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A música como ferramenta lúdica no ensino de hábitos de higiene

RC: 76102
1.227
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/habitos-de-higiene

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PAMPLONA, Adriane da Silva [1], SILVA, Noemy Silva da [2], TELES, Itamar José Santos [3], PINHEIRO, Luiz Marcelo de Lima [4], BIANCALANA, Adriano [5], BIANCALANA, Fernanda Simas Correa [6]

PAMPLONA, Adriane da Silva. Et al. A música como ferramenta lúdica no ensino de hábitos de higiene. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 07, pp. 156-173. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/habitos-de-higiene, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/habitos-de-higiene

RESUMO

A música através de seu caráter lúdico, destaca-se como um importante recurso pedagógico capaz de auxiliar na formação de hábitos, atitudes e comportamentos. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou verificar a eficiência da música como ferramenta lúdica na transmissão de conhecimentos sobre as práticas de hábitos de higiene na educação infantil. De modo que, para alcançar os objetivos propostos, a pesquisa desenvolveu-se a partir de três etapas, denominadas de: pré-intervenção – que caracterizou-se por investigar através de questionários, as noções iniciais que as crianças apresentavam em relação aos hábitos de higiene; aplicação da linguagem musical – que abordou as práticas corretas de higienização por meio da música e; pós-intervenção – que consistiu em reaplicar o questionário para avaliar o efeito da música como ferramenta lúdica. Os resultados obtidos, revelaram a eficiência da música na transmissão de conhecimentos sobre as práticas corretas de higienização na educação infantil, uma vez que, após a utilização da linguagem musical, ocorreram mudanças significativas na percepção e aprendizagem das crianças.

Palavras-chave: Educação infantil, Linguagem musical, práticas de higienização.

1. INTRODUÇÃO

Higiene é conhecida como a ciência que tem por função promover a preservação da saúde e a prevenção de doenças (MONLEVADE e FARIA, 2008). De acordo com Silva e Viol (2014), as práticas de higiene pessoal têm grande importância para a saúde humana, pois inúmeras doenças infecciosas e parasitárias podem ser evitadas a partir de medidas básicas de higienização como, por exemplo, a manutenção de hábitos saudáveis de higiene oral que, segundo o PeNSE – Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (IBGE, 2016) é o mais efetivo método de prevenção e controle da cárie dentária e de outras doenças periodontais. Assim como, a lavagem das mãos, que se caracteriza como uma medida preventiva altamente efetiva contra doenças diarreicas, que são uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo (IBGE, 2016).

Nessa perspectiva, a educação em higiene e saúde torna-se imprescindível, uma vez que, contribui efetivamente para o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, facilitando a incorporação de práticas que promovam melhorias na qualidade de vida (GOLDSCHMIDT et al., 2013; PAES e PAIXÃO, 2016). Assim, é fundamental que esta consciência seja desenvolvida ainda na infância, pois o ensino precoce de hábitos de higiene, revela o papel estratégico da escola em proporcionar uma aprendizagem efetiva de promoção e proteção à saúde (HANSEN et al., 2006; IBGE, 2016).

Além disso, a educação deve ser capaz de promover mudanças nos hábitos e comportamentos dos educandos e, consequentemente, não pode se limitar em apenas informar, pois somente se tornará satisfatória quando garantir uma aprendizagem significativa e transformadora de atitudes e hábitos de vida (MONLEVADE e FARIA, 2008). No entanto, a verdadeira aprendizagem, de acordo Zimring (2010): “ocorre em grande parte através da ação e é facilitada quando o aluno participa do processo”. Desse modo, o lúdico destaca-se como um importante recurso pedagógico direcionado as áreas de aprendizagem, pois através da ludicidade é possível promover aulas dinâmicas e motivadoras, que contribuam para que o aluno trabalhe sua imaginação, seu raciocínio e sua interação com o mundo que o cerca por meio de jogos, músicas, brincadeiras e danças (OLIVEIRA e SILVA, 2016; SOUSA et al., 2019).

A utilização da música como ferramenta lúdica, transforma o ambiente escolar em espaço adequado a aprendizagem, pois é capaz de promover momentos alegres e prazerosos em sala de aula, tornando o ensino mais atrativo para o educando (BETTI et al., 2013). Segundo Barros et al. (2013), as músicas e suas letras apresentam-se de forma simples, dinâmica e contextualizada, estabelecendo, portanto, um diálogo entre alunos, professores e o conhecimento científico. Nesse sentido, Faria e Santos (2017). Ressalta que é essencial que a criança se relacione com a música no ambiente escolar, pois é nessa fase que ela se apropria dos conhecimentos e constrói os saberes que irá utilizar para o resto de sua vida.

De acordo com o RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), a música pode ser utilizada para atender a diversos objetivos e, na educação infantil, é uma ferramenta capaz de auxiliar na formação de hábitos, atitudes e comportamentos. Nesse contexto, a elaboração desta pesquisa partiu do pressuposto de utilizar a música como ferramenta lúdica para ensinar a prática correta de hábitos de higiene. E deste modo, os objetivos desta pesquisa foram: verificar a eficiência da música como ferramenta lúdica, na transmissão de conhecimentos sobre as práticas de hábitos de higiene na educação infantil, investigando o conhecimento prévio dos alunos acerca das práticas de higiene e analisando o efeito da música sobre o conhecimento e percepção dos alunos a respeito dos hábitos de higienização.

2. METODOLOGIA

2.1 PÚBLICO ALVO

A presente pesquisa foi desenvolvida com alunos das turmas de 1º e 3º dos anos iniciais do ensino fundamental, em escolas da rede pública no município de Soure, que estão representadas na tabela abaixo.

Tabela 1. Escolas municipais de Soure que foram lócus da presente pesquisa.

ESCOLA BAIRRO ANO
E.M.E.I.F. Alacid da Silva Nunes

E.M.E.I.F. Raimundo da Silva Ramos

E.M.E.I.F. Raimundo da Silva Ramos

E.M.E.I.F. Santana de Tucumanduba

São Pedro

Matinha

Pedral

Tucumanduba

2019

2019

2019

2019

Fonte: Dados da Pesquisa.

2.2 ETAPAS DA PESQUISA

A coleta de dados ocorreu a partir da execução de três etapas, denominadas de: pré-intervenção, aplicação da linguagem musical e pós-intervenção.

2.2.1 PRÉ-INTERVENÇÃO

Esta etapa teve por objetivo investigar as noções iniciais que as crianças apresentavam em relação as práticas de higienização. Nesse sentido, foi realizado uma abordagem a partir de questionamentos e definições sobre o conceito de higiene e, sequencialmente, para que os alunos estabelecessem uma conexão entre as definições teóricas com as ações de seu cotidiano, foram ilustradas figuras em placas de papelão com personagens executando medidas básicas de higienização (Figura 1), onde as crianças tinham que identificar qual prática de higiene estava sendo realizada.

Figura 1 – A. Abordagem sobre o conceito de higiene. B. Ilustração das figuras em placas de papelão. C. Placas com personagens executando hábitos básicos de higiene.

Fonte: Dados da Pesquisa.

E para cada atitude ilustrada nas figuras, havia uma pergunta associada que integrava o questionário previamente elaborado, que continha 4 questões objetivas e 1 questão subjetiva (Figura 2).

Figura 2 – Questionário de avaliação.

Fonte: elaborado pelo autor.

O referido instrumento de avaliação, foi aplicado de forma oral para verificar conhecimento prévio que cada criança possuía com relação aos hábitos de higiene e, após cada pergunta, falou-se suscintamente sobre algumas doenças que podem vir a ser ocasionadas pela ausência de tais práticas.

2.2.2 APLICAÇÃO DA LINGUAGEM MUSICAL

Esta etapa consistiu em abordar as práticas corretas de hábitos de higiene por meio da linguagem musical, que foi apresentada aos alunos de duas maneiras: inicialmente, através de um vídeo musical disponível em: https://youtu.be/BAjPeUC3mPk, que tem por título “Todo mundo levanta a mão”, que é uma composição de Paulo César Baruk e interpretado por Rebeca Nemer, o qual foi exposto com o auxílio de um projetor.

E em seguida, a abordagem ocorreu através do canto da música que tem por título “higiene é atenção” (Figura 3), de modo que, os alunos tinham que realizar o ritmo e as dinâmicas presente na mesma, através de palmas e outros movimentos corporais.

Figura 3 – Letra da música higiene é atenção.

Fonte: elaborado pelo autor

2.2.3 PÓS-INTERVENÇÃO

Esta etapa consistiu em reaplicar o questionário para avaliar o efeito da música como ferramenta lúdica sobre o conhecimento e percepção das crianças em relação as práticas corretas dos hábitos de higiene.

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram tabulados, analisados de forma percentual e representados graficamente por meio do programa Microsoft Excel 2019, de modo que, para a análise comparativa entre as etapas pré e pós-intervenção, foram utilizados critérios como: o número total de erros e acertos em cada uma das perguntas objetivas e as respostas mais frequentes da pergunta subjetiva. Assim, nas questões 1, 2, e 4 as opções a e b foram contabilizadas como erros e a opção c como acerto e para a questão 3 a opção b foi contabilizada como acerto e as opções a e c como erros, já na questão 5 que tratava-se de uma pergunta subjetiva teve como critério as respostas que mais se repetiram em todas as turmas. No que diz respeito a comparação entre as classes em estudo, os dados foram analisados com base no número total de erros e acertos das turmas de 1º e 3º ano em relação a cada uma das questões objetivas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados, referem-se à avaliação de um total de 126 crianças que participaram desta pesquisa, nas quais estão distribuídas entre as quatro escolas selecionadas. Sendo 30 alunos da escola Alacid Nunes, 29 da escola Raimundo Ramos, 20 da escola Raimundo Ramos – Pedral e 47 alunos da escola Santana de Tucumanduba, conforme mostra a tabela a seguir.

Tabela 2. Número de alunos participantes da pesquisa por escola.

ESCOLA Nº DE ALUNOS
E.M.E.I.F. Alacid da Silva Nunes

E.M.E.I.F. Raimundo da Silva Ramos

E.M.E.I.F. Raimundo da Silva Ramos-Pedral

E.M.E.I.F. Santana de Tucumanduba

30

29

20

47

TOTAL 126

Fonte: Dados da Pesquisa.

3.1 ANÁLISE COMPARATIVA DAS ETAPAS PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO

Após a análise das respostas dos alunos em cada uma das questões abordadas, foi obtido as diferenças entre as etapas pré-intervenção e pós-intervenção.

3.1.1 QUESTÃO 1

A primeira questão sobre higiene bucal, retratou sobre o quantitativo de vezes que se deve escovar os dentes durante o dia. Na etapa pré-intervenção, 79% dos alunos responderam corretamente e 21% erraram. No entanto, com a abordagem sobre as práticas corretas de higienização através da linguagem musical, o número de acertos passou para 98% e o número de erros teve um decréscimo de 19% (Figura 4).

Figura 4 – Respostas dos alunos de todas as escolas referente à questão 1.

Fonte: Dados da Pesquisa.

3.1.2 QUESTÃO 2

A segunda questão sobre higiene corporal, investigou o quantitativo de vezes que se deve tomar banho durante a semana. Na primeira abordagem, 94% dos participantes acertaram e 6% responderam de forma incorreta. Porém, na segunda abordagem, o número de acertos passou para 98% e o número de erros foi de apenas 2% (Figura 5).

Figura 5 – Respostas dos alunos de todas as escolas referente à questão 2.

Fonte: Dados da Pesquisa.

3.1.3 QUESTÃO 3

A terceira questão sobre higiene dos cabelos, buscou investigar a melhor maneira de deixar os cabelos limpos. Na pré-intervenção, o quantitativo de alunos que respondeu de forma correta foi de 72%, no entanto, 28% deles erraram. Já na etapa pós-intervenção lúdica, o número de acertos registrados foi de 100%, não havendo respostas incorretas (Figura 6).

Figura 6 – Respostas dos alunos de todas as escolas referente à questão 3.

Fonte: Dados da Pesquisa.

3.1.4 QUESTÃO 4

A quarta questão se referia a higiene das unhas e, procurou averiguar o conhecimento dos alunos sobre quantas vezes por semana deve-se limpá-las. Na abordagem inicial, 87% dos educandos responderam corretamente, porém, 13% erraram. A abordagem final, por sua vez, apresentou diferenças percentuais, com 98% de acertos e 2% de erros (Figura 7).

Figura 7 – Respostas dos alunos de todas as escolas referente à questão 4.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Nessa perspectiva, a análise geral das perguntas objetivas, revelou através do percentual de acertos obtidos na pré-intervenção, que 82% dos alunos apresentavam um conhecimento prévio a respeito dos hábitos de higiene e, consequentemente, o percentual de erros nesta mesma etapa, demonstrou que 18% dos educandos desconheciam a forma correta ou a regularidade com que algumas atitudes devem ser realizadas. Entretanto, após a aplicação da linguagem musical, ocorreram mudanças significativas na percepção e aprendizagem dos mesmos acerca das práticas corretas dos hábitos de higiene, pois houve um aumento para 99% no número de acertos e um decréscimo de 17% no número de erros (Figura 8).

Figura 8 – Análise geral das perguntas objetivas entre as etapas.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Resultado semelhante a este foi encontrado por Goldschmidt et al. (2013) em sua pesquisa, que foi desenvolvida em uma escola privada no município de Cachoeira do Sul – RS, com crianças do 3º ano do ensino fundamental, o qual objetivou investigar as concepções espontâneas dos alunos sobre higiene e utilizar uma metodologia lúdico experimental, buscando o ensino e a aprendizagem das crianças na área da saúde. Segundo este autor, ficou evidente por meio das investigações, que os hábitos de higiene estão intimamente ligados aos ensinamentos familiares e, portanto, os alunos possuem um conhecimento prévio sobre o assunto, porém nem sempre, com técnicas apropriadas. E a utilização da metodologia lúdica lhe permitiu constatar, que as atividades práticas contribuem para a aprendizagem significativa dos educandos, uma vez que, a construção do conhecimento também pode ser realizada de forma descontraída.

3.1.5 QUESTÃO 5

A quinta questão tratava-se de uma pergunta subjetiva e abordou sobre a higiene das mãos, indagando em quais ocasiões é necessário realizar sua higienização (Figura 9). Na etapa pré-intervenção, as respostas mais frequentes entre os alunos foram: “Na hora do almoço”; “Antes e depois das refeições” e “Depois de brincar”.

Figura 9 – Abordagem sobre a higienização das mãos

Fonte: Dados da Pesquisa.

Porém, após a intervenção lúdica, ocorreram mudanças na percepção das crianças, apesar das respostas dadas por elas terem sido em sua maioria semelhantes às da etapa anterior, no entanto, houve a inclusão de uma que fez toda a diferença, sendo esta: a “lavagem das mãos antes de sair do banheiro”. Tais resultados, demonstram que a música ajudou a reforçar os conhecimentos que as crianças já possuíam, além disso, ao abordar em sua letra que é necessário higienizar as mãos após usar o banheiro, sensibilizou as mesmas sobre esta atitude que não havia sido mencionada na etapa inicial.

Para Rogel (2016), trabalhos relacionados a higiene e saúde devem fazer parte das práticas pedagógicas, e sempre que possível precisam ser abordados de forma lúdica, para sensibilizar as crianças a inserir estas atitudes em seu cotidiano. Pois o lúdico, na concepção de Sousa e Santos (2016), viabiliza a construção do conhecimento de forma interessante e prazerosa, garantindo as crianças, a motivação necessária para uma boa aprendizagem.

Nesse contexto, é possível afirmar através da presente pesquisa, que a linguagem musical por seu caráter lúdico promoveu aprendizagens significativas em sala de aula pois, além do conhecimento adquirido pelos alunos, também foi capaz de despertar a alegria, o interesse e a motivação das crianças em aprender sobre as práticas corretas de higienização (figura 10).

Figura 10 – (A e B). Alunos aprendendo através da música.

Fonte: Dados da Pesquisa.

A mesma percepção teve Araújo et al. (2017) no seu estudo, ao afirmar que através da música é possível ensinar de forma mais envolvente e interativa, pois a linguagem musical é considerada um rico instrumento que pode fazer a diferença nas práticas escolares, uma vez que, desperta o indivíduo para um mundo prazeroso e satisfatório que facilita a aprendizagem.

3.2 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS TURMAS

A análise dos dados obtidos nas classes em estudo, mostrou que estas apresentaram desempenhos diferentes em relação as questões objetivas abordadas na pré-intervenção, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 11 – Desempenho das turmas na pré-intervenção.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Na primeira pergunta sobre higiene bucal, as turmas do 1º ano destacaram-se com um total de 42% de erros, sendo este, o maior percentual apresentado dentre as demais questões. Entretanto, para esta mesma questão as turmas do 3º ano tiveram um percentual de 97% de acertos e apenas 3% de erros. No que diz respeito a segunda questão, que retratou sobre a higiene corporal, ambas as classes apresentaram um decréscimo quanto ao número de respostas incorretas se comparada a questão anterior. Assim sendo, as turmas de 1º ano tiveram um total 12% de erros e 88% de acertos e, as de 3º ano alcançaram 98% de acertos e somente 2% de erros.

Na terceira questão sobre higiene dos cabelos, 83% das respostas corretas referem-se as turmas de 3º ano e 60% às de 1º ano. Já a quarta questão, que abordou sobre a higiene das unhas, o maior percentual de erros foi nas turmas de 3º ano com 23%, em contrapartida, as turmas de 1º ano erraram um total de apenas 3%. O padrão encontrado na última questão foi uma exceção, uma vez que, nas questões anteriores o 3º ano apresentou maior desempenho quando comparado ao 1º ano, possivelmente, devido as diferenças de idade entre os alunados destas classes, pois, normalmente, quanto menor a faixa etária, maior é a dependência para a execução das práticas de higiene.

De acordo com, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR, 2019), é durante a infância que a criança deve aprender a cuidar do próprio corpo e, os pais tem a responsabilidade de transmitir esses ensinamentos, assim como, a escola, que também tem a função de apoiar essa fase tão importante de formação dos hábitos saudáveis de higiene pessoal, pois é a partir dos 4 anos de idade que a criança passa a adquirir independência e busca intensamente por novos conhecimentos.

Nesse perspectiva, ficou evidente na presente pesquisa que a utilização da música em sala de aula como estratégia de ensino, foi capaz de transmitir para as crianças os conhecimentos necessários sobre as práticas corretas de higienização, pois de acordo com os dados obtidos na pós-intervenção, as turmas apresentaram desempenhos bastantes similares, visto que, foi alcançado um maior percentual de acertos em cada uma das questões, por ambas as classes (Figura 12).

Figura 12 – Desempenho das turmas na Pós-intervenção.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Segundo Correia (2010), a linguagem musical apresenta-se como um excelente instrumento didático-pedagógico, uma vez que, pode criar situações positivas para a aprendizagem, pois estimula a memorização, a atenção e o raciocínio e, assim, torna-se capaz de promover grandes avanços no ambiente escolar.

4. CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos na realização do presente estudo, foi possível concluir que a música é uma ferramenta lúdica eficaz na transmissão de conhecimentos sobre as práticas corretas dos hábitos de higiene na educação infantil. Visto que, sua utilização enquanto estratégia lúdica de ensino, promoveu efeitos positivos em sala de aula, pois estimulou a participação ativa e o interesse das crianças, assim como, transmitiu as informações necessárias de forma divertida e prazerosa.

No que se refere as avaliações sobre o conhecimento prévio dos alunos acerca dos hábitos de higiene, constatou-se que algumas crianças demonstraram saber a forma correta ou a regularidade que as práticas básicas de higienização devem ser realizadas, outras já não tinham esse conhecimento. No entanto, passaram a obtê-lo após a utilização da linguagem musical, que foi capaz de mudar a percepção das crianças e promover aprendizagens significativas, essenciais para uma vida mais saudável.

Nesse sentido, propõe-se que os assuntos referentes aos hábitos de higiene sejam uma prática contínua dentro do contexto escolar, pois as crianças necessitam de orientações de como cuidar do próprio corpo, e ferramentas lúdicas como a música devem ser utilizadas em sala de aula para atender a esses objetivos, visto que, a adoção dessas práticas são fundamentais para a prevenção de doenças e, consequentemente para uma melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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BETTI, L. C. N.; SILVA, D. F.  & ALMEIDA, F. F. de. A importância da música para o desenvolvimento cognitivo da criança. Revista Interação, V. 2, p. 47-63, 2013.

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MONLEVADE, J. A. C. & FARIA, I. D. Higiene: construção histórica do conceito e Higiene e educação. In: MONLEVADE, J. A. C. & FARIA, I. D. Higiene e segurança nas escolas. Brasília: Universidade de Brasília, 2008. p. 14-21, Cap. 1-2, V. 12.

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[1] Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará-UFPA.

[2] Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará-UFPA.

[3] Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará-UFPA.

[4] Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Pará.

[5] Doutor em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual de Campinas.

[6] Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Adriane da Silva Pamplona

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