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Educação de Adultos suas Dificuldades e Motivações na Educação Superior Baseada nos Conceitos da Andragogia

RC: 13358
1.269
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/educacao-de-adultos-dificuldades

CONTEÚDO

GONÇALVES, Maria de Lourdes [1], BRANDÃO, Márcia Rios [2]

GONÇALVES, Maria de Lourdes; BRANDÃO, Márcia Rios. Educação de Adultos suas Dificuldades e Motivações na Educação Superior Baseada nos Conceitos da Andragogia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 01, Vol. 04, pp. 31-48, Janeiro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Neste estudo, feito em obras sobre educação de adultos e andragogia, pretende-se verificar, mais uma vez, como já deve ter sido feito por outros educandos, suas dificuldades, motivações, duvidas. Ao realizar pesquisas em artigos científicos e em livros sobre esse assunto procura-se entender um pouco mais sobre este tema, as razões pelas quais esses profissionais já em fase adulta procuram voltar aos estudos, e principalmente se adequarem as novas tecnologias que se renovam a cada dia nos setores organizacionais e pessoais.

Baseados neste tema, e abordando-se os conceitos da andragogia e suas aplicações na volta ao mundo acadêmico de estudantes após os 40 anos de idade, e através das pesquisas procura-se entender de uma forma mais clara e sucinta como o aluno adulto esta vivenciando e se adaptando a esta experiência.

Palavras-Chave: Educação de Adultos, Andragogia, Dificuldades Cognitivas e Funcionais na Aprendizagem Adulta.

INTRODUÇÃO

A educação de adultos baseada nos conceitos andragogicos ao longo dos anos tem apresentado bons índices de crescimento, oportunizando aos alunos, principalmente do ensino superior, maiores facilidades de acesso ao aprendizado. As políticas de inclusão social desenvolvidas por nossos governantes com objetivo de superação dos déficits na escolarização de adultos, ainda esbarram em conceitos vinculados as questões sociais, econômicas e culturais, alimentado ano após ano, por discursos de igualdade e oportunidade para todos.

Guy Avanzini, numa obra de (1996 p.12), intitulada “L”education dês Adultes”, propõe as seguintes definições:

A formação de adultos tende a aumentar a competência inicial do sujeito, no domínio de suas atividades, designando a noção de reciclagem, e por vezes a de reconversão profissional, propõe também que a educação de adultos visa agregar conhecimentos tendo em vista os tempos livres para os estudos, e as necessidades de uma solidez no que se refere a sua cultura geral.

A introdução da andragogia no vocabulário da educação, em particular nos domínios da educação adulta, é um fato recente, mas para educadores segundo (Pierre Furter,1973, p.11), a andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. A Unesco, (2010, p.12) usou o termo para referir-se à educação continuada, pois desde a primeira conferência sobre educação de adultos em 1949 tem trabalhado para assegurar que os adultos exerçam o direito a educação. Em 1976 na conferência geral da Unesco, foi aprovada a recomendação de Nairóbi para o desenvolvimento da educação de adultos, que consagrou o compromisso dos governos em adota-la como parte integrante do sistema educacional e de aprendizagem ao longo da vida. E Franklin Wave Dixon escritor de mais de cinquenta obras literárias refere-se a andragogia como a arte de causar o entendimento, é a ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender, onde é preciso considerar que a experiência é uma das fontes mais ricas para a aprendizagem adulta nos dias atuais.

Malcolm Knowles), através de um artigo publicado em (1968) o primeiro autor a introduzir este vocábulo na literatura cientifica americana, a sua utilização generalizou-se rapidamente, bem como os debates em torno dos conceitos e das visões teóricas da nova concepção de que a partir desta época ficaram marcadas pelas perspectivas andragogicas.

São inúmeras as razões de ordem prática e econômica que levaram pessoas a desistir de estudar quando em mais tenra idade, e que mais tarde por volta dos vinte anos optam em retomar os estudos até chegarem a educação superior. Esta é uma questão analisada pelos órgãos educacionais, com o objetivo comum de mostrar possibilidades e possíveis soluções práticas e objetivas que acrescentem possíveis melhorias na educação.

O objetivo geral desse estudo é responder à pergunta pertinente a este problema que será:

Quais os motivos que levam o adulto a retornar ao estudo superior após os 20 anos?

Identificar as expectativas e necessidades dos adultos acima dos 20 anos inseridos no mundo acadêmico, e direcionar as pesquisas para a educação de adultos delimitando-a aos conceitos da andragogia, prática esta usada na educação de pessoas adultas nos dias de hoje. Esta pesquisa possui também o objetivo específico de entender e analisar o processo evolutivo dos profissionais em processo educacional nos meios acadêmicos, contribuindo de alguma forma na aprendizagem e crescimento intelectual dos adultos, revelando os motivos que os levaram a abandonar os estudos, e o que os fez voltarem já na fase adulta de suas vidas.

Através destas reflexões buscou-se compreender o que é ser adulto pois, conforme os autores as pessoas vão adquirindo autoconceito de serem responsáveis a medida que crescem biologicamente e passam a vivenciar experiências sociais mais intensas, justificando assim as razões para a realização deste estudo.

Para descrever a complexidade e os objetivos deste artigo, pretendemos usar os procedimentos abaixo relacionados na intenção de esclarecer de forma mais objetiva os critérios de estudo usados

O tipo de abordagem será qualitativo e exploratório

Verificar a interação e a classificação dos processos de aprendizado

Pesquisar bibliografias a partir de livros, artigos, e questionários para o público discente da Faculdade IBGEN, colocando o investigador em contato com o que foi escrito, tornando possível a realização deste artigo.

Realização de técnicas de apresentação, análise, coleta e interpretação de dados totalizando 20 alunos entre homens e mulheres, com idade acima de 20 anos com formação superior ou em andamento.

Entendendo que adultos aprendem de formas diferentes, estudiosos da educação como (Knowles, Holton, Swanson, (2011), Gayo, (2005), Goeks, (2006), enfatizam que o uso inapropriado de métodos desenvolvidos para crianças e adolescentes na pedagogia, nos processos de aprendizagem de adultos, não resultam em aprendizado efetivo pois, os adultos devido as suas habilidades intelectuais mais desenvolvidas, almeja vivenciar e experimentar as situações nas salas de aula, para aplica-las depois em seu dia a dia. Para (Ferraz, Lima, silva, 2004), a andragogia pode ser compreendida pelos pilares que consistem na transposição dos conhecimentos, nos autoconceitos de dependência para um ser humano autodirigido acumulando experiências que se transformam em rica fonte de aprendizagem.

Considera-se ainda a sua disposição para aprender, o que o torna diretamente orientado para as tarefas, aumentando seu potencial para o desenvolvimento, mudando as perspectivas de uma aplicação posterior do conhecimento para a aplicação imediata, focada e adaptada para o desempenho.

Eduard Christian Lindman, educador americano, notável por suas contribuições pioneiras na educação de adultos, introduziu muitos conceitos de educação de adultos moderna em seu livro The Meaning Of Adult Education. Lindman era amigo e colega de John Dewey, compartilhando com ele suas preocupações com a justiça social, e suas crenças nas possibilidades da educação como ação para o crescimento humano. (Infed.org/educação-c-Lindman-and.-The Meaning Of Adult- Education).

John Dewey ficou conhecido com o lançamento do livro, O sentido da Educação de Adultos, onde como professor e filosofo, defendia a ideia unir a teoria à prática no ensino, ele também foi pioneiro em psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação progressiva. (Infed.org/educação-c-Lindman-and.-The Meaning Of Adult- Education).

Sob o ponto de vista de Caio Beck, especialista em educação de adultos, em seus artigos no site www.andragogiabrasil.com.br  a todo momento é preciso questionar e rever nossos pensamentos, conceitos, convicções e sobre tudo que aprendemos e ensinamos, pois, esta atitude se tornou uma exigência do século xxl para o educador e seus educandos, sendo necessário acompanhar as transformações que acontecem no mundo, que são constantes, novos conhecimentos e novas formas de pensar são colocados em prática todos os dias, aquilo que sabíamos ontem, pode estar ultrapassado e já não ser mais uma verdade absoluta.

Nos ambientes de estudo, em desenvolvimento permanente, somos constantemente bombardeados com uma imensa quantidade de dados, novas tecnologias e descobertas em diversas áreas, que podem contribuir e afetar a vida de milhares de pessoas, que muitas das vezes nem um dos dois lados conseguem analisar e refletir sobre essas informações que podem influenciar nas práticas educacionais.

Durante muito tempo, o professor foi o transmissor do saber, e os alunos tinham pouco acesso as informações. A questão agora é que com as formas de acesso as tecnologias mais facilitadas para todos, teremos alunos cada vez mais questionadores, querendo saber determinados conceitos, qual a melhor forma de se fazer, utilizando todos os acessos as informações, especialmente se o assunto está relacionado ao que está sendo discutido em uma turma de aprendizes adultos.

Caio Beck, no referido site educativo afirma que ainda atualmente, não é difícil perceber que grandes oportunidades de melhorias nos ambientes de ensino para adultos, ainda podem ser feitas, e a falta da aplicabilidade dos métodos andragogicos ainda é bem latente. Considerando um aspecto geral, nas organizações empresariais, e nos ambientes acadêmicos, ainda há divergências e contrastes indo na contramão do que deveria ser o ensino adulto, levando dessa forma a resultados menos consistentes.

Segundo os autores acima citados, um indivíduo é considerado adulto quando por suas vivências possui maturidade para assumir a responsabilidade de seus atos, esse ponto de vista foi necessário ser avaliado para identificar se o aluno está preparado para receber um ensino embasado nos princípios andragogicos.

Nessas reflexões buscou-se compreender o que é ser adulto, pois, conforme os autores as pessoas vão adquirindo autoconceito de serem responsáveis a medida que crescem biologicamente e passam a vivenciar experiências sociais e trabalhistas mais intensas, o que os faz entender a importância da educação superior para que possam alcançar seus objetivos pessoais e profissionais, que anteriormente talvez tenham abandonado, e que torna-se cada vez mais necessário obter qualificação e atualização levando-os novamente aos ambientes acadêmicos, onde nos dias de hoje tem a andragogia como prática de aprendizado justificando assim as razões para a realização deste estudo.

REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico construído a partir das pesquisas, é a base de algumas das ideias defendidas pelos autores acerca da educação de adultos e da pesquisa aplicada, onde será identificado ou não o ¨porque¨ que os alunos após longos períodos fora dos meios educacionais decidem retornar, quais suas expectativas e as diferentes formas de estimulo por eles usados para que consigam voltar a esses ambientes.

É uma revisão teórica sobre educação de adultos do ensino superior, e sua relação com a andragogia. Partindo de analises e observações sobre os conceitos andragogicos sua evolução e aplicação na educação de adultos nos dias atuais, no contexto das tendências educacionais nas organizações e fora delas, salientando que essa tarefa exige basicamente o desenvolvimento cognitivo dos alunos relacionados a leitura, a escrita e ao raciocínio lógico, a fim de permitir uma compreensão crítica das informações as quais vão estar expostos.

Quadro Teórico

AUTOR OBRA
Andragogia Knowles, Malcolm Aprendizagem de Adultos- Livro-
Knolwes, Malcolm Aprendizagem de Resultados-1968
Campos, Monica Investigação cientifica-andragogia um novo olhar sobre a formação docente- Rio de Janeiro – RJ – abril – 2014. Mônica Campos Santos Mendes – UniCesumar …
Karolczak, Maria Eloisa, Karolczak, Carlos Eduardo Andragogia, Liderança, Administração, e Educação- Uma nova Teoria- 2009
Andragogia Knolwes, Malcolm A Prática Moderna da Educação de adultos-1970
Knolwes, Malcolm, Swanson, Richard, Holton Adult Learner (Aprendiz Adulto) –  Março de 2011
Andragogia Apostólico, Cimara Mestre em comunicação PUC Andragogia: Um Olhar Para o Aluno Adulto- 2014-www.fics.edu.br › Início › Arquivos › n. 9 (2012): Augusto Guzzo Revista Acadêmica
Educação Peter A. Senge A Quinta disciplina – A Arte e A Prática da Organização Que Aprende – 29ª Ed. 2013
Avanzini, Guy L”education Des Adultes- 1996
Educação  Karsley.Michael Moore Educação a Distância-Uma Visão Integrada- 2008
Educação Piconez, Stela C. Bertolo Educação Escolar de Jovens e Adultos-Das Competências Sociais dos Conteúdos, aos Desafios da Cidadania- Ano 2002-Edit.Papyrus
Freire, Paulo Educação e mudança- Editora Paz e Terra- 2010
Canário, Rui Educação de Adultos, Um Campo E uma Problemática – 1948- Reedição-1990
Educação Oliveira, Djalma pinho Rebouças de Administração de Processos, Conceitos, Metodologias e Práticas, 2011-p.05-

 

ANDRAGOGIA

O termo andragogia foi formulado originalmente por Alexander Kapp, professor alemão em 1833. Caiu em desuso, e reapareceu em 1921, no relatório de Eugen Rozenstok, que foi um pensador, historiador, jurista, filosofo, e linguista alemão. Doutorou-se em direito pela universidade de Heidelberg, Alemanha, em 1909, aos 21 anos, sinalizando que a educação de adultos requer professores e métodos diferenciados.

Segundo (Pinho, 2011, P.05), as ideologias contidas nas intervenções do estado por meio das técnicas, dos livros didáticos, e dos   conteúdos, apresentam uma relação quase imperceptível com os resultados da educação e, particularmente, com as condições sociais dos adultos em retorno aos bancos escolares. Considerando o nível de maturidade dos adultos surgiu a necessidade de uma abordagem que considerasse estas diferenças individuais nos processos de aprendizagem, fazendo emergir a andragogia. De acordo com Knolwes (1975, p.17), ela seria a arte e a ciência destinada a auxiliar adulto a aprender e compreender os processos de aprendizagem. A educação dos adultos sob a perspectiva andragogica, preocupa-se com o modo como os adultos aprendem, reconhecendo que existem uma série de fatores que influenciam seus processos de aprendizagem.

E atribuída a Malcolm Knowles (1976, pág. 06) a ideia de que pessoas adultas aprendem mais facilmente em ambientes confortáveis, flexíveis, informais e livre de ameaças. A andragogia propõe o aprendizado maduro e consciente, fluindo em um contexto plenamente favorável, visto que adultos não aprendem como crianças, e que se entendeu já a algum tempo que a educação para adultos poderia também ser baseada em princípios e pilares andragogicos, pois na andragogia o adulto seria o sujeito da educação e não meramente o objeto dela, propondo autonomia colaboração e auto-gestão da aprendizagem, atributos importantes para quem deseja agregar conhecimentos efetivos.

O MODELO ANDRAGOGICO

O modelo andragogico baseia-se nos seguintes princípios:

Necessidade de saber: Adultos precisam saber porque precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo.

Autoconceito de aprendiz: Adultos são responsáveis por suas decisões e por sua vida, portanto querem ser vistos e tratados como capazes de se autodirigir.

Papel das experiências: Para o adulto suas experiências são a base do seu aprendizado. As técnicas que aproveitam essa amplitude de diferenças individuais serão mais eficazes.

Prontidão para aprender: O adulto fica disposto a aprender quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem, relacionada a situações do seu dia a dia.

Orientação para a aprendizagem: O adulto aprende melhor quando os conceitos apresentados estão contextualizados para alguma aplicação e utilidade.

Motivação: Adultos são mais motivados a aprender por valores intrínsecos como autoestima, qualidade de vida, desenvolvimento, etc.

Fonte: http://www.andragogiabrasil.com.br/artigos/premissas-andragogia

Aprendizagem Efetiva para o Desenvolvimento de Adultos

Malcolm Knolwes, autor do livro Aprendizagem de Resultados, (2009, p, 7 a 11), que é um clássico sobre andragogia, organizou suas ideias em torno da noção de que os adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, flexíveis, e sem ameaças enfatizando que adultos aprendem melhor, quando suas necessidades, experiências, autoconceitos e diferenças individuais são levadas em consideração, afirmando também, que eles precisam saber porque necessitam aprender algo antes de começarem a fazer. A educação de adultos representa um processo através do qual o adulto se torna consciente de sua experiência e a avalia. Para fazer isso ele não pode começar a estudar “disciplinas”, na esperança de que algum dia essas informações sejam úteis, pelo contrário, ele começa dando atenção a situações onde ele se encontra, e aos problemas que trazem obstáculos para sua realização.

Malcolm Knolwes, (2005, p.75), defendia que pedagogia e andragogia não são opostas, mas, complementam-se. esta posição é identificada no título de sua obra (A Moderna Prática da Educação de adultos), onde a partir da pedagogia e da andragogia, entendeu-se que na prática os educadores terão a responsabilidade de verificar e identificar quais hipóteses são adequadas, e em quais situações se aplicam, considerando o aluno e o objetivo da aprendizagem. São usados fatos e informações das diversas esferas do conhecimento, não para fins de acumulação, mas por necessidade de solucionar problemas, porém quando a educação convencional for apropriada para determinado aprendiz com relação a um objetivo específico, então essa estratégia será adequada e adotada como ponto de partida, por entenderem que os aprendizes são realmente dependentes ao entrarem em uma área de conhecimento desconhecida.

Em ações de educação corporativa, é preciso analisar quando a andragogia é aplicável, dependendo das circunstâncias, na prática isso quer dizer que os profissionais do desenvolvimento de Recursos Humanos e educadores têm a responsabilidade de verificar o que é aplicável em cada situação, portanto a metodologia central da educação de adultos é a análise de experiências, sendo o papel de o educador envolver-se também no processo, avaliando o grau de conformidade com o que é transmitido. Partindo do ponto de vista de que adolescentes e adultos aprendem de formas diferentes, fez necessária a utilização de abordagens diferenciadas nos processos de educação. (Rogers, 2011, p.52)

Nas práticas corporativas os princípios da andragogia são extremamente efetivos, por isso tem sido um grande direcionador nas maneiras como se aplicam nas aprendizagens de resultados nas organizações, embora há séculos, a educação de adultos seja um assunto importante, pouca pesquisa foi realizada nesta área até recentemente. No século XX, ideias sobre as características particulares de aprendizes adultos começaram a ser sistematizadas por estudiosos.

Além dos pioneiros Eduard Thorndike, e Eduard Lindman, outros psicólogos renomados, como Freud, Jung, Ericsson, Maslow e Rogers, fizeram contribuições importantes para o estudo da aprendizagem de adultos, informações estas verificadas pela pesquisadora no livro (Educação de jovens e adultos de Stela c. Bertolo Piconez- 2002). Informando ela ainda que Freud apontasse a influência do inconsciente no comportamento, Jung apresentou a ideia de que a consciência humana possui quatro funções: sensação, pensamento, emoção e intuição, Ericsson contribuiu com as oito idades do homem, Maslow ressaltou a importância da segurança; e Rogers, conceituou a educação numa abordagem centrada no aluno em cinco hipóteses básicas de abordagens diferenciadas nos processos de educação. (Rogers, 2011, p, 56,57).

No estudo da aprendizagem de adultos, surgiram duas correntes distintas de pesquisa, a científica e a artística. Na primeira corrente, iniciada por Thornandk com a publicação de seu Adult Learning em (1928), busca descobrir novos conhecimentos por meio de investigação rigorosa. Já a corrente artística, criada por Lindeman, em seu The Meaning of Adulto Education (1926), usa a intuição e análise da experiência para descobrir novas informações.

Com base em suas investigações, Lindman, identificou suposições básicas sobre os aprendizes adultos, e segundo suas afirmações andragogia é a arte de ensinar adultos que não são aprendizes sem experiência por trazerem o conhecimento da escola da vida. O aprendizado só e aplicável ao aluno que busca desafios e soluções de problemas que farão diferença em suas vidas no que se refere ao lado profissional e pessoal e aprende melhor quando o assunto e de valor imediato, tendo consciência do que não sabe, e o quanto a falta de conhecimento o prejudica.

Na andragogia a aprendizagem adquiriu uma particularidade mais localizada no aluno, na independência e na autogestão da aprendizagem com aplicação pratica na vida diária fazendo do professor um facilitador do processo e do educando um aprendiz, transformando o conhecimento em uma ação recíproca de troca de experiências vivenciadas, sendo então um aprendizado de mão dupla com relações horizontais e parceiras entre facilitadores e aprendizes, em que o empenho de ambos são somados a metodologia de ensino e aprendizagem fundamentando-se em eixos articuladores da motivação e das experiências dos aprendizes adultos compartilhando conceito e informações com maiores níveis de compreensão e melhor aprendizado.

Observou-se neste estudo, através das pesquisas, que a migração do ensino tradicional de adultos para um ensino com aplicações das técnicas andragogicas, vem se tornando uma tarefa complexa e delicada visto que tende a torná-los sujeitos independentes e auto direcionados, que já vem acumulando experiências de vida que servirão para futuros aprendizados. Seus interesses se aprofundam para o desenvolvimento das habilidades adquiridas anteriormente, e talvez já aplicadas em suas profissões notando-se também que o intercâmbio entre os grupos de estudo proporciona uma transição dinâmica e efetiva da aprendizagem, tendo como mediador o educador andragogico.

Verificou-se que o aluno adulto ao poder aplicar na prática seus aprendizados em salas de aula, acabam motivando-se quando desafiados a resolver problemas, o que os leva a adquirir melhores empregos, melhorando também a qualidade de vida e consequentemente a elevação da autoestima. Considerando que o adulto tem mais facilidade para interagir com pessoas de diversos níveis, tanto nas relações pessoais quanto profissionais, as vantagens na utilização da andragogia na educação de adultos, é que também se pode empregar os conhecimentos prévios, experiências, vivencias, valores, interesses e objetivos que essas pessoas já trazem consigo.

O tema escolhido reflete o desejo de aprofundamento da pesquisadora na andragogia, em suas diversas formas e características nas suas aplicações no ensino superior, seus métodos e didáticas aplicadas nos ambientes acadêmicos de ensino superior nos dias atuais e onde foi centrada a pesquisa.

Notou-se que há uma crescente demanda pela busca do ensino superior comprovado no censo de educação superior do (INEP³, 2011), que registrou que registrou um aumento de 5,7%, compondo assim um significativo número de alunos adultos que buscam completar seus estudos, que deixaram de ser feitos nos anos adequados. Verificou-se que o tema andragogia foi popularizado por Malcolm Knolwes no ano de (1970), com a publicação de seu livro (A Prática Moderna na Educação de Adultos), onde o autor apresenta o conceito como a arte e a ciência de orientar adultos. Comprovou-se, porém, que as publicações que tratam do tema, são ainda um pouco escassas, tanto que Knowles em (2005, p,39), surpreendeu-se com o pouco interesse em pesquisas com relação a andragogia, uma vez que os grandes mestres, desde a antiguidade foram professores de adultos.

Com os avanços dos estudos de neurocientistas, descobriu-se que o conceito da inteligência como algo imutável, não mais condiz com a realidade humana. Dessa forma com a aplicação da andragogia, esse conceito foi reformulado, pois se acredita que é nas vivências que o homem é constituído e se transforma, podendo mudar não só o meio cultural em que vive, mas também a plasticidade cerebral, pois a inteligência humana já é compreendida atualmente como um processo dinâmico, constituída na interação do sujeito com a cultura, e pode ser desenvolvida, independentemente da idade da pessoa. (Nogueira, 2009 p. 65).   Estas informações constam em um artigo publicado pela revista (IBPEX. UNINTER, 2009), chamado Aprendizagem do adulto, suas implicações, para a prática docente no ensino superior.

Teixeira (2006, p.1) e Goeks (2006, p.5), citam pesquisas que afirmam que estudantes adultos guardam apenas 10%, do que ouviram, após 72 horas. No entanto, são capazes de lembrar 85% do que ouvem, veem e fazem decorrido o mesmo prazo.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em ambiente acadêmico presencialmente, com estudantes do ensino superior, em faculdade localizada no município de Porto Alegre/RS, com 20 pessoas, em questionário estruturado com 8 questões, sendo 2 objetivas e dissertativas.

A pesquisa englobou as mais diversas faixas etárias conforme segue gráfico.

Gráfico 1
Gráfico 1

Da amostragem, 55% são mulheres e 45% homens, com formação acadêmica superior completa ou cursando, na amostragem no gráfico abaixo nas mais variadas profissões, tendo sua maioria cargos operacionais, observa-se  os motivos que levam os aprendizes adultos a voltar aos ambientes de estudo, seriam a busca de formação superior ou atualização nas áreas que atuam.

Gráfico 2
Gráfico 2

Concernente à idade em que interromperam os estudos, 50% dos entrevistados nunca deixaram de estudar, e entre 15 e 30 anos, 45% deixaram de estudar nessa faixa etária. Após os 31 anos, 5% abandonaram os estudos, onde verificou-se seu retorno as salas de aula em busca de aperfeiçoamento para que possam atingir crescimento profissional. Sendo que o item não se aplica, ou nunca parou se refere aos alunos que não abandonaram os estudos e que continuam sua caminhada em busca de maior aprendizado.

Gráfico 3
Gráfico 3
Gráfico 3
Gráfico 3

Entrevistados que nunca pararam os estudos, são representados por 50%, seguidos dos 20% que retomaram os estudos entre seus 15 e 30 anos de idade. 30% dos estudantes, retomaram estudos após os 30 anos, onde verificou-se que suas maiores dificuldades é conciliar trabalho e estudo e, também apresentam dificuldades cognitivas em relação a aprendizagem e de adaptação aos conceitos apresentados.

CONCLUSÃO

Com o referido estudo verifica-se que o problema que norteou esta pesquisa e deu origem a este artigo, está ligado aos aspectos contemplados pelos interesses e necessidades dos adultos em voltar aos ambientes acadêmicos, e na mera intenção de entender e aprender mais sobre educação de adultos e as aplicabilidades dos conceitos da andragogia nos dias de hoje.

Ao realizar este artigo o pesquisador obteve a rara oportunidade de adentrar mais amplamente na aprendizagem dos conceitos andrológicos e verificar com mais exatidão como os adultos aprendem, e o quanto agrega de valor aos educandos em formação. Apresentou-se ao pesquisador como objetivo específica, identificar as perspectivas e motivações dos alunos adultos em busca de novos aprendizados, o que os levou a parar seus estudos, e as razões que os levaram novamente aos ambientes acadêmicos.

Entendeu-se também, neste estudo cientifico que a presença de alunos adultos numa sala de aula é razão suficiente para que se considere a educação adulta não mais como arte operativa onde alguns aprendem outros não, e sim, como arte cooperativa onde todos os alunos inseridos tenham a oportunidade de aprender mais tendo o professor como um facilitador do aprendizado, orientando-os nos processos de aprendizagem entrando em clara concordância com o que afirma o autor do artigo: Aprendendo a Ensinar Adultos, de Carlos Cesar Ribeiro dos Santos publicado em www.aedb.br/seget/arquivos 10/42.

Na busca de informações sobre causas e consequências da evasão escolar do indivíduo, Gaioso (2005), entrevistou 35 alunos, e percebeu, que não há razões isoladas para tal decisão. Sempre um motivo se associa a outro, sendo que inicialmente responsabilizam a instituição de ensino onde estão inseridos, após vem as condições socioeconômicas, e depois de algum tempo de entrevista, muitos assumem uma parcela de culpa, ou se referem a falta de aptidão, habilidade ou interesse pela carreira escolhida.

Timidamente, alguns apontam dificuldades financeiras e os elevados custos da educação superior, o que os leva a desistirem do ensino superior optando primeiramente por uma formação técnica, onde se estabilizam profissional e economicamente, para só então voltarem ao ensino superior em alguns casos.

Embasados cientificamente, nas referências e afirmações acima citadas, e nos conceitos da andragogia, este estudo visa oportunizar mais um ponto de aprendizado entre tantos já escritos por alunos acadêmicos em fase de formação final, e com a clara e simples intenção de contribuir em pesquisas estudantis, acadêmicas ou não, facilitando de alguma forma seus estudos e aprendizados, sem a intenção de formar conceitos ou opiniões que não nos cabem, por sermos também aprendizes em formação. Finalizando minhas considerações sobre este estudo importante mencionar o artigo escrito em http://www.cathedral.edu.br/virtual/noticia- Fonte: www.portaodiario. afirma que o número de universitários com mais de trinta sobe em 25% em quatro anos, e onde a declaração de um estudante em conclusão de curso revela sua motivação para voltar aos ambientes do ensino superior, por considerar que ela dá ênfase e embasamento maior a este estudo feito pela pesquisadora também em tentativa de concluir seus aprendizados.

Assim como ele, milhares de pessoas estão buscando ou voltando aos bancos da faculdade para mudar de carreira, realizar um sonho ou, simplesmente, adquirir novos conhecimentos. E os dados do último Censo do Ensino Superior comprovam essa tendência: O número de pessoas com mais de 30 anos matriculadas em cursos de graduação cresceu 25% entre 2009 e 2012 no Brasil. Os ”estudantes maduros” representam hoje quase um terço dos 7 milhões de universitários matriculados em 2,5 mil instituições de ensino superior no País.

A entrada na universidade é um sonho muitas vezes tardio, realizando-se bem depois da idade em que normalmente acontece o ingresso nas faculdades (por volta dos 18 anos). Mesmo o total de pessoas entre 25 e 29 anos matriculados em cursos de graduação no País no período pesquisado pelo Censo também apresentou aumento (16%). Já no ensino presencial o percentual é bem menor: cerca de 4% dos acadêmicos que ingressaram no último vestibular têm mais de 30 anos (cerca de 4% do total).

REFERÊNCIAS

Andragogia: Um novo Olhar Sobre a Formação Docente. RJ. 2014

Beck, Caio, site http:// www.andragogiabrasil.com.br pesquisado em 22 de agosto de 2016

CANÁRIO, Rui – Educação de Adultos, um campo e uma problemática 1948-90

CAMPOS, Monica- artigo acadêmico Andragogia: Um novo Olhar Sobre a Formação Docente,  Rio de Janeiro. 2014

FREIRE, Paulo- Educação e Mudança-Editora Paz e Terra- 2010

KAROLCZAK, Maria Eloisa; KAROLCZAK, Marcio Martins. Andragogia – Liderança, Administração e Educação: uma nova teoria. Curitiba, Juruá, 2009.

KNOWLES, Ma2Q1lcolm S. The modern Pratice of Adult Education: andragogy versus pedagogy. New York: Association Press, 1970.

Knowles, Malcolm, ‘A prática moderna de Educação de Adultos: Pedagogia vs Andragogia’ (1970)

KNOLWES, Malcolm-Aprendizagem de Resultados-1973- pp 2 a 6

KNOWLES, Malcolm-aprendizagem de resultados- A973- pp 7 a 11

KNOWLES, Malcolm S, Elwood F. Holton III e Richard A. Swanson. Tradução de Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

La Taille, Teoria Psicogenéticas Em Discussão- (1990)

LINDMAN, Eduard- The Meaning Of Adult Education- 1ª Ed.1926

MOORE, Michael; KEARSLEY Greg. Educação a Distância – Uma Visão Integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

PICONEZ, Stela C. Bertolo- Educação Escolar de Jovens E adultos- Das Competências Sociais dos Conteúdos, aos Desafios da Cidadania – (2002) – Ed.Papyrus

o PNE, Plano Nacional de Educação – (2001 a 2010-

ENGE, Peter – A Quinta disciplina – A Arte e A Prática da Organização Que Aprende – 29ª Ed. 2013<

[1] Aluna graduanda em curso Superior Tecnólogo em Recursos Humanos – Faculdade IBGEN – Instituto Brasileiro de Gestão e Negócios – Porto Alegre RS

[2] Mestre em Educação, Pós-Graduanda em Gestão de Riscos e Conflitos em Corporações Públicas e Privadas, Extensão  em Gestão por Competências, Pós graduanda em Psicopedagogia, Coordenadora do curso de Gestão

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Márcia Rios Brandão

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