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Entrave no ensino superior: Abordagem das dificuldades com exercícios básicos da matemática em cursos de graduação nas áreas de exatas

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RIZO, Welington Fraga [1]

RIZO, Welington Fraga. Entrave no ensino superior: Abordagem das dificuldades com exercícios básicos da matemática em cursos de graduação nas áreas de exatas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 01, Vol. 08, pp. 111-126. Janeiro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/entrave-no-ensino

RESUMO

Há tempos que a aprendizagem escolar da matemática vem sendo questionado, devidos a sua importância na formação de uma sociedade mais justa e competente, porém as práticas pedagógicas tradicionais, resultaram em índices preocupantes de reprovação e evasão, no ensino médio e superior conforme estatísticas divulgadas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O interesse de jovens concluintes do ensino médio é relativamente menor em cursos de especialização nas áreas das ciências exatas, pois requer muito envolvimento com o raciocínio lógico.  Os indicadores apontam para a urgência de novas práticas pedagógicas no ensino fundamental, que é a fase escolar onde acontece a aprendizagem efetiva, além de ser referência base para a formação social e profissional do indivíduo.  No intuito de entender melhor sobre a questão abordada, este estudo visa demonstrar uma análise sobre como novas políticas públicas buscam sanar o problema da dificuldade com a matemática entre os alunos, salientando a importância do educador no aprimoramento de suas práticas, através de capacitações e utilização das ferramentas tecnológicos educacionais como recursos na prática pedagógica em sala de aula.

Palavras-chave: Ensino Superior, dificuldades, cálculos básicos, avaliação, matemática.

INTRODUÇÃO

A presença do conhecimento matemático é muito importante e deve ser percebida, para que seja analisada e contextualizando sua aplicabilidade às inúmeras situações que circundam o mundo, já que a matemática garante uma forma de pensamento, desenvolve o raciocínio, possibilita a criação e amadurecimento de ideias, o que traduz uma independência, fatores estes que estão familiarmente ligados a sociedade. A matemática esta relacionado com todas as áreas do conhecimento como por exemplo a música, sociologia artes, política, literatura, filosofia, dentre outras, além de  simplifica e ajudar com a interdisciplinaridade.  

O raciocínio matemático quando bem trabalhado desenvolve melhor a compreensão dos números, quantidades, pesos, distancias, cálculos básicos, escrita, leitura, e principalmente a resolução de problemas aritméticos. Na falta de um entendimento matemático bem preparado e conduzido em sala de aula, a resultante para o aluno é a reprovação, ou então, mesmo que aprovado de alguma forma,  sentirá na sua trajetória de vida, dificuldades na utilização do conhecimento precário adquirido.

O conhecimento da matemática, mesmo que básico, como lidar com  questões do cotidiano conhecendo o valor do dinheiro, realizar uma compra, saber quanto se tem para pagar, quanto se deve receber de troco, é extremamente importante numa sociedade tão consumista em que vivemos, bem como importante também para a vida do cidadão. O saber matemático é questionado a tempos, visto que o baixo rendimento dos estudantes desde o início da sua escolarização, refletirá principalmente quando este chegar no ensino superior, demonstrando um alto número de evasões (ou desinteresse) para as instituições de ensino superior quando se apontam estatisticamente essa realidade em cursos da área de exatas.

As novas técnicas de ensino em sala de aula vêm sofrendo melhoramentos, pois diante da ação e evolução que as mídias sociais promovem, se faz necessária  adaptações do ensino escolar.

Na visão de estudiosos matemáticos, busca-se um melhor entendimento sobre a realidade do ensino da matemática, que pouco evolui, diante de mudanças que se fazem necessárias.

Tornar a aula e a aprendizagem na matemática  prazerosa e interessante, investigando novas situações estabelecendo relações com os acontecimentos cotidianos, estimulando o gosto pela matéria, pela leitura, pela busca do saber é a necessidade que professores tem nos dias de hoje.  Utilizar como suporte às tecnologias educacionais para tornar a aprendizagem mais significativa, despertando o interesse e incentivando a participação dos alunos  nas propostas educacionais em sala de aula, melhorará positivamente a qualidade do ensino matemático.

Há uma associação entre esperança e a alegria necessária à atividade educativa. Esta última, em relação à expansão do conhecimento e a esperança, demonstra que, no sentido de união entre professor e alunos, estes possam aprender, ensinar, produzir, resistir aos  obstáculos e galgar a euforia que é o aprender. Pode se entender que do ponto de vista da natureza humana, a esperança não é algo que a ela se aproxima. Ela faz parte da natureza humana. Seria um contraditório se o ser humano não se inscrevesse ou não se achasse propenso a participar de um movimento constante de busca e, segundo se descobrisse sem esperança.

O educador como protagonista desta nova jornada do ensino escolar, diante a evolução das mídias tecnológicas e sociais presentes no cotidiano das pessoas, necessita abandonar a estagnação gerada pela dependência das políticas públicas. O professor deve ousar, procurar capacitação com intuito de obter suporte para utilização das tecnologias, atualizar seus conhecimentos e assim contribuir para a formação acadêmica do aluno.

O RACIOCÍNIO MATEMÁTICO

A matemática já foi considerada  na Grécia antiga, como sendo uma ciência que se orientava na ideia  intelectual e que só existia por si própria, cheia de verdades plenas e sem que fosse preciso a interferência humana.  Tais verdades plenas, completas,  tinham um caráter universal, sem que o homem tivesse participação mesmo  que esse fosse extinto. Os cálculos básicos  matemáticos e simbologias, a geometria, a álgebra, eram  as tais verdades plenas e completas.

Segundo Tinoco e Silva (2004), os estudantes, esporadicamente, assistem às demonstrações, assim como se exigem deles uma justificativa sobre suas respostas ou ainda das afirmativas. Percebe–se isso nas aulas de geometria, como também no ensino de álgebra e de aritmética. Em geometria, são mostrados os conceitos prontos a fim de serem reproduzidos por todos sem a devida contextualização e da mesma forma, apresentadas as fórmulas desgastadas para serem meramente aplicadas em problemas categorizados na escola. Durante o ensino de álgebra e de aritmética, as aulas têm ênfase quanto aos procedimentos como a solução de equações, manejo com as expressões, emprego de regras que muitas vezes pouco contribuem para a compreensão das questões.

O modo como se ensina a matemática escolar nos anos iniciais do ensino básico, pode definir o sucesso ou insucesso na capacidade de o aluno desenvolver seu conhecimento nesta área. E as consequências na sua vida adulta e profissional podem ser desastrosas.

“Podemos entender toda a complexidade do problema e o papel central que nele joga a história da matemática. Uma formação neste domínio permite realizar um recuo relativamente ao que se ensina, descolar da apresentação do manual, mas permite também a criação de novas situações didáticas pelo material que ela fornece e dar elementos para analisar estas novas situações assim como aquelas que as precederam. A utilização que se pode fazer da história da matemática permite analisar as nossas práticas de ensino”  (GUICHARD, 2006, p. 3).

 Redling (2011), realizou no ensino fundamental II, nas aulas sobre resolução de problemas, estudos sobre a prática de professores de matemática, destacando sua importância no processo de ensino– aprendizagem da matemática. Verificou-se na investigação, que os docentes verbalizavam suas concepções e crenças de ensino e aprendizagem de matemática através da resolução de problemas, com foco em um trabalho que os alunos manifestam sua capacidade de liberdade de aprendizagem. Em compensação, percebeu que as ações docentes também apontavam para uma realidade diferente onde  problemas eram utilizados para finalizar os assuntos e conteúdos eram formalizados previamente, que, segundo a autora, esse fator não caracterizava o uso da resolução de problemas matemáticos como metodologia no processo onde se ensina e aprende.

O ensino da matemática no âmbito escolar é baseado em resolução de problemas e explicações de exercícios de cálculos, prática aplicada até hoje, por alguns professores, que podem demonstrar  aulas cansativas e desinteressantes, que resultam em aversão pela matéria. Independente da educação brasileira, esse é um problema que acontece também em  muitos países.

Mudar essa prática é extremamente importante em uma época que internet, avanços tecnológicos e as mídias sociais estão bombardeando nossos olhos e ouvidos com interações dinâmicas e interessantes. A grande facilidade e disponibilidade de acesso a todo tipo de conteúdo e informação,  mudou muito o modo de vida das pessoas, principalmente das crianças e jovens que chegam à escola com outras perspectivas de aprendizagem, demonstrando estar insatisfeitos e incomodadas  com as formas tradicionais de ensino.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO PÚBLICO NACIONAL

Os resultados na educação, quanto ao uso de avaliações externas, para que possam efetivamente contribuir para incrementar a qualidade do ensino, precisam ser internalizados e utilizados pelas equipes técnicas das secretarias, pelo  conjunto dos professores e diretores,  independentemente de eles estarem atuando em níveis distintos do sistema educacional. Melhorar a apropriação dos resultados da avaliação externa pelo conjunto dos atores escolares parece ser fundamental nesse sentido. Isso significa que a avaliação, as estratégias, os seus objetivos e os resultados precisam ser compreensíveis – condição indispensável para que promovam a discussão e a melhoria das práticas educacionais e promovam meios articuladores  com outros instrumentos próprios de avaliação desenvolvidos internamente nas escolas, para que seja alcançada uma verdadeira apropriação das metas de melhoria de resultados de cada escola. O alinhamento entre avaliações com o restante das políticas, devem sempre existir e os resultados de cada escola precisam ser trabalhados e compreendidos pelos professores de modo que possam usá-las na identificação dos temas que requerem aprofundamento ou reforço no seu trabalho de planejamento para suas práticas pedagógicas. Caberá ao MEC e às secretarias de educação traçar uma capacitação específica sobre a avaliação, sem a qual não se pode ter domínio de seus aspectos relevantes e de seus produtos, criar mecanismos de devolução e discussão dos resultados de cada escola e desenvolver instrumentos para vincular os resultados ao trabalho escolar realizado e em relação às expectativas e as metas de melhoria de cada escola (BRASIL, MEC, 2010).

Oliveira (1997)  diz que a matemática tem suas culturas de representações simbológicas determinadas e que podem ser incompreensíveis a primeira vista. É importante se pensar como a criança irá lidar e dominar o processo de entendimento dos sistemas numéricos. Este parece ser melhor compreensível quando há a convivência com o meio, gerando adultos que trabalham a cabeça de modo único.

Em relação aos instrumentos avaliadores presentes no Brasil para analisar o desempenho dos estudantes, podem ser citados os seguintes:

A autarquia federal INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que esta vinculada ao MEC –  Ministério da Educação  e Cultura, tem por objetivo  promover estudos, pesquisas e avaliações periódicas sobre o sistema educacional brasileiro. Tal instituto é um dos responsáveis em diagnosticar e transformar em estatísticas os resultados obtidos nas avaliações de aprendizagem aplicadas pelo governo anualmente, servindo como subsídio para novas propostas políticas educacionais (MEC/INEP, 2004).

O ENEN – Exame Nacional do Ensino Médio que hoje é a principal porta de entrada no ensino superior brasileiro, oportuniza o acesso às instituições de educação públicas e privadas. Esse tipo de prova veio para substituir em muitas faculdades e universidades, o antigo “vestibular” e por esse motivo, as escolas tiveram que se adaptar, modificando o calendário escolar dos estudantes finalistas do ensino médio (MEC/ENEN, 2018).

Outro importante instrumento quando se trata de avaliação proveniente do  MEC para analisar a performance dos estudantes  é  o  ENADE – Exame nacional do desempenho dos estudantes que avalia o rendimento dos alunos nos cursos de graduação, entre ingressantes e concluintes. Desde a primeira aplicação da prova em 2004, tal análise acontece visando observar a relação existente entre alunos matriculados em determinado curso, com  conteúdos programáticos do curso em que estão matriculados. Esse exame se tornou indispensável e obrigatório entre alunos selecionados do ensino superior, servindo como condição imprescindível para que a emissão  do histórico escolar (MEC/ENADE, 2018).

Esses exemplos de avaliações acorrem periodicamente e são alicerces para implantação de novas políticas educacionais em prol da qualidade do ensino público no Brasil.

Figura 1 – Análise do desempenho em Matemática, por região

Fonte: INEP/ENAD  (/2017)

As avaliações aplicadas, atuam como instrumentos que possibilitam identificar os pontos mais fragilizados do processo educacional em um todo, possibilitando conhecer as áreas de ensino que exigem intervenções urgentes nas primícias de adequação do ensino público ao mínimo da qualidade estabelecida. Nesse aspecto é lógico concluir a importância da renovação da prática de ensino escolar da matemática.

De acordos com estatísticos provenientes do Inep/Saeb (2017), o índice de aprendizagem em matemática para alunos do ensino médio das escolas públicas brasileiras vem  demonstrando um nível médio/baixo nos últimos anos.

Figura 2 – Proficiências médias por estado – Ensino Médio – Matemática

Fonte: INEP (2017)

Há cerca de uma década surgiu e vem-se desenvolvendo, um  novo método para  lidar com problemas de educação. Trata-se da análise de operações, ou análise de sistema, “systems analysis”, e consiste,  numa forma nova de considerar, analisar e raciocinar sobre dados de uma situação educacional. Anteriormente, coletavam-se as informações e os dados estatísticos e, analisados significativamente, emitia-se um julgamento qualitativo: tudo estava  muito bem, ou muito mal, ou mais ou menos. Aceitava-se a situação determinada como não alterável e procurava-se medi-la e julgá-la.  Hoje, os dados e as informações são analisados à luz das condições e fatores que os produziram, examinando alternativas viáveis para modificar ou substituir a situação. Considera-se a situação como um todo e todos os elementos são levados em conta. Um sistema interligado e inter-relacionado, propondo mudanças e alternativas a serem apreciadas em frente aos resultados.

Quando se observa a aprendizagem em matemática, a porcentagem é consideravelmente alta de estudantes com dificuldades para absorver esse tipo de conteúdo. É relevante tomar novas posturas diante a realidade do ensino escolar. O professor preparado e atualizado, deixa de ser o transmissor de conhecimento e se torna o orientador da busca do aluno pelo conhecimento.

Haidt (1999) expõe a necessidade de serem definidos os propósitos e a reflexão pelas atividades, para que assim possa acontecer de fato a aprendizagem duradoura e efetiva nos alunos. A aprendizagem na matemática ocorre quando o aluno está interessado,  estimulado e sobretudo, quando a condição dessa aprendizagem for favorável,  facilitando as  boas relações entre  professor e  aluno.

Tales de Mileto revolucionou o pensamento matemático ao estabelecer que as verdades precisam ser demonstradas; Euclides manteve este conceito, mas faz nele uma ressalva que, por se só bastaria para imortalizá-la: nem todas as verdades podem ser provadas; algumas delas, as mais elementares, devem ser admitidas sem demonstração; Pitágoras foi o interlocutor da matemática geométrica, onde mobilizou todo conhecimento da antiguidade clássica (GARBI apud TALES DE MILETO; 1997, p. 18).

 Entre os desafios do ensino público, está o de recuperar o sentido de aprender e o prazer no estudo da matemática. A atividade escolar precisa se apresentar de forma significativa e fazer com que todos usem o raciocínio lógico. Este,  em alguns exercícios matemáticos, ajuda no desenvolvimento de  determinadas aptidões,  entretanto, não é algo que possa ser ensinado, mas sim trabalhado por meio da resolução de problemas que se relacionam com atividades comuns do cotidiano.

Segundo Dewey (TEIXEIRA, ANÍSIO apud DEWEY, 1955). o caminho do processo de pesquisa denominado por ele de lógica, resulta no conhecimento. Reforçando, o pensamento reflexivo se compõe pela lógica e consequentemente resulta no conhecimento. O que usamos para operar a investigação  ou a pesquisa é o “material” e este, só será convenientemente e proveitosamente utilizado, quando for assimilado e tiver sido feito como se ele houvesse a descoberta por nós mesmos.

O ENSINO DA MATEMÁTICA E AS NOVAS PERSPECTIVAS DE APRENDIZAGEM

Segundo Mato Grosso (2000), a matemática surge  através da necessidade apresentada pelo homem para resolver problemas encontrados diariamente no seu cotidiano como contar, medir, organizar-se de acordo com os espaços, calcular e diante de todos os  conhecimentos adquiridos,  foram transferidos de geração após geração, reunindo-se reciprocamente e intelectualmente demonstrando ser um processo que está sempre em continuidade e em criação.

A aprendizagem matemática é um processo ativo, que como objeto a construção de significados, que será levada a cabo mediante a consideração dos conhecimentos prévio dos alunos. Assim as experiências e conhecimentos que os alunos já possuem, devem ser o ponto de partida para as novas aprendizagens. Esses conhecimentos prévios, adquiridos no ambiente cultural e posteriormente também de um lugar para outro e, portanto, de um indivíduo para o outro (MATO GROSSO, 2000, p. 159).

Diante dos “Números e Operações”, “Geometria, Grandezas e Medidas”, “Estatística e Probabilidade”, “Álgebra e Funções”, temos a composição e a formação de  parte da área de matemática em relação à conteúdos para o estudante. Fica fácil perceber e compreender que a análise dos conteúdos se dá a cada ano do ensino médio e, ao se tratar de um currículo básico, o professor pode  inserir  assuntos que considere importante e que não foram agregados  ao currículo,  além de realizar intervenções quando observar que há determinados conteúdos que  podem acrescentar  conhecimentos e esses não devem ser deixados de serem mostrados aos  alunos.

Apesar das sucessivas críticas ao ensino tradicional e de todos os avanços alcançados em pesquisas na área da Educação Matemática voltadas para a melhoria da prática pedagógica do professor e, consequentemente, favorecendo a aprendizagem matemática dos estudantes, percebe-se que pouco mudou, ou seja, o ensino baldista (referente a ”concepção baldista” – ideia de “cabeça vazia” – momento em que há o contato por parte do aluno com o conhecimento matemático e este se apresenta como um balde vazio) ainda é largamente  utilizado nas escolas e nas universidades, verificando-se certa dificuldade em transpassar os resultados obtidos com esses estudos para aplicação efetiva e real em sala de aula.

Faria (2015) diz que é perturbante quando se observa  a  restagnação  diante da realidade observada e existente. Aponta haver extremas dificuldades quando se trabalha  com alunos em defasagens. Saber lecionar uma aula de física quando se tem aluno que não domina a base da matemática é preocupante e alguma ação deve ser realizada. Segundo este autor, é essencial  atentar-se  para que os alunos virão  com nível baixo a essa etapa.

Estruturar  a base é o que o ensino médio deve realizar e garantir, ajudando professores  proporcionarem melhores conhecimento.

Conhecida como a ciência dos padrões, a matemática é explicada como o que pode ser medido, determinado e calculado, ao estabelecer uma base pode-se aplicar todas as teorias e preceitos,

Parece existir certa conformidade em que as ciências humanas costumam exercer mais fascínio entre os jovens do que as ciências exatas. Áreas como engenharias, tecnologias  e matemática propendem atrair menos curiosidade dos estudantes de acordo com que eles avançam na trajetória escolar, o que demonstra crescente procura por profissionais do ramo.

Em função das dificuldades de aprendizagem apresentadas, o ensino de Cálculo nas universidades brasileiras tem sido objeto de questionamento em diversos fóruns de debates, principalmente quando se observa que alunos matriculados nesta disciplina, evadem consideravelmente nos primeiros períodos de curso.

Novas propostas pedagógicas surgem quando a baixa estatística na aprendizagem matemática se relaciona com a  mudança de postura em relação ao professor para com o estudante. Aponta-se aqui, a tecnologia educacional  que já passa a ser indispensável como recursos de ensino.

Toda essa inclusão tecnológica é um projeto inovador que se apoia em uma metodologia cíclica de desenvolvimento curricular com apuração de sua prática efetiva, acontecendo-se na disciplina de transição do ensino médio para o superior e se apresentando no âmbito de uma pesquisa qualitativa longitudinal. Pesquisa sobre a própria prática. Analisando um estudo mais globalizado diante do exposto acima, se identifica com o padrão de avaliação iluminativa – programa de estudo em que se compreendem as realidades globais complexas (PARLETT e HAMILTON, 1972).

A matemática é excepcionalmente necessária, principalmente por ser considerada uma das ciências mais aplicadas em nosso cotidiano. Observando ao nosso redor, a apresentação das formas, das medidas, dos contornos, percebe-se a  presença da matemática sem retrucar ou questionar que não há como viver sem esses conhecimentos para as aplicabilidades em todos os setores da sociedade. Usar as operações básicas e os cálculos mais complexos através dos princípios matemáticos, são os concluintes da forma prática mais  adequadas  (SILVA, 2017).

Na  matemática vários contextos transcendem como por exemplo o de prever fenômenos descrevendo-os e explicando-os. Dessa forma, conscientizar o estudante da importância dos estudos na matemática para a sociedade e o mundo,  tornando-o reflexivo nas tomadas de decisões.

O ensino tradicional, apesar de receber  contínuas críticas,  não é desmerecido a partir de todos os avanços alcançados em pesquisas na área da Educação Matemática voltadas para a melhoria da prática pedagógica do professor. Mesmo com tais avanços, a contribuição para a aprendizagem matemática dos estudantes ainda pouco mudou, observando-se que a ideia do ensino baldista é ainda utilizada.

Tales de Mileto revolucionou o pensamento matemático ao estabelecer que as verdades precisam ser demonstradas; Euclides manteve este conceito, mas faz nele uma ressalva que, por se só bastaria para imortalizá-la: nem todas as verdades podem ser provadas; algumas delas, as mais elementares, devem ser admitidas sem demonstração; Pitágoras foi o interlocutor da matemática geométrica, onde mobilizou todo conhecimento da antiguidade clássica (GARBI apud TALES DE MILETO; 1997, p. 18)

Em licenciaturas estudadas no ensino superior, as ciências exatas,  apresentam um paradigma de educação fundamentado no modelo tradicional de ensino, onde  a metodologia utilizada se apresenta em grande proporção, apenas expositiva, baseado na fala do professor, onde os conteúdos expostos demonstram-se como verdades indiscutíveis, ou então, algo finalizado e concluído, cancelando e/ou questionando o debate para que haja a significância do aprendizado. Ao serem expostos e explicados os conteúdos, os estudantes resolvem exercícios sem que, por muitas das vezes, a criatividade, não fizesse parte do processo de aprendizado, que deve exigir a reflexão sobre os conceitos. Quando não há a contextualização como forma de ser trabalhado melhor os conteúdos, não há também o envolvimento efetivo com a disciplina por parte dos estudantes. O questionamento deixa de ser um propulsor de ideias construtivas e que não tornam claros o  entendimento dos objetivos que estão sendo estudados. Havendo essa descontextualização de conteúdos trabalhados, mantém-se a ideia e habilidade de que os estudantes memorizarem e reproduzirem o que recebem dos educadores. Muitos estudantes já possuem maus hábitos em relação aos estudos e, diante do exposto anteriormente, desestimulados, não buscam a autonomia em relação à aprendizagem, continuando dependentes do professor e de outros elementos. As falhas no processo de ensino e aprendizagem pode transparecer em decorrência de metodologias utilizadas pelo professor, da atitude do aluno, bem como fator(es) da Instituição de Ensino Superior (IES) ou até mesmo da combinação desses três indicadores.

Figura 3 – Número de alunos inscritos por área

Fonte: FUVEST -2018

Percebe-se pela imagem acima que o interesse por áreas de exatas ainda é pequeno em relação a áreas como biológicas e humanas.

Ao chegar no nível superior, professores constatam que boa parte dos alunos demonstram possuir dificuldade para relacionar o que aprenderam na escola através da  matemática nos estudos de graduação e também  com a sua vida rotineira.

O despertar de interesse pela matemática logo cedo na educação básica  pode se tronar possível quando vivenciadas  prática lúdicas em sala de aula (jogos, dama, ludo, xadrez, banco imobiliário, resta 1, jogos virtuais pedagógicos, etc.) debates, celulares, computadores. Todas essas estratégias têm intuito de provocar a curiosidade é dessa forma, tornando-se  pedagogicamente uma ação do aluno para com a sua própria  aprendizagem.

A maneira lógica de se tratar a matemática aplicada em sala de aula,  parece e pode ser a mais adequada/adaptável à realidade dos alunos. O ato  de provocar o ver e rever conteúdos (interatividade no meio virtual) como forma de continuar o processo, tendo significado com o que está sendo proposto nos estudos, trará interesse ao estudante, pois entenderá o porquê  disso estar inserido no meio em que ele vive.

CONSIDERAÇÕES  FINAIS

O Ensino Superior é de suma importância para o crescimento profissional do indivíduo ali inserido, A área de Ciências Exatas é próspera e está em déficit de profissionais qualificados. As dificuldades em entender a matemática podem ser vencidas ao olhá-las por um ângulo diferente. O professor e o aluno são os atores principais no cenário da educação, o diálogo e a interação entre os saberes pode mudar a situação de descaso por parte de nossos governantes. O cálculo matemático está presente em todos os momentos da vida, calculamos o que vamos comer,  quanto vamos pagar, a distância que vamos percorrer, o tempo que se leva para chegar de um lugar ao outro, as horas/minutos/segundos, dia/mês/ano, quantos copos de água se precisa beber em um dia, quanto  será preciso gastar em média para construir uma casa,  gastos com combustível, enfim. Se os cálculos matemáticos básicos não foram aprendidos corretamente pelo aluno nas suas séries anteriores ao ensino superior, a probabilidade deste estudante desistir de cursos na área de exatas ou não se adequar aos novos cálculos sequenciais será muito grande. O aluno precisa se conscientizar, claro que a cobrança da família, escola, professores coniventes com aprovação devida/merecedora é essencial neste contexto, que ele é o principal  responsável por perceber que desde o fundamental e médio, o sucesso ao percorrer um 3° grau, concluindo um curso superior, dependerá da sua conduta para com os novos aprofundamentos sequencias que a matemática trará, e o que ele havia adquirido até então,  fará parte agora de novos horizontes.

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[1] Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional. Pós graduado em Altas Habilidades/Superdotação. Pós graduado em Docência do Ensino Superior. Pós graduado em Inspeção Escolar. Pós graduado em Animação e Modelagem Digital. Graduado em Matemática. Graduado em Ciência da Computação.

Enviado: Dezembro, 2019.

Aprovado: Janeiro, 2020.

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Welington Fraga Rizo

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