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A visão de profissionais da comunicação na imprensa escrita a respeito do papel da enfermagem

RC: 31055
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CONTEÚDO

ENTREVISTA

REIS, Arlene Damazio dos [1], MATTOS, Osama Batista de [2], BRASILEIRO, Marislei Espíndula [3]

REIS, Arlene Damazio dos. MATTOS, Osama Batista de. BRASILEIRO, Marislei Espíndula. A visão de profissionais da comunicação na imprensa escrita a respeito do papel da enfermagem. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 10, pp. 80-96. Maio de 2019. ISSN: 2448-0959.

RESUMO

Este estudo descreve o papel da Enfermagem na visão dos profissionais da imprensa e como a comunicação escrita se manifesta referente a tal profissão. Como metodologia, esta pesquisa é de cunho exploratório, descritivo, sendo entrevistados, para isso, 13 jornalistas atuantes que trabalham na imprensa. Sobre os resultados obtidos, estes indicam que: 1). Os jornalistas desconhecem o papel da Enfermagem; 2) Os profissionais de Enfermagem devem mostrar à sociedade o seu papel na unidade de saúde; 3) O significado da Enfermagem para a imprensa refere-se ao cuidado com o paciente; 4) Equiparação salarial do enfermeiro com o médico na atenção básica de saúde. No entanto, esta pesquisa mostrou-se importante pelo fato de beneficiar a todos os profissionais da Enfermagem com dados científicos sobre a visão dos profissionais da imprensa escrita a respeito do papel do enfermeiro; e ainda mostrar qual é a real função da equipe de enfermagem para os profissionais da comunicação, alcançando assim o reconhecimento profissional da categoria.

Palavras-chave: Profissionais de enfermagem, comunicação escrita, mídia.

1. INTRODUÇÃO

A Enfermagem tem como desafio romper o estereótipo disseminado na mídia escrita, visto que a maioria dos profissionais da comunicação parece não saber ao certo como o enfermeiro atua o que é ser enfermeiro e qual o papel desse profissional na recuperação da saúde dentro da unidade hospitalar. Isso ocorre, provavelmente, devido à restrita informação que os próprios enfermeiros repassam a esses profissionais ou mesmo por falta de divulgação dos serviços pelos representantes da categoria.

Para Florence Nightingale, o enfermeiro possui três papeis simultâneos: cuidar, pesquisar e educar, beneficiando a recuperação da saúde do enfermo ou saudável, beneficiando também a família e a sociedade (OLIVEIRA; ALVES, 2011).

Embora seja uma profissão tão antiga quanto à própria humanidade, os profissionais da comunicação parecem não saber, ao certo, o papel do enfermeiro.

No entanto, observa-se, no cotidiano, que as notícias relacionadas à Enfermagem muitas vezes confundem o enfermeiro com o técnico de enfermagem, que é responsável pela parte de assistência ao cuidado, tais como: banho no leito, administração de medicamento, e outros serviços executados primeiramente pelos técnicos de enfermagem, porém, não dispensando o enfermeiro de executar o serviço e supervisioná-lo.

Assim, cabe ao enfermeiro supervisionar o serviço de técnico, descrito no Artigo 33, da Resolução 31/2007 do COFEN: “Prestar serviço que por sua natureza compete a outro profissional, exceto em caso de emergência” (COFEN, 2007).

É importante lembrar que o enfermeiro também é responsável pela parte humanizada dentro da unidade, gerenciando a equipe para que seja seguido o protocolo de humanização.

A Enfermagem caminha, portanto, para a formação de um corpo próprio de informações científicas, procurando, por meio de estudos e pesquisas, o seu significado como ciência. As pesquisas e os campos de ação na Enfermagem aumentaram substancialmente nos anos mais recentes, abrindo perspectiva de informação em múltiplas direções. As representações sociais identificadas em diversos segmentos da sociedade e aquelas veiculadas, notadamente, pela mídia refletem, porém, um profissional sem poder, sem autonomia, sem conhecimento, sem voz (SAMPAIO, 2002).

A equipe é constituída pela enfermeira, pelo técnico de enfermagem e pelo auxiliar de enfermagem: “A enfermeira presta assistência e cuidados de enfermagem à comunidade, promovendo e zelando pela sua saúde contra os riscos ocupacionais, atendendo os doentes e acidentados, visando ao seu bem-estar físico e mental, como também planeja, organiza, dirige, coordena, controla e avalia a atividade de assistência de enfermagem, nos termos da legislação reguladora do exercício profissional”. “O auxiliar de enfermagem do trabalho inclui os aspectos básicos de formação recebida em seu programa de estudos profissionalizantes, o qual a capacita a prestar atendimento de enfermagem de menor complexidade e para a educação não-formal em saúde” (HAAG, LOPES, SCHUCL, 2001).

No Artigo 1º do capítulo I do Código de Ética dos profissionais de enfermagem consta que: “A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais” (COFEN, 2007).

Desse modo, este artigo busca responder às seguintes questões: Qual é a visão do profissional da comunicação escrita perante o profissional da Enfermagem? Como é repassada a atuação da enfermagem à população pela mídia?

Responder a esses questionamentos poderá contribuir para o entendimento quanto às várias atuações da equipe de Enfermagem, levando a reflexões sobre a real atuação e o dia a dia da equipe, constatando erros e acertos da profissão.

Parte-se então da hipótese de que o papel do enfermeiro, na visão dos profissionais da comunicação, seja de um profissional com limitada autonomia e que sua ação ainda se confunde com a do técnico de enfermagem.

2. OBJETIVOS

Assim, o objeto deste estudo é identificar e analisar opinião dos profissionais da comunicação escrita a respeito da Enfermagem. Diante da exposição, este trabalho tem como objetivos descrever qual o papel do enfermeiro na visão dos profissionais da comunicação e como a comunicação escrita se manifesta referente a tal profissão.

3. PROCESSOS METODOLÓGICOS

3.1 TIPOS DE ESTUDO

Para descrever qual o papel do enfermeiro, na visão dos profissionais da comunicação, e como a comunicação escrita se manifesta referente a tal profissão, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa em campo.

Desse modo, foi utilizado, de forma descritiva, um roteiro para coleta de dados de identificação com idade, sexo, profissão, tempo de atuação e perguntas norteadoras como: Qual a imagem que você tem da enfermagem? O que o enfermeiro faz? Qual a diferença do enfermeiro para o técnico e auxiliar de enfermagem? Qual a diferença do serviço do médico e do enfermeiro? Como os enfermeiros podem ser notados pela mídia?

3.2 DESCRIÇÕES DO LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa aconteceu após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e dos diretores dos jornais O Popular e Diário da Manhã, conforme preconiza a Resolução nº 466, de 2012. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética sob nº 57519616.1.0000.0037.

Já o local para realização da pesquisa foi à cidade de Goiânia. Na cidade de Goiânia, localiza-se a redação dos jornais O Popular e Diário da Manhã.

3.3 POPULAÇÃO

A população do estudo foi constituída, em média, por seis profissionais atuantes na área da comunicação em dois jornais de grande circulação, mediante autorização prévia da instituição e do Comitê de Ética em Pesquisa.

3.4 AMOSTRA

A amostra consistiu em treze profissionais da comunicação escrita de jornais de grande circulação que participaram da pesquisa, assinando o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) (APÊNDICE B). Quanto aos dados, estes foram coletados somente após a assinatura do entrevistado.

3.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado para coletar os dados foi um roteiro (APÊNDICE A) criado pelas próprias pesquisadoras, formulado mediante estudos já realizados nessa área de pesquisa. Esse roteiro possui 10 campos que foram preenchidos pelos jornalistas que aceitaram participar da pesquisa e que estão atuando na comunicação escrita no presente momento.

3.6 DESCRIÇÕES DA COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu na instituição, lócus da pesquisa, mediante assinatura da declaração de instituição coparticipante, no caso os jornais O Popular e Diário da Manhã.

Essa etapa da pesquisa foi realizada da seguinte forma: foi agendado um horário com o repórter responsável pelo setor, nos respectivos locais de trabalho, jornais O Popular e Diário da Manhã, verificando assim a disponibilidade de cada um em responder ao questionário. Essas entrevistas foram feitas na própria redação ou sala de reuniões do jornal, de forma individual. As informações foram preenchidas através de um roteiro formulado, que teve dez campos preenchidos pelos repórteres selecionados.

3.7 ANÁLISES DE DADOS

Depois da coleta de dados, o roteiro foi analisado e expresso através de análise do discurso, confrontando os resultados com estudos de mesmo teor científico.

3.8 CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO DOS SUJEITOS

Nesta pesquisa, foram incluídos jornalistas que fazem parte dos jornais O Popular e Diário da Manhã e aqueles que assinaram o termo de consentimento, concordando então com a pesquisa.

3.9 CRITÉRIOS PARA EXCLUSÃO DOS SUJEITOS

Foram excluídos da pesquisa jornalistas que não aceitaram em participar da coleta de dados, bem como aqueles que se negaram a assinar o termo de consentimento.

3.10 CRITÉRIOS PARA SUSPENDER OU ENCERRAR A PESQUISA

Pode-se interromper o estudo caso a instituição envolvida na pesquisa deixe de consentir sua realização ou caso aconteça algo com a pesquisadora que a impeça de ir a campo ou finalizar a pesquisa.

3.11 ÉTICAS EM PESQUISA COM SERES HUMANOS (RESOLUÇÃO Nº 466/ 2012)

Como os sujeitos do estudo são seres humanos, esta pesquisa obedece ao previsto na Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde no Brasil, submetendo-a á análise e ao julgamento do Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos da Faculdade Unida de Campinas – FACUNICAMPS

3.12 RESULTADOS ESPERADOS

Com esta pesquisa, espera-se o reconhecimento dos profissionais da comunicação escrita diante da atuação do Enfermeiro, visto que esses profissionais não sabem diferenciar a categoria da equipe de Enfermagem, sendo estas: enfermeiros, técnicos e auxiliares, cada qual possuindo atribuições diferentes.

3.13 COMPROMISSOS DE TORNAR PÚBLICO OS RESULTADOS

Mediante o que foi exposto, venho, por meio deste, garantir que, após a finalização da pesquisa, os dados serão divulgados, através de apresentação pública e se possível com publicação em revistas científicas, sites, congressos, bibliotecas, entre outros meios.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 PERFIS DOS ENTREVISTADOS

A faixa etária dos sujeitos entrevistados variou entre 22 e 56 anos, sendo nove do sexo feminino e quatro do masculino. Também todos possuem formação superior em Jornalismo e o tempo de atuação variou de um a 32 anos no jornalismo escrito. Ao analisar o conteúdo das percepções individuais dos profissionais de comunicação escrita sobre o papel da Enfermagem, essas respostas geraram um discurso coletivo sobre o assunto. Então as respostas que tiveram mais destaque foram às seguintes:

4.2 A PRINCIPAL ATRIBUIÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM É O CUIDADO

Os discursos presentes neste estudo revelam que os profissionais da comunicação veem como papel único a assistência direta ao paciente como medicações e curativos. E ainda que a equipe trabalhe conforme orientações exclusivas do médico.

Ao serem solicitados que falassem sobre o que sabem a respeito da Enfermagem, a maioria respondeu que a sua principal atribuição, dentre outras, é o cuidado, conforme se verifica nos discursos abaixo:

É uma profissão que exige muita dedicação e respeito às pessoas. O enfermeiro é responsável pelos cuidados com o paciente, aplicando o tratamento prescrito pelo médico, como medicamentos e injeções e zelando pelo bem-estar do paciente (P1 DSC 4).

Responsáveis pelo cuidar de pacientes de forma geral, seja pré ou pós-operatório, neonatal, controle e manipulação de vacinas, atendimento de urgência (primeiros socorros, curativos) (P3 DSC 4).

A equipe de enfermagem, comprovada por este e outro estudo científico, mostra que a “maior parte do tempo é dedicada à assistência direta ao paciente, porém, suas atribuições e responsabilidades na unidade são bem mais complexas, os discursos dos profissionais abrangem na mídia a imagem sobre a enfermagem que se reflete em cima de cuidados” (FAHL, 2007)

Outros discursos destacam a versatilidade do enfermeiro em seu trabalho e que, apesar de essencial, de extrema importância, digna e lindamente, tem função auxiliar. Isso se verifica a seguir:

O profissional da enfermagem atua no acompanhamento de pacientes em tratamento de saúde, atua nos procedimentos de medicação, realização de curativos, coleta de materiais para exames, triagem e auxílio em procedimentos médicos (P6 DSC4).

Conclui-se, portanto, que os profissionais da imprensa escrita sabem a respeito do papel da enfermagem. Eles disseram que é uma profissão que tem como foco principal o cuidado, a assistência, medicações e troca de curativos. Além dessas atribuições, realizar também o auxílio médico quando necessário, tendo como objeto de orientação a prescrição médica. Ficou comprovado também que não veem a atuação da equipe como profissão independente.

4.3 O ENFERMEIRO POSSUI NÍVEL SUPERIOR E TEM MAIOR CONHECIMENTO QUE O TÉCNICO

Ao serem questionados sobre qual a diferença do profissional enfermeiro para o Técnico e Auxiliar, a maioria respondeu que o enfermeiro possui nível superior, conforme se verifica nas falas a seguir:

O técnico não possui formação superior. Portanto – em tese – não entende da administração de tratamento, ele apenas atua como aquele que é responsável pelo trabalho mecânico ou aquele que a qual a saúde do paciente não dependa diretamente, como a organização de horários e da carteira de vacinação (P2 DSC 8).

O Enfermeiro possui formação superior e está habilitado para procedimentos mais complexos em relação aos demais (P6 DSC€ 8)€.

Há o desconhecimento das funções dos profissionais de enfermagem, aponta a atual realidade da maioria da população, que não sabe diferenciar as determinadas funções dos enfermeiros, técnicos e auxiliares.

Os jornalistas entrevistados estão cientes que o enfermeiro possui nível superior, o que está de acordo com a Lei nº 7498/86, de 25 junho de 1986, o enfermeiro é o que tem diploma de nível superior, cabendo-lhe, privativamente, gerenciar, coordenar e supervisionar os técnicos e auxiliares de enfermagem. O técnico exerce atividades auxiliares, de nível médio, na assistência ao paciente, como planejar, assistir ao enfermeiro, prevenção e controle de doenças; já o auxiliar executa as atividades auxiliares, de nível médio, atribuídas pela equipe, como preparar paciente para consulta, observar sinais e sintomas, ministrar medicamentos (COFEN, 1986).

4.4 OS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM DEVEM MOSTRAR À SOCIEDADE O SEU PAPEL

A enfermagem sempre é notada pela mídia através de notícias polêmicas de erros na assistência ao paciente. A enfermagem é, pois, notada somente nesses momentos ruins, por falta de representantes da categoria, sindicatos ou órgãos que não desenvolvem trabalhos de divulgação da profissão. Desse modo, muitos profissionais da comunicação desconhecem o papel da equipe de enfermagem. Então, como ser vistos pela mídia se esta não conhece a categoria de enfermagem? Sendo assim, como os enfermeiros podem ser notados pela mídia? A maioria respondeu que eles mesmos devem promover a profissão:

Acredito que podem ser notados pela mídia a partir do momento que os próprios órgãos os quais eles atuam realizem ações de evidenciação da importância de seu trabalho (P7 DSC9).

Quando começarem a falar do papel deles, no salvamento e melhorias de vidas (P2 DSC9).

Mediante os dados da pesquisa, na visão da mídia os profissionais de enfermagem são invisíveis perante a mídia, porque os profissionais da imprensa relatam não saber ao certo o que o enfermeiro faz e qual é seu papel na equipe de enfermagem. Eles relatam que isso ocorre por falta de divulgação pela própria categoria, órgãos e sindicatos de enfermagem, restringindo o acesso do reconhecimento da profissão e dos profissionais.

4.5 ENFERMAGEM: PROFISSIONAL DO GÊNERO FEMININO?

Em relação à enfermagem ser uma profissão feminina, oito jornalistas relatam que a enfermagem é uma profissão feminina e cinco dizem que não.

Há, sim, a prevalência das mulheres na enfermagem devido à origem da profissão ser feminina. E, com a análise das pesquisas, observou-se que esse pensamento continua não só no meio profissional da comunicação, mas também no meio da sociedade do século XXI. Com isso, tem-se uma visão preconceituosa da categoria de enfermagem.

4.6 O SIGNIFICADO DA ENFERMAGEM PARA A IMPRENSA: CUIDADO

Segundo a pesquisa de 13 profissionais da imprensa escrita com prevalência de 39% responderam que a primeira palavra que vem à mente ao dizer Enfermagem foi “Cuidado”.

Conforme os dados, vimos que o processo de cuidar seguiu a enfermagem desde o surgimento da profissão de enfermeiro até os momentos atuais, pois é sabido que esse processo abrange o ser humano como um todo, no cuidar do físico, social e psicológico. Observamos também que a resposta “cuidado” pode ter obtido mais proeminência devido ao tempo e à proximidade da assistência de enfermagem ao paciente.

4.7 SOBRE VACINAÇÃO QUEM REALMENTE DEVE SER ENTREVISTADO NÃO É O ENFERMEIRO

61% disseram que, quando o assunto é vacinação, o entrevistado deveria ser o médico infectologista, 31% deveria ser o enfermeiro e 8% disseram que o administrador é que deveria ser entrevistado.

Conclui-se, portanto, que o enfermeiro tem perdido grande oportunidade de esclarecimento e reconhecimento das suas atribuições e funções, visto que o jornalista, quando necessita realizar uma entrevista sobre vacinação, tende a procurar o médico infectologista com o pensamento de que ele é a pessoa ideal para responder à demanda necessitada.

4.8 QUANDO O ASSUNTO É PÓS-OPERATÓRIO QUEM DEVE SER ENTREVISTADO É O MÉDICO

Os discursos revelam que, quando o assunto é pós-operatório, o entrevistado pelo jornalista devem ser os médicos com 69%, e em segundo lugar, com 31%, os enfermeiros.

Isso mostra que os profissionais da comunicação desconhecem a atuação direta do enfermeiro na assistência ao paciente tendo grande vínculo e mais informação quanto ao quadro de saúde do paciente no pós-operatório.

Desse modo, o enfermeiro tem um papel fundamental no cuidado nos pós-operatório, obtendo o acesso direto com o paciente, visto que o médico muitas das vezes tem o contato esporádico com o paciente. Conclui-se, pois, que o enfermeiro está habilitado a responder qualquer entrevista sobre pós-operatório.

4.9 EQUIPARAÇÃO SALARIAL DO ENFERMEIRO COM O MÉDICO NA ATENÇÃO BÁSICA

O enfermeiro, atualmente, tem lutado pela sua equiparação salarial com médicos, devido a diferença salarial ser quase o dobro na atenção básica, sendo que as funções de ambos são as mesmas nessa área de atuação.

Dos profissionais da comunicação que foram entrevistados, 61% acham injusta a diferença salarial entre enfermeiro e médico, 9% profissionais não quiseram opinar e 30% deles disseram ser justa a diferença salarial devido a valorização da categoria médica e por executar um maior tempo nos estudos.

Sim. Considero que cada profissional exerce um tempo distinto no processo de aprendizagem (P7 DSC10.5).

Sim. Sem comentários (P8 DSC10.5).

Segundo Stacciarini (2001), no reconhecimento profissional, relacionam-se aspectos que depreciam o enfermeiro, dificultando a valorização profissional. Já na carga horaria, salienta-se que o tempo dispensado a atividade é, em si, um elemento que causa estresse, sendo também relacionado com a quantidade de atividades a desenvolver.

Através desse questionamento observamos que teremos o apoio dos jornalistas com as futuras negociações referentes a equiparação salarial, tendo em vista que os enfermeiros merecem o mesmo tratamento dispensado aos médicos.

4.10 O ENFERMEIRO É VISTO COMO PROFISSIONAL HUMANO E DEDICADO

A análise dos discursos mostra o reconhecimento de que os enfermeiros, apesar de exercerem papeis exaustivos e sem reconhecimento, trabalham pelo amor ao que fazem, sendo assim, são vistos como profissionais que trabalham de forma humana e dedicada para ajudar e cuidar de pessoas.

Grande parte dos profissionais da imprensa, quando questionados, relataram que o enfermeiro se dedica aos pacientes.

É uma pessoa que trabalha bastante em dedicação aos pacientes (P1 DSC5).

Essencial sua dedicação para que o paciente possa ter uma melhora significativa, em seu quadro de saúde (P8 DSC5).

O estudo mostrou que para a mídia, o enfermeiro é um dos profissionais mais humanos que existe e não se trata de uma profissão exercida pelo dinheiro e sim por amor.

4.11 O PAPEL SOCIAL DO ENFERMEIRO TEM LIGAÇÃO DIRETA COM A DOENÇA E O TRATAMENTO

Os discursos nos levam a ver que a mídia ainda não reconhece os papeis claros do enfermeiro, embora reconheça que se trata de uma figura de função fundamental no atendimento aos cuidados com o paciente. Porém, sabem também que faltam informações sobre a importância da atuação do enfermeiro e sua capacidade de orientar uma equipe, além da assistência.

Os entrevistados, quando questionados sobre o papel social do enfermeiro, responderam que os enfermeiros têm como função o tratamento e a cura das doenças dos pacientes, conforme se confirma nos discursos abaixo:

É um profissional fundamental no atendimento da saúde (P1 DSC6).

A importância da função de um enfermeiro é a de ser um elo entre a doença e a cura (P5 DSC6).

Conclui-se, diante desses discursos sobre o papel social do enfermeiro perante a mídia, que este é, sim, figura de extrema importância para uma unidade de tratamento de saúde.

4.12 O MÉDICO FAZ O DIAGNÓSTICO E O ENFERMEIRO TRATA A DOENÇA

Ficou explícito, nos discursos, que o médico faz o diagnóstico da doença e o enfermeiro faz privativamente o tratamento da doença. Foi verificado ainda, que os profissionais da comunicação têm dificuldade de entender o real papel do enfermeiro, de como ele participa do diagnóstico e tratamento da doença e ainda de como ele trabalha de forma independente.

A maioria dos entrevistados relataram que a diferença do enfermeiro e do médico é que o enfermeiro apenas faz o tratamento da doença iniciando por medicações até os cuidados básicos, conforme os discursos:

O enfermeiro aplica os medicamentos e os procedimentos indicados pelo médico (P1 DSC7).

O médico descobre a doença e indica o tratamento, o enfermeiro acompanha e administra o tratamento (P2 DSC7).

O médico descobre a doença e o enfermeiro cuida, conforme prescrito pelo médico (P12 DSC7).

Foi observado nos discursos acima que, o termo mais utilizado pelos profissionais da comunicação para definir foram “o enfermeiro faz o tratamento”.

Conforme já foi visto em outro estudo, vale ressaltar que, diante desse anonimato da profissão, espera-se que os profissionais da comunicação entendam os verdadeiros potenciais das atribuições do enfermeiro, devendo a mídia estar atualizada antes de suas divulgações (FAHL, 2007).

Horta (1979) descreve que, ao estar presente no ambiente imediato do paciente e no controle dos diversos processos do cuidado, o enfermeiro demonstra a sensibilidade e conscientização de seu trabalho.

Diante desses estudos, fica claro que os profissionais da comunicação, quanto a diferença do trabalho médico e do enfermeiro, não conhecem as reais atribuições e capacidades do enfermeiro em ser figura de extrema importância para diagnóstico e tratamento.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude do que foi mencionado pelos profissionais da comunicação, cujo objetivo foi identificar qual é a visão da imprensa quanto ao papel da enfermagem, os discursos desses profissionais apontam como sendo de responsabilidade da própria classe a falta de reconhecimento pela mídia. Embora reconheça que o enfermeiro seja fundamental em todo o processo tratamento e cuidado ao paciente, existe ainda paradigmas sobre ser uma profissão subordinada, sendo vista como uma profissão que auxilia. Talvez isso aconteça por falta de conhecimento, devendo ter assim o trabalho do enfermeiro divulgado de forma mais clara para que seja visto como uma profissão independente e distinta de auxiliares e técnicos de enfermagem.

Portanto, diante dos argumentos expostos, é imprescindível que o trabalho do enfermeiro deve ser divulgado, tendo em vista o reconhecimento da profissão. Isso porque sem divulgação não existe o reconhecimento, seja ele profissional ou salarial. A Enfermagem é, pois, uma profissão habilitada e capacitada para as diversas atribuições no trato com o paciente. Desse modo, queremos que a mídia saiba distinguir as classes existentes no âmbito da enfermagem e que reconheça quem é realmente o enfermeiro.

Espera-se com os resultados deste estudo que os enfermeiros passem a divulgar mais o seu trabalho e que haja, por parte da mídia, o reconhecimento dessa figura essencial para qualquer unidade de tratamento de saúde. Espera-se também que o enfermeiro seja visto como profissional responsável, que cuida, que gerencia, que organiza com muita competência, sendo comprometido com sua profissão. Isso porque o enfermeiro luta pelos valores éticos e morais, precisando alcançar assim o salário justo para sua categoria e que, com isso, venha o sentimento de valorização e satisfação pela profissão escolhida.

REFERÊNCIAS

COFEN, Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos profissionais de Enfermagem. COFEN, 2007.

EGRY. E. Y. Práticas de enfermagem. São Paulo, 1994. 205p. Tese (livre docência). Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 1999.

FALEIROS FILHO, Antônio. Profissionais de enfermagem Lutam pela Aprovação de PI 30 horas. Goiânia: Jornal Diário da Manhã.

GRECO, R. M. Ensinando a administração em enfermagem através da educação em saúde. Brasília (DF). Revista Brasileira de Enfermagem. V. 57, n.4, p.504-507, 2004.

HAUSMANN, M.; PEDRUZZI, M. Articulação entre as dimensões gerencial e assistencial do processo de trabalho do enfermeiro, Texto Contexto Enfermeiro. Florianópolis: v. 18, n.2, p. 258-65, abr/jun. 2009.

KEMMER, L. F.; SILVA, M. J. P. A Visibilidade do enfermeiro segundo a percepção de profissionais de comunicação. São Paulo, 2007.

LUCAS, Alexandre Juan. O processo de enfermagem do trabalho: a sistematização de assistência de enfermagem em saúde ocupacional. São Paulo: látria, 2004.

MENDONÇA, Alzino Furtado; ROCHA, Claudia Regina Ribeiro; NUNES, Heliane Prudente, Trabalho acadêmicos; Planejamento, execução e avaliação – Goiânia: Faculdade Alves de Faria, 2008.

QUEIROZ, C. A. Causas e conseqüências da falha de extubação em unidade de terapia intensiva adulto. Goiânia: CEEN, 2016.

SAMPAIO MA. Enfermagem, mídias e Bioética. (dissertação). Brasília: Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade de Brasília; 2002.

[1] Graduada de Enfermagem.

[2] Graduada em Enfermagem.

[3] Doutora em Ciências da Saúde, Doutora em Ciências da Religião, Mestre em Enfermagem, Enfermeira.

Enviado: Setembro, 2018.

Aprovado: Maio, 2019.

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