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Cuidados farmacêuticos na automedicação dos idosos

RC: 19884
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CONTEÚDO

MOURA, Vanessa da Silva [1], LEÃO, Anna Maly [2], NEVES, Eduardo [3], MELO, Danielle Alves [4]

MOURA, Vanessa da Silva, EDUARDO, Anna Maly de Leão e Neves, MELO, Danielle Alves. Cuidados farmacêuticos na automedicação dos idosos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 09, pp. 11-34 , Agosto de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

A automedicação é o consumo de um ou vários medicamentos. Os idosos costumam utilizar mais medicamentos do que outras faixas etárias, sendo suscetíveis ao uso irracional de medicamentos terapêuticos. Dado os riscos da automedicação, este trabalho buscou discutir os benefícios da assistência farmacêutica na busca da eliminação da automedicação do idoso. Para isso, foi realizado uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. Dessa forma, a indicação medicamentosa aos idosos necessita de cuidado especial e o profissional farmacêutico pode atuar com a assistência farmacêutica buscando buscam diminuir os malefícios causados pelo uso indiscriminado e incorreto de medicamentos.

Palavras-chave: Automedicação, Reações adversas, Uso racional de medicamentos, Assistência farmacêutica ao idoso.

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos principais consumidores mundiais de medicamentos, com seu mercado de medicamentos atingindo 22,1 bilhões anuais. O setor farmacêutico brasileiro é composto por aproximadamente 480 empresas que trabalham diretamente com a produção, distribuição e venda de medicamentos. O Brasil possui mais de 65 mil farmácias e drogarias, o que é uma proporção de 3,3 farmácias por cada 10.000 habitantes, um número três vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda uma farmácia por cada 10.000 habitantes (SANTOS; FERREIRA, 2012). Com isso, existe uma maior possibilidade do uso incorreto de medicamentos como resultado de sua ampla disponibilidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita que aproximadamente 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados e vendidos aos pacientes de forma incorreta. E um

dos fatores que contribuem para o abuso de drogas é a prática da automedicação (PINHEIR; WANNMACHER, 2012). A automedicação é praticada devido a múltiplos fatores, incluindo a dificuldade da população em alcançar os serviços de saúde, a crença nos benefícios proporcionados pelo tratamento/prevenção da doença e a necessidade de aliviar os sintomas (PINHEIR; WANNMACHER, 2012).

Neste contexto torna-se complexo quando se trata de automedicação por pessoas em idade avançada que, de modo geral, apresentam a capacidade funcional diminuída em decorrência da idade e seus organismos passam a reagir aos fármacos de forma diferenciada. A indicação medicamentosa aos idosos necessita de cuidado especial e o profissional de farmácia pode atuar com a assistência farmacêutica (AF).

O profissional farmacêutico deve aconselhar e auxiliar o idoso em seu tratamento uma vez que este tem qualificações que permitem essa ação. Neste sentido, a assistência farmacêutica à automedicação do idoso está ligada à indicação farmacêutica, vinculada à intervenção. Estes princípios buscam diminuir os malefícios causados pelo uso indiscriminado e incorreto de medicamentos.

Essa situação levanta uma importante questão em relação às atitudes que um profissional de farmácia pode tomar para auxiliar o idoso. Nesse sentido, esta parte da pesquisa apresentará os conceitos e definições de Assistência Farmacêutica, Intervenção Farmacêutica e automedicação, a fim de reconhecer os benefícios dos cuidados farmacêuticos à automedicação do idoso.

A fim de compreender quais os benefícios da assistência farmacêutica à automedicação do idoso, este estudo aborda, de forma sistemática e sucinta, a temática sugerida. Além disso, destaca a importância do farmacêutico na melhoria da qualidade de vida do paciente em idade avançada e analisa a relevância da intervenção farmacêutica. O tema proposto se justifica em discutir sobre os benefícios da assistência farmacêutica à automedicação do idoso e contribuir para os futuros estudos relacionados ao tema.

Assim, a problemática a ser estudada é: Quais os benefícios da assistência farmacêutica à automedicação do idoso?

Dessa forma, o presente estudo buscou discutir os benefícios da assistência farmacêutica da eliminação da automedicação do idoso. E os objetivos específicos são: conceituar assistência farmacêutica, intervenção farmacêutica e automedicação; abordar os perigos da

automedicação com destaque para o idoso; e destacar as atribuições do farmacêutico na assistência às pessoas idosas.

Para proceder com a temática, foram realizadas pesquisas bibliográficas, utilizando as seguintes palavras-chave: “Assistência farmacêutica ao idoso”, “Automedicação” e Saúde do idoso, para selecionar os artigos relacionados a essa temática foram verificadas as fontes de dados eletrônicas através da ferramenta de busca “google”: Scielo e Pubmed. Onde foram analisados os artigos publicados em língua portuguesa e estrangeira, além de livros, Cadernos de Saúde Pública e legislações vigentes. O estudo foi realizado entre os meses de março a dezembro de 2017, tendo como recorte temporal os anos de 1998 a 2017.

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA PREVENÇÃO DA AUTOMEDICAÇÃO

Nas últimas décadas, o papel do farmacêutico vem mudando, não somente como dispensador de remédios, porém trabalhando como parte de uma equipe multidisciplinar envolvida nos cuidados do paciente (OMS, 1998). É fundamental acentuar a acessibilidade dos consumidores aos farmacêuticos, aqueles que trabalham no setor público ou em farmácias privadas. Confirmando essa responsabilidade, Loyola Filho et al. (2002) encontraram aproximação significativa entre a consulta farmacêutica e o consumo de medicações.

Os sistemas de saúde nos países desenvolvidos e em progresso enfrentam cada vez mais desafios com restrições financeiras, e uma alta prevalência de doenças não transmissíveis, aumento nos problemas relativos à farmacoterapia, morbidade e de mortalidade associados ao consumo de remédios (FRENK et al., 2010; HASSALI; AHMADI; YONG, 2013). Essas mudanças nos cuidados de saúde tiveram um grande impacto no campo da prática farmacêutica e na farmácia como profissão (HAMEEN-ANTTILA; VAINIO, 2010). Em consenso com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os farmacêuticos precisam estar mais envolvidos na resolução de problemas de saúde e vários estudos demonstraram que esta atividade possui um papel crucial a cumprir na gestão terapêutica de medicamentos, o que pode melhorar os resultados gerais de saúde do paciente (OMS, 1997).

Em resposta às necessidades econômicas e sociais, a profissão de farmácia adotou o cuidado farmacêutico como uma filosofia de prática. O cuidado farmacêutico é definido como a provisão responsável de terapia medicamentosa com o objetivo de alcançar resultados definitivos que melhoram a qualidade de vida do paciente. Esta filosofia de prática é entendida como o compromisso dos farmacêuticos em obter o máximo de benefício nos

tratamentos farmacológicos dos pacientes, sendo, portanto, responsável pelo monitoramento de sua farmacoterapia. À medida que a profissão passou de uma orientação do produto (dispensando medicamentos) para um foco do paciente, os requisitos de treinamento clínico expandiram-se (MARTÍNEZ-SÁNCHEZ, 2009).

Essas ações conjuntas com foco na promoção da saúde dá-se o nome de Intervenção Farmacêutica, uma atitude que busca prevenir ou resolver assuntos referentes à farmacoterapia em conjunto com familiares, o paciente e os profissionais envolvidos em seu tratamento (CARDOSO; PILOTO, 2015).

A Assistência Farmacêutica é definida Portaria nº 3.916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998 (BRASIL, 2001, p.4) com pela o um “grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade”.

A assistência Farmacêutica é conceituada pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica como o conjunto de ações voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e o público em geral, considerando as drogas como ingrediente essencial e promovendo seu acesso e uso racional. O conjunto AF envolve pesquisa, desenvolvimento e produção de medicamentos e ingredientes, bem como sua seleção, cronograma, aquisição, distribuição, entrega, garantia de qualidade para os produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização em uma tentativa de obter resultados concretos e melhorar a qualidade de vida da população (SÃO PAULO, 2013). Nessa perspectiva, o profissional da saúde participa de todas as etapas constitutivas referentes ao medicamento, ou seja, desde sua pesquisa, conservação, avaliação de uso, até a chegada aos usuários.

Ao se analisar o conceito pertinente de Assistência Farmacêutica observa-se a presença de princípio básico que efetiva a implementação da Assistência Farmacêutica chamado de Ciclo da Assistência Farmacêutica, e trata-se de “um sistema constituído pelas etapas de seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação, com suas interfaces nas ações da atenção à saúde” (BRASIL, 2001, p.5).

Outro detalhe importante é que a Assistência Farmacêutica, por ser uma “atividade multidisciplinar” complexa, é necessário o envolvimento próximo com outras áreas bem como há a necessidade de manter estreita relação com os “profissionais de saúde, entidades e conselhos de classes, universidades, Ministério Público, Conselhos de Saúde, setores de comunicação, fornecedores” na busca de promover ações conjuntas (BRASIL, 2001, p.8). Desta forma, uma das missões da Assistência Farmacêutica está em promover o uso racional

de medicamentos através de ações que disciplinem e orientem a prescrição, a dispensação e a utilização dos medicamentos (SÃO PAULO, 2013).

O autocuidado é entendido como o que uma pessoa faz por si só para estabelecer e manter a saúde, prevenir e lidar com a doença. Este conceito inclui saúde, nutrição, estilo de vida, fatores socioeconômicos e ambientais, bem como automedicação (OMS, 1998). Ultimamente, os indivíduos têm assumido maior responsabilidade pessoal pela sua saúde e estão buscando mais informações para tomar decisões apropriadas sobre seu tratamento (FIP, 1999), seja a partir de fontes confiáveis ou de outras fontes questionáveis, como sites.

No tratamento de uma doença, quando os problemas são autolimitados, o autocuidado pode ser usado. Para Winfield e Richards (1998), os critérios para considerar os problemas de saúde como uma doença de menor grau inclui ter uma duração limitada e ser percebida como não ameaçadora para o paciente.

Para Romano-Lieber (2002), os estudos analisados reforçam a ideia de que a intervenção do farmacêutico aumenta a adesão dos pacientes idosos a seus regimes terapêuticos, e pode promover a redução de custos hospitalares, ao reduzir o número de prescrições, de internações e de medicamentos associados a reações adversas aos medicamentos (RAMs).

O profissional de saúde habilitado, deve ter a responsabilidade de orientar sobre o medicamento, visando a diminuição de risco e maior eficácia. O medicamento, na estrutura da sociedade de consumo, é visto como mercadoria que precisa estar sempre atualizada e renovada, contando sempre com a ciência, que pretende garantir a eficácia e a garantia do produto para o paciente.

Todos os anos, milhões de novos produtos são lançados no mercado de medicamentos como medicamentos de balcão e os farmacêuticos comunitários estão em excelente posição para fornecer informações corretas sobre o uso desses medicamentos (COVINGTON, 2006). Mesmo que uma prescrição para a venda de medicamentos não seja necessária, eles podem ser prejudiciais, criando riscos para os pacientes quando usado incorretamente. Vale ressaltar que no Brasil, 35% dos medicamentos são comercializados através da automedicação (AQUINO, 2008).

O profissional farmacêutico tem o intuito de promover o uso racional de medicamentos, em busca de eliminar a atitude de automedicação, definida como “uso de medicamento não prescrito sob a orientação e acompanhamento do farmacêutico” (SÃO PAULO, 2013, p.11).

Essa automedicação ocorre pela utilização de medicamentos sem a orientação de um profissional da saúde ou prescrição médica.

A prática de automedicação pode ser definida como o consumo de medicamentos sem supervisão ou não prescritos por um médico, como também é conhecida como medicamentos sem receita médica. Existe a necessidade de entender a natureza socialmente construída de um indivíduo, o que implica em analisar as compressões contextuais a que os mesmos estão sujeitos para se incluir a sua tolerância/intolerância ao risco (LOPES, 2001).

Trata-se de um recurso de partilha social e o alvo de proteção subjetiva sendo reforçados mutuamente. Ela precisa ser vista como uma medida no quais diversos riscos está associados: perigo de ingerir um medicamento que não resolva, perigo de efeitos indesejáveis, o agravo de alguma dificuldade, a benefício de uma dificuldade (BORTOLON; KARNIKOWSKI; ASSIS, 2007).

É um procedimento que se caracteriza pela iniciativa do paciente, ou de seu responsável direto, em obter e utilizar um medicamento, sem que este tenha sido prescrito por um médico. Vários fatores contribuem para o crescimento da prática da automedicação nos países em desenvolvimento. No Brasil estima-se que 80 milhões de brasileiros são adeptos da automedicação (BRASIL, 2001).

Essa prática tem aumentado nas últimas décadas em todo o mundo, favorecida principalmente por fatores como: aumento do número de medicamentos sem prescrições; aumento da disponibilidade de medicamentos em ambientes não farmacêuticos; propaganda feita pela indústria farmacêutica; falta de compreensão de eu os medicamentos não são isentos a riscos, dificuldade e custo em conseguir uma consulta médica; falta de fiscalização nos estabelecimentos; medo de conhecer a própria doença, entre outros (CORRER; OUTUKI; 2013).

Ressalta-se que o uso indiscriminado de medicamentos também pode aumentar as chances de intoxicação, cita os dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (SINITOX). Os medicamentos são considerados os agentes causadores mais frequentes de intoxicação na vida humana. No Brasil, em 2005, os medicamentos forma reesposáveis por 26% da intoxicação, onde 590 casos foram resultado da automedicação (BOCHNER, 2005).

A Organização Mundial da Saúde (2017) define a automedicação como uma prática pela qual um indivíduo escolhe e usa medicamentos para tratar sintomas ou problemas de

saúde, por si mesmos, ainda assim, reside à possibilidade de agravamento de problemas de saúde. Quando feito corretamente, a automedicação pode beneficiar a saúde do indivíduo e é reconhecida pela OMS como parte do autocuidado.

É certo que a maior parte da população brasileira de baixa renda, não possui recursos financeiros para fazer tratamentos de saúde e apelam para a automedicação. Existem países onde a automedicação é considerada como uma necessidade, e até mesmo tem a função de completar os sistemas de saúde, especialmente esses países mais pobres, tanto que até mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe normas para a boa prescrição de medicamentos que teriam as condições para serem usados em automedicação (OMS, 2000).

A automedicação em idosos pode potencializar a ação dos fármacos e causar efeitos indesejáveis como alergia, interações medicamentosas, reações adversas e toxicidade (FIDÊNCIO; YAMACITA, 2011) além de acarretar o insucesso do tratamento.

Embora a automedicação possa também produzir bons resultados e ser uma prática conveniente para o paciente, pode causar sérios riscos para a saúde, como resistência bacteriana, dependência, sangramento digestivo, reações de hipersensibilidade, sintomas de abstinência, bem como aumentar o risco de neoplasia. Além desses riscos, deve-se enfatizar que o alívio momentâneo dos sintomas pode realmente mascarar a doença subjacente (AQUINO, 2008).

Ressalta-se que, a automedicação está longe de ser uma prática segura, em particular no caso de automedicação não responsável. Os riscos potenciais das práticas de automedicação incluem: autodiagnostico incorreto, atrasos na busca de conselhos médicos quando necessário, reações adversas, interações medicamentosas perigosas, formas incorretas de administração, dosagem incorreta, escolha incorreta da terapia, além do mascaramento de uma doença grave e risco de dependência e abuso (VERNIZI; DA SILVA, 2016)

RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS

A automedicação é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. A automedicação significa o consumo de um ou vários medicamentos não prescritos por um médico e não controlados por organizações de saúde médica. Ele inclui o uso de medicamentos à base de plantas ou medicamentos químicos, medicamentos previamente prescritos para casos semelhantes, medicamentos extras em casa ou não usando medicamentos completamente (JAMARI; KHATONY; RAHMANI, 2015).

Existe uma maior possibilidade de uso irracional de medicamentos como resultado de sua ampla disponibilidade. De acordo com a OMS, mais de 50,0% de todos os medicamentos são incorretamente prescritos, dispensados e vendidos, juntamente com metade de todos os pacientes incorretamente usando-os. Um dos fatores que contribuem para o uso indevido de drogas é a prática inadequada de automedicação (DOMINIGUES et al., 2015).

A população idosa é uma das populações de crescimento mais rápido do mundo. As alterações fisiológicas produzidas pela idade fazem com os indivíduos mais sensíveis das doenças crônicas e, consequentemente, um aumento de uso de medicamentos. O processo de envelhecimento acarreta modificações em todo o organismo humano e, consequentemente, a reação farmacocinética também é alterada, devido a isso a automedicação em uma pessoa idosa pode ser ainda mais perigosa. Os fármacos tendem a reagir de forma diferente, na absorção e distribuição, em relação ao organismo do idoso e nenhum medicamento deve ser tomado por conta própria, até o fim da vida. Portanto, o acompanhamento do farmacêutico contribui com as instruções necessárias referentes à substituição ou suspensão dessa medicação quando necessário (TELLES FILHO; ALMEIDA; PINHEIRO, 2013).

O Brasil, um país em desenvolvimento, o aumento do crescimento da população idosa ocorreu mais recentemente; o número de habitantes com mais de sessenta anos segundo dados da síntese de Indicadores Sociais (SIS) entre 2005 a 2015 passando de 9,8% para 14,3% (BRASIL, 2016). Segundo Braga et al., ANO esta situação é responsável pelo alto número de internações hospitalares, busca de serviços ambulatórios, a necessidade de cuidados domiciliários e o uso de farmacoterapia.

As peculiaridades presentes nos idosos em relação ao uso de medicamentos, uma vez que as alterações fisiológicas causadas pelo processo de envelhecimento tornam essa população mais suscetível a doenças crônicas. 4 A utilização de medicamentos torna-se, como tal, essencial para o cuidado dos idosos, embora o uso incorreto de medicamentos seja um dos maiores problemas experimentados por essa população. O acesso não supervisionado aos medicamentos está relacionado a um conjunto maior de fatores que inclui acesso a serviços médicos e farmacêuticos, bem como acesso a fontes alternativas de medicamentos. A aquisição de produtos farmacêuticos, com ou sem receita médica, depende do acesso a fontes comerciais de medicamentos, como farmácias ou vendedores de drogas (FAGGIANI et al., 2007).

Em se tratando de estar mais sensível aos efeitos das substâncias dos medicamentos, o idoso que recorre à automedicação está exposto a sofrer as consequências advindas desse procedimento incorreto. Dentre as consequências, algumas reações adversas são destacadas por Telles Filho, Almeida e Pinheiro (2013, p. 197), as quais são: “reações alérgicas, intoxicações, interações medicamentosas e também podem retardar o diagnóstico de alguma patologia”. O profissional que assiste um paciente idoso deve aprender a lidar com sua limitação e orientar, frequentemente, o paciente a fim de minimizar a ocorrência de efeitos indesejáveis (BRASIL, 2006).

Os idosos tendem a usar maiores quantidades de medicamentos não prescritos porque sofrem mais com as doenças (SARAHROODI et al., 2012). As alterações relacionadas com a idade no metabolismo e na medicação referente (farmacocinética), bem como o efeito do medicamento no corpo (farmacodinâmico) levam a alterações na reação corporal aos medicamentos entre os idosos. Alterações farmacocinéticas podem resultar em congestionamento e agravamento de efeitos medicamentosos, aumentando os efeitos colaterais e interferências medicamentosas (SARAHROODI et al., 2012; VALI et al., 2011).

Em seus estudos, Filho, Almeida e Pinheiro (2013) verificaram os efeitos colaterais, reações alérgicas e intoxicações em um estudo com o objetivo de identificar e analisar a automedicação em relação à frequência, razões, justificativas, e influências em idosos que participam de uma Estratégia de Saúde da Família de uma cidade no estado de Minas Gerais. O principal motivo para a automedicação foi a dor, relatada por 41 (82%), seguida de influenza com 8 (16%). Quanto à justificativa 29 (58%) relataram que era por possuir o medicamento em casa e cinco (10%) devido ao difícil acesso à consulta médica.

De um modo geral, os adultos mais velhos geralmente recorrem à automedicação para aliviar os sintomas de suas doenças atuais; no entanto, os riscos desta prática são multiplicados na velhice. Em particular, esta faixa etária é mais vulnerável a eventos adversos de drogas devido às mudanças fisiológicas que ocorrem (LOCQUET et al., 2017).

Locquet et al. (2017) desenvolveram estudo para obter uma visão geral dos eventos adversos de saúde relacionados à automedicação entre indivíduos de 60 anos ou mais através de uma revisão sistemática da literatura. A pesquisa eletrônica identificou 4096 referências e os textos completos de 74 foram revisados, dos quais quatro foram retidos na análise: três tiveram um desenho transversal e um idoso seguiu em perspectiva. O primeiro estudo mostrou uma prevalência de 26,7% de reações adversas a medicamentos (RAMs) entre os idosos, o

segundo estudo encontrou uma prevalência de 75% de efeitos colaterais e, finalmente, um estudo prospectivo mostrou uma incidência de RAM de 4,5% entre idosos automedicados. Esses estudos mostraram que os eventos de saúde adversos relacionados à automedicação são relativamente frequentemente relatados. Eles também ressaltaram que analgésicos e anti-inflamatórios são os produtos mais automedicados, enquanto que as vitaminas e os suplementos dietéticos também parecem ser frequentemente auto administrados, mas por indivíduos mais velhos.

FATORES DESENCADEADORES DE REAÇÕES ADVERSAS AOS MEDICAMENTOS (RAMS)

Segundo a OMS, as RAMs são definidas como respostas não intencionais que atuam de forma prejudicial ou indesejável, em medicamentos utilizados na profilaxia, tratamento de doenças ou para Modificação das funções fisiológicas no homem (OMS, 2002).

As reações adversas aos medicamentos (RAMs) estão associadas a uma variedade de desfechos negativos relacionados a terapia medicamentosa, podendo em determinados casos influenciar na relação médico-paciente, existindo a desconfiança no profissional, surgindo então o retardamento ao tratamento, afetando o modo de viver dos pacientes. Alguns tipos de medicamentos ou classes terapêuticas relacionadas a envolvimento em RAM geralmente apresentam consequências graves, e na maioria dos casos o tratamento da RAM inclui a inclusão de novos medicamentos a terapêutica, elevando o risco da cascata iatrogênica (EBBESEN, 2001).

Arrais (2009) aborda vários fatores externos que podem influenciar o consumismo de drogas pela população.

A competitividade pelo mercado consumidor por parte das indústrias farmacêutica;

      • Disponibilidade de elevado número de medicamentos e especialidades farmacêuticas disponíveis no mercado, sendo que boa parte destes não apresenta eficácia e segurança comprovadas;
      • Indução à prescrição e ao consumo exagerado de medicamento direcionado aos profissionais de saúde e à população pelas propagandas lançadas pelas indústrias farmacêuticas;
      • Crescimento excessivo número de farmácias/drogarias no Brasil;
      • Crescente procura por drogarias/farmácias por parte da população para sanar problemas de saúde, antes de procurar atendimento médico;
      • Elevada presença de MIPs medicamentos de venda isenta de prescrição;
      • Facilidade no acesso de medicamentos de venda sob prescrição médica e controle especial;
      • Deficiência dos serviços médicos;
      • Venda de medicamentos fora da legalidade;
      • Influência do consumo de fármacos pela distribuição da população segundo sexo e faixa etária;
      • Depósito de grande confiança que atribuem à cura das doenças pelo uso de medicamentos.

Circunstâncias como as citadas anteriormente, podem agravar a saúde de pessoas usuárias de medicamentos. Fatores ainda mais comuns presenciados em nossos cotidianos são (ARRAIS, 2009).

      • A preferência por medicamentos de recente comercialização;
      • A venda indiscriminada de medicamentos sem receita;
      • A automedicação;
      • A indicação de tratamento por balconistas de farmácia;
      • O abuso na utilização de produtos para tratar disfunção erétil, psicotrópicos, anabolizantes, “pílula do dia seguinte”.

A presença de Fatores como a poli medicação, não adesão ao tratamento, desinformação passadas pelos profissionais de saúde, uso em desacordo com a prescrição, a prescrição irracional, devido desinformação ou não compreensão das informações são fatores que elevam o agravo à saúde dos usuários de medicamentos surgindo então as falsificações de medicamento (ARRAIS, 2011).

Por ser apontada como causa de morbimortalidade, o ideal, quando possível, para prevenir o aparecimento de uma RAM, seria realizar a suspensão ou redução da dose do medicamento, evitando a diminuição da sua ocorrência, permitindo a identificação ou o tratamento desta forma ocorreria a redução no seu impacto (EBBESEN, 2001).

As RAMs são classificadas quanto à natureza, casualidade e gravidade. O tratamento acontece por meio da suspensão da administração ou redução da dose, substituição do

medicamento, administração de medicamentos que reduzem ou anulam os efeitos adversos e outros. Os pacientes mais suscetíveis a desenvolver uma reação adversa são os pacientes que apresentam patologias associadas. A associação de medicamentos pode gerar uma potencialização de sua ação expondo o paciente à diversas reações adversas e até uma intoxicação medicamentosa, constituindo, portanto, causa de morbimortalidade (CARDOSO; AMORIM, 2013).

Várias ocorrências são originadas pelas RAMs, desencadeando desde ocorrências mais simples até as mais graves como: cáries dentárias, lesão gastrintestinais, flebite, queimadura, fibrose, inflamação, hemólise, taquicardia, anafilaxia entre outras (WILLS; BROWN, 1999).

Sendo que a maioria das Reações Adversas a Medicamentos ocorrem durante o uso da medicação. Na maioria dos casos o tratamento das RAMs ocorre após a retirada do medicamento (WILLS; BROWN, 1999).

O FARMACÊUTICO NO CUIDADO ÀS PESSOAS IDOSAS

As doenças crônicas têm um grande impacto na morbidade e mortalidade dos pacientes e representam um desafio para os serviços de saúde. Pacientes com doenças crônicas como a hipertensão podem se beneficiar de estratégias preventivas para detectar e tratar complicações em estágio inicial, reduzindo assim a morbidade e a mortalidade e consequentemente os custos relacionados à saúde (BRASIL, 2011). Um estudo recente realizado em Goiás entre 2000 e 2008 mostrou que 17,2% das internações ocorreram como resultado de doenças cardiovasculares que poderiam ter sido resolvidas no nível primário (BATISTA et al., 2012). Portanto, o Cuidado Farmacêutico pode representar uma ferramenta importante dentro da FHS, beneficiando pacientes com hipertensão controlando a pressão arterial (CASTRO et al., 2006).

Medicamentos são a principal forma de intervenção terapêutica, podem ser utilizados em diferentes patologias, seja de tratamento simples ou intensivo. No entanto, essa funcionalidade originou o interesse comercial e, a partir disto, existem medidas que tendem a estimular o consumo de medicamentos tais como o fácil acesso nas farmácias e drogarias, medicamentos de venda livre e propagandas de televisão, visando aos lucros e afirmando ter que buscar um médico apenas na persistência dos sintomas (MARQUES; ÁLVARES, 2014).

O autocuidado é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como atividades que indivíduos, famílias e comunidades realizam com a intenção de melhorar a saúde, prevenir doenças, limitar doenças e restaurar a saúde (OMS, 2011). O autocuidado e a automedicação atraíram um considerável interesse da política de saúde internacional, porque eles não só reduzem efetivamente o peso sobre os serviços de saúde, mas também melhoram a conformidade e o resultado da doença (YOU et al., 2011).

O profissional farmacêutico pode contribuir imensamente, informando aos pacientes sobre sua patologia e os medicamentos a serem administrados. É possível orientar tanto verbal como por escrito, instruindo sobre o modo correto de usar os medicamentos, os possíveis efeitos colaterais, como proceder em caso de esquecimento de doses e, ainda, sobre os riscos da automedicação e da interrupção do tratamento, sem o conhecimento do médico (LYRA JUNIOR, 2006).

Muitas vezes o público alvo da mídia são os idosos, nesta hora faz-se necessária a assistência farmacêutica como forma de intervenção, diante de uma situação de automedicação. Nesse contexto, o profissional assume uma posição interventiva avaliando cada caso e conduzindo o idoso ou cuidador, a fim de informar todas as possíveis atuações e interações do medicamento desejado e qual medicação seria mais indicada para a situação em questão. Isso porque a venda de alguns medicamentos pode não exigir uma prescrição médica, no entanto, não estão livres de reações adversas e efeitos colaterais (SANTOS et al., 2013; MARQUES; ÁLVARES, 2014).

Para Araújo et al. (2015), essa atitude de se automedicar pode estar ligada ao fato de que os idosos estão mais suscetíveis a problemas de saúde. Os autores ainda afirmam que a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e fatores como baixa escolaridade e o desamparo socioeconômico contribuem com a prática, uma vez que eles são menos assistidos e estão menos informados sobre os riscos da automedicação. Santos et al. (2013, p. 101) afirmam que esta prática não está necessariamente incorreta, visto que de fato os idosos necessitam utilizar vários medicamentos na garantia de uma melhor qualidade de vida, uma vez que apresentam doenças e “sintomas múltiplos”. No entanto, os autores expõem que é necessária uma “abordagem mais criteriosa e sistemática” ao se tratar de pessoas em idade avançada.

A automedicação inapropriada e errática, juntamente com a falta de conformidade, só será reduzida se os pacientes forem informados e entenderem claramente por que alguns conselhos foram dados (HERNANDEZ-JUYOL, 2002). É o resultado do modelo médico de

que as pessoas aprenderam. A saúde adequada educação deve ser dada aos pacientes. Ao adotar regularmente uma atitude educativa, podemos ter efeito em grandes setores da população, em pessoas que, por sua vez, podem influenciar diretamente seus amigos e familiares. Este aspecto é de particular importância no que diz respeito à automedicação de crianças por seus pais ou cuida (HERNANDEZ-JUYOL, 2002).

A principal causa do uso irracional de medicamentos é a automedicação, que geralmente ocorre pelo desejo rápido de cura, que na maior parte ocorre pela insatisfação com o sistema de saúde, que no Brasil é muito precário, o doente muitas vezes busca por atendimento médico, e a maior parte que necessita deste recurso é a população que se encontra na faixa de pobreza, buscam no SUS instituição que desde sempre atravessa problemas financeiros e administrativo onde infelizmente não há atendimento médico e orientação, levando o paciente a tomar a decisão de se automedicar, em busca de alívio dos sintomas de alguma dor (RICHETTI; FILHO, 2014).

Entende-se que o aconselhamento dado por um farmacêutico em relação ao melhor medicamento indicado em uma situação que o acompanhamento médico não se faz necessário “pode contribuir na busca pela qualidade e eficácia do acesso à saúde primária com vista à melhoria da saúde desta população” (BORTOLON; KARNIKOWSKI; ASSIS, 2007, p. 4). A intervenção farmacêutica ao paciente idoso pode elucidar além de nortear o paciente quanto ao seu tratamento farmacoterápico e diminui os riscos advindos dos fármacos e da interação medicamentosa.

Segundo o Código de Ética da profissão farmacêutica, o farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional farmacêutico de modo a contribuir para a salvaguarda da saúde pública e, ainda, todas as ações de educação dirigidas à comunidade na promoção da saúde (CFF, 2004).

Em face dessa questão, o farmacêutico desempenha função essencial em apoio ao paciente, devendo fazer um acompanhamento durante o tratamento e as intercorrências que geralmente se apresentam ao se utilizar fármacos prescritos ou não. Dessa forma, interações são evitadas, bem como doses indevidas ou automedicações. Tais precauções oferecem aos usuários melhores condições de recuperação. A atenção farmacêutica é a síntese dos propósitos, das atitudes, das responsabilidades específicas de cada processo, das posturas éticas, das responsabilidades do farmacêutico visando à racionalização da farmacoterapia voltada para melhoria da qualidade de vida do paciente (SOUSA, 2011).

Afim, de reduzir as complicações e os custos de saúde nos sistemas de saúde, foram procuradas estratégias que contribuam para esses objetivos e que envolvam diretamente o farmacêutico através de um programa de cuidados farmacêuticos, desenvolvido por Hepler e Strand nos ano de 1990, sendo que o objetivo é a otimização dos resultados clínicos da terapia medicamentosa, melhoria da qualidade de vida do paciente, a contribuição para o uso racional de medicamentos, e detecção, prevenção e solução para resultados associados à medicação (MARTINS; COSTA; CAROMONA, 2013).

O Monitoramento Farmacoterapêutico é definido como a prática profissional em que o farmacêutico assume a responsabilidade pelas necessidades do paciente relacionadas aos medicamentos. É uma ferramenta útil para contribuir para o uso adequado dos medicamentos e garantir seu uso seguro, efetivo e econômico. Tudo isto baseado numa boa comunicação e cooperação entre o doente e o pessoal de saúde (MACHADO-ALBA et al., 2011).

O Cuidado Farmacêutico é uma prática profissional em que o farmacêutico assume a responsabilidade pelos requisitos do paciente em relação à farmacoterapia. É consistente com a proposta de cuidados de saúde primários e pode ser definido como a provisão responsável de farmacoterapia com o objetivo de obter resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. De fato, a atenção farmacêutica promove a aderência com a farmacoterapia prescrita de forma sistemática, contínua e bem documentada através do estabelecimento de uma relação farmacêutico-paciente. O objetivo é identificar, resolver ou prevenir qualquer problema relacionado à droga que possa interferir com o propósito final de obter resultados satisfatórios através do tratamento (CIPOLLE et al., 2006).

Nos cuidados de saúde primários, as intervenções farmacêuticas podem efetivamente prevenir hospitalizações relacionadas a drogas (ROYAL et al., 2006). No entanto, na rede de cuidados de saúde primários do SUS, a atenção farmacêutica concentra-se nos processos de gestão e distribuição de medicamentos; daí o farmacêutico é mantido à distância do paciente e da equipe de saúde (ARAÚJO et al., 2008; FOPPA et al., 2008).

No novo contexto da Atenção Farmacêutica, a preocupação com o bem-estar do paciente tornou-se fundamental, onde o farmacêutico é essencial, pois soma seus conhecimentos e esforços junto a outros profissionais da saúde com a população, contribuindo para uma promoção da saúde com mais efetividade (BOVO et al., 2009).

Este pensamento aponta que o idoso, em parceria com um profissional farmacêutico auxiliando seu tratamento, estará mais bem orientado quanto aos cuidados que deve tomar,

ocasionado melhor e maior qualidade e expectativa de vida (FIDÊNCIO; YAMACITA, 2011). Por outro lado, o profissional de farmácia deve procurar métodos que possam contribuir com o paciente idoso, uma vez que eles necessitam de um cuidado diferenciado e específico a fim de aperfeiçoar o tratamento e diminuir os efeitos adversos.

O tratamento referido compreende: aferição de pressão arterial, verificação de glicemia, orientação quanto ao melhor horário de realizar a administração do medicamento, “elaborar desenhos, como sol e lua, que indicam o dia e a noite no esquema posológico de medicamentos, estudar alguns símbolos” que possam auxiliar na diferenciação de seus medicamentos, além de “orientar quanto à importância de uma boa alimentação e realização de atividades físicas para auxiliar nos bons resultados do tratamento” e de não fazer uso de medicação acompanhamento do médico ou farmacêutico (FIDÊNCIO; YAMACITA, 2011, p. 35).

No Brasil, um dos maiores problemas que agravam o uso racional de medicamentos é a precariedade da assistência pública de saúde, onde o acesso a um atendimento de qualidade é difícil, pois a grande maioria da sociedade ocupa a faixa de pobreza, e não dispõe de recursos financeiros tornando a pratica da automedicação um ato comum. Mas o fator financeiro não é suficiente para explicar a automedicação, pois os fatores como classe social, escolaridade, falta de acesso a informação e os fatores culturais principalmente, englobam o contexto (SOUZA et al., 2008). Observa se também o alto consumo de medicamentos nas classes privilegiadas da sociedade, isto pela facilidade ao acesso ao medicamento, à forma instintiva levada ao consumo exagerado de medicamentos sem que se tenha base racional (AQUINO, 2007).

CONCLUSÃO

O aumento da população idosa é uma realidade, os idosos são os que mais dependem de tratamentos medicamentosos prolongados ou contínuos. Nesta perspectiva, a assistência farmacêutica tem por objetivo promover o uso racional de medicamentos, no entanto, torna-se importante salientar que o idoso reage de forma diferente aos medicamentos, portanto, deve estar ciente sobre os possíveis efeitos e interações dessa medicação.

Neste trabalho, o foco foi justamente a necessidade de se evitar o uso indiscriminado de medicamentos, cuja interação pode provocar situações de grande desequilíbrio na saúde dos pacientes que, costumam, também, se automedicar.

A ação da equipe multiprofissional, especialmente nesses casos, é de fundamental importância, porque, possuindo o conhecimento técnico, tem-se, ainda, a oportunidade de convencer os pacientes, através das explicações e do cuidado no atendimento, a aderir ao tratamento, minimizando, desta forma, o sofrimento que a doença pode causar.

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