ESTADO DA ARTE
PETSCH, Claudia Daniela da Silva Simon [1], FRIAS, Rondineli dos Santos [2], SOUZA, Isabel Fernandes de [3]
PETSCH, Claudia Daniela da Silva Simon. FRIAS, Rondineli dos Santos. SOUZA, Isabel Fernandes de. Evidências das terapêuticas aplicadas no controle da dor em idosos com lombalgia, no último quinquênio. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 15, pp. 138-151. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/idosos-com-lombalgia
RESUMO
A dor na região lombar, é vista como debilitante a nível global, pois atinge grande parte da população, por estar relacionada diretamente com o envelhecimento. Se identifica a lombalgia, no momento que surge uma dor na região sob a margem costal e sobre as pregas glúteas, provocando além do quadro álgico, outros incômodos que podem muitas vezes virem acompanhados de enrijecimento e impossibilidade de movimentar-se. Este trabalho teve como objetivo identificar as evidências das terapêuticas aplicadas no controle da dor lombar em idosos no último quinquênio. De acordo com os resultados, verificou-se que a cinesioterapia ainda é o método mais adequando para o tratamento da lombalgia no idoso.
Palavras-chave: lombalgia, idoso, dor, fisioterapia, terapêutica.
INTRODUÇÃO
A dor na região lombar, é vista como debilitante a nível global, pois atinge grande parte da população, por estar relacionada diretamente com o envelhecimento (HARTVIGSEN, 2018). O que a leva, liderar entre as disfunções, que mais causam incapacidades musculoesqueléticas nessa faixa etária (SIMON, 2018; COYLE, 2016).
Se identifica a lombalgia, no momento que surge uma dor na região sob a margem costal e sobre as pregas glúteas, provocando além do quadro álgico outros, incômodos que muitas vezes podem vir acompanhados de enrijecimento e impossibilidade de movimentar-se (SILVA, 2014; AGUIAR , 2016).
A dor lombar pode ser caracterizada de três formas de acordo com o período de duração. Quadros álgicos, que aparecem subitamente e tem duração de aproximadamente seis semanas, são lombalgias do tipo agudas, já as que superam o prazo de 12 semanas são subagudas e finalmente as que ultrapassam esse tempo são diagnosticadas como lombalgias crônicas (SILVA, 2014; MENEZES, 2019).
Vários são os fatores que podem contribuir para o surgimento da lombalgia, entre eles encontramos as causas psicossociais, inatividade física, ganho de peso, problemas emocionais como a depressão, má postura adotada durante as horas de trabalho, tabagismo a opção por um estilo de vida mais urbano (SILVA, 2015). E em outras circunstâncias, devido a problemas degenerativos dos discos intervertebrais (CARGNIN, 2019).
O tratamento fisioterapêutico para lombalgia, tem como propósito, reduzir ou eliminar o desconforto e a dor, devolvendo o bem-estar, de forma a permitir, o quanto antes, a retomada das funções que exerce o indivíduo no seu dia a dia (ALVARES, 2007).
Para tratar as lombalgias aguadas e sub aguadas, inicialmente se recomenda repouso e alterações nas Atividade de vida diária (ATVD) as quais apresentem fatores, que possam vir agravar ainda mais o quadro clínico (BONETTI, 2018).
Terapias com implementação de fármacos, tratamento fisioterapêutico, e a conscientização do paciente, são a base para o método terapêutico na lombalgia (HELFENSTEIN, 2010).
No mais, nos casos que são identificados como crônicos, utiliza-se para o alívio da dor, fármacos como relaxantes musculares, antidepressivos, opioides sempre em conjunto com acompanhamento fisioterapêutico. A cinesioterapia se apresenta como opção inicial, com aplicação de alongamentos estáticos (PUPPIN, 2011). Inclui-se nesta lista também a terapia manual, eletroterapia, crioterapia, termoterapia, ultrassom entre outros (BONETTI, 2018).
Observa-se que inúmeras são as técnicas utilizadas, no tratamento da lombalgia crônica em pacientes idosos, no entanto, a efetividade das práticas terapêuticas, ainda não estão absolutamente consolidadas, uma vez que muitos fatores podem influenciar no resultados de cada método de tratamento, dessa forma não temos definidas de maneira clara, quais técnicas ou estratégias podem ser mais eficazes no alívio dos sintomas da dor lombar (LIZIER, 2012).
Deste modo, o objetivo da revisão integrativa foi verificar entre as técnicas fisioterapêuticas aplicadas no último quinquênio, qual apresentou o resultado mais satisfatório no alívio da dor lombar em idosos. Sendo assim, este trabalho pode vir a favorecer ao profissional na hora de decidir qual a melhor estratégia a ser inicialmente aplicada na redução do quadro álgico apresentado pelo paciente.
MATERIAL E MÉTODO
A revisão integrativa é um método que tem por finalidade condensar resultados adquiridos, por meio das pesquisas publicadas, sobre um determinado estudo em questão, proporcionando informações mais detalhadas e amplas sobre o tema.
Este trabalho realizado por meio da busca nas bases de dados Lilacs, Pubmed e Scielo apresenta estudos científicos publicados no último quinquênio, com foco na lombalgia em idosos, tendo como objetivo, identificar as evidências das terapêuticas aplicadas no controle da dor.
Para esta pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: lombalgia, low back pain, dor lombar, fisioterapia, Physiotherapy , terapêutica, tratamento, pessoa idosa, aged, old, elderly, idoso e geronte, juntamente com os operadores booleanos and e or os quais foram dispostos em uma planilha estruturada, idealizada puramente para o atual estudo, como ferramenta para a coleta de informações.
Tabela 1 – Resultados da busca sistema.
Base de dados | Termos utilizados para buscas que tiveram resultados satisfatórios | Encontrados | Excluídos | Utilizados | Leitura na íntegra de artigos selecionados |
Lilacs
|
lombalgia OR dor lombar
AND fisioterapia OR terapia OR terapêutica OR tratamento AND pessoa idosa OR idoso OR terceira idade OR geronte |
80 | 80 | 0 | 0 |
Pubmed | low back pain AND Physiotherapy AND aged OR old OR elderly | 138 | 128 | 10 | 6 |
Scielo | lombalgia) OR dor lombar AND fisioterapia OR terapia OR terapêutica OR tratamento AND pessoa idosa OR idoso OR terceira idade OR geronte | 10 | 10 | 0 | 0 |
Fonte: elaborada pela própria autora da pesquisa.
Para o desenvolvimento do presente trabalho, foram incluídos todos os artigos disponibilizados nos idiomas inglês e português, que correlacionaram dados sobre terapêuticas no controle da dor lombar em idosos. Isto independentemente do conceito de dor lombar estabelecido pelos autores e seus instrumentos de coletas de dados.
Entre os critérios de inclusão estão: amostra selecionadas de acordo a idade 60 anos ou mais, publicações referentes ao último quinquênio 2015 a 2019; estudo randomizado (Randomized controlled trial); ensaio clínico (Clinical trial); pesquisa quantitativa; e textos completos livres gratuitamente (Free full text).
Adotou-se como critério de exclusão, artigos de revisão, publicações que não exploravam o tema do estudo referente a técnicas fisioterapêuticas aplicadas em idosos para alivio da lombalgia, estudos com ausência de informações relevantes, como a idade da amostra ou que exploram outras áreas do corpo, artigos apenas com indivíduos com idade inferior a 60 anos e artigos pagos.
Tabela 2: fluxograma bases de dados.
Após a análise e a seleção dos artigos, os estudos foram organizados em seções, de acordo com o tipo e desenho do estudo. Com a estratégia de busca adotada, foram identificados 228 artigos elegíveis. Destes, foram excluídos 222 por não se enquadrarem nos critérios de inclusão. Do total de artigos excluídos, 126 trabalhos não exploraram a temática do estudo referente as técnicas fisioterapêuticas aplicadas para alivio da lombalgia em idosos; outros 17 tinham ausência de informações relevantes como idade da amostra; 22 apresentavam amostra de idade inferior a 60 anos; 5 exploraram outras áreas do corpo; e 3 artigos eram pagos, etc.
Já entre os estudos selecionados que se apresentavam aptos para esta revisão, 3 utilizaram a cinesioterapia com objetivo de verificar o alívio da dor em idosos com lombalgia, dos quais, 2 desses incluíram outras técnicas complementares no seu artigo com o mesmo intuito inicial.
Outros 2 estudos, abordaram a eletroestimulação, apenas1 tendo uso do TENS e outro, aplicação de eletroestimulação do corpo inteiro, mais a inclusão de exercícios. E para finalizar, 1 único estudo, abordou um conjunto de técnicas para alívio da dor, utilizando a liberação miofascial, rolo massageador e estabilização de núcleo.
Tabela 3- Artigos excluídos e inclusos após leitura de títulos e resumos.
Área ou tema do artigo | Descartados | Área ou tema do artigo | Inclusos |
Avaliação, distribuição e prevalência da lombalgia | 12 | Cinesioterapia | 1 |
Fatores desencadeantes da lombalgia | 10 | Eletroestimulação (TENS) | 1 |
Sarcopenia / dor lombar | 8 | Liberação miofascial + rolo massageador + exercícios de estabilização do núcleo | 1 |
Síndromes e outras patologias | 15 | Cinesioterapia + eletroestimulação | 1 |
Perfil sociodemográfico de pacientes com dor lombar | 17 | Cinesioterapia + terapia cognitivo-comportamental | 1 |
Programa de auto cuidado e orientações | 12 | Eletroestimulação Muscular de Corpo Inteiro+ cinesioterapia | 1 |
Incapacidade funcional, depressão e dor lombar | 15 | ||
Artigos de revisão | 10 | ||
Medicina chinesa e outras técnicas complementares | 22 | ||
Infecção para-vertebral | 7 | ||
Procedimento cirúrgico | 20 | ||
Estabilização segmentar | 10 | ||
Estimulação elétrica cerebral | 4 | ||
Implementação de fármacos | 8 | ||
Estudo com apenas pessoas com idade inferior á 60 anos | 22 |
Fonte: elaborada pela própria autora da pesquisa.
Após a aplicação dos critérios de exclusão, restaram 10 artigos. Porém após uma leitura na íntegra, constatou-se que apenas 6 estudos citados acima, estavam de acordo com o objetivo de verificar as evidencias terapêuticas aplicadas no controle da dor na lombalgia em idosos no último quinquênio, além de observar quais foram os resultados mais relevantes na reabilitação desses pacientes. A busca com os descritores low back pain; Physiotherapy; aged; old; elderly foi a que apresentou maior número de artigos (138 publicações).
Tabela 4- Disposição dos artigos selecionados quanto ao autor, ano, tipo de estudo, objetivo, método, resultados – 2015 a 2019.
Autor/Ano | Tipo de Estudo | Objetivo | Métodos |
Kanas, et al 2018 | Um ensaio clínico não randomizado | Verificar nível de dor, capacidade funcional e QV em indivíduos com dor lombar crônica inespecífica, após aplicação de exercícios realizados em casa, com diferentes tipos de supervisão
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Amostra era integrada por 30 pessoas do sexo feminino e masculino, com faixa etária de 18 e 65 anos, diagnosticados com dor lombar crônica inespecífica, os quais realizaram um plano de exercícios de três vezes por semana durante oito semanas. Grupo A (N=17) realizaram os exercícios única vez supervisionada. Os indivíduos do Grupo B (N=13) foram acompanhados uma vez por semana. |
Ozsoy G et al 2019 | Um estudo randomizado controlado, único-cego | Avaliar a melhora após aplicação da técnica de liberação miofascial (TRM) com um rolo massageador mais exercícios de estabilização do núcleo (ECE) em idosos com lombalgia | participaram quarenta e cinco indivíduos separados aleatoriamente em dois grupos (CSE e CSE + MRT). Para o grupo CSE foi proposto um programa de exercícios de estabilização aplicados 3 vezes por semana durante 6 semanas juntamente com os exercícios de estabilização do núcleo, técnica de relaxamento miofascial com massageador de rolo pelo mesmo período. Já o grupo CSE + MRT. Os integrantes foram avaliados em termos de dor, incapacidade lombar, pouca flexibilidade , cinesiofobia, estabilidade do núcleo, mobilidade da coluna, marcha e qualidade da vida antes e depois do tratamento. |
Hicks et al 2016 | Um ensaio preliminar randomizado | Verificar os benefícios de um programa de treinamento muscular do tronco + estimulação elétrica neuromuscular para a reabilitação de idosos com lombalgia crônica verificando como poderia melhorar função física e algia em comparação com uma intervenção de controle passivo.
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Amostra foi composta por Pacientes de 60 a 85 anos alocados em dois grupos um para TMT + NMES e outro intervenção de controle passivo, consistindo em tratamentos passivos, ou seja, com aplicação de calor, ultrassom e massagem. Os resultados foram avaliados após 3 e 6 meses de pós-randomização incluíram o teste Timed Up and Go, velocidade da marcha, dor e limitação funcional relacionada à lombalgia. |
Simon et al 2016 | Estudo de dose-resposta estratificado por idade
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Objetivo comparar o efeito da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) em adultos mais velhos com dor lombar em comparação com adultos mais jovens.
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Participaram do estudo 60 indivíduos com DLCP axial 20 eram jovens, 20 de meia idade e 20 idosos. Todos foram submetidos a quatro sessões de 20 minutos de TENS de alta intensidade e alta frequência durante 2 a 3 semanas. |
Weissenfels et al 2019 | estudo controlado randomizado | O objetivo é comparar o WB-EMS com exercícios já conhecidos de fortalecimento para determinar os efeitos que geram sobre dor lombar crônica e inespecífica
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Participaram deste trabalho, 110 pacientes com dor lombar crônica inespecífica, de 40 a 70 anos, foram alocados aleatoriamente em dois grupos. Ambos completaram um programa de 12 semanas dedicado a dor lombar. Baseada nos princípios do treinamento, que utiliza estimulação elétrica para treinar principalmente força e estabilização em tempo curto. Os exercícios foram semelhantes ambos os grupos, com foco no fortalecimento e estabilização do tronco. |
Goode et al 2018 | estudo randomizado piloto | O estudo teve como finalidade avaliar a atividade física mais terapia cognitivo-comportamental para dor entre idosos veteranos com CLBP.
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Os participantes do estudo foram 60 idosos com DLC separados em grupos um de intervenção de PA apenas por telefone de 12 semanas (grupo PA) ou grupo de intervenção PA mais CBT-P (grupo PA + CBT-P) e um grupo controle de lista de espera (grupo WL ) NA intervenção da AF foram incluídas atividades de alongamento, fortalecimento e aeróbica; O CBT-P cobriu o ritmo da atividade, técnicas de relaxamento e reestruturação cognitiva. |
Fonte: elaborada pela própria autora da pesquisa.
DISCUSSÃO
Muitas são as técnicas aplicadas atualmente na área da fisioterapia, para alívio da dor lombar em idosos, como verificado no último quinquênio. Porém alguns procedimentos já conhecidos na literatura, foram integrados no mesmo estudo para, assim, verificar qual apresenta real eficácia.
Weissenfels, (2019) que desenvolveu um trabalho, com objetivo de comparar a Eletroestimulação Muscular de Corpo Inteiro (WB-EMS) com um protocolo reconhecido de exercícios de fortalecimento para determinar os efeitos de analgesia sobre a dor lombar crônica inespecífica. O estudo teve a participação de cento e dez pacientes diagnosticados com dor lombar crônica inespecífica, na faixa etária de 40 a 70 anos, os quais foram aleatoriamente separados em dois grupos.
Todos os integrantes participaram do programa durante 12 semanas, sendo que a seleção do conteúdo do grupo de controle ativo foi baseada nos princípios do treinamento WB-EMS, que utiliza estimulação elétrica para treinar principalmente força e estabilização em um tempo muito curto. Os exercícios aplicados foram semelhantes nos dois grupos, focando no fortalecimento e estabilização do tronco. O resultado foi considerado bom, visto que a intensidade de dor na lombar reduziu, havendo um aumento da força nos músculos das costas de ambos os grupos, como também alterações semelhantes observadas nos flexores do tronco.
No trabalho realizado por Kanas (2018) utilizou da cinesioterapia, em seu estudo não randomizado, tendo como objetivo principal, avaliar capacidade funcional e qualidade de vida, de 30 indivíduos com faixa etária entre 18 a 65 anos, os quais apresentavam diagnóstico de lombalgia crônica inespecífica. Colocando em prática um plano de tratamento, que consistia na aplicação de exercícios domiciliares realizados 3 vezes por semana, durante 8 semanas, os quais eram acompanhados por diferentes tipos de supervisões.
No final desse experimento, constatou-se ocorrência de melhora na dor e capacidade funcional durante avaliação da primeira e quarta semana, na qualidade de vida obteve-se uma melhora mais significativa, somente após 8 semanas de intervenção. Sendo assim verificou-se que a cinesioterapia após 8 semanas de aplicação, obteve tanto melhora na dor, como na qualidade de vida nos diferentes tipos de supervisão.
Do mesmo modo que Kanas; Goode (2018) utilizou a cinesioterapia para controle da dor lombar crônica, por meio de um estudo piloto randomizado, buscava avaliar a importância da a atividade física, mais terapia cognitiva comportamental para dor lombar crônica em 60 idosos veteranos por um período de 12 semanas, através de um acompanhamento via telefone.
Para colocar em prática o estudo, Goode sugeriu a aplicação de exercícios domiciliares, usando combinação de força física e equilíbrio, exercícios de alongamentos, fortalecimentos e atividades aeróbicas. Para o cognitivo comportamental propôs exercícios que abarcavam o ritmo da atividade, técnicas de relaxamento e reestruturação cognitiva. O resultado demonstrou que as intervenções de Atividade Física com suporte domiciliar por telefone, eram viáveis, aceitáveis e seguras para adultos veteranos. Porém foi observado que haveria a necessidade de dar continuidade ao estudo para se obter informações.
Como Weissenfels; Simon (2016) também utilizou da Eletroterapia em sua pesquisa estratificada por idade, com amostra de 60 participantes portadores de dor lombar crônica, dos quais 20 eram jovens e outros 20 de meia idade, sendo idosos os demais. Os participantes foram submetidos a quatro sessões de 20 minutos de TENS de alta intensidade e alta frequência durante um período de 2 a 3 semanas.
Verificando-se que não se obteve uma resposta significativa com esse tratamento, pois não foi observada uma melhora na dor em nenhuma faixa etária, durante aplicação das quatro sessões. No entanto, observou-se que o grupo composto pelos idosos, necessitavam de intensidades maiores para se igualar à resposta obtida por adultos mais jovens. Sendo assim, percebe-se que, para alívio da dor lombar em idosos é necessário levar em consideração que os parâmetros atuais utilizados na analgesia nessa faixa etária devem ser baseados em amplitude mais altas, mas ainda dentro do tolerável, para se ter um resultado mais satisfatório na analgesia da dor lombar.
Já Hicks, (2016) seguindo a mesma linha de Weissenfelds, (2019) propôs um ensaio preliminar randomizado no qual buscou, avaliar um programa de treinamento muscular de tronco, juntamente com a introdução da estimulação elétrica neuromuscular para reabilitação de idosos que sofrem constantemente com lombalgia crônica e também investigar preliminarmente se o treino muscular de tronco (TMT) + Eletroestimulação neuro muscular (NMES) poderia melhorar a função física e dor em comparação com aplicação de uma intervenção de controle passivo.
A amostra foi composta por pacientes de 60 a 85 anos, os quais 31 integrantes foram selecionados para testar o protocolo de TMT + NMES e 33 para a intervenção de controle passivo, que consistia em tratamento com calor, ultrassom e massagem. Para avaliação após 3 e 6 meses incluiu-se o teste Timed Up and Go, velocidade da marcha, dor e limitação funcional relacionada à lombalgia.
Após análise dos resultados percebe-se que ambos os grupos, apresentaram reduções clinicamente importantes e semelhantes na dor. Porém, apenas o grupo de treinamento muscular de tronco mais eletroestimulação apresentou melhoria significativa referente ao ganho de funções baseadas pelo desempenho e pelo relato dos participantes. No requisito melhora funcional geral no período de 6 meses, o grupo que sobressaiu em seus resultados, foi o qual teve aplicação do treinamento muscular de tronco e eletro estimulação.
Em outra abordagem Ozsoy (2019) em um estudo controlado randomizado, único-cego buscou avaliar por meio da técnica de liberação miofascial (TRM) com um rolo massageador combinado com exercícios de estabilização do núcleo (ECE) os efeitos em idosos com dor lombar.
Participaram dessa pesquisa, quarenta e cinco indivíduos idosos, divididos aleatoriamente em dois grupos (CSE e CSE + MRT). Nesta análise, foi aplicado um programa básico de exercícios de estabilização com os participantes do grupo CSE por 3 dias na semana durante 6 semanas. No outro grupo CSE + MRT, foram adicionados aos exercícios de estabilização do núcleo a técnica de relaxamento miofascial com massageador de rolo realizada por 3 dias por semana, durante 6 semanas.
Os participantes foram avaliados em termos de dor, incapacidade lombar, menor flexibilidade corporal, cinesiofobia, resistência à estabilidade do núcleo, mobilidade da coluna vertebral, características da marcha e qualidade da vida pré e pós-tratamento. Verificou-se que a melhora na resistência da estabilidade do núcleo e na mobilidade da medula espinhal (no plano sagital) foi maior no grupo CSE + MRT em comparação com o grupo CSE. Não houve diferença significativa entre os dois grupos em termos de dor, incapacidade lombar, flexibilidade corporal inferior, cinesiofobia, características da marcha e qualidade da vida.
Os estudos de Weissenfelds (2019), Kanas (2018) e Simon (2016), embora apresentem bons resultados, podem não refletir uma resposta fidedigna à questão norteadora da presente pesquisa, pois as amostras que compuseram esses estudos incluem participantes com faixas etárias abaixo da faixa pesquisada pela presente pesquisa. No entanto são dados que nos demonstram possíveis estratégias de tratamento que podem ser utilizadas para o grupo de pacientes idosos.
Por outro lado, os estudos de Goode (2018), Hicks (2016) e Ozsoy (2019), apresentaram propostas que foram aplicadas a uma amostra exclusivamente composta por pessoas acima de 60 anos. Os resultados desses estudos demonstraram que os exercícios físicos apresentam melhores resultados em relação ao público idoso. Embora o estudo de Hicks tenha feita a associação de cinesioterapia com eletroterapia, com foco no fortalecimento muscular. Deixa claro a eficiência dos exercícios físicos, com foco no fortalecimento, como estratégia de tratamento para a dor lombar em pacientes idosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerra-se essa pesquisa, confirmando que após análise dos artigos que fizeram parte dos resultados da pesquisa, a cinesioterapia é o método mais adequando para o tratamento da lombalgia no idoso.
Como verificado no estudo de Hicks, o qual apresentou real melhora no alívio da dor lombar. Tendo em vista que a cinesioterapia, quando utilizada com esses indivíduos apresenta um melhor desempenho no quesito analgesia, comprovando que a introdução dos exercícios físicos, focados na estabilização de tronco, aumento de força muscular, alongamentos para ganho de flexibilidade e equilíbrio, apresentam uma resposta mais significativa na melhora do quadro álgico.
Consequentemente nota-se que é de grande valia, a implementação de outros métodos já existentes juntamente com esses exercícios, para promover a redução da dor na região lombar abreviando o tempo de tratamento.
Outra particularidade relevante constatada por meio desta revisão, que, escassos foram os estudos científicos, publicados no último quinquênio, direcionados a essa faixa etária com ênfase em técnicas utilizadas pelos profissionais de fisioterapia no alívio da lombalgia. Sendo assim, percebe-se, o quão é necessária uma atenção mais direcionada a esse público idoso, referente a dor lombar, a qual os afeta de forma tão negativa.
REFERÊNCIAS
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[1] Graduanda em Fisioterapia; pelo Centro Universitário – União das Américas.
[2] Orientador. Especialização em Fisioterapia Neurofuncional. Graduação em Fisioterapia.
[3] Orientadora. Doutorado em Engenharia de Produção. Mestrado em Computação. Especialização em andamento em MBA de Educação Híbrida. Especialização em MBA em Metodologias da Aprendizagem Ativa. Especialização em MBA em Gestão de Aprendizagem. Especialização em Pós Lato Sensu em Computação Docência Superior. Graduação em Ciência da Computação.
Enviado: Novembro, 2020.
Aprovado: Novembro, 2020.