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Dificuldades da atenção primária à saúde frente às neoplasias do colo do útero

RC: 84972
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CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA

CAVALCANTI, Débora Cristina De Lima Leão [1]

CAVALCANTI, Débora Cristina De Lima Leão. Dificuldades da atenção primária à saúde frente às neoplasias do colo do útero. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 07, pp. 80-94. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/dificuldades-da-atencao

RESUMO

Objetivo: Evidenciar as dificuldades da atenção primária à saúde na identificação precoce das neoplasias do colo do útero. Método: Revisão integrativa da literatura realizada por meio de consulta às bases de dados: MEDLINE, BDENF e LILACS, entre janeiro e fevereiro de 2021, respondendo à questão norteadora: Quais as dificuldades enfrentadas pela atenção primária à saúde na identificação precoce das neoplasias do colo do útero? Resultados: Os 8 estudos selecionados abordaram o rastreamento e busca ativa, planos de cuidados, a influência dos fatores socioeconômicos, e as limitações como achados importantes que influenciam na saúde pública brasileira. Conclusão: A atenção primária à saúde possui força em uma comunidade quando possui equipe e gestão qualificada como forma de superar as iniquidades e reduzir as comorbidades de relevância pública através do rastreamento.

Descritores: Atenção primária à saúde, Saúde da mulher, Neoplasias do colo do útero.

INTRODUÇÃO

O câncer de colo de útero (CCU) permanece sendo uma importante questão de saúde pública, de acordo com os dados do INCA (2019) houve uma elevação para 16.590 novos casos com um risco estimado de 15,43 a cada 100 mil mulheres para cada ano do triênio 2020-2022. É a terceira localização primária de incidência e a quarta de mortalidade por câncer em mulheres no país, sem levar em consideração os tumores de pele não melanoma, além de ser responsável por mais de 300 mil óbitos por ano, sendo marcado por ter ultrapassado a terceira causa mais frequente de morte por câncer em mulheres (INCA, 2019).

Por ser uma doença insidiosa, ela pode se desenvolver sem sintomas durante a sua fase inicial e ter evolução durante o sangramento vaginal de caráter casual ou após as relações sexuais, podendo estar presente alteração do aspecto da secreção vaginal e dores abdominais concernentes às queixas urinárias, podendo até alcançar o sistema intestinal nos casos mais avançados. Por isso, a importância do rastreamento deve ser destacada através da educação em saúde em sua totalidade, bem como durante os exames citopatológicos para evitar futuras complicações (INCA, 2020).

Esse tipo de câncer tem como principal fator de risco o Papilomavírus Humano (HPV), que possui alguns subtipos, sendo os oncogênicos 16 e 18, que correspondem a 70% dos casos. Segundo o INCA (2020), existem outros fatores de risco que também podem estar associados à possibilidade de adquirir a doença, estão no início precoce da atividade sexual, tabagismo, baixa condição socioeconômica, imunossupressão, a multiplicidade dos parceiros sexuais, dentre outras causas. O câncer do colo do útero pode acometer mulheres a partir dos 30 anos, sendo raro. No entanto, possui incidência na faixa etária de 45 a 50 anos, somado a uma mortalidade aumentada a partir dos 40 anos de idade (INCA, 2016).

Para que seja possível o rastreamento e detecção precoce do CCU, a Atenção Primária à Saúde (APS) possui papel importante, pois é onde ocorre o primeiro contato com a mulher, devendo estar articulada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), estando pautado na transversalidade entre as políticas públicas de saúde (BRASIL, 2008). E isso, só será possível através do acolhimento desenvolvido pelos profissionais que compõem a equipe mediante escuta qualificada, inclusive no respeito aos direitos dos usuários, portanto fundamentais para a afirmação enquanto estratégia de produção coletiva (BRASIL,1990).

O presente estudo se apresenta de grande relevância, pois possibilitará a compreensão quanto a contribuição da APS na detecção das neoplasias do câncer do colo do útero durante a realização do exame Papanicolau e como poderá mitigar as dificuldades.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo que utiliza como metodologia a revisão integrativa da literatura, onde foram encontrados artigos que retratavam abordagens quantitativa e qualitativa, a qual tem o propósito de contribuir para o conhecimento da Enfermagem na área da saúde da mulher, baseando-se em evidências científicas.

Para auxiliar o desenvolvimento deste estudo, foram percorridas as seguintes etapas: elaboração da questão norteadora: Quais as contribuições da atenção primária à saúde na detecção precoce do câncer do colo do útero; definição dos critérios de inclusão e exclusão das produções científicas; busca dos estudos nas bases de dados; análise e categorização dos estudos; resultados e discussão dos achados para a presente pesquisa.

O levantamento bibliográfico foi realizado nas bibliotecas eletrônicas Scientific Eletronic Libray Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com as seguintes bases de dados: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF) disponibilizados diretamente pelo site da base, no período de 2016 a 2021. Em cada base, seguiu-se a ordem: Atenção primária à saúde AND Saúde da mulher AND Neoplasias do colo do útero AND.

Os descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados na construção deste artigo foram: Atenção primária à saúde, saúde da mulher, neoplasias do colo do útero. Os critérios de inclusão adotados foram: artigos disponibilizados na íntegra com acesso gratuito, publicados em língua portuguesa, inglesa e espanhola entre os anos de 2016 a 2021 e que atendessem aos objetivos do estudo. Foram excluídos artigos duplicados, resenhas, anais de congressos, ensaios clínicos, teses, monografias, dissertações, ou que não possuíssem texto completo.

Após a busca das publicações, os títulos e resumos foram lidos e categorizados segundo os critérios de inclusão e exclusão, e em seguida fez-se a seleção quanto à relevância e à propriedade no que tange ao objetivo deste estudo, foram encontrados 444 artigos ao todo, no fluxograma 1 pode se observar o método de escolha para resultar nos 8 artigos utilizados neste trabalho.

Logo após os artigos serem lidos na íntegra, analisados, interpretados e apresentados sob a forma de texto e tabela através de uma avaliação da síntese e considerações de cada estudo analisado, onde compuseram as seções narrativas e foram organizados contendo suas principais informações, objetivando-se captar as evidências científicas que abordassem o tema proposto.

Figura 1. Fluxograma referente ao levantamento bibliográfico nos meses de janeiro e fevereiro de 2021.

Fonte: Autoria própria, 2021.

Vale ressaltar que por se tratar de um estudo de revisão elaborado a partir da coleta de informações disponíveis em bases de dados de domínio público, este estudo não precisou ser submetido à análise de um Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, foi respeitado o aspecto ético em sua totalidade, ao garantir a autoria das produções científicas selecionadas para análise.

RESULTADOS

De acordo com a classificação, as pesquisas que compuseram a amostra da literatura e enquadram-se como artigos originais (n= 8) e para a apuração dos dados, elaborou-se um instrumento com as seguintes variáveis: título do artigo, autores, ano de publicação, objetivos, delineamento periódico e seus principais resultados, conforme disposto no quadro 1.

Quadro 1: Caracterização dos estudos analisados quanto ao título do artigo, autores, ano de publicação, objetivos, delineamento, e seus principais resultados (n= 8).

Fonte: Autoria própria, 2021.

DISCUSSÃO

De acordo com a análise dos artigos selecionados, conforme dispostos no quadro 1, os profissionais da saúde da Atenção primária, unidade conhecida como a porta de entrada do Sistema único de saúde, ordenadora e coordenadora do cuidado, deve se atentar quanto aos tópicos de rastreamento adequado, como idade a partir dos 25 anos com o início da atividade sexual e seguindo até os 64 anos considerando algumas especificidades. Torna-se essencial a busca ativa, campanhas de conscientização, vacinação contra o HPV desde a infância, conhecer o território adscrito e a população-alvo, orientar e encaminhá-las para outros pontos de atenção que fazem parte dos deveres do Estado e direito das usuárias (PATERRA et al., 2020).

A fragilidade da busca ativa pode acarretar em sérios problemas nos resultados da saúde pública do Brasil, devendo ser desenvolvida estratégias pertinentes de comunicação entre os profissionais que compõem a equipe de atenção primária com as usuárias, para que a continuidade do cuidado seja preservada. Ou seja, o enfermeiro tem o papel de apoiar, realizar escuta qualificada, regular os fluxos dos usuários frente à detecção precoce do câncer de colo do útero, referenciar e contra referenciá-las quando cabível em tempo oportuno (NOGUEIRA et al., 2019).

Outro ponto que foi considerado dificuldade durante as consultas ginecológicas e rastreio ativo para o controle do câncer do útero, está localizado na zona rural. Esta localidade revelou ser uma importante barreira geográfica para acesso aos exames citopatológicos. Além disso, mostrou que usuários, mesmo com condições socioeconômicas semelhantes aos que residem nos centros urbanos, possuem entraves consideráveis quanto a essa temática (NOGUEIRA, 2019).

No tocante ao que se refere ao conceito de escolaridade, mulheres que possuem pouco conhecimento sobre o assunto não se interessam em saber mais a fundo o que ocorre com as mudanças do seu corpo, assim como outro fator que predispõe a esse achado está no estado civil. Foi visto que quanto maior for o número de mulheres casadas, a proporção do risco de contrair o HPV é maior quando comparado com as de estado civil solteira, como justificativa de se proteger mais por não conhecer tanto o parceiro (FERNANDES et al., 2019).

Todavia, outro estudo constatou que as mulheres solteiras possuem aumento na predisposição para o desenvolvimento do câncer de colo de útero por terem multiplicidade de parceiros sexuais. Para tanto, o enfermeiro frente a esse cenário deve ter uma visão holística, centrado no cuidado da usuária, trazendo confiança durante as consultas, apresentar os materiais que serão utilizados durante o rastreio, tirar todas as dúvidas e buscar sempre um maior vínculo com a mesma, para que seja possível a quebra do paradigma (DANTAS et al., 2018).A equipe de saúde deve valorizar as queixas da mulher, estar disposta a ouvi-la, sem a minimização dos seus problemas e reconhecer seus direitos a esclarecimentos e informações (SILVA et al., 2016).

Outro marcador que deve ser pontuado são as limitações dos horários de funcionamento dos serviços de saúde, a demora na marcação do exame e o excesso de burocracia também são fatores que contribuem para a baixa adesão ao serviço primário de saúde (BARBOSA et al., 2016).

Diante disso, foi verificado que alguns profissionais enfermeiros confirmaram não se sentirem capacitados para atuar na atenção à saúde da mulher, no que tange aos exames citopatológicos, orientações e continuidade dos fluxos de atendimento. Assim como, relato de episódios de encaminhamento para outros pontos de atenção sem a devida necessidade, podendo ter sido tratado na própria atenção primaria (FARIAS, 2016).

CONCLUSÃO

Este artigo contribuiu para identificar os fatores que influenciam na limitação dos achados precoces do câncer do colo do útero na porta de entrada do SUS, trazendo uma análise literária capaz de selecionar os pontos que podem ser melhorados se houver uma comunicação efetiva entre a tríade que a compõe, sendo os trabalhadores, gestores e usuários. Neste sentido, pode-se inferir que a força que a atenção primária à saúde possui em uma comunidade será nítida se houver uma equipe qualificada, com uma gestão que supere os riscos, sendo possível reduzir o número de casos de câncer do colo do útero e melhorar a situação da saúde pública no Brasil.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Dc et al. Compreensão das mulheres sobre o câncer de colo do útero e suas formas de prevenção em um município do interior da Bahia, Brasil.Rev. APS; 19(4): 546-555, out. 2016. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-832213. Acesso em: 09.jan.2021

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 06.jan.2021

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política (2008) Nacional de Humanização – HUMANIZASUS. Documento de base para gestores e trabalhadores do SUS. Brasília. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_documento_gestores_trabalhadores_sus.pdf. Acesso em: 01.fev.2021

DANTAS, Pvj et al. Conhecimento das mulheres e fatores da não adesão acerca do exame Papanicolau. Rev. enferm. UFPE online; 12(3): 684-691, mar. 2018. Disponível em:https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/22582/28065. Acesso em: 09.jan.2021

FARIAS, Acb, BARBIERI, AR. Seguimento do câncer de colo de útero: Estudo da continuidade da assistência à paciente em uma região de saúde. Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 20(4): e20160096, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452016000400213&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 07.jan.2021.

FERNANDES, Nfs et al. Acesso ao exame citológico do colo do útero em região de saúde: mulheres invisíveis e corpos vulneráveis. Cad. Saúde Pública (Online); 35(10): e00234618, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1039397. Acesso em: 07.jan.2021.

FÔNSECA, Cjb et al. Avaliação do Seguimento Clínico de Citopatologia Oncótica em Mulheres na Atenção Primária à Saúde. Rev. bras. ciênc. saúde; 23(2): 131-140, 2019. Disponível em:https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1009550. Acesso em: 04.jan.2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (BRASIL). Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil. Acesso em: 04.jan.2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (BRASIL). Controle do câncer do colo do útero: Detecção precoce. Rio de Janeiro: INCA; 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/deteccao-precoce. Acesso em: 06.jan.2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (BRASIL). Controle do câncer do colo do útero: Fatores de risco Rio de Janeiro: INCA; 2020. Disponível em:  https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/fatores-de-risco.  Acesso em: 07.jan.2021

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (BRASIL). Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 2016. Disponível em: http://www.citologiaclinica.org.br/site/pdf/documentos/diretrizes-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero_2016.pdf. Acesso em: 11. jan.2021

NOGUEIRA, Is et al. Atuação do enfermeiro na atenção primária à saúde na temática do câncer: do real ao ideal. Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online); 11(3): 725-731, abril-maio 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-988016. Acesso em: 06.jan.2021

PATERRA, Tsv et al. Manejo de mulheres com atipias no exame citopatológico de colo uterino na atenção primária à saúde. Rev Cogitare enferm; 25: e66862, 2020.  Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1124576. Acesso em: 06.jan.2021.

SILVA, Lsr et al. Adesão ao exame papanicolau por mulheres jovens em unidade básica de saúde. Rev. enferm. UFPE online: 10(12): 4637-4645, dez. 2016. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1031506. Acesso em: 04.fev.2021.

[1] Graduada Em Enfermagem.

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Maio, 2021.

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