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Possibilidades E Efetividade Da Atuação Do Fisioterapeuta Na Perspectiva Do Atendimento Domiciliar

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CONTEÚDO

ENSAIO TEÓRICO

BRITO, João Paulo da Silva [1], RODRIGUES, Ana Paula [2]

BRITO, João Paulo da Silva. RODRIGUES, Ana Paula. Possibilidades E Efetividade Da Atuação Do Fisioterapeuta Na Perspectiva Do Atendimento Domiciliar. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 16, pp. 109-120. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/atendimento-domiciliar

RESUMO

A fisioterapia home care é uma modalidade terapêutica que vem ampliando-se efetivamente nos últimos tempos, por perceber a importância do contexto domiciliar para o tratamento de pacientes. Nesse sentido, o presente estudo surgiu com o objetivo de caracterizar as possibilidades de atuação e efetividade do tratamento fisioterápico no atendimento a domicílio, a fim de analisar quanto às possibilidades de tratamento fisioterapêutico. O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, transversal de cunho descritivo e teve por abordagem qualitativa. Sabe-se que o tratamento a domicilio não se trata apenas de um novo modo de assistência, é também uma forma de promover aos usuários uma nova forma de atenção à saúde. Considerou-se que são várias as causas que norteiam os pacientes ou familiares à escolha por essa modalidade em detrimento ao atendimento convencional, esses motivos podem variar desde limitação de funcionalidade, restrição ao leito e em algumas situações a comodidade e praticidade dessa modalidade de atendimento. Concluiu-se que essa modalidade terapêutica traz vários benefícios como; sessão individualizada, maior conforto para o paciente, ampla flexibilidade de horário e mais conveniência para os pacientes.

Palavras-Chave: Fisioterapia Domiciliar, Atendimento Home Care, Tratamento Fisioterápico.

1. INTRODUÇÃO

A prática do atendimento domiciliar é uma questão amplamente discutida nos dias de hoje, na qual inúmeras pessoas não tem conhecimento suficiente acerca da compreensão dessa prática profissional. Sabe-se que se trata de uma modalidade terapêutica com diversos recursos que podem ser utilizados no lar do paciente, sabe-se também que um dos principais problemas de saúde no brasil são os hospitais com grandes quantidades de pessoas e com escassez de leitos, bem como a degradação da saúde pública nos demais níveis de atenção a saúde.

Especialmente no campo da Fisioterapia Domiciliar ou home care, essa abordagem foi ampliada à medida que as pessoas percebem a importância do ambiente doméstico para o atendimento ao paciente. Esse ambiente permite ao fisioterapeuta proporcionar maior conforto e praticidade ao paciente, que pode ou não estar deitado na cama ou com dificuldade de locomoção, impossibilitando a ida a uma clínica especializada.

A fisioterapia domiciliar foi por muito tempo associado para pacientes acamados ou com dificuldade de locomoção, porém é necessário destacar que várias são as vantagens deste tipo de atendimento, desde o conforto de fazer as atividades em seu próprio lar até a flexibilidade com relação aos horários. Porém há de se destacar que ainda são escassos os estudos que sistematizem as possibilidades de intervenção no atendimento home care bem como sua efetividade. Nesse sentido, o presente estudo surgiu com o intuito de compreender quais as possibilidades que o profissional fisioterapeuta dispõe para a efetividade da sua prática no atendimento domiciliar.

É provável que o fisioterapeuta, no que se refere ao atendimento domiciliar, enfrente a dificuldade acerca da disposição de recursos quando comparado com o aparelhamento de uma clínica, consultório ou hospital, porém certamente é minimizado o impacto dessa escassez quando considerado que o perfil do fisioterapeuta home care é de um profissional dinâmico com a capacidade de inovar e reinventar-se a partir de uma visão sistemática e criativa.

Assim, o presente estudo tem por objetivo caracterizar as possibilidades, bem como a importância da atuação e efetividade do tratamento fisioterápico no atendimento domiciliar. Para tanto, será necessário descrever à priori o que consiste atendimento domiciliar para posteriormente descrever um breve histórico do atendimento home care e por fim é analisado quanto às possibilidades de tratamento fisioterapêutico em atendimento domiciliar.

Nesse sentido o presente estudo apresenta alto valor levando em consideração o impacto do atendimento domiciliar como alternativa ao processo de saúde. Essa pesquisa contribui diretamente para o desenvolvimento científico, uma vez que fortalece a literatura científica e resulta em um arsenal que possibilite compreensão a respeito da temática. A sociedade é diretamente beneficiada considerando que o estudo fortalecerá a reflexão, possibilitando a compreensão dos indivíduos que tiverem acesso ao estudo. Há valor preditivo também para profissionais atuantes em saúde, em especial para fisioterapeutas, que poderão se apropriar desse conhecimento para fortalecer a própria prática profissional.

Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, o qual consiste em um estudo em material já processado e publicado em relação ao tema de estudo, de cunho descritivo, que compreende a descrição das características a respeito de determinado fenômeno ou população, ou o estabelecimento de relações entre variáveis, e abordagem qualitativa, sendo apropriada para compreensão de estudos complexos. Foram obtidos os dados a partir da base de dados; Lilacs, Scielo e Google Acadêmico, tendo como critérios de inclusão: textos de cunho bibliográfico que abordassem o tema da fisioterapia em atendimento domiciliar ou home care. Foram critérios de exclusão: materiais incompletos; textos que não contemplassem referência apropriada ou estudos repetidos entre as bases de dados.

2. DESENVOLVIMENTO

A atenção domiciliar não é somente um novo modo de atendimento, é também a promoção de uma nova forma de atendimento profissional aos usuários, alia conhecimento e tecnologia, é uma forma de prestar um atendimento personalizado, em especial um serviço de cuidado mais humano.

2.1 CONCEITO E BREVE HISTÓRICO DO ATENDIMENTO HOME CARE

Conforme destacado por Rehem e Trad (2005), a literatura científica aponta vários termos usados como nomenclatura para o cuidado no domicílio, incluindo principalmente atendimento domiciliar, e outras disposições como: assistência domiciliar; atendimento médico domiciliar; atendimento a domicilio; hospitalização domiciliar e atendimento em casa. Essa diversidade de nomenclaturas decorre da dificuldade histórica de expressar claramente as características desse auxílio.

Para Moura et al., (2018) esse tipo de assistência é caracterizada como um aglomerado de ações hospitalares que possibilitam a realização dessas práticas em ambiente domiciliar, mediante atuação de uma equipe multidisciplinar, fundamentada na realidade que o paciente se encontra e no diagnóstico apresentado. Esta modalidade contribui para um estado de promoção, manutenção e a reabilitação em saúde. Pode ser classificada como particular ou publica e possui benefícios como maior comodidade, sessão individualizada e não exige que o paciente se locomova.

Também denominados home care, que significa atendimento em casa, trata-se, portanto, de um dos métodos alternativos que não favorecem a hospitalização, sendo atualmente o resultado de discussões entre profissionais de saúde e gestores, É desenvolvido um programa que estuda e diagnostica as reais condições dos pacientes, a fim de buscar formas de promover, manter e recuperar sua saúde (KATZER; MADEIRA, 2016).

Há relatos históricos de que a referência médica mais distante descreve o cuidado em lares e hospitais com um médico chamado Imhotep, que pertencia à terceira dinastia do antigo Egito (século XIII a.C). O paciente era tratado em casa e no consultório/hospital, sendo o responsável pelos cuidados do faraó no palácio. Na Grécia antiga, um médico chamado Asklepios frequentava a residência do paciente, e seus seguidores frequentavam o templo onde havia medicamentos e materiais curativos especiais. Esses locais podem ser considerados a estrutura original que mais tarde se denominaria de hospital (AMARAL et al., 2001).

Rehem e Trad (2005) destacam que há relatos de que o atendimento domiciliar se originou na América do Norte e na Europa, e a literatura aponta que surgiu nos Estados Unidos em 1947. O incentivo inicial foi reduzir o congestionamento do hospital e proporcionar um ambiente psicológico mais positivo para pacientes e familiares. Então, esses experimentos se multiplicaram na América do Norte e na Europa. Nos Estados Unidos, as informações desde 1999 mostram que existem 20.215 organizações envolvendo mais de oito milhões de pacientes a cada ano.

De acordo com suas observações, Hipócrates descreveu em um artigo sobre ar e água no século V a.C, e melhorou a eficiência do cuidado de si em casa, pois esse tipo de cuidado teve muito sucesso. No final do século 17, Samuel Hanneman, o fundador da homeopatia, começou a visitar os pacientes porque acreditava que os médicos tinham a obrigação de lutar contra a doença sem descanso, não importando onde a luta ocorresse. Ele ficava na casa o mais próximo possível da cama do paciente (AMARAL et al., 2001).

Se tratando especificamente do atendimento domiciliar no Brasil, Katzer e Madeira (2016) relatam que não existe tantos registros sobre sua história, mas há cartas de recomendação de pessoas que vivenciaram o desenvolvimento ou vivenciaram esse estilo de vida. O primeiro evento aconteceu no país foi em 1919, com o desenvolvimento do serviço de enfermagem visitante no Rio de Janeiro.

De acordo com Amaral et al., (2001) o modo sistematizado de assistência médica em Saúde da Família tem como primeira referência o Dispensário a Boston Pharmacy em 1796, que hoje é o New England Medical Center. Em 1850, sob a liderança de Lilian Wald, decidida a promover ações saudáveis no lar, foi elaborado um plano, que mais tarde ficou conhecido como “Plublic Health Nurse”.

Em 1947, o Montefiori Hospital em Nova York foi pioneiro no conceito de atendimento domiciliar, que era uma extensão do apoio hospitalar. Existem relatórios de investigação sobre a existência destes serviços no modelo médico europeu, o que se deve aos fatos das políticas médicas, ao envelhecimento da população e aos elevados custos. Muitos serviços de atenção domiciliar se subdividem de acordo com suas formas de atendimento, que são basicamente: inspeção domiciliar, atendimento e atenção domiciliar (KATZER; MADEIRA, 2016).

Para Rehem e Trad (2005), a experiência mais antiga dos métodos de atendimento domiciliar foi desenvolvida pela Agência de Assistência Médica à Família e Emergência (SAMDU), criada em 1949. O serviço estava originalmente vinculado ao Ministério do Trabalho e foi fundido pelo INPS em 1967. A experiência foi da Fundação Especial de Serviços de Saúde Pública (FSESP), criada em 1960 e extinta em 1990. Entre outras atividades, a Fundação também desenvolveu maneiras de prestar serviços organizados em unidades, famílias e comunidades. Foi um método indispensável para as famílias, incluindo visitas domiciliares por visitantes de saúde e assistência no processo de higiene para promover atividades, prevenção de doenças, monitoramento de grupos de risco e vigilância em saúde.

Katzer e Madeira (2016) destacam que, no Brasil, na década de 1960, o setor familiar recebeu atenção, período em que começou a ser implantado o programa pioneiro de atenção domiciliar do Hospital São Paulo. Desde então, alguns serviços públicos e privados surgiram de acordo com as necessidades dos clientes. Na década de 90, houve a realização de diversos serviços, chamados de home care, modelo Volkswagem do Brasil e fundação da prefeitura, cooperativas médicas, públicas e privadas hospitais, seguradoras de saúde, etc. Em 1780, o Hospital de Boston dos Estados Unidos realizava atendimento domiciliar, sendo que a maioria das atividades prestadas era composta por enfermeiras visitantes de caráter caritativo.

Recentemente, a atenção domiciliar pública conta com o apoio do Centro de Apoio à Saúde da Família, a qual foi criada no ano de 2008 e que conta com integrantes de diversas áreas, tais como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, farmacêuticos, profissionais de educação física, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeuta ocupacional, médicos pediatras, psiquiatras, homeopatas, ginecologista e acupunturistas (KATZER; MADEIRA, 2016).

2.2 O ATENDIMENTO DOMICILIAR E SUA IMPORTÂNCIA

Conforme relata Moura et al., (2018) a atenção domiciliar tem fundamentado-se naquilo que a Lei Orgânica de Saúde n. 8080/90, que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelece como integralidade, que em seus princípios e diretrizes, propõe o atendimento integral aos cidadãos, por meio de uma visão humanizada dos indivíduos envolvidos no processo, havendo nestes casos um trabalho interdisciplinar da equipe de saúde por meio de ações de promoção, prevenção e recuperação em saúde.

São vários os motivos que conduzem ao paciente ou o familiar a escolha pelo tratamento de fisioterapia em ambiente próprio, em detrimento ao atendimento tradicional em clínica, esses motivos podem ser desde a uma limitação de funcionalidade, como uma restrição ao leito e em algumas situações a viabilidade e facilidade dessa modalidade de atendimento (SILVA; DURÃES; AZOUBEL, 2011).

Bezerra; Lima e Lima (2015) ressaltam que o atendimento a domiciliar proporciona ao profissional a possibilidade de adentrar o espaço da família e, assim, identificar suas necessidades e potencialidades. Para Medeiros; Pivetta e Mayer (2012), essas transformações, bem como uma visão positiva da visita domiciliar, não acontecem ao acaso, e sim por meio da prática fundamentados em pressupostos científicos, éticos e humanizados que contribuem para a valorização desse instrumento e para a mudança.

A fisioterapia na atenção domiciliar tem como característica a assistência, sendo que a fisioterapia é realizada na residência do paciente para efetuar a avaliação profissional da realidade e das dificuldades do paciente e, a partir daí, formular um plano de assistência adequado à sua realidade (MOURA et al., 2018).

Os usuários ficam muito mais confortáveis sem ir à clínica, porque geralmente precisam enfrentar tráfego e congestionamentos, outra vantagem é que os pacientes poderão escolher o melhor horário de atendimento e, quando estiverem com a família, poderão se sentir mais seguros e relaxados em sua residência, fatores que afeta positivamente o tratamento. Em alguns casos, os pacientes só conseguem ficar deitado na cama e precisam de mais trabalho de suas famílias antes de serem transferidos para a clínica para fisioterapia (SILVA; DURÃES; AZOUBEL, 2011).

2.3 POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO FISIOTERÁPICO EM ATENDIMENTO DOMICILIAR

Conforme destaca Katzer e Madeira (2016), a fisioterapia está posta no home care, sendo exercida no ambiente domiciliar do paciente. Nesse modelo o fisioterapeuta tem como intuito analisar as reais dificuldades e necessidades do paciente em seu domicílio e nesse contexto realizar adequações à sua terapia e seus objetivos, todavia buscando a melhor adaptação do paciente em seu ambiente familiar. Com o avanço da tecnologia grande avanços foram possíveis na fisioterapia domiciliar, o transporte moderno possibilitou o tratamento em domicilio, correspondendo às condições que o paciente teria caso estivesse recebendo o tratamento em uma clínica ou hospital.

De acordo com Custodio et al., (2017) a fisioterapia Home Carne nos setores privado e público tem por intuito melhorar a compreensão do ambiente de vida dos pacientes, realizar a prevenção de doenças, fornecer cuidados paliativos e fornecer serviços de reabilitação para pacientes que não podem ser transferidos para instituições médicas.

Deve-se enfatizar que esse ambiente pode não apenas tratar diretamente as doenças, mas também compreender o contexto familiar, os problemas ambientais e de relacionamento na prevenção dos problemas de saúde dos pacientes, famílias e unidades de atenção. Deve-se enfatizar que os fisioterapeutas também buscam entender o ambiente de vida dos pacientes, promover o treinamento de AVDs e orientá-los a entender as limitações de suas atividades diárias, a fim de melhor adaptar-se a realidade em momentos vulneráveis da saúde do indivíduo (SILVA; DURÃES; AZOUBEL, 2011).

Para Benassi et al., (2012) nesta modalidade o profissional fisioterapeuta pode avaliar as reais dificuldades e necessidades do paciente em seu ambiente e assim adequá-lo a sua terapia bem como as condições do paciente visando à melhor condição. A fisioterapia domiciliar teve um grande avanço, com a sucessão da tecnologia e com o transporte fácil e moderno, tornou-se possível o tratamento a domicílio aproximado às condições de uma clínica ou hospital, porém é necessário frisar que embora tenham várias vantagens, ainda não existem muitos estudos referentes à atuação do fisioterapeuta nesta modalidade de assistência, o que impede uma ação mais eficaz e a promoção deste tipo de atendimento.

É necessário considerar a adaptação às necessidades do tratamento a ser implementado, o que requer um processo de estabelecimento de confiança e respeito mútuo entre pacientes, profissionais e familiares, promovendo o relacionamento entre profissionais e familiares, pois quando necessário, o tratamento em casa estará vinculado ao tratamento clínico (SILVA; DURÃES; AZOUBEL, 2011).

A assistência domiciliar é uma alternativa à hospitalização, Katzer e Madeira (2016) destacam que essa modalidade pode trazer maior comodidade e conforto para clientela que carecem de cuidados. É também uma forma importante para a população, seja no setor privado ou pelo SUS, em razão de busca uma saúde mais plena e humanizada. Além de que, é uma boa opção para pacientes com disfunções crônicas que resultam na ocupação de leitos de hospitais. O trabalho de um fisioterapeuta pode ser exercido em todos os níveis de cuidados à saúde, tendo sua abordagem prática visando à prevenção, tratamento e a reabilitação de disfunções.

Para Benassi et al., (2012) a procura pelo serviço, ao que se refere a fisioterapia no tratamento domiciliar, é ocasionada principalmente pelas condições crônicas, na qual os indivíduos que mais se valem deste tipo de serviço se concentram na faixa etária variando entre 61 a 90 anos, sendo sua grande maioria as mulheres, e o principal objetivo da fisioterapia domiciliar é a reabilitação motora sendo a principal sequela do AVE.

Vale ressaltar que a atenção domiciliar requer alguns equipamentos específicos na prática clínica, entre eles, Silva; Durães e Azoubel (2011) destacam o uso de equipamentos especiais na clínica, como os casos de pacientes paraplégicos com lesão medular, devido à dificuldade de movimentação, o que deve ser melhorado com placas verticais. Nesse caso, é necessário transferir os pacientes para as clínicas de fisioterapia semanalmente, portanto, a utilização desse recurso e a escolha do tratamento clínico auxiliar na atenção domiciliar podem aproveitar ao máximo as duas situações.

Katzer e Madeira (2016) destacam que a demanda pelo acesso de fisioterapia domiciliar é decorrente principalmente pelas afecções crônicas, como o caso de pacientes com acometimento respiratório, no qual o fisioterapeuta deve investigar todas as necessidades do paciente acometido e apresentar todas as possibilidades terapêuticas a ele e também para os cuidadores e familiares.

O número de pacientes em tratamento domiciliar é muito grande. Silva; Durães e Azoubel (2011) relatam que a assistência fisioterapêutica em home care é utilizada principalmente para tratar acidentes vasculares cerebrais, deficiências neurológicas, idosos, pacientes com atrofia muscular lateral (ALS), mulheres com doença obstrutiva crônica de pulmão (DPOC), Doença de Parkinson (DP), Fibrose Cística, AIDS, reabilitação do ligamento cruzado, mulheres submetidas à cirurgia de câncer de mama e pacientes com hipertensão.

Colodetti (2009) enfatizou que a fisioterapia pode ser aplicada em variadas perspectivas de atenção à saúde, pois seus métodos práticos enfocam a prevenção, a promoção de tratamento e a reabilitação das disfunções.

3. CONCLUSÃO

O presente estudo teve por objetivo caracterizar as possibilidades de atuação e efetividade do tratamento fisioterápico no atendimento domiciliar, para isso foi destacado o conceito do que consiste atendimento domiciliar, bem como foi relatado um breve histórico do atendimento home care. No entanto, observou-se que a literatura científica incorpora diversos termos utilizados nessa prática, incluindo atenção domiciliar, atendimento home care, atenção a domicílio, atenção médica domiciliar, hospitalização domiciliar, assistência domiciliar e dentre outros.

No que concerne a história do atendimento domiciliar, observou-se no estudo certa variedade de informações, dentre elas que a origem do atendimento domiciliar está nos âmbitos da América do Norte e Europa, nos Estados Unidos em 1947, e há também citação referente a terceira dinastia do Egito Antigo, ao final do século XVII na qual o fundador da homeopatia, Samuel Hanneman, passou a visitar os enfermos sendo, portanto, uma prática de atendimento domiciliar. Já ao que se refere ao Brasil, há poucos registros sobre sua história, porém sabe-se que as primeiras atividades domiciliárias ocorreram no ano de 1919, com o desenvolvimento do Serviço de Enfermeiras Visitadoras no Rio de Janeiro.

Quanto as possibilidade de tratamento fisioterapêutico em atendimento domiciliar, observou-se que o transporte moderno assegurou condições que o paciente teria se estivesse recebendo o tratamento em uma clínica ou hospital, esse atendimento visa desde realizar atividades preventivas, cuidados paliativos e/ou reabilitação, essa inserção possibilita além do tratamento da doença, uma visão do contexto familiar compreendendo as necessidades do paciente em seu ambiente e assim adequar sua terapia e seus objetivos.

Considerou-se então que essa modalidade traz vários benefícios, tais como: sessão individualizada; maior comodidade para o paciente; ampla flexibilidade de horário e mais comodidade para o paciente. Observou-se também que a procura pelo serviço de fisioterapia domiciliar é ocasionada principalmente pelas patologias crônicas como o caso de pacientes com acometimento respiratório, portadores de AVC, incapacidades neurológicas, capacidade funcional do idoso restrito ao domicílio, ELA, DP, AIDS, fibrose cística, reabilitação de ligamento, bem como outras condições citadas no decorrer do estudo.

Por fim, foi possível notar também que o atendimento domiciliar apresenta algumas limitações, principalmente ao que se refere aos recursos quando comparado ao hospital ou clínica. É necessário também destacar que ainda não existem muitos registros formais referente a atuação do fisioterapeuta nesta modalidade de assistência à saúde. Nesse sentido sugere-se que sejam feitas novas pesquisas e que contemplem estudos de campo, a fim caracterizar a atuação do profissional nessa modalidade e possibilitar maior arsenal literário com intuito de fortalecer a literatura científica.

REFERÊNCIAS

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[1] Pós-graduação.

[2] Orientadora.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Maio, 2021.

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João Paulo da Silva Brito

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