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A utilização de experimentos de baixo custo no processo ensino-aprendizagem de ciências no Programa de Extensão Escola Humanizada – Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NUNES, Edvam de Oliveira [1], NUNES, Amanda Félix [2], NOGUEIRA, Carolina Cecília Carvalho [3], MIRANDA, Adalberto Gomes de [4], LITAIFF, Fabian Cardoso [5]

NUNES, Edvam de Oliveira, et. al. A utilização de experimentos de baixo custo no processo ensino-aprendizagem de ciências no Programa de Extensão Escola Humanizada – Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 10, Ed. 01, Vol. 03, pp. 36-58. Janeiro de 2025. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/experimentos-de-baixo-custo, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/experimentos-de-baixo-custo

RESUMO

A busca por métodos inovadores no campo da educação tem sido uma constante, visando melhorar o processo de ensino e aprendizagem e promover uma maior eficácia na transmissão de conhecimento. Uma abordagem que tem ganhado destaque é a chamada “escola invertida”, método inovador onde uma parte dos assuntos são estudados em casa pelo aluno e a outra parte das atividades são transferidas para fora do ambiente escolar e utilizando o tempo em sala de aula para aprofundar o aprendizado por meio de discussões e atividades práticas. Neste contexto, o presente estudo propôs-se a investigar os efeitos da implementação da escola invertida, combinada com experimentos utilizando materiais recicláveis, no processo de aprendizagem de alunos do ensino fundamental. A escolha por materiais recicláveis como recurso didático se deu pela sua relevância ambiental e pela oportunidade de promover uma abordagem interdisciplinar, que integra questões de sustentabilidade ao conteúdo curricular. No conteúdo aplicado partimos da premissa de que algumas grandezas e parâmetros em disciplinas como Física, Química e Matemática podem ser compreendidos de maneira mais acessível por meio de procedimentos específicos, como experimentos realizados em sala de aula. Para isso, conduzimos experimentos específicos e empregamos questionários abertos para coletar dados sobre o aprendizado dos alunos, além de realizar exercícios práticos. O objetivo deste projeto é identificar, analisar e aplicar uma sistematização de conhecimentos teóricos e práticos relacionados ao uso de atividades experimentais com materiais de baixo custo, visando aprimorar o aprendizado e o desenvolvimento dos estudantes. Os resultados obtidos corroboram com a eficácia desses procedimentos, abrindo espaço para discussões sobre a aplicabilidade das práticas experimentais em sala de aula em busca do melhor aprendizado dos estudantes.

Palavras-chave: Práticas experimentais, Materiais de baixo custo, Processo de ensino – aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

O ensino tradicional é caracterizado pela postura passiva do estudante, que se limita a ser um mero receptor das informações apresentadas pelo educador/professor em sala de aula, recebendo, assim, diversas críticas. Muitas vezes, as informações transmitidas aos alunos não estabelecem conexões com aquelas que eles já possuem e construíram ao longo de suas vidas, resultando em uma aprendizagem não significativa.

Componentes curriculares como Matemática e Ciências (Química e Física) são frequentemente percebidos como áreas em que os estudantes têm menor identificação. Diante desse cenário, surge a indagação: por que não criar situações problemáticas reais para permitir que os estudantes se tornem os protagonistas na construção de seu conhecimento? A sala de aula invertida, uma metodologia ativa de aprendizagem conforme concebida por Bergmann e Sams (2016), é empregada no âmbito do Projeto Programa de Extensão Escola Humanizada, sendo esta abordagem o ponto de partida para o desenvolvimento deste estudo e a obtenção de seus resultados.

É relevante ressaltar que a busca por novas abordagens de ensino, integrando a formação de conceitos, tem representado um desafio constante para educadores e pesquisadores, resultando no surgimento de propostas inovadoras. Este trabalho concentra-se especificamente na disciplina de Física, a qual, ao longo destes anos, tem sido objeto de estudos diferenciados voltados para a educação, conforme destacado por Kolcenti e Leão (2021). Em todas as atividades propostas, a realização de experimentos práticos foi fundamental, evidenciando a importância da experimentação para a consolidação da aprendizagem e a formação conceitual, conforme salientado por Guimarães (2009). Desse modo, as atividades foram conduzidas por meio da implementação de experimentos com materiais de baixo custo, seguindo a abordagem da sala de aula invertida que tem – se uma mudança na forma tradicional de ensinar onde o conteúdo passa a ser estudado em casa e as atividades, realizadas em sala de aula. Com isso, objetiva-se que o estudante deixe para trás a postura passiva do processo de aprendizagem, tornando-se atuante no contexto do Projeto Programa de Extensão Escola Humanizada.

2. METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa utilizada foi a participativa com abordagem qualitativa, coleta de dados através de questionário de perguntas abertas e listas de exercícios. Para a interpretação de dados, foi utilizado o método da análise de conteúdo, com categorização dos tipos de respostas e construção de gráficos de colunas de percentuais (Bardin, 2011).

Para a implementação deste trabalho, os dispositivos utilizados para os experimentos, quando necessário, foram construídos de antemão. Inicialmente, devido às condições decorrentes da pandemia, as aulas iniciais foram de caráter remoto. Experimentos em laboratórios de Física virtuais (Dias et al, 2022) com os devidos links que eram enviados aos alunos para que os mesmos reproduzissem e esse material era trazido na aula seguinte para que o resultado fosse debatido entre os participantes.

Em todo o desenvolvimento deste trabalho, uma das fundamentações teóricas vem da necessidade de potencializar os conhecimentos prévios dos alunos, mediante a interação em grupo, tanto na sala de aula virtual, quanto no espaço Escola Humanizada, visando desta forma os desenvolvimentos dos conceitos científicos fundamentados na teoria de aprendizagem de Vygotsky (apud Oliveira, 2011) e Ausubel (apud Moreira, 2006), a saber:

Então, enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recorte do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre a realidade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita por outros sujeitos. (VYGOTSKY apud, 2008, p.1).

Desta forma, temos neste ambiente diferenciado uma nova oportunidade de aprendizagem: um local para desenvolvimento dos conceitos prévios e os que serão adquiridos. Sobre este tema, Ausubel (2006) propôs uma teoria conhecida por “teoria da aprendizagem significativa”, através das qual afirma que é a partir de conteúdos que indivíduos já possuem na estrutura cognitiva, que a aprendizagem pode ocorrer. Estes conteúdos prévios deverão receber novos conteúdos que, por sua vez, poderão modificar e dar outras significações aquelas pré-existentes (Yamazaki, 2008, p.2). Os temas explorados com os estudantes obedeceram a seguinte sequência:

  1. A compreensão conceitual de fenômenos físicos e químicos, abrangendo cinemática, dinâmica, resistência do ar, atrito, centro de massa e energia.
  2. Noções de temperatura, calor, dilatometria, estados da matéria, óptica, ondas e acústica.
  3. Noções de eletricidade e magnetismo, sendo destacada a abordagem conceitual de Física proposta por Hewitt (2008) a qual foi bem recebida pelos estudantes.

Como mencionado anteriormente, o curso teve início com aulas remotas, nas quais foram distribuídos questionários de sondagem para avaliar os conhecimentos prévios dos estudantes. Na aula subsequente, os alunos compartilharam o que aprenderam e resolveram problemas propostos, que incluíram listas de exercícios e experimentos práticos seguidos de explicações embasadas cientificamente.

Além da resolução de problemas, os alunos foram desafiados com atividades que envolveram interpretação e abstração de sistemas físicos. Cada estudante foi sorteado para pesquisar a vida e as contribuições de um cientista de renome mundial. Em seguida foram apresentados seminários pelos discentes, destacando as contribuições destas personalidades   para a ciência e sociedade.

Quanto aos instrumentos de baixo custo, a criação dos mesmos desempenhou um papel significativo na visualização de diversas grandezas e propriedades físicas. Os materiais utilizados eram acessíveis, podendo ser adquiridos em papelarias e materiais reciclados. A metodologia aplicada nas atividades seguiu os princípios laboratoriais e de instrumentação comuns em disciplinas de Física e Química. Nas seções subsequentes, serão apresentadas as atividades realizadas e as aplicações dos experimentos no desenvolvimento das aulas.

3. ATIVIDADES PROGRAMADAS 

Para elaborar as atividades, realizamos um planejamento detalhado que incluiu a definição dos temas a serem abordados, a escolha dos materiais a serem utilizados e a forma como seriam apresentados aos estudantes. Conduzimos pesquisas em revistas, livros, internet e outros recursos didáticos e paradidáticos. Após a seleção cuidadosa desses recursos, introduzimos o projeto de estudo de Física aos alunos de maneira inovadora, buscando atender às necessidades de estudantes que poderiam estar em diferentes séries.

3.1 PRIMEIRA ATIVIADE: ENTENDENDO A IDEIA DE CENTRO DE GRAVIDADE E VÁCUO

Nas aulas iniciais, foram abordados alguns conceitos de Ciências, sua função na sociedade quais seus impactos para o mundo de hoje. Em seguida, as primeiras grandezas físicas foram apresentadas de forma didática e acessível para os alunos.

3.1.1 EXPERIMENTO 1: CENTRO DE MASSA

Foi construído um cone – duplo, com madeira e régua para obedecer a um formato de ladeira. Neste experimento, os alunos ficaram bastante impressionados com o aparente efeito de “subida” do cone.

Objetivo do experimento: demonstrar na prática o conceito de centro de gravidade.

Procedimento: 1 – Inicialmente, foram solicitados quais ideias os alunos tinham de gravidade. E em seguida, foi questionado se já tinham ouvido falar de centro de massa. Foi proposto o que ocorreria, caso um objeto fosse posto na metade de uma ladeira (descida). Após algumas observações, os alunos responderam um questionário e o experimento foi feito.

Figura 01 – O cone duplo, onde foi feito o experimento da verificação do centro de massa do objeto

Fonte: Própria – 2023.

O experimento é feito da seguinte forma: Um cone duplo é colocado em uma rampa e de forma visível, começa a subir por ela, o que pode ser visto com o auxílio de uma régua. Após explicação dos estudantes, segue – se a explicação do professor: O que acontece realmente é que o cone está descendo, já que o centro de gravidade dele é dado no eixo de simetria, e esse por sua vez está descendo, o que também conseguimos observar ao olhar para a parte inferior do objeto que fica cada vez mais próxima da base.

3.1.2 EXPERIMENTO 2: PRODUZINDO VÁCUO

Objetivo do experimento: demonstrar a existência do vácuo.

Procedimento: 1 – Foram apresentadas 4 moedas. E em seguida, as mesmas (sem os alunos perceberam de imediato) foram friccionadas contra a parede. As moedas ficaram fixas à parede. Conforme procedimento anterior, alguns questionamentos foram feitos pelos alunos e um questionário foi realizado sobre quais seriam as possíveis interpretações para esse fenômeno.

Figura 02 – Moedas que foram utilizadas no o experimento da verificação do vácuo produzido pela fricção das mesmas na parede

Fonte: própria – 2023.

Alguns deduziram que houvesse algum material revestindo as moedas para que pudessem ficar fixa à parede (cola, por exemplo). Outros, que era um truque. Após explicação dos estudantes, segue – se a explicação do professor: A explicação do fenômeno consiste no seguinte:  entre as moedas e a parede, quando foi realizado o atrito, produziu-se um vácuo, fazendo que as mesmas ficassem nesta situação.

3.2 SEGUNDA ATIVIDADE: ENTENDENDO A RESISTÊNCIA DO AR E A TENSÃO SUPERFICIAL

3.2.1 EXPERIMENTO 3: RESISTÊNCIA DO AR E A TENSÃO SUPERFICIAL

Objetivo do experimento: demonstrar a resistência do ar

Procedimento: 1 – Foram apresentadas duas páginas de caderno. Uma inteira e outra foi amassada na frente dos estudantes. Foi questionado qual das duas era mais pesada. Foi quase unânime a resposta em que as páginas tinham pesos diferentes. Em seguida, deixam-se cair, de uma mesma altura, ambas as páginas. É verificado que a página amassada chega primeiro. Conforme procedimento anterior, alguns questionamentos foram feitos pelos alunos e um questionário foi realizado sobre quais seriam as possíveis interpretações para esse fenômeno.

Figura 03– Folhas de papel utilizadas para demonstração da resistência do ar

Fonte: Própria – 2023.

Nesta situação, não há dúvidas de que a folha amassada chegará ao chão primeiro. A resposta para a diferença no tempo de queda está no fato de que devemos considerar, além da força de gravidade, a força de resistência provocada pelo ar atmosférico. A página aberta sobre uma resistência muito maior que a página amassada devido ao tamanho de sua superfície em contato com o ar. Logo, ambas possuem a mesma massa, o que difere é a área de contato que as mesmas têm com o ar durante a queda.

3.2.2 EXPERIMENTO 4: VERIFICAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL

Objetivo do experimento: demonstrar a existência da tensão superficial na água.

Procedimento: 1 – Para este experimento, foram utilizados os seguintes materiais: i) recipiente com água (500 ml), (ii) pimenta do reino moída e (iii) detergente. Em seguida, para início do experimento, foi separada a vasilha com água e despejada sobre a mesma a pimenta do reino moída. Após verificar o acúmulo de uma fina camada, foi despejada uma gota de detergente. A pimenta do reino se espalhou do local onde o detergente estava. Conforme procedimento anterior, alguns questionamentos foram realizados pelos alunos e um questionário foi entregue sobre quais seriam as possíveis interpretações para esse fenômeno.

Figura 04 – Realização do experimento tensão superficial e os seguintes materiais citados em Experimento 4

Fonte: própria – 2023.

Explicação para o fenômeno: quando o detergente é adicionado ao sistema água + pimenta do reino moída, a tensão superficial da água altera-se e a pimenta não consegue flutuar sobre ela. Isto ocorre devido ao fato que as moléculas de água, que “querem” manter a tensão superficial sem alteração, se afastam do detergente, levando as partículas de pimenta com elas.

3.3 TERCEIRA ATIVIDADE: ENTENDENDO A ENERGIA ELÉTRICA E PROPRIEDADES DA LUZ

3.3.1 EXPERIMENTO 5: VERIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

Objetivo do experimento: demonstrar uma forma simplificada de produção de energia elétrica através de um gerador.

Procedimento: Um sistema constituído de uma maquete representando uma residência e um gerador já havia sido construído previamente. Foi feito uma breve explicação sobre a produção e distribuição de energia. A forma de cobrança e tarifação da mesma bem como o cálculo do consumo médio de energia. Em seguida os alunos foram convidados a girar a manivela acoplada ao gerador e verificaram que era produzida energia elétrica (luz) através de uma pequena lâmpada. Após todos procederem da mesma forma, foi distribuído um pequeno questionário para resolução de perguntas sobre a conversão de energia em uma estação até a chegada às residências. Explicação: Este tipo de sistema, consiste em um gerador de manivela que funciona utilizando o princípio da indução eletromagnética. Quando uma manivela é girada manualmente, esta aciona um rotor dentro do gerador. Este rotor está cercado por bobinas de fio condutor e, à medida que gira, move-se através de um campo magnético, tendo por fim a produção de energia elétrica.

Figura 05 – Experimento da produção de energia elétrica através de um gerador. O movimento da manivela gera a energia elétrica que faz acender a lâmpada no interior da maquete, representando uma residência

Fonte: própria – 2023.

3.3.2 EXPERIMENTO 6: PROPRIEDADES DOS RAIOS LUMINOSOS

Objetivo do experimento: Verificar o princípio da óptica geométrica: Princípio da reversibilidade dos raios de luz.

Procedimento: 1 – Para este experimento, foram utilizados os seguintes materiais: i) recipiente com água (500 ml). (ii) folha de papel com setas impressas (ou desenhadas). O experimento foi iniciado solicitando aos alunos que verificassem as setas de uma folha de papel que estava fixada na vertical, em uma mesa. As setas apontavam para a direita. Foi colocado na frente desse papel um recipiente transparente com água. Foi verificado que, as setas, apesar de estarem na mesma direção, apontavam agora para sentido oposto (esquerda). Os alunos ofereceram explicações conforme o conhecimento no momento, sempre relacionando a uma espécie de “efeito-espelho” da água.

Figura 06 – Experimento de óptica – as setas agora estão apontando para sentido oposto

Fonte: própria – 2023.

 3.4 QUARTA ATIVIDADE: ENTENDENDO OS FENÔMENOS DA LUZ E ELETRICIDADE

3.4.1 EXPERIMENTO 7: PROPRIEDADES DOS RAIOS LUMINOSOS – PARTE 2

Objetivo do experimento: Verificar o fenômeno óptico da refração da luz no cotidiano.

Procedimento: 1 – Para este experimento, foram utilizados os seguintes materiais: i) recipiente com água (500 ml). (ii) 1 caneta e 1 lápis.

Figura 07 – Experimento de óptica: a caneta e o lápis, aparentemente, parecem “quebrados”

Fonte: própria – 2023.

O experimento foi iniciado colocando – se dentro dos copos transparentes vazios uma caneta e um lápis. Em seguida, foi colocado água nos copos. A impressão inicial é que caneta e lápis parecem “descontinuados” ou “quebrados” conforme os estudantes. Repetiram o mesmo procedimento com outros lápis e canetas. Após isso, foi distribuído aos alunos um questionário sobre a possível explicação que os mesmos tivessem no momento sobre este efeito.

Após o recolhimento dos questionários, foi explicado ao estudante que esse efeito, da caneta ou lápis parecerem quebrados corresponde à refração da luz (a luz sofre um desvio). Quando a luz passa a se propagar de um meio menos refringente para outro mais refringente, sobre uma refração. O raio de luz, ao mover-se no ar em direção ao vidro, sofre refração. E este mesmo raia de luz é refratado novamente quando deixa o vidro e entra na água e só então atinge o lápis e a caneta, produzindo nas mesmas a aparência de “descontinuada” (quebrada).

3.4.2 EXPERIMENTO 8: ELETRICIDADE (ELETRIZAÇÃO POR ATRITO)

Objetivo do experimento: produzir a eletrização entre dois corpos através do processo da triboeletrização (eletrização por atrito ou fricção).

Procedimento: 1 – Para este experimento, foram utilizados os seguintes materiais: i) lata de refrigerante vazia (ii) canudo. Inicialmente foi mostrado aos estudantes a lata e o canudo e ambos colocados em cima da mesa a uma distância de 30 cm. Após isso canudo foi atritado com papel. Este por sua vez é aproximado da lata, que começa a girar no sentido de afastamento em relação ao canudo. Alguns alunos após atritar o canudo, moveram a lata por toda a distância da mesa até a lata cair no chão. Em seguida, novamente um questionário foi distribuído aos alunos com perguntas sobre o experimento. Após a verificação das mesmas, foi explicado que o atrito produz no canudo a eletrização.

Figura 08 – Experimento de eletricidade: ao atritar o canudo com papel e aproximá-lo da lata, a mesma começa a girar se afastando do mesmo

Fonte: Própria – 2023.

3.5 QUINTA ATIVIDADE: ENTENDENDO FENÔMENOS ELÉTRICOS

3.5.1 EXPERIMENTO 9: ELETRICIDADE (ELETRIZAÇÃO POR ATRITO)

Procedimento: 1 – Prosseguindo a análise dos fenômenos relativos à eletricidade, foram utilizados desta vez: 1 – latinha de alumínio. 2 – Dois canudos plásticos. 3 – Folha de papel. 4 – Palito. 5 – 1 copo descartável. Foi montado um sistema onde uma “base” é formada pelo copo descartável na posição para baixo e colocado um palito de dente que servirá de suporte conforme foto abaixo. Um canudo é dobrado no meio e posto a ficar em equilíbrio. Em seguida aproxima – se o canudo atritado com o que estava sobre o suporte (e forma de “V”). Percebe – se que o canudo se afasta e descreve um movimento circular de afastamento. Foi solicitado que cada aluno explicasse com base em seus conhecimentos prévios e também foi relembrado o experimento anterior com a lata sofrendo a ação do canudo atritado, se afastando. Após análise das respostas dos alunos foi dada a explicação: Os canudos se eletrizam devido à ação de atrito e ficam com cargas elétricas. Desta forma eles podem se atrair ou repelir. Para identificação do sinal dos canudos, basta consultar a série triboelétrica. Quando dois materiais sofrem o processo de triboleletrização, o que estiver mais abaixo na série triboelétrica ficará com carga negativa. Exemplo: o papel fica com carga positiva e o plástico com negativa (verificar que o plástico fica mais abaixo na série triboelétrica). Para uma representação mais detalhada da série triboelétrica, consultar a referência Sala de Demonstrações de Física.

Os canudinhos se eletrizam por atrito e ficam com cargas elétricas. Assim, eles podem se atrair ou repelir. Para saber qual carga o canudinho adquire, basta examinar a série triboelétrica.

Figura 09 – Este experimento visa demonstrar a atração/repulsão entre os dois canudos. O princípio da atração e repulsão da eletrostática é verificado

Fonte: própria – 2023.

3.5.2 EXPERIMENTO 10: ELETRIZAÇÃO POR ATRITO: VERIFICAÇÃO DA ELETRIZ POR ATRITO EM UMA BEXIGA

Objetivo do experimento: produzir a eletrização entre dois corpos através do processo da triboeletrização (eletrização por atrito ou fricção).

Procedimento: 1 – Para este experimento, foi utilizado somente uma bexiga, que foi enchida em sala. 2 – O professor orientador relembrou os dois experimentos anteriores (I – canudo + lata de alumínio, fazendo esta se mover após eletrizar o canudo plástico com um papel através da fricção e (II) a montagem do aparato constituído de copo descartável + 2 canudos plástico e um palito de dente conforme visto no experimento 9) e perguntou o que aconteceria caso a bexiga fosse atritada ao cabelo. A maioria respondeu que produziria movimentos no cabelo. A bexiga foi atritada no cabelo do professor orientador e verificou – se que a mesma, ao ser afastada, ainda atraía os cabelos. Após isso, um questionário foi distribuído aos alunos com perguntas sobre o experimento. Após a verificação das respostas, foi explicado que, quando uma bexiga é atritada com o cabelo ela se eletrizará. Isso se deve ao fato que a bexiga é constituída de um material isolante e a mesma se eletriza por atrito. Ao término, outras bexigas foram distribuídas aos estudantes, que repetiram o procedimento com o mesmo resultado efetivo obtido durante a explicação.

Figura 10 – Experimento simples onde uma bexiga é atritada com os cabelos. A mesma se eletrizará, pois, a bexiga é um material isolante e conforme explicado anteriormente, se eletriza por atrito

Fonte: própria – 2023.

4. RESULTADOS ALCANÇADOS E DISCUSSÕES

Após conduzir o trabalho em uma escola invertida com um grupo de 10 alunos, os resultados das discussões revelaram uma percepção positiva por parte dos estudantes. A abordagem inovadora e dinâmica adotada no processo de aprendizagem foi descrita como altamente proveitosa, proporcionando uma experiência educacional única. Os alunos expressaram que a metodologia de experimentação em sala de aula trouxe significativo aprendizado, resultando em uma visão mais positiva sobre a forma como a escola foi conduzida.

Resultados da pesquisa nos gráficos a seguir:

Gráficos 1 – Opiniões Sobre Experimentos e Metodologia Invertida (Gráficos A e B)

Fonte: Própria, 2023.

Gráficos 2: Percepções dos Alunos Sobre a Metodologia de Escola Invertida (Gráficos C e D)

Fonte: Própria, 2023.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Ao longo deste estudo, foram examinados os efeitos da implementação do método de ensino da Escola Invertida, empregando materiais de baixo custo, sobre o aprendizado e o envolvimento dos alunos na sala de aula. Os resultados obtidos forneceram insights valiosos sobre a eficácia e o potencial deste método como uma abordagem inovadora para o ensino.

Inicialmente, os objetivos desta pesquisa eram duplos: em primeiro lugar, investigar a viabilidade e a praticidade da Escola Invertida como uma estratégia pedagógica no contexto escolar; e em segundo lugar, avaliar o impacto do uso de materiais recicláveis na aprendizagem dos alunos. Ao longo das experiências conduzidas, foram observadas de perto as interações dos alunos com o conteúdo e com os recursos disponíveis, e como isso influenciou seu engajamento e compreensão.

Os resultados desta investigação revelaram que a implementação da Escola Invertida evidenciou um aumento significativo no envolvimento dos alunos com o material de aprendizagem. A oportunidade de explorar os conceitos em casa, antes das aulas, permitiu que os alunos chegassem à sala de aula com uma compreensão inicial do tema, facilitando discussões mais profundas e interações mais significativas durante as atividades em sala.

Além disso, a utilização de materiais de baixo custo como parte integrante das atividades didáticas não apenas promoveu uma consciência ambiental entre os alunos, mas também estimulou sua criatividade e imaginação. Através de projetos práticos e experimentais, os alunos puderam aplicar os conceitos teóricos de forma tangível, fortalecendo sua compreensão e retenção do conhecimento.

Embora os resultados tenham sido encorajadores, é importante reconhecer algumas limitações em nosso estudo. Por exemplo, a amostra relativamente pequena de participantes pode limitar a generalização dos resultados. Além disso, a duração limitada do estudo não permitiu uma análise aprofundada do impacto a longo prazo da implementação da Escola Invertida.

À medida que avançamos, recomendam-se pesquisas futuras que explorem ainda mais o potencial da Escola Invertida em diferentes contextos educacionais e disciplinas. Além disso, sugerem-se investigações mais extensas sobre os benefícios ambientais e sociais do uso de materiais recicláveis no ensino.

Em última análise, este estudo destaca a importância de abordagens inovadoras e sustentáveis no ensino, e reafirma a necessidade contínua de reflexão e aprimoramento na prática pedagógica. Através do compartilhamento de experiências e do trabalho colaborativo, podemos continuar a promover uma educação mais envolvente, inclusiva e eficaz para todos os alunos.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo, Edições 70, 2011.

BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de Aula Invertida: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem. 1ª Ed. 2016. LTC — Livros Técnicos e Científicos.

DIAS, Nildo Loiola. CASTRO, Giselle dos Santos; COELHO, Afrânio de Araújo. Simulação interativa para o estudo da dilatação térmica. A Física na Escola, v.21, 220309, 2023.

GUIMARÃES, Cleidson Carneiro. Experimentação no ensino de Química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, n. 3, pp. 198-202, agosto, 2009.

HEWITT, Paul G. Física Conceitual, 9ª edição. Ed.Bookman, 2002.

KOLCENTI, Gustavo Gonçalves; LEÃO, Marcelo Franco.  Methodologies used to teach physics in fundamental education: an analysis of publications from 2014 to 2018. Disponível em: https:// periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/ article/view/3718/. Acesso em 29.08.2023 às 07h56min.

Laboratório Virtual de Física da UFC. Disponível em: https://www.laboratoriovirtual.fisica.ufc.br. Acesso em: 29.08.2023 às 07h10min.

Sala de demonstrações de Física. Disponível em: www.demonstracoes.fisica.ufmg.br. Acesso em 01.09.2023 às 14h35min.

VYGOTSKY e a Educação. OLIVEIRA, Cláudia da Cunha Monte; SILVA, Eliane Campos da; Pró – Discente: Caderno de Prod.Acad.Cient. Progr. Pós – Grad.Educ., Vitória – ES, V.17, n.2, julho – dezembro de 2011. (Faltam informações para essa referência.). Disponível em: https://periodicos.ufes.br/prodiscente/article/view/5808. Acesso em: 03.09.2023 às 07h10min.

YAMAZAKI, Sérgio Choiti. Teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, 2008. Disponível em: https://docplayer.com.br/47192947-Teoria-da-aprendizagem-significativa-de-david-ausubel.html. Acesso em: 05.09.2023 às 14h30min.

[1] Doutor em Física. ORCID: https://orcid.org/0009-0003-1964-2521. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5852057691244350.

[2] Licenciatura Plena em Matemática. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-9283-5745. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7696243956131972.

[3] Mestre em Artes. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-4268-0423. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9649425721344718.

[4] Doutor em Ciência e Tecnologias de Materiais. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7918-0064.CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0031798088948641.

[5] Doutor em Física. ORCID: https://orcid.org/0009-0000-0092-4025. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9589155356379692.

Material recebido: 03 de Maio de 2024.

Material aprovado pelos pares: 03 de Janeiro de 2025.

3.9/5 - (18 votos)
Edvam de Oliveira Nunes

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