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O Lúdico na Educação Infantil e suas Interfaces com a Psicomotricidade

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CONTEÚDO

RESENDE, Clara Duarte [1], COSTA, Célia Regina Bernardes [2]

RESENDE, Clara Duarte; COSTA, Célia Regina Bernardes. O Lúdico na Educação Infantil e suas Interfaces com a Psicomotricidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 04. Ano 02, Vol. 01. pp 145-157, Julho de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

De acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade ela é uma ciência que tem como objeto o estudo do homem através do seu corpo em movimento e as suas relações com seu mundo interno e externo. Ela tem como finalidade normatizar e aperfeiçoar a conduta global do ser humano, na melhoria da tomada de consciência de seu corpo, utilizando-se de ações psicomotoras como meio de comunicação na exploração do movimento consciente, intencional e sensível. É considerada como ponto de apoio das experiências sensório-motoras, emocionais, afetivas, cognitivas e sociais, afim de reencontrar o caminho da comunicação consigo mesma, com os outros e com o mundo.  Neste contexto, o desenvolvimento das vivências lúdicas na Educação Infantil proporciona um aprendizado de forma divertida e educativa através das ações psicomotoras. A ludicidade contribui de modo significativo para a prática do movimento corporal incluindo nesse meio os aspectos afetivo-social, motor e cognitivo à serem desenvolvidos nas intervenções pedagógicas, que envolvem a psicomotricidade. Esta pesquisa inscreve-se como um trabalho que visa compreender a importância do lúdico na Educação Infantil e suas interfaces com a Psicomotricidade visando o desenvolvimento integral das crianças. A metodologia utilizada no presente estudo se deu por meio de pesquisas em artigos científicos, livros, e sites da Internet. Após os estudos realizados, foi possível perceber que através das atividades lúdicas envolvendo a Psicomotricidade, a criança passa a ter maior consciência corporal integrada às emoções, aos gestos, às atitudes e às posturas, tornando-se uma criança mais   criativa e segura de si mesma por meio de suas práxis.

Palavras-chave: Psicomotricidade, Ludicidade,  Educação Infantil, Criança.

1. INTRODUÇÃO

A Educação Básica é um nível de educação escolar brasileira que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Este conceito de educação básica foi ampliado a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.  O artigo 29 da LDB, considera a educação infantil a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

De acordo com os PCNs, em específico a abordagem da educação infantil, o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças nesta etapa de desenvolvimento utilizam do corpo para verbalizar o que estão sentindo. Segundo os parâmetros curriculares, as crianças movimentam-se desde que nascem, adquirindo, gradativamente, maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo.

Elas engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. O Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil (1998) também destaca a importância do brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos variados, possibilitando às crianças se apropriarem da cultura corporal de movimento, como também o desenvolvimento das dimensões cognitivas, afetivas, sociais e motoras.

Por ser a ludicidade uma atividade prazerosa voltada pra a recreação e o lazer, oferece grandes contribuições para a educação infantil, auxiliando na aprendizagem, na produção do conhecimento e no desenvolvimento corporal. É importante considerar, no entanto, o papel da psicomotricidade nesta etapa de desenvolvimento, sendo esta uma ciência que estuda o homem por meio de seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e externo e de suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.

Atualmente, essa ciência ocupa um lugar de destaque, tanto no campo da educação, como no campo clínico, tendo como objeto de estudo o sujeito em suas relações com o tempo, o espaço e o outro. Sendo assim, esta pesquisa inscreve-se como um trabalho que visa compreender a importância do lúdico na educação infantil e suas interfaces com a psicomotricidade, destacando a importância do brincar no processo de aprendizagem da educação infantil, despertando na criança o poder da autonomia, da criatividade e  da liberdade de expressão, favorecendo a ela, afirmar-se enquanto ser humano.

Além de essa atividade ser um passatempo para a criança, esta é motivada a brincar por meio de processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades e não só para “passar o tempo”. Na realidade, os momentos do brincar são oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Lembrando que a atividade lúdica é indispensável à vida humana e desenvolve os aspectos ligados à emoção, ao prazer, à afetividade, à saúde e ao bem-estar.

2. HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Falar da história da motricidade é atentar para sua relação com a história do corpo. Desde a antiguidade, o corpo passou por várias transformações. De acordo com Massumi (2005, p. 7), naquele período o homem valorizava muito a ginástica, para “dar graça, vigor e educar o corpo” e melhorar o desenvolvimento do espírito. Já no século XVIII, com Descartes (apud LEVIN, 2003, p.22) passou-se a privilegiar a mente em detrimento do corpo.

Mais adiante no tempo, com o desenvolvimento da neurofisiologia, mais especificamente em 1870, a necessidade de encontrar explicação para certos fenômenos clínicos sobre distúrbios de atividade gestual levou à criação do termo psicomotricidade (CAMUS apud LEVIN, 2003, p. 23.)

No Brasil, os primeiros registros sobre a noção da psicomotricidade datam da década de 1950, quando neurologistas e psiquiatras da infância destacaram a importância dos movimentos em terapias para crianças com necessidades especiais. Nesse período, foi criado um serviço de Educação Especial na Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, no qual era oferecido ortopedia mental e educação física para crianças com necessidades especiais.

Os primeiros cursos de formação para professores voltados para este público surgiram em 1951. Era incentivado jogos, dramatizações, mímicas, danças e até a voz, bem como exercícios de motricidade e esquemas de reeducação psicomotora.

A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) foi fundada em 1980, integrada a Sociedade Internacional de Psicomotricidade, na época sediada em Paris, França. Sua criação fortaleceu a divulgação de conhecimentos e contribuiu para que fosse dada à estruturação do desenvolvimento psicomotor a importância merecida.

Após o Registro da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, o grupo percebeu que o passo seguinte seria a realização de um congresso de âmbito nacional, que teria como objetivo a divulgação, a pesquisa e a fundamentação cientificam da Psicomotricidade. Todos trabalharam de forma intensa para o sucesso do encontro, que teve como tema “O corpo em movimento”. O encontro aconteceu em junho de 1982, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Desde então os especialista comemoram a vitória dos esforços nessa área e novos eventos foram sendo organizados, como o “II Congresso Brasileiro de Psicomotricidade” que aconteceu em Belo Horizonte, MG, 1984, cujo o tema foi, “O corpo integrado”, corpo de um sujeito inteiro , com todos seus aspectos, neurobiológicos, psíquico-fantasmáticos, sociais, inseridos em um contexto histórico de conquista política da democracia.

Outro evento marcante foi o “V Congresso Brasileiro de Psicomotricidade” que aconteceu em Salvador, BA, em setembro de 1992. Onde vieram convidados internacionais como o professor Jean Bérgès, Françoise Desobeau e André Lapierre (França), Esteban Levin (Argentina), Denise Muniz (Espanha), dentre outros convidados nacionais, como, Beatriz Saboya, Cely Wagner, Eneida Holzmann, Margarida Pinto e Suzana Cabral; esses profissionais compareceram ao evento e discutiram o tema: “O sujeito na pratica psicomotora”.

De acordo com Vera Martins e Aline Kabarite, autoras do livro “Perfil Psicomotor: um olhar pra além do desempenho”, a partir desse evento, a Psicomotricidade passou a tomar uma nova dimensão no País, tanto no campo de atuação quanto no de estudos, diversos cursos de formação se constituíram, alguns deles de cunho acadêmico, nas universidades espalhadas pelo território nacional e outros como cursos livres. Tais centros de formação, acadêmicos ou não, só vieram para enriquecer e projetar a importância da psicomotricidade em nossa sociedade.

O jogo, o brinquedo e a brincadeira, desempenham papel fundamental na aprendizagem e no processo de socialização das crianças, quanto mais rica e diversificada forem as experiências do brincar na vida infantil, maiores serão os benefícios para as crianças. Sendo assim, destaca-se a importância de uma abordagem psicomotora nessa etapa do desenvolvimento infantil, ressaltando a importância do corpo, e da ludicidade como fator essencial para a formação do individuo.

3. O CORPO E SUA INFLUÊNCIA NA PSICOMOTRICIDADE

De acordo com Levin (2003), o corpo, os movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na aprendizagem e na formação geral do ser humano. Para o autor, desde que a criança nasce, ela usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Para o autor, essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos, incorporados, são tesouros que usamos como referência quando precisamos. Para Levin (2003), os movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam a disposição para serem colocados em uso.

O corpo revela uma linguagem sutil, que é bem particular, sendo esta a principal forma de comunicação da criança pequena. A prática psicomotora nesta etapa de desenvolvimento dá ênfase na linguagem não verbal porque o corpo representa uma excelente forma de comunicação e de expressão. As atividades lúdicas entram em destaque nesta etapa por permitir que a criança se expresse seus sentimentos de forma alegre, espontânea e criativa. Neste sentido, o Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil (1998, p.15) destaca que:

Ao movimentarem-se, as crianças expressam seus sentimentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.

De acordo com Mattos, Heinsius e Darcymires (2011), a comunicação da criança durante seus dois primeiros anos de vida é psicomotora, ou seja, na ausência da linguagem e da conceituação, suas relações são essencialmente corporais e motoras, utilizando –se de gestos, olhares, mímicas, atitudes e sons.

Para os autores, a expressividade do corpo leva em consideração a capacidade que uma pessoa tem em exprimir para seu semelhante seus sentimentos, afeições e pensamentos. Dessa forma, é com o corpo que entramos em relação, mas também por ele e para ele que se trabalha com psicomotricidade.

Para Levin (2003), incentivar uma relação saudável com o corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que deveriam ser cultivadas por toda a escolaridade, desde a educação infantil até o final da puberdade, porque até esta fase a criança vive pela primeira vez as mais diversas experiências, por isso, elas precisam ser marcantes. Portanto, o professor deve valorizar os movimentos corporais em todas as series, especialmente na educação infantil.

Concretamente, a psicomotricidade trabalha para melhorar a motricidade global (andar facilmente, correr, saltar, lançar um objeto, andar com equilíbrio sobre um banco, etc.), e a motricidade fina (essencialmente manual e digital: recortar com tesouras, jogos de dobraduras, colorir, desenhar, escrever, mas também se vestir, amarrar seus calçados, abotoar suas roupas), tudo isso se orientando no espaço percebido (percepção), sentido (sensorialidade), reconhecido (memorização afetiva, emocional, cognitiva): longe, perto, ao redor, ao lado.

Enfim, a psicomotricidade é uma fonte preciosa que permite a instauração de uma relação positiva e segura. De fato, qualquer que seja a abordagem, o prazer da criança é primordial. A psicomotricidade propõe um tempo e um espaço para a expressão corporal, a expressão fantasiosa e a consciência de si.

4. ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade serve como ferramenta para vários aspectos voltados para a criança no seu mundo interno e externo, incluindo seus sentimentos, atitudes, tanto no modo de pensar como de se expressar, na interação com os demais, contribuindo para seu crescimento pessoal e a construção da sua autonomia.

Os elementos básicos da psicomotricidade são de suma importância na aprendizagem. Eles estão associados ao Esquema Corporal, Motricidade Global, Motricidade fina, Equilíbrio, Lateralidade, Organização Espacial e Temporal.

Segundo Le Boulch (2012), o esquema corporal consiste na consciência do corpo por meio da comunicação e diversas outras relações consigo e com aquilo que está em sua volta.

O corpo é a maior referência que a criança tem de si, é através do movimento corporal que a criança passa a descobrir sua personalidade e vivencia várias experiências.

A motricidade está relacionada ao movimento corporal juntamente com o processo cognitivo, são movimentos que estimulam o indivíduo a usar o cérebro para executar tal atividade.

A coordenação motora global está relacionada a movimentos que utilizam os grandes grupos musculares, como: saltar, correr, chutar, empurrar. Já a coordenação motora fina está relacionada a movimentos que utilizam os pequenos músculos, exigem mais habilidade para serem executados, como: escrever, desenhar, pintar, recortar, bordar ou trabalhar com qualquer tipo de objeto que requer movimentos mais precisos. É necessário que a criança tenha também uma coordenação óculo-manual, ou seja, ter a percepção da visão com a ação de tal movimento.

Segundo Alves (2012),tipos de classificação se referem ao equilíbrio. O primeiro se refere ao equilíbrio estático, que acontece sem se locomover, executando a atividade no lugar apenas com um pé no chão movimentando a outra perna, seja no plano sagital, frontal ou transverso. Já o segundo, o equilíbrio dinâmico, está ligado a atividades de locomoção, como andar em cima de certo objeto ou linha que seja totalmente instável.

Jean Marie Tasset (1980 p. 72) define a lateralidade como “apreensão da ideia de direita e esquerda, dizendo que este conhecimento deve ser automatizado o mais cedo possível, enfatizando que automatização da lateralizarão é necessária e indispensável”.

Sabe-se também que a lateralidade não está vinculada apenas com as atividades motoras do indivíduo, mas também com a percepção de aprendizagem favorecendo a um lado do cérebro.

Em respeito das orientações, temporal e espacial (ALVES, 2008) declara:

O espaço humano está orientado de forma a dar o sentido de direita, esquerda, acima, abaixo, longe e perto. E sua noção começa através de uma exploração que um indivíduo tem num espaço, que vai desde o início de seus movimentos involuntários até ir se aperfeiçoando com o engatinhar, o marchar e o verbalizar. Trabalhar a organização temporal é muito importante em uma criança, pois será através dela que ela terá uma boa orientação para que possa ter bons resultados na escolarização, de forma que ela possa escrever de forma ordenada frases ou palavras. Em uma comunicação oral poderá também estruturar o sons das palavras; e também ela poderá ter noção de fatos que aconteceram no passado e planos que acontecerão no futuro. A organização espacial e a organização temporal estão relacionadas à organização do intelecto em seu meio que por fim está ligada a consciência, à memória e às experiências vividas de um indivíduo. (p.3)

Quando a criança não tem um desenvolvimento psicomotor bem trabalhado e definido, pode gerar dificuldades durante todo o processo de crescimento. A psicomotricidade está relacionada constantemente no cotidiano de qualquer indivíduo.

O objetivo de aderir a psicomotricidade como técnicas pedagógicas nas aulas tem como finalidade promover o conhecimento e domínio do seu corpo diante de tais atividades.

Diante dessas definições, percebe-se a importância dessas habilidades para o progresso da criança, as experiências adquiridas do prazer e a dor ou sucesso e fracasso são refletidas nas suas emoções e ações.

5. O PAPEL DO EDUCADOR NA LUDICIDADE E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998), é necessário que as instituições de educação infantil incorporem de maneira integrada as funções de educar e cuidar, não mais diferenciando, nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com as crianças pequenas ou aqueles que trabalham com os maiores.

Segundo o Referencial, as funções para a educação infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. É importante ressaltar, porém, que uma educação de qualidade significa considerar e envolver as crianças no contexto social, ambiental e cultural, de forma que elas vivenciem conhecimentos variados possibilitando a ela maior autonomia nas suas ações.

Nesta etapa, deve-se oferecer às crianças condições para que as aprendizagens ocorram através das brincadeiras e outras advindas de situações pedagógicas intencionais, respeitando o processo de desenvolvimento infantil.

É papel do educador propiciar situação de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada, facilitando o desenvolvimento das relações interpessoais, de ser e estar com os outros, de aceitação, respeito e confiança. O profissional deverá auxiliar no despendimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, com o objetivo de contribuir para a formação integral das crianças.

Alves (2008), argumenta que o educador, na Educação Infantil, precisa planejar e organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada. Para a autora, o professor deve fazer uso de novas metodologias, utilizando-se de brincadeiras onde desperte a reflexão, autonomia e a criatividade.

A escola é um meio onde se constrói a relação entre professor e aluno, entretanto, pode-se afirmar que o professor tem total importância para a contribuição de conhecimento e crescimento do aluno. Cabe a ele conhecer e mostrar interesse ao longo deste processo de ensino, buscando sempre a afetividade, diálogo e respeito, ganhando a confiança e carinho da criança, para assim, planejar suas aulas de acordo com seus objetivos, favorecendo de forma global a todos.

(…) – (o planejamento) ajuda o professor a definir os objetivos que atendam os reais interesses dos alunos; – possibilita ao professor selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para seus alunos; – facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da disciplina; – ajuda o professor a selecionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadear um ensino mais eficiente, orientando o professor no como e com que deve agir; – ajuda o professor a agir com maior segurança na sala de aula; – o professor evita a improvisação, a repetição e a rotina no ensino; – facilita uma maior integração com as mais diversas experiências de aprendizagem; – facilita a integração e a continuidade do ensino; – ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente; – ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e participativa. (2001, p.66)

O professor deve estar sempre atento às evoluções e limitações do aluno, observando suas habilidades e dificuldades, procurando descobrir seus objetivos e necessidades para serem desenvolvidas, respeitando a individualidade de cada um.

Vale lembrar que o educador deve trabalhar essas atividades educativas de forma compreensível, tornando-se um instrumento facilitador na aprendizagem. Ao longo deste processo o orientador deve deixar claro a importância de tais didáticas e apresentar os pontos positivos que irão contribuir a elas.

O profissional de Educação Física, ao trabalhar na educação infantil, precisa, primeiramente caracterizar seus objetivos para desenvolvê-los com responsabilidade e clareza.

De acordo com Freire (2009), a Educação Física deve atuar como qualquer outra disciplina da escola, e não desintegrada dela. Nas práticas corporais da Educação Física, a expressão humana relaciona-se à competição, à cooperação, ao conhecimento do próprio corpo, à socialização, entre outros aspectos que possibilitam o entendimento das relações sociais. Por isso, os saberes deste componente curricular devem ser organizados pedagogicamente com base nas manifestações culturais de movimentos conhecidas como ginástica, jogo, luta, dança, esporte, entre outros.

Na educação infantil, as práticas corporais estabelecem relações com a ludicidade e a expressividade, isto sugere que brincar com a ginástica, com o jogo e com a dança oportuniza o contato com o acervo cultural produzido pela humanidade. Em consequência, o professor deve se tornar um ser mais observador durante suas aulas, ficar concentrado a todo momento, para assim, avaliar os aspectos significativos que irão surgir durante o processo.

O brincar é fundamental no desenvolvimento infantil, pois representa o desejo, colabora com o surgimento das nossas expressões psicomotoras de maneira harmoniosa e prazerosa (VELASCO, 1996, p. 46). Assim, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (Brasil, 1998 p.23-24) nos afirma que:

Educar significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. “Cuidar” significa ajudar o outro a se desenvolver como ser humano, valorizar e ajudar a desenvolver capacidades.

Sendo assim, o educador deve atender as necessidades das crianças de forma global para que consiga favorecer a todos de modo que nenhuma se sinta inferior a outra. É papel do professor estimular sempre o aluno a querer aprender cada vez mais, participar das aulas, expressar suas dificuldades para que possam ser trabalhadas em prol da evolução, respeitando sempre a diversidade e principalmente o espaço de cada um.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após os estudos realizados, percebe-se que a ludicidade é uma ferramenta importantíssima para o processo de crescimento e desenvolvimento das crianças na educação infantil, auxiliando na aprendizagem e no desenvolvimento corporal. Foi possível perceber também que a psicomotricidade é uma ciência que estuda o homem por meio de seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e externo e de suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.

Ao longo do trabalho, observou-se a evolução que a psicomotricidade sofreu no decorrer dos tempos, atentando para sua relação com a história do corpo. A época em que a psicomotricidade foi fundada, os congressos de âmbito nacionais e internacionais promovidos pela associação, que tinham como objetivo a divulgação a pesquisa e a fundamentação cientifica da Psicomotricidade.

Foi possível identificar que, o corpo, os movimentos e a imagem que se  tem do seu corpo são fundamentais para a  aprendizagem e formação geral da criança.  Ficando evidente a importância da psicomotricidade no desenvolvimento corporal. Ficou claro também sobre a importância que os elementos básicos da psicomotricidade exercem e colaboram para o desempenho corporal, pois estão associados ao Esquema Corporal, Motricidade Global, Motricidade fina, Equilíbrio, Lateralidade, Organização Espacial e Temporal.

Ficou evidente também sobre a importância da atuação profissional nesta etapa da educação infantil, o educador deve oferecer às crianças condições para que as aprendizagens ocorram através das brincadeiras e outras advindas de situações pedagógicas intencionais, respeitando o processo de desenvolvimento infantil.

Por fim, evidenciou-se que a ludicidade na Educação infantil e suas interfaces com a psicomotricidade são de grande importância em todo o processo de formação das crianças na educação infantil, auxiliando na aprendizagem, na tomada de consciência corporal, no movimento, na afetividade, na socialização, possibilitando aos alunos atuarem de forma crítica, reflexiva e autônoma na sociedade a qual pertencem. Portanto a interfase do Lúdico com a Psicomotricidade na Educação Infantil é extremamente importante por serem complementares.

REFERÊNCIAS

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BERTOLDO, Janice Vida; RUSCHEL, Maria Andrea de Moura. Jogo, brinquedo e brincadeira: uma revisão conceitual. Psicopedagogia Online, p. 2011-01, 2000.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 12.05.2017.

BRASIL. RCNEI – Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil. Volume 3. Brasil, 1998.

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DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schimit. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, v. 1, n. 4, p. 107-112, 2004.

FALCÃO, Hilda Torres; BARRETO, Maria Auxiliadora Motta. Breve histórico da psicomotricidade. In: Ensino, saúde e ambiente, v. 2, n.2, p. 84-94, agosto de 2009.

FERREIRA, C.A.M; HEINSIUS, A.M; BARROS, D.R. Psicomotricidade escolar. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione,2009.

LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2012.

LEVIN, Esteban. A clínica psicomotora: o corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003.

LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, definições e intervenção profissional. Rev. Dig. Buenos Aires. Ano, v. 10, 2008.

MATTOS, Vera Lúcia; KABARITE, Aline. A Construção do perfil psicomotor: um olhar além do desempenho. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2005.

MASSUMI, Mariana. O corpo e suas dimensões anímicas, espirituais e políticas: perspectivas presentes na história da cultura ocidenal e brasileira. Ribeirão Preto, v. 1, n. 1, 2005.

ROLIM, Amanda Alencar Machado; GUERRA, Siena Sales Freitas; TASSIGNY, Mônica Mota. Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Revista Humanidades, v. 23, n. 2, p. 176-180, 2008.

SANTOS, P. R. D. S.; SANTOS, S. R. D. S. O professor e sua prática: do planejamento às estratégias pedagógicas. Anápolis: II Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino. 2007.

[1] Graduação em Educação Física pela Faculdade Patos de Minas.

[2] Orientadora pela Faculdade Patos de Minas.

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Clara Duarte Resende

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