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Os Desafios do Enfermeiro para a Realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica

RC: 6404
198
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CONTEÚDO

BRITO, Claudia Gonçalves Andrade [1], BARCELOS, Vagner Marins [2]

BRITO, Claudia Gonçalves Andrade; BARCELOS, Vagner Marins. Os Desafios do Enfermeiro para a Realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 13. pp 129-143., janeiro de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma ferramenta inovadora, relevante na prática assistencial da Atenção Básica, enfrentando entraves durante a sua implementação. O objetivo deste estudo é identificar os desafios para a implantação da SAE. Trata – se de um estudo de natureza descritiva e exploratória, por meio de uma revisão de literatura, realizadas a partir de estudos publicados na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), nas bases de dados: LILACS, MEDLINE e BDENF, no período de 2006 A 2016, a partir dos descritores: Enfermagem, Atenção Básica e Sistematização da Assistência de Enfermagem. Após análise dos artigos foi criado 02 categorias: 1) Sistematização da Enfermagem (SAE) na Atenção Básica uma ferramenta caminhando para organizar a assistência 2) Entraves na consolidação da SAE é um instrumento muito importante na Atenção Básica. O resultado mostra que a SAE é um instrumento muito importante na prática assistencial, mas que ainda existem barreiras na sua utilização. Conclui-se que esse instrumento é relevante para o processo de enfermagem ao cuidado, fornecendo uma assistência organizada e de qualidade de suma importância, onde necessita de profissionais envolvidos, que reflitam sobre suas ações na prática assistencial na saúde da Atenção Básica.

Palavras-Chave: Enfermagem, Atenção Básica, Sistematização da Assistência da Enfermagem.

1. INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS) começou a ser discutido no Brasil através dos movimentos populares que ganhou força com a Reforma Sanitária Brasileira e se consolidou na constituição de 1988. O SUS, regulamentado pela lei 8080/90 e pela lei complementar 8142/90 traz em seus textos princípios e diretrizes como: Universalidade, Integralidade, Equidade e Participação popular.

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Desta forma, a atenção básica tem o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades (BRASIL, 2012).

Visando garantir os princípios e diretrizes do SUS o Ministério da Saúde implanta a Estratégia de Saúde da Família para reorganizar os serviços e proporcionar uma estratégia capaz de promover a qualidade de vida dos usuários, superando a antiga proposição de caráter exclusivamente centrado na doença desenvolvendo-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe dirigidos as populações de territórios delimitados pelos quais assume responsabilidade (BRASIL, 2000).

As equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) são compostas pelos seguintes profissionais: 01 Enfermeiro, 01 Médico, 01 Técnico de Enfermagem, 4 a 12 agentes comunitários de saúde responsáveis por uma população adstrita de no máximo 4000 pessoas de uma determinada área (BRASIL, 2012).

O Enfermeiro possui papel estratégico nas equipes do ESF, pois os mesmos são responsáveis por planejar as ações e organizar o cotidiano das unidades. A Sistematização de Enfermagem (SAE) é importantíssima para cuidar e assistir o ser humano, atendendo suas necessidades básicas de forma sistemática dinâmica.

Os estudos sobre a SAE no Brasil tiveram destaque somente no final dos anos de 1980, quando o decreto lei n 94406/87 que regulamenta o exercício profissional no país definiu em sua composição a atividade privativa do enfermeiro. Em 2009 o COFEN firma a importância da SAE por meio da resolução 358?2009, que dispõe sobre a SAE e a implantação do processo de enfermagem (GUIMARÃES, 2012).

Para os cuidados de enfermagem, necessita-se que o profissional tenha discernimento para atuar nesse campo e aplicar a sistematização com sabedoria e domínio aplicando uma assistência integral diferenciada e qualificada colaborando para uma maior resolutividade do problema. Esse processo se divide em 05 etapas: Investigação, Diagnóstico, Planejamento, Implementação e Avaliação.

Segundo Vanda Horta (1985):

“Ao estabelecer os cuidados de enfermagem, viabilizamos uma autonomia nos nossos cuidados ao cliente, dando ênfase ao planejamento da assistência.”

Tendo em vista as informações acima, observa-se que este processo de sistematização do trabalho também é de extrema relevância para os enfermeiros da atenção básica. Desta forma, delimitou-se como problema da pesquisa: Quais os desafios enfrentados pelo profissional para a realização efetiva da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica?

O objetivo deste estudo e identificar os desafios para a implantação da Sistematização de Enfermagem no âmbito da Atenção Básica. Tendo em vista os objetos e as questões norteadoras supradescritos, objetivou-se com esta pesquisa identificar quais os desafios enfrentados pelo profissional para a realização efetiva da Sistematização da Assistência de Enfermagem.

A justificativa deu-se pela necessidade de enumerar os desafios enfrentados pelo Enfermeiro na Sistematização da Assistência de Enfermagem na atenção básica. A identificação dos desafios possibilita a construção de estratégias de enfrentamento dos problemas de modo a proporcionar maior qualidade no serviço prestado.

Espera-se que este trabalho possa contribuir para melhoria da prática profissional de enfermagem na Atenção Básica, buscando maior resolutividade para os desafios enfrentados por esses profissionais no que se refere a esta temática, proporcionando assim, uma prática de enfermagem com mais excelência.

2. METODOLOGIA

Para a elaboração da presente pesquisa, foi realizado um estudo de natureza descritiva e exploratória, por meio de uma revisão de literatura sobre a temática do processo de trabalho do enfermeiro na atenção básica. A fim de obter um maior conhecimento acerca da temática abordada, foi realizada uma pesquisa com base em artigos já publicados sobre o tema.

Desse modo, serão estudados artigos publicados no período de 2006 – 2016 intervalos de 10 anos, em periódicos de enfermagem brasileiros que tratem do tema. Os critérios de inclusão serão: o tipo de publicação, o país e o ano em que os mesmos foram publicados. Para a análise dos artigos serão usados os seguintes descritores: Enfermagem; Atenção Básica; Sistematização da Assistência de Enfermagem.

Para realizar a coleta de dados, serão investigadas produções indexadas nas seguintes bases: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados de Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (Medical Literature Analysis and. Retrieval System Online – MEDLINE) e Base de dados em enfermagem (BDENF).

O período delimitado para a realização da pesquisa compreenderá os meses de julho de 2016 a outubro do mesmo ano. A localização e a seleção dos artigos foram efetuadas a partir da busca de trabalhos que contem a temática do estudo, respeitando o recorte temporal definido para a pesquisa, e considerando os artigos completos e escritos em língua portuguesa. Suprimindo os indisponíveis nas bases de dados, os incompletos, aqueles que não responderão o objetivo da pesquisa e os que aparecerão repetidos.

A pesquisa iniciou-se na base de dados aplicando descritores individualmente (Quadro I).

    ESCRITORES MEDLINE LILACS BDENF TOTAL
Enfermagem 477.918 30682 24700 533300
Atenção Básica 64.039 8825 1468 74332
Sistematização da Assistência de Enfermagem 32 456 448 936
TOTAL 541.989 32.598 26.616 608.568


Quadro 1: Distribuição quantitativa das bibliografias encontradas nas bases de dados com descritores em dupla.

Depois de iniciar a coleta inicial, observou-se a necessidade de aperfeiçoar, devido ao extenso número de artigos encontrados. Realizou-se uma nova pesquisa com os descritores duplamente associados (Quadro 2).

DESCRITORES MEDLINE LILACS BDENF TOTAL
Enfermagem e atenção básica 10313 1182 783 12278
Enfermagem e SAE 32 456 448 936
Atenção básica e SAE 0 12 12 24
TOTAL 10.345 1.650 1.243 13.238


Quadro 2: Distribuição quantitativa das bibliografias encontradas nas bases de dados com descritores em dupla.

Em ocorrência da extensão de artigos encontrados, foi feito uma nova pesquisa associando os três descritores (Quadro 3).

DESCRITORES MEDLINE LILACS BDENF TOTAL
Enfermagem, atenção básica, Sistematização da assistência de enfermagem 0 12 12 24


Quadro 3: Distribuição quantitativa das bibliografias situadas nas bases de dados com descritores em trio.

BASE DE DADOS AUTORES ANO TÍTULO FONTE
LILACS Mazzo, Maria Helena Soares da Nóbrega;  Brito, Rosineide Santana de. 2016 Instrumento para consulta de enfermagem à puérpera na atenção básica Rev Bras Enferm; 69(2): 316-325, mar.-abr. 2016. tab
| LILACS Pina, Juliana Coelho;

Mello, Débora Faleiros de, and. al

2006. Utilização de instrumento de registro de dados da saúde da criança e família e a prática do enfermeiro em atenção básica à saúde Rev Bras Enferm; 59(3): 270-273, maio-jun. 2006.
| LILACS Barros, Débora Gomes;

Chiesa, Anna Maria

2007 Autonomia e necessidades de saúde na sistematização da assistência de Enfermagem no olhar da saúde coletiva Rev Esc Enferm USP; 41(n. esp): 793-798, dez. 2007. ilus
LILACS Maroso Krauser, Ivete; Adamy, Edlamar Kátia; and al 2015 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA: O QUE DIZEM OS ENFERMEIROS? Cienc. enferm; 21(2): 31-38, ago. 2015.
| BDENF Alves, Kisna Yasmin Andrade;

Dantas, Cilene Nunes;

and. al

2013 Vivenciando a classificação internacional de práticas de enfermagem em saúde coletiva: relato de experiência Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 17(2): 381-388, abr.-jun. 2013.
BDENF Busanello, Josefine;

Silva, Fernanda Machado da;

and. al

2013 Assistência de enfermagem a portadores de feridas: tecnologias de cuidado desenvolvidas na atenção primária Rev. enferm. UFSM; 3(1): 175-184, jan.-abr. 2013.
BDENF Alves, Kisna Yasmin Andrade;

Salvador, Pétala Tuani Candido de Oliveira;  and AL.

2013 A sistematização da assistência de enfermagem em crianças vítimas de bullying Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 5(5, n. esp): 111-121, dez. 2013. tab
LILACS- Lagana, Maria;  Malveira, Fernanda;  

2013

Estratégia de inovação no ensino de enfermagem na atenção domiciliar a idosas* Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 5(3)jul.-set. 2013.


Quadro 04. Distribuição dos artigos para bibliografia potencial.

Após a seleção da bibliografia potencial, esta foi submetida a uma leitura crítica e interpretativa, seguindo abaixo as principais considerações de cada estudo.

Autores/Ano Título Objetivos Metodologia Principais considerações e recomendações
Mazzo, Maria Helena Soares da Nóbrega;

Brito, Rosineide Santana de ( 2016 )

Instrumento para consulta de enfermagem à puérpera na atenção básica Construir um instrumento de Consulta da Enfermeira para puérpera na Atenção Básica. Estudo de abordagem qualitativa de natureza metodológica O instrumento elaborado viabiliza a importância da assistência à puérpera de forma sistematizada.
Pina, Juliana Coelho;

Mello, Débora Faleiros de;

and al

( 2006 )

Utilização de instrumento de registro de dados da saúde da criança e família e a prática do enfermeiro em atenção básica à saúde Evidenciar potencialidades para a sistematização da assistência de enfermagem e para a organização de informações e de melhores intervenções e saúde Estudo de pesquisa descritiva objetiva a observação, descrição e documentação. O instrumento fala da assistência à criança, com profissional capacitado de forma sistematizada no âmbito coletivo e ou individual
Barros, Débora Gomes;

Chiesa, Anna Maria

(2007 )

Autonomia e necessidades de saúde na sistematização da assistência de Enfermagem no olhar da saúde coletiva Revisar os conceitos de autonomia e necessidades de saúde e suas aplicações nas diferentes propostas de sistematização da assistência de enfermagem a fim de contribuir com a nova visão de atenção à saúde a partir da assistência de enfermagem. Trata- se de um estudo descritiva

e exploratória, por meio de uma revisão de literatura sobre sistematização da assistência de enfermagem, autonomia e necessidades de saúde

Relata a reflexão do Enfermeiro na assistência na saúde coletiva nas diferentes propostas da sistematização
Maroso Krauser, Ivete;

Adamy, Edlamar Kátia;

and al

(2015)

Sistematização da assistência de enfermagem na atenção básica: o que dizem os enfermeiros? Identificar o conhecimento que os Enfermeiros, inseridos na Atenção Básica, no Brasil, tem sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Estudo de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo. Esse estudo visa relatar o conhecimento do Enfermeiro sobre a SAE, e a fragilidade desta mediante a esta ferramenta, concluindo   a necessidade da educação permanente nos serviços de saúde.
Alves, Kisna Yasmin Andrade;

Dantas, Cilene Nunes;

and al

( 2013 )

Vivenciando a classificação internacional de práticas de enfermagem em saúde coletiva: relato de experiência Realizar um relato de experiência acerca da construção de roteiros para consultas de Enfermagem na assistência na Atenção Básica utilizando o CIPESC, articulado na SAE. Relato de experiência. Esse estudo estimula o Enfermeiro a refletir sobre suas ações nas práticas em Saúde Coletiva e a importância da SAE articulada CIPESC
Busanello, Josefine;

Silva, Fernanda Machado da;

and al

( 2013 )

Assistência de enfermagem a portadores de feridas: tecnologias de cuidado desenvolvidas na atenção primária Conhecer as tecnologias de cuidado implementadas no cuidado a indivíduos portadores de feridas em unidades de atenção primária. Estudo de abordagem qualitativa, de caráter exploratório Foi observado nesse estudo a preocupação da enfermagem com a implantação das tecnologias leves e leves duras, sinalizando a necessidade da comunicação e o vínculo para alcançar a resolutividade.
Alves, Kisna Yasmin Andrade;

Salvador, Pétala Tuani Candido de Oliveira;

and al

( 2013 )

A sistematização da assistência de enfermagem em crianças vítimas de bullying Caracterizar o perfil das crianças vítimas de bullying, bem como realizar a SAE utilizando para tanto os diagnósticos de enferma intervenções de enfermagem da CIPESC Estudo de abordagem qualitativa de caráter exploratório Relata a importância da consulta de enfermagem sistematizada a criança vítima de bullying apontando as necessidades humanas básicas no processo saúde doença.
Lagana,Maria;

Malveira,Fernanda;

and al  ( 2013 )

Estratégia de inovação no ensino de enfermagem na atenção domiciliar a idosas Proporcionar aos estudantes a ampliação do escopo da Atenção Básica para além das atividades de assistência domiciliar, introduzindo atividades de internação domiciliar, para a compreensão das interfaces do Sistema Único de Saúde. Relato de experiência Esse estudo mostra a diferença de um cuidado na atenção domiciliar as idosas em áreas contempladas com a Estratégia da Família e uma unidade Básica.


Quadro 5. Descrição dos estudos que compõe a bibliografia potencial

Com base nos estudos abordados, com vistas na construção de unidades temáticas, emergiram as seguintes categorias a se discutir.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 SISTEMATIZAÇÕES DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA UMA FERRAMENTE CAMINHANDO PARA ORGANIZAR A ASSISTÊNCIA

Nesta categoria iremos discutir como a sistematização da assistência de enfermagem pode auxiliar na melhoria da atenção básica. A portaria 2488/2011 nos diz atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, e a manutenção da saúde, e que esta estratégia se implanta no Brasil para organizar a rede de atenção à saúde.

A sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) utiliza método e estratégia de trabalho científico visando à identificação das situações de saúde/doença, para subsidiar ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade, partindo deste conceito podemos entender que a SAE é um instrumento fundamental na atenção básica, pois com ele será possível  instrumentalizar a assistência na comunidade.

Lagana et.al (2013) afirma que a sistematização é uma ferramenta de tecnologia de acesso a família, para facilitar o diagnóstico e intervenções de enfermagem, apresentando uma demanda potencial de procedimentos de enfermagem mais complexos durante a assistência domiciliar. Mazzo et.al (2016) corrobora com Lagana et.al quando diz que a SAE proporcionar de forma sistematizada a assistência de Enfermagem ajudando na articulação do processo assistencial na atenção básica.

Outros autores como Maroso et.al (2015) enfatiza que o conhecimento inadequado ou insuficiente dos profissionais de enfermagem acerca do SAE ocasiona uma dificuldade na implantação, adesão e realização desta nos serviços de saúde.  Observando-se a necessidade da educação permanente nos serviços de saúde discutindo a SAE no dia a dia da assistência e apontando para o seu desenvolvimento no exercício profissional.

A partir das discussões dos autores citados podemos observar que a SAE é um importante instrumento para a consolidação dos resultados positivos na atenção básica, mas que os enfermeiros ainda enfrentam dificuldades na sua utilização sendo necessárias ações de educação permanente.

4.2 ENTRAVES NA CONSOLIDAÇÃO SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

Nesta categoria pretendemos discutir os possíveis entraves na implantação da Sistematização da assistência de enfermagem na Atenção Básica.

Barros e Chiesa (2007) afirmam que o modo que os serviços de saúde são organizados com uma oferta de ações, a partir da demanda sem que se considerem as necessidades como um todo, torna se muito complexo um processo de Sistematização da assistência, pois as equipes focam as suas ações nas demandas momentâneas esquecendo-se de planejar o futuro. Pina et.al (2006) afirma que os Enfermeiros da atenção básica não têm organização em relação a ter uma ferramenta que o auxilie na sua assistência, vendo a SAE como um instrumento colaborador onde irá proporcionar uma assistência de qualidade na Estratégia Saúde da Família, desde que esse seja utilizado como protocolo e o profissional capacitado.

A importância da sistematização da assistência de enfermagem, aponta que uma assistência sistematizada aponta as necessidades humanas básicas que envolvem o processo saúde/doença, permitindo compreender os diagnósticos e intervenções oriundas de cuidados Alves et.al (2013), segundo Busanello et.al (2013) a sistematização da assistência de enfermagem também pode ser uma oportunidade para a reflexão dos processos, sobre suas ações e atualizar as práticas a partir dos novos elementos.

Kisna Alves et.al (2013) aponta a deficiência da formação dos profissionais na sistematização principalmente no âmbito da Atenção Básica, tendo também apontado a incapacidade para a implantação na Atenção Básica pelos profissionais de saúde dados pela precariedade nos serviços.

Com a discussão podemos observar que a SAE é um instrumento muito importante na atenção básica, mas ainda existem falhas na sua utilização seja pela demanda do trabalho seja pela falta de capacitação do profissional sobre a importância do instrumento e até o seu processo de aplicação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo me fez perceber que a finalidade de implantar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) na Atenção Básica é para organizar o cuidado a partir de um método sistematizado, proporcionando ao enfermeiro a definição do seu espaço de atuação e de seu desempenho no campo da atenção Básica e da assistência em enfermagem, levando a informação da linguagem no que se refere a SAE. No entanto o profissional enfermeiro deve-se apropriar destes conceitos para a aplicabilidade do SAE na sua prática, buscando melhorar a qualidade da sua assistência ao ser humano. Com base nesse estudo descritivo, ainda são encontradas barreiras na implantação deste instrumento, porém observa- se a SAE é como uma ferramenta inovadora e vital para o processo de enfermagem ao cuidado, assistência organizada e de qualidade, de suma importância na assistência da saúde da Atenção Básica. O que nos propõem o (SAE) deve ser muito bem embasada, sendo acima de tudo uma assistência sistematizada e especifica para cada cliente, já que tal levantamento de dados é o alicerce no qual se fundamenta o cuidado da enfermagem. Portanto a Sistematização da Assistência de Enfermagem é muito importante para nossa prática, pois se observa a necessidade de se capacitar melhor nossos profissionais para que assim possamos oferecer um cuidado integral e qualificado a nossos clientes.

REFERÊNCIAS

ALVES, Kisna Yasmin Andrade; SALVADOR, Pétala Tuani Candido de Oliveira; DANTAS, Cilene Nunes; DANTAS, Rodrigo Assis Neves. A sistematização da assistência de enfermagem em crianças vítimas de bullying.

ALVES, Kisna Yasmin Andrade; DANTAS, Cilene Nunes; SALVADOR, Pétala Tuani Candido de Oliveira; DANTAS, Rodrigo Assis Neves. Vivenciando a classificação internacional de práticas de enfermagem em saúde coletiva: relato de experiência. Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 17(2): 381-388, abr.-jun. 2013.

BARROS, Débora Gomes; CHIESA, Anna Maria. Autonomia e necessidades de saúde na sistematização da assistência de Enfermagem no olhar da saúde coletiva. Rev Esc Enferm USP; 41(n. esp): 793-798, dez. 2007.

BUSANELLO, Josefine; SILVA, Fernanda Machado da; SEHNEM, Graciela Dutra; POLL, Marcia Adriana; DEUS, Luise Monteiro Lobão de; BOHLKE, Thyelle da Silva. Assistência de enfermagem a portadores de feridas: tecnologias de cuidado desenvolvidas na atenção primária.Rev. enferm. UFSM; 3(1): 175-184, jan.-abr. 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. A implantação da unidade de Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde, 2000. (Série Cadernos de Atenção Básica 1).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

FASSARELLA S.C, OLIVEIRA de R.M. A Inovação na Formação: A Importância do Conhecimento Acadêmico sobre Sistematização de Enfermagem. pesq.: cuid. Fundam. Online 2010. Out/dez. 2(Ed.Supl.):623 -627.

GUIMARÃES Zelma Miriam Barbosa, RODRIGUES, Gilmara Santos. Consulta de Enfermagem: Implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem Ambulatorial em um Complexo Hospitalar Universitário. Revista Gestão Pública Recife outubro 2012.

LAGANA, Maria; MALVEIRA, Fernanda; MELO, Jácia; SILVA, Rafael; CARVALHO, Rafaela; CABRAL, Ana. Estratégia de inovação no ensino de enfermagem na atenção domiciliar a idosas*Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 5(3)jul.-set. 2013.

MAROSO, Krauzer, Ivete; ADAMY, Edlamar Kátia; AMORA, Ascari, Rosana; FERRAZ, Lucimare; LIMA Trindade, Leticia; NEISS, Mariluci. Sistematização da Assistência de Enfermagem na atenção básica: o que dizem os enfermeiros?Cienc. Enferm; 21(2): 31-38, ago. 2015.

MAZZO, Maria Helena Soares da Nóbrega; BRITO, Rosineide Santana de. Instrumento para consulta de enfermagem à puérpera na atenção básica . Rev Bras Enferm; 69(2): 316-325, mar.-abr. 2016. Tab.

PEREIRA L.L, PRIEL R.M, MENEZES T.R.S. Autonomia e vulnerabilidade do Enfermeiro na pratica da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(4):953-8

PINA, Juliana Coelho; MELLO, Débora Faleiros de; LUNARDELO, Simone Renata. Utilização de instrumento de registro de dados da saúde da criança e família e a prática do enfermeiro em atenção básica à saúde . Rev Bras Enferm; 59(3): 270-273, maio-junv.

RODRIGUES S.R.G. Consulta de Enfermagem: Implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem Ambulatorial em um Complexo Hospitalar Universitário. Revista Gestão Pública: Práticas e Desafios, Recife, v.III, n.5, out.2012.

SANTOS dos N.W. Sistematização da Assistência de enfermagem: o contexto histórico, o processo e obstáculos da implantação. J Manag Prim Health Care 2014;5(2):153-158.

SILVA da G.D.and al.OMarco de Wanda Horta de Aguiar Horta para o processo de enfermagem no Brasil. Ver. Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente (Supl-I):56-59,2011

[1] Enfermeira Obstétrica pela Universidade Católica de Petrópolis. Especialista em Enfermagem em Promoção da Saúde.

[2] Mestrando em Enfermagem pela Aurora Afonso Costa (EEAAC) UFF. Especialista em Saúde Mental.

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