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As consequências do estigma da hanseníase na adesão ao tratamento em pacientes acometidos pela doença

RC: 135813
322
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/estigma-da-hanseniase 

CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA          

LIMA, Sarah Santana Gaspar [1], SILVA, Laís Xerez da [2], NOGUEIRA, Marcos Renon Vogado [3], HOLANDA, Vitória Régia Leitão de [4], VIEIRA, Larissa Lima [5], OLIVEIRA, Breno Souza Boechat de [6], MOREIRA, Marcelo Hubner [7]

LIMA, Sarah Santana Gaspar. et al.  As consequências do estigma da hanseníase na adesão ao tratamento em pacientes acometidos pela doença. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 12, Vol. 06, pp. 156-167. Dezembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/estigma-da-hanseniase, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/estigma-da-hanseniase

RESUMO 

Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de alta prevalência no Brasil causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae. Ela se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos e pode levar a incapacidades físicas permanentes. O tratamento da doença costuma demandar longa duração e é um fator preponderante para a cura perpassa pela boa adesão do paciente às medicações, porém, o estigma social que a doença possui pode ser um empecilho para a cura. Nesse sentido, a questão que norteia o presente estudo é: “Qual a influência do estigma da hanseníase na adesão ao tratamento de pacientes acometidos pela doença?”. Objetivo: Analisar e sintetizar o conhecimento sobre o estigma da hanseníase e sua influência no tratamento de pacientes acometidos pela doença. Metodologia: Revisão de literatura do tipo integrativa cuja coleta de dados foi realizada através das seguintes bases de dados: LILACS, BDENF, MedLine, SciELO e SES-SP, tendo como critérios de inclusão os estudos científicos publicados entre 2010 e 2020, nos idiomas português, inglês e espanhol, em conformidade com os Descritores em Ciências de Saúde (DECs). Resultados e Discussão: Foram selecionados 6 artigos com a temática relacionada às consequências do estigma da hanseníase na adesão do tratamento. Entre as literaturas selecionadas de abordagens qualitativas e quantitativas, observou-se discussões sobre medidas educativas, tratamento, uso correto de medicamentos, efeitos adversos das drogas, fatores relacionados à noção e continuidade dos cuidados e apoio psicológico. Porém, alguns desses aspectos são pouco detalhados e não explanam de forma eficaz a influência desses fatores no estigma e no tratamento da hanseníase. Conclusão: Através das estratégias de educação em saúde e da ação mais engajada e conjunta dos profissionais da saúde, dos pacientes, das famílias e da sociedade, o estigma da hanseníase diminuiria gradativamente, impactando positivamente na adesão ao tratamento do paciente.

Palavras-chave: Hanseníase, Tratamento, Estigma, Paciente. 

1. INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa muito comum no nosso meio, sendo o Brasil o segundo país com a maior detecção de casos novos, detendo cerca de 92% do número de casos das Américas, de acordo com o Ministério da Saúde (2019). Esta doença possui evolução lenta, podendo levar anos para ser percebida pelo paciente, e se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

A doença é causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo que afeta as células cutâneas e dos nervos periféricos. Ela é transmitida pelas vias aéreas superiores quando há um contato prolongado com o infectado não tratado; possui alta infectividade e baixa patogenicidade, ou seja, infecta muitas pessoas, porém poucas ficam doentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

De acordo com Lira, Silva e Gonçalves (2018), para o diagnóstico precoce, é fundamental ações e estratégias nas redes básicas de saúde, visando a quebra da cadeia de transmissão da doença através do tratamento eficiente com antibióticos. Nesse contexto, é importante que haja uma adesão efetiva do paciente ao tratamento, visando a redução dos casos de abandono desse tratamento, que é uma das principais causas de subcontrole da doença no país, resistência aos antibióticos, incapacidades físicas e permanência da cadeia de transmissão, visto que pacientes que abandonam o tratamento transmitem o bacilo para outros indivíduos.

O tratamento da hanseníase é realizado com a combinação de diferentes antibióticos e concentrações, variando de acordo com a idade e/ou peso de cada paciente. Os antibióticos são administrados mensalmente em dose supervisionada, e diariamente, em doses auto administradas. O tratamento pode durar de seis a nove meses no caso de pacientes com hanseníase paucibacilar; um ano para pacientes com hanseníase multibacilar; ou dezoito meses para paciente com hanseníase multibacilar, que, após o tratamento por um ano, ainda persistem sinais e sintomas e/ou reação hansênica (LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017).

Segundo Lustosa et al. (2011), ao longo dos milênios, as estratégias de enfrentamento da doença foram baseadas no isolamento e exclusão social obrigatórios, levando a todo um processo de construção de estigmas que afetam negativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas até os dias atuais. Tal processo de afastamento da comunidade acaba por afetar a saúde mental do indivíduo, o que pode trazer sérias consequências, como abandono do tratamento e aumento da rede de propagação da hanseníase.

Em relação aos fatores relacionados à interrupção e abandono do tratamento estão os fatores pertinentes ao paciente: estigma social, crenças, pouco conhecimento acerca da patologia, falta de apoio familiar e social. O estigma social é uma das principais causas de evasão de pacientes, considerando que, após o diagnóstico, o medo de ser descoberto e apontado como doente é presente na maioria deles. O estigma da hanseníase pode estar associado à variável religião/religiosidade, em que o usuário (temendo a estigmatização e o preconceito) abandona o tratamento por acreditar na cura religiosa, uma herança dos tempos em que a hanseníase era tida como um castigo de Deus aos indivíduos pecadores (LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017).

De acordo com Correia et al. (2019), a Federação Internacional de Associações Anti-Hanseníase afirma que a educação voltada para a hanseníase deveria promover uma mudança de comportamento e superação do estigma provocado pela doença, bem como seu reconhecimento, continuação do tratamento e promoção da reabilitação tanto social quanto física. Essa educação a ser dada deveria complementar o conhecimento do paciente sobre a doença, no sentido de fazer com que ele seja capaz de ter autocuidado e disciplina com o tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

A partir do que fora exposto, foi elaborada a seguinte questão norteadora: “Qual a influência do estigma da hanseníase na adesão ao tratamento de pacientes acometidos pela doença?”. Este estudo tem como objetivo analisar e sintetizar o conhecimento sobre o estigma da hanseníase e sua influência no tratamento de pacientes acometidos pela doença, bem como explorar as necessidades educacionais a respeito do tema.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho é uma revisão integrativa, que busca sintetizar, de forma objetiva, uma temática específica, partindo de pesquisas que tenham relação com o tema em discussão. Esse, leva à maior facilidade de aplicar estudos na prática, visto que a busca permite o contato com diferentes abordagens, sendo possível encontrar a que melhor se adeque à realidade da pesquisa em questão.

As etapas para elaboração deste trabalho consistiram na definição do tema, elaboração da questão norteadora e objetivos, busca de artigos, filtrando os mesmos a partir dos critérios de inclusão e exclusão, e análise desses artigos para extrair os dados que seriam pertinentes à pesquisa em questão e apresentação da revisão.

A elaboração da questão norteadora é uma etapa muito importante, pois orienta os estudos a serem incluídos e o que deverá ser aproveitado de cada um.  A questão do presente estudo é: “Qual a influência do estigma da hanseníase na adesão do tratamento, em pacientes acometidos pela doença?” Os critérios de inclusão dos artigos no estudo foram: artigos publicados no período de 2010 a 2020, todos completos e disponíveis online, publicados nas línguas portuguesa, inglesa ou espanhola. Foram excluídas as publicações repetidas nas bases de dados e as que não possuíam relevância para a pesquisa.

A coleta de dados foi realizada durante os meses de março e abril de 2020, na plataforma BIREME, sendo utilizadas as seguintes bases de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), “National Library of Medicine of the USA” (MedLine), “Scientific Eletronic Library Online” (SciELO) e Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES-SP). Para busca das publicações foram utilizados os seguintes descritores padronizados pelos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): hanseníase, tratamento, estigma e paciente.

Durante a busca de dados na plataforma BIREME, foram encontrados 16 resultados, isto após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão citados acima. Os trabalhos foram selecionados a partir da análise do título e resumo. Depois dessa leitura prévia, 10 textos foram excluídos por não abordarem a temática da pesquisa, restando 6 (CORREIA et al, 2019; LIMA et al, 2010; LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017; SOUZA et al, 2013; LUSTOSA et al, 2011; LUSLI et al, 2016.), os quais foram lidos na íntegra e utilizados na construção dessa revisão integrativa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na presente revisão integrativa, analisou-se 6 artigos científicos (CORREIA et al, 2019; LIMA et al, 2010; LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017; SOUZA et al, 2013; LUSTOSA et al, 2011; LUSLI et al, 2016.) que atenderam rigorosamente aos critérios de inclusão anteriormente definidos e, a seguir, apresentar-se-á uma perspectiva geral das literaturas analisadas.

Os estudos elencados abordam, de maneira geral, como o estigma da hanseníase, partindo da sociedade e, por vezes, do próprio paciente, afeta essa população de infectados. Além disso, debate-se como esse estigma pode interferir negativamente na adesão ao tratamento e na qualidade de vida do indivíduo, como é apontado no quadro abaixo.

A partir das temáticas abordadas nos artigos, observa-se que as discussões sobre as medidas educativas com o objetivo de reduzir o preconceito na sociedade são pouco detalhadas nos estudos encontrados. Além disso, o tratamento, incluindo o uso correto de medicamentos, seus efeitos adversos e fatores relacionados à sua adesão e continuidade, não são bem abordados na maioria dos textos. Outra temática pouco argumentada nas literaturas exploradas é a relevância do apoio psicológico como estratégia para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Conforme exposto no quadro adiante, 2 dos títulos dos artigos (CORREIA et al, 2019; LUSLI et al, 2019) analisados tratam principalmente das temáticas relacionadas ao aconselhamento para os pacientes como fator importante na redução do estigma da hanseníase. Outros 2 títulos (LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017; SOUZA et al, 2013) abordam sobre os fatores relacionados ao abandono do tratamento e a perspectiva dos pacientes durante esses cuidados. Os 2 títulos restantes falam, respectivamente, sobre perfil epidemiológico dos pacientes (LIMA et al, 2010) e o impacto na qualidade de vida dessas pessoas infectadas pelo bacilo (LUSTOSA et al, 2011).

As literaturas analisadas eram, em sua maior parte, de delineamento qualitativo, contabilizando 3 estudos científicos (CORREIA et al, 2019; SOUZA et al, 2013; LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017). Os outros 4 estudos tinham uma abordagem quantitativa (LUSTOSA et al, 2011; LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017; LUSLI et al, 2019; LIMA et al, 2010). Em relação às ferramentas utilizadas na coleta dos dados das pesquisas, notou-se que um trabalho utilizou questionários (LUSTOSA et al, 2011); dois aplicaram entrevistas abertas (SOUZA et al, 2013; CORREIA et al, 2019); um (LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017) realizou uma revisão sistemática da literatura; um utilizou prontuários para a análise (LIMA et al, 2010) ; e o último (LUSLI et al, 2019)  usou técnicas mistas que incluíam entrevista, discussão em grupos focais e notas de reflexão.

Dois textos (LUSLI et al, 2016; CORREIA et al, 2019), em seus objetivos, buscam explorar as necessidades educacionais, caracterizando o aconselhamento como fator importante para redução do estigma social. Outros 3 trabalhos (LUSTOSA et al, 2011; SOUZA et al, 2013; LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017) têm enfoque no tratamento, incluindo a perspectiva, a qualidade de vida e a aceitação desses pacientes durante o cuidado; e um texto (LIMA et al, 2010) objetiva conhecer o perfil epidemiológico dos infectados.

Os trabalhos selecionados trazem em seus resultados que ainda há falta de conhecimento acerca da doença, contribuindo para altos níveis de estigma e abandono dos cuidados; as incapacidades físicas e comprometimento emocional e psicológico são fatores determinantes para o isolamento social e a vergonha; as religiões e crenças sobre a doença, juntamente com a falta de conhecimento, favorecem o preconceito e a não adesão ao tratamento. Ademais, a ausência de apoio profissional no âmbito educacional colabora com esse panorama.

Com relação à concordância dos resultados com os objetivos, todos os artigos científicos corresponderam às suas pretensões. Essa coerência é imprescindível para a compreensão do trabalho além de facilitar a leitura do texto.

A partir da leitura dos resultados e objetivos dos artigos analisados, denota-se que a maioria deles trazem o estigma como fator importante para a não adesão ao tratamento da hanseníase, relacionando-o à falta de conhecimento do paciente, da família e da sociedade acerca da doença. No entanto, observa-se que estes estudos carecem de detalhes quanto a relação de causa e consequência atrelados ao desconhecimento sobre a doença, ao estigma e a falta de cuidados adotados pelo indivíduo hansênico.

Nesse contexto de não entendimento da doença, pode-se destacar três perspectivas: a da família, a da sociedade e a do paciente. Em relação à família, o desconhecimento sobre os principais aspectos a respeito da patologia, pode levar a situações como abandono do membro da família infectado, receio de contrair a doença e medo de perder o ente querido. No que se refere à sociedade, a ignorância leva a graves consequências. Por exemplo, muitos indivíduos, com receio de contraírem a doença, excluem os doentes de forma definitiva por não estarem cientes que a doença tem cura e deixa de ser transmitida uma vez que o tratamento correto esteja sendo realizado. No que tange ao paciente, é importante ressaltar alguns fatores que contribuem para o medo, a insegurança, a vergonha e a rejeição, que são: apoio familiar carente, diálogo precário com o profissional da saúde, discriminação social, incapacidades físicas decorrentes da patologia e desconhecimento sobre a hanseníase (tipos, sinais e sintomas, transmissão, tratamento, efeitos adversos dos medicamentos e cura). Como consequência desses fatores, esses pacientes muitas vezes se isolam, ficam deprimidos, desistem do tratamento e abandonam as atividades diárias como trabalho, grupos religiosos, entre outros.

Três artigos analisados (CORREIA et al, 2019; SOUZA et al, 2013; LUSLI et al, 2016), em suas conclusões, trazem sugestões, tais como: melhorar a rede de aconselhamento aos pacientes, implementar estratégias mais eficazes no controle de doenças, aumentar os esforços para a ampliação do conhecimento acerca da hanseníase pela população em geral, e, ainda, a necessidade de uma visão holística do paciente. Os demais trabalhos (LIMA et al, 2010; SILVA; GONÇALVES, 2017; LUSTOSA et al, 2011) concluem que o diagnóstico tardio eleva os casos com algum grau de incapacidade, levando à exclusão social; e que a não adesão e abandono do tratamento possuem causas variadas como o preconceito, questões religiosas, conhecimento limitado sobre a doença e dificuldade na relação entre o paciente e a equipe de profissionais. Conclui-se, ainda, nessas literaturas, que a educação em saúde e a assistência são fundamentais para a construção da melhoria do atendimento.

Diante das conclusões dos artigos estudados, foram apontadas muitas sugestões que apresentam potencial para serem executadas e trazerem resultados positivos, visto que essas medidas podem diminuir o estigma da hanseníase na sociedade, fazendo com que haja melhoria na qualidade de vida dos pacientes e que eles se sintam amparados. Além disso, essas estratégias diminuem o potencial incapacitante da hanseníase e cessam a cadeia de transmissão, pois, devido ao conhecimento mais amplo dos sinais e sintomas da doença, contribuem para um diagnóstico precoce e início do tratamento.

O quadro abaixo delimita os pontos principais de cada literatura analisada: 

Tabela 01: Distribuição das produções científicas segundo as seguintes variáveis: o ano de publicação, título, autoria, objetivo, resultados e conclusão (n=6)

Periódico

Ano

País

Título Autoria Objetivo Resultados Conclusão
PLOS ONE

 

2019

 

Nepal

“Se você aconselhar adequadamente com amor, eles ouvirão”: Uma análise qualitativa das necessidades educacionais de pacientes afetados pela hanseníase e as percepções dos cuidadores no Nepal.

 

CORREIA, Jorge César; GOLAY, Alain; LACHAT, Sarah; SINGH, Suman Bahadur; MANANDHAR, Varsha; JHA, Nilambar; CHAPPUIS, François; BERAN, David. Explorar as necessidades educacionais de pacientes afetados por hanseníase no Nepal e compará-los com as necessidades percebidas pelos profissionais de saúde.

 

Ainda há falta de conhecimento sobre a doença contribuindo para o comportamento tardio de busca de cuidados e altos níveis de estigma, com um importante estresse psicológico e financeiro para pacientes. Todos os profissionais da saúde mostraram uma boa compreensão das dificuldades dos pacientes e necessidades e reconheceu o papel fundamental da educação do paciente.

 

Mais esforços precisam ser feitos para aumentar o conhecimento geral dos pacientes sobre a doença a fim de motivá-los a procurar cuidados de saúde mais cedo e mudar sua percepção da doença para reduzir o estigma. Os profissionais da saúde precisam de treinamento adequado na educação do paciente e aconselhamento para eles para adquirir as habilidades necessárias para atender às diferentes necessidades educacionais de seus pacientes.

 

Revista Brasileira Clínica Médica

 

2010

 

Brasil

Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em Centro de Saúde em São Luís, MA LIMA, Hívena Maria Nogueira; SAUAIA, Naime; COSTA, Vanja Raposo Lima da; COELHO NETO, Guilherme Tude; FIGUEIREDO, Patrícia de Maria Silva. Caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em centro de saúde de referência. Entre os prontuários analisados, as características da hanseníase levadas em consideração foram: a idade afetada, classificação da doença e o alto potencial incapacitante. E essas incapacidades têm sido responsáveis pelo estigma e discriminação dos pacientes. Os resultados desta análise apontam que o serviço de hanseníase está realizando o diagnóstico tardiamente, devido a maioria dos pacientes ser diagnosticados na forma multibacilar, associada aos números elevados de casos com algum grau de incapacidade.
REUFI – Revista de Enfermagem da UFPI

 

2017

 

Brasil

 

Fatores relacionados ao abandono ou interrupção do tratamento da hanseníase: uma revisão integrativa da literatura LIRA, Rodolfo Marcony Nobre; SILVA, Marcos Valério Santos da; GONÇALVES, Geany Brandão. Tem por finalidade identificar e sintetizar os resultados de pesquisas acerca de uma questão delimitada, de forma ordenada e sistemática, contribuindo para a ampliação do conhecimento da temática investigada.

 

Entre os artigos selecionados foram apontadas como principais fatores: regime terapêutico prolongado e efeitos adversos dos medicamentos; religião e crenças; conhecimento do paciente acerca da doença; relações entre paciente e equipe de saúde; apoio familiar; estigma social; e condições socioeconômicas do usuário. A revisão integrativa evidenciou ainda que a maior parte das pesquisas foi realizada no Brasil, exceto dois que foram publicados em língua espanhola (realizados na Índia). Todos os artigos tiveram abordagem quantitativa do tipo transversal.

 

A revisão permitiu observar que há uma diferenciação conceitual entre não adesão e abandono do tratamento da doença, assim como evidenciou que tal problemática possui fatores multicausais e tem sido, nos últimos anos, pouco discutida e abordada através de pesquisas/ artigos relacionados diretamente ao tema.

 

Hansenologia Internationalis

 

2013

 

Brasil

 

Percepções da doença e do tratamento pelos pacientes tratados de hanseníase residentes em Palmas-Tocantins.

 

 

DE SOUZA, Emyle Brito, NEVES, Tiago Veloso; DINIZ, Ana Paula Mendes; REIS, Izabella Barbosa; VALENTIM, Isabele Martins; ROCHA, Elzirene Sousa Dias; NOBRE, Maria do Socorro; CASTRO, José Gerley Díaz. Descrever, a partir de uma abordagem qualitativa, as percepções da doença e do tratamento pelos pacientes tratados de hanseníase residentes em Palmas-TO.

 

 

Participaram desse estudo 57 entrevistados que relataram sobre suas dores frente à doença e mudanças dos hábitos de vida. Comentaram ainda sobre os efeitos adversos dos medicamentos utiliza- dos no tratamento, o desconhecimento da doença, a falta de apoio dos profissionais da saúde após o término do tratamento e o preconceito e vergonha que passaram. A partir da hanseníase entende-se a importância da dimensão psicossocial para o en- frentamento da doença, o sucesso do tratamento e das complicações implicadas. Constata-se, neste estudo, uma diver­sidade de vivências dos pacientes associadas à han­seníase e seus impactos psicossociais. Os estigmas atrelados a doença ainda persistem, mas não foram vivenciados por todos os pacientes. A educação em saúde e a assistência permanente são pontos chaves encontrados do presente trabalho e base para a cons­trução da melhoria do atendimento a estes indivíduos.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

 

2011

 

Brasil

O impacto da hanseníase na qualidade de vida relacionada à saúde.  

LUSTOSA, Anselmo Alves; NOGUEIRA, Lídya Tolstenko; PEDROSA, José Ivo dos Santos; TELES, João Batista Mendes.

 

Analisar a qualidade de vida relacionada à saúde de pessoas em tratamento para hanseníase em Teresina/PI. A correlação entre as variáveis demonstrou cinco determinantes para qualidade de vida relacionada à saúde: diagnóstico tardio, formas multibacilares, reações, grau II de incapacidade no diagnóstico e preconceito. O perfil dos participantes revelou que a hanseníase continua acometendo as classes sociais menos favorecidas em áreas historicamente endêmicas provocando percentuais elevados de lesões secundárias que comprometem a capacidade de trabalho e a qualidade de vida dos acometidos, perpetuando o estigma associado à doença.

 

O estudo reforça a necessidade de implementar estratégias mais eficazes de controle da doença, pois o desenvolvimento de formas graves e incapacidades de hanseníase está diretamente relacionado à baixa qualidade de vida relacionada à saúde no mesmo paciente curado.
PLOS Neglected Tropical Diseases

2016

 

Indonésia

O impacto de uma intervenção de aconselhamento baseada em direitos para reduzir o estigma em pessoas afetadas pela hanseníase na Indonésia LUSLI, Mimi; PETERS, Rute; Brakel, Wim van; ZWEEKHORST, Marjolein; IANCU, Sorana; BUNDERS, Joske; IRWANTO; REGEER, Bárbara. Reduzir os estigmas em pessoas com hanseníase através do aconselhamento. Foi encontrada uma redução significativa entre os escores totais antes e depois da Escala de Estigma SARI (valor p <0,001), Escala de Participação Curta (valor p <0,001) e o escore da Qualidade de Vida da OMS (valor p <0,001) entre os aconselhamentos a clientes. Os resultados mostram que a intervenção de aconselhamento foi eficaz na redução do estigma, promovendo os direitos das pessoas com hanseníase e facilitando sua participação social. São necessárias mais pesquisas sobre como criar uma intervenção mais sustentável, de preferência estruturalmente incorporada nos serviços sociais ou de saúde.

Fonte: Autores, 2020. 

Observa-se que, a partir da análise das literaturas supracitadas, o estigma da hanseníase tem um impacto negativo na adesão do tratamento da doença. Contudo, o acolhimento e o esclarecimento sobre a doença são essenciais para desmistificar as pré-concepções sobre a Hanseníase, e para aumentar o índice de pessoas que procuram os serviços de saúde para dar seguimento ao tratamento adequado da doença. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do presente estudo foi possível responder a questão norteadora: “Qual a influência do estigma da hanseníase na adesão do tratamento, em pacientes acometidos pela doença?”, visto que as literaturas analisadas confluíram para elucidar aspectos específicos da doença, como tratamento, estigma social, fatores psicológicos, necessidade de ter uma visão holística do paciente, entre outros, e tornou-se evidente que o estigma é um fator determinante para o abandono ou não adesão correta do tratamento da doença em questão. Dentro desse cenário, observa-se que apesar dos trabalhos abordarem a relação do estigma da hanseníase com o tratamento da doença, ainda é uma temática limitada e pouco detalhada. Portanto, faz-se necessário uma discussão mais ampla sobre os fatores psicológicos que envolvem o estigma e de que forma comprometem o tratamento.

Nesse contexto de pouca exploração sobre esse assunto, mostra-se necessário um reforço na implementação de estratégias para melhorar a educação em saúde, possibilitando um maior conhecimento sobre a doença, com consequente redução do estigma e aumento da adesão eficaz ao tratamento. Dentre as estratégias que podem ser melhor aplicadas estão: educação dos agentes comunitários de saúde sobre a identificação da doença e como acompanhar o paciente de maneira humanizada; realizar palestras e rodas de conversa com os pacientes e seus familiares nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e durante as visitas domiciliares, informando-os sobre a patologia e seus aspectos físicos e psicológicos, bem como os efeitos adversos que o tratamento pode causar; capacitar os profissionais para tratar a doença de maneira holística e oferecer um apoio maior para os pacientes durante as consultas; e aumentar as propagandas midiáticas sobre a hanseníase, a fim de que a população conheça mais a respeito da doença e, consequentemente, tenha menos preconceito.

Conclui-se, portanto, que através das estratégias de educação em saúde e da ação mais engajada e conjunta dos profissionais da saúde, dos pacientes, das famílias, da sociedade e do poder público, o estigma da hanseníase diminuiria gradativamente. Desse modo, os pacientes iriam realizar o tratamento de forma mais incisiva, aumentando o número de pessoas curadas e a qualidade de vida, além de reduzir o comprometimento físico e a rede de transmissão.

REFERÊNCIAS

CORREIA, Jorge César; GOLAY, Alain; LACHAT, Sarah; SINGH, Suman Bahadur; MANANDHAR, Varsha; JHA, Nilambar; CHAPPUIS, François; BERAN, David. “Se você aconselhar adequadamente com amor, eles ouvirão”: uma análise qualitativa das necessidades educacionais e da percepção dos cuidadores dos pacientes afetados pela hanseníase no Nepal. PLOS ONE, v. 14, n. 2, p. e0210955, 2019.

LIMA, Hívena Maria Nogueira; SAUAIA, Naime; COSTA, Vanja Raposo Lima da; COELHO NETO, Guilherme Tude; FIGUEIREDO, Patrícia de Maria Silva. Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em Centro de Saúde em São Luís, MA. Revista Brasileira Clínica Médica, v. 8, n. 4, p. 323-7, 2010. Disponível em: https://www.sbcm.org.br/revistas/RBCM/RBCM-2010-04.pdf#page=34. Acesso em 16/03/2020.

LIRA, Rodolfo Marcony Nobre; SILVA, Marcos Valério Santos da; GONÇALVES, Geany Brandão. Fatores relacionados ao abandono ou interrupção do tratamento da hanseníase: uma revisão integrativa da literatura. Revista de Enfermagem da UFPI, p. 53-58, 2017. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-33142. Acesso em 16/03/2020.

LUSLI, Mimi; PETERS, Rute; Brakel, Wim van; ZWEEKHORST, Marjolein; IANCU, Sorana; BUNDERS, Joske; IRWANTO; REGEER, Bárbara. The impact of a rights-based counselling intervention to reduce stigma in people affected by leprosy in Indonesia. PLOS Neglected Tropical Diseases, v. 10, n. 12, p. e0005088, 2016. Disponível em: https://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0005088. Acesso em 16/03/2020.

LUSTOSA, Anselmo Alves; NOGUEIRA, Lídya Tolstenko; PEDROSA, José Ivo dos Santos; TELES, João Batista Mendes. O impacto da hanseníase na qualidade de vida relacionada à saúde. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2011, 44: 621-626. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/LX9H99vrH3FYHCbDtx8TLwH/?lang=en. Acesso em 16/03/2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/consultas-publicas/2019/arquivos/EstrategiaNacionalCGHDEConsultaPublica27mar.pdf. Acesso em 16/03/2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf. Acesso em 16/03/2020.

SOUZA, Emyle Brito de; NEVES, Tiago Veloso; DINIZ, Ana Paula Mendes; REIS, Izabella Barbosa; VALENTIM, Isabele Martins; ROCHA, Elzirene Sousa Dias; NOBRE, Maria do Socorro; CASTRO, José Gerley Díaz. Percepções da doença e do tratamento pelos pacientes tratados de hanseníase residentes em Palmas-Tocantins. Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas, 2013, 38.1/2: 56-60. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/hansenologia/article/view/35076. Acesso em 16/03/2020.

[1] Graduanda em Medicina, Técnica em Eletromecânica, Ensino Médio Completo, Ensino Fundamental Completo. ORCID: 0000-0001-8593-3253.

[2] Graduanda em medicina, Ensino Médio completo e Ensino Fundamental completo. ORCID:  0000-0003-3560-5512.

[3] Graduando em medicina, Ensino Médio completo e Ensino Fundamental completo. ORCID: 0000-0001-5157-2824.

[4] Graduanda em medicina, Ensino Médio completo e Ensino Fundamental completo. ORCID: 0000-0003-2516-2877.

[5] Graduanda em Medicina, Ensino Médio Completo, Ensino Fundamental Completo. ORCID: 0000-0001-8255-3765.

[6] Graduando em Medicina, Ensino Médio Completo e Ensino Fundamental Completo. ORCID: 0000-0001-6644-6580.

[7] Orientador. ORCID: 0000-0002-9482-6596.

Enviado: Julho, 2022.

Aprovado: Dezembro, 2022.

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Sarah Santana Gaspar Lima

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