 23,4% dos matriculados na graduação a distância em 2018 cursam pedagogia, o mais procurado na modalidade, 11,4% fazem administração de empresas, o segundo curso na modalidade a distância com mais inscritos. (BERTONI, 2019)

Diante dos fatores e dados apresentados fica evidente que o alcance do ensino a distância é considerável e de muita relevância, essa modalidade conta com inúmeros desafios, mas também conta com amplo potencial e com grande capacidade de evolução.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação a distância permitindo a construção do conhecimento de forma prática, com menos custos e com qualidade. É inegável que o ensino a distância é mais democrático que o ensino presencial, o mesmo tem o poder de alcançar um número maior de estudantes ao mesmo tempo, independente do espaço físico que eles ocupem no momento, mas logicamente não podemos negar o papel do ensino presencial na educação brasileira, certamente na educação do futuro será necessário que as duas modalidades coexistam, definitivamente não é necessário negar uma modalidade em detrimento da outra.

É importante ressaltar que diariamente cresce o número de instituições que oferecem a modalidade de ensino a distância, isso só é possível porque existe o reconhecimento dessa modalidade pelo MEC e principalmente pelos grandes contingentes de recursos tecnológicos que evoluíram nas últimas décadas, a aprendizagem online oferece grandes possibilidades, o ensino a distância é  auxiliado principalmente  pelas TICs que estão  presente no cotidiano das pessoas, provavelmente sem as melhorias tecnológicas a educação a distância não estaria no patamar que ocupa atualmente.

Ao debater a educação a distância é inevitável concluir que ela tem grande papel social, grande parcela da sociedade conquistou seu ingresso em uma graduação pela facilidade de inclusão do ensino a distância, a modalidade EAD é uma ótima oportunidade, o ensino a distância rompe com paradigmas que se perpetuam a décadas, permitindo que pessoas que vivem em áreas afastadas das grandes cidades tenham acesso à educação, por um preço mais acessível.

Nada mais justo que ampliar o acesso aos cursos de nível superior, seja presencial ou a distância, beneficiando a população, cada vez mais o ensino a distância cresça e alcance mais pessoas no Brasil, esse país com dimensões continentais e que muitas vezes segrega a população mais carente.

REFERENCIAS

ALVES, L. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Associação Brasileira de Educação a Distância. Vol. 10. págs. 83-92,  2011. Disponível em: file:///C:/Users/Windows/Desktop/Artigo_07%20ead%20no%20Brasil.pdf. Acesso em: 18 dezembro 2019.

ANDRADE, L. A. R.; PEREIRA, E. M. A.  Educação a Distância e Ensino Presencial: Convergência de Tecnologias e Práticas Educacionais. Simpósio Internacional de Ensino a Distância (SIED). São Carlos, 2012. Disponível em: http://sistemas3.sead.ufscar.br/ojs/Trabalhos/364-1042-2-ED.pdf Acesso em: 21 dezembro 2019.

BELLONI, M. L. Educação a distância. 4ª ed.  Editores Associados. Campinas – 1998.

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NUNES, I. B. A História da EaD no Mundo. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. Pearson Education do Brasil, São Paulo, 2009.

REZENDE, W. M.; DIAS, A. I. A. S. Educação a Distância e Ensino Presencial: Incompatibilidade ou Convergência? Revista EAD em Foco – nº 1 – vol.1 – Rio de Janeiro – abril/outubro 2010.

ROMERO, T. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. Senac. São Paulo, 2010.

TORI, R. Cursos híbridos ou blended learning. In: In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Org.). Educação a Distância: o estado da arte. Person Education do Brasil. São Paulo, 2009.

[1] Mestrado em Educação pela Universidad del Salvador (USAL), Pós-graduação em Docência do Ensino Superior pela Universidade Cândido Mendes, Graduação em Licenciatura plena em História pela FTC.

Enviado: Janeiro, 2020.

Aprovado: Junho, 2020.

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Caliane Teixeira de Araújo

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