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Depressão dificulta a aprendizagem ou dificuldade na aprendizagem provoca depressão?

RC: 34346
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PEREIRA, Adriana Fernandes [1], LOPES, Elisa Campos Borges Silva [2], ALMEIDA, Kamila Mayara de [3], BRASILEIRO, Marislei Espindula [4]

PEREIRA, Adriana Fernandes. Et al. Depressão dificulta a aprendizagem ou dificuldade na aprendizagem provoca depressão? Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 08, pp. 126-148. Julho de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O objetivo desse estudo foi demonstrar na literatura, evidências científicas relacionadas à influência da depressão no processo de aprendizagem. O método utilizado foi Revisão Integrativa de literatura, cuja coleta de dados ocorreu em fontes disponíveis on-line. Essa busca ocorreu nos períodos de fevereiro a março de 2018, utilizando os descritores: depressão, aprendizagem, enfermagem, prevenção. Os resultados evidenciam que os sintomas da depressão, relacionados à aprendizagem se iniciam com insegurança e medo, que fatores genéticos e externos interferem no surgimento da depressão, além disso, indivíduos com depressão apresentam déficit de aprendizagem, memorização, o que leva a baixo desempenho, independente da idade. São necessários testes validados para identificar a depressão e relacioná-la com o desempenho escolar. Por isso é necessário apoio emocional, motivação com palavras positivas, acompanhamento psicopedagógico, psiquiátrico e de enfermagem, tanto para a identificação precoce, quanto para o tratamento.

Palavras-chave: Depressão, aprendizagem, enfermagem, prevenção

1. INTRODUÇÃO

O interesse em pesquisar a relação entre depressão e aprendizagem surgiu durante a Graduação em Enfermagem, quando as pesquisadoras vivenciaram dificuldades em concluir o curso, porque apresentavam sinais de depressão. Isso ocorreu, provavelmente, devido à falta de orientação profissional ou de percepção das próprias quanto à doença.

Durante a disciplina de saúde mental as pesquisadoras suspeitaram dos sintomas, apesar de que, não buscaram ajuda devido ao preconceito que tinham em relação à psiquiatria. Durante os estudos viram que certas alterações comportamentais, tais como: hipersonia ou insônia, fatigabilidade, desinteresse generalizado, distratibilidade, retardo psicomotor, etc. Prejudicam o aprendizado e a formação intelectual, tendo como consequência, danos na área social, acadêmica e interpessoal.

Dentre as doenças que afetam a mente, a principal delas é o Transtorno Depressivo Maior (TDM), definido pelo Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM – V) como uma alteração de humor; pacientes psiquiátricos relatam a tristeza como alteração principal do seu estado emocional e perda de prazer ao realizar atividades. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Whidmaier, Raff e Strang (2016) afirmam que o TDM está associado a uma diminuição da atividade neural e do metabolismo na parte anterior do sistema límbico e próximo ao córtex pré-frontal podendo ocorrer por ela própria independente de outra doença ou ser secundária a outra doença.

Na fisiopatologia do TDM é preciso lembrar, que no sistema nervoso central, tanto a coordenação lógica quanto a emoção estão presentes quando são necessárias respostas treinadas ou mesmo as mais complexas. O transtorno ocorre quando há alguma alteração na região límbica, responsável pelos comportamentos sociais e emoções (LENT, 2016).

Nesse contexto a dificuldade de aprendizagem parece ser uma consequência inevitável. A aprendizagem é definida como a aquisição e armazenamento de informações geradas por experiências e é medida pelo aumento da probabilidade de determinada resposta comportamental a um estímulo que pode estar associado às recompensas ou punições do aprendizado durante o contato e a manipulação do ambiente (WHIDMAIER, RAFF e STRANG, 2016).

A aprendizagem escolar e acadêmica é um processo que envolve o meio em que o aluno está inserido. O conhecimento é adquirido através de outras pessoas, trazendo um senso crítico e novas experiências (VIGOTSKY, 1935 apud CASTORINA e CARRRETERO, 2014; FREIRE e MACEDO, 1990)

Para o cuidado das pessoas com transtornos mentais, a enfermagem surge como uma profissão que visa o cuidado do ser humano como um todo, baseando-se na ciência com o intuito de promover, prevenir e proteger a saúde física e psíquica do paciente/cliente. A enfermagem tem papel fundamental no processo de saúde-doença, garantindo as necessidades humanas básicas, visando o bem-estar no processo de cura do paciente (HORTA, 1968; COFEN, 2012).

A depressão afeta um significativo número de pessoas a nível global, no mundo são registrados 322 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão isso equivale a 4,4% da população mundial, metade dessa população vive na região do sudeste da Ásia. No Brasil estão registrados 11.548.577 casos de depressão, isso equivale a 5,8% da população brasileira. O Brasil é o país com maior número de casos da América Latina e o segundo maior das Américas ficando atrás somente dos Estados Unidos que tem 5,9 % da população diagnosticada com depressão (OMS, 2017).

Devido a má compreensão de cuidados com pacientes psiquiátricos deu-se início a Reforma Psiquiátrica no Brasil nos anos 70 devido a necessidade de melhoria do atendimento psiquiátrico, somente em seis de abril de 2001 ocorreu a promulgação da Lei nº 10.216 que regulamenta a proteção e os direitos dos pacientes com transtorno mental, assegurando uma assistência de qualidade sem qualquer forma de discriminação (LEI nº 10.216, 2001).

Segundo os dados coletados em 2015 pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), os anos iniciais do ensino fundamental alcançaram uma média total de 5.5 ultrapassando a meta de 5.2, a coleta de dados a nível estadual atingiu a média de 5.8 ultrapassando a meta de 5.3 diferentemente da escola privada que atingiu uma média de 6.8 sendo que a meta estabelecida foi de 7.0. Já no ensino médio o total foi de 3.7 não alcançando a meta de 4.3 estabelecida (IDEB, 2015 ).

Com o intuito da melhoria da educação o Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação criou o Programa Saúde na Escola (PSE) em 2007 através do Decreto Presidencial nº 6.286, que desenvolve ações que ligam saúde e educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos, que contribuem no desenvolvimento da aprendizagem (CADERNO DO GESTOR DO PSE, 2015).

A relevância desse estudo para a enfermagem consiste na formação de um profissional de excelência evitando assim os erros que o Código de Ética de Enfermagem destaca: imperícia, imprudência e negligencia. Com esse estudo o enfermeiro pode atentar-se para os sinais depressivos em pré-escolares e acadêmicos, contribuindo no desempenho e formação dos alunos, e no tratamento adequado.

2. OBJETIVO

Demonstrar na literatura, evidências científicas relacionadas a influência da depressão no processo de aprendizagem.

3. MATERIAIS E MÉTODO

Revisão Integrativa de literatura, cuja coleta de dados ocorreu em fontes disponíveis online. Essa busca ocorreu nos períodos de fevereiro a março de 2018. A Revisão Integrativa é um método amplo que permite a inclusão de leitura teórica e empírica, bem como outros estudos com abordagens quantitativas e/ou qualitativas (BELLUCCI JUNIOR e MATSUDA, 2012; WHITTEMORE e KNAFL, 2005).

Esta revisão é constituída em seis fases as quais serão a seguir descritas com as ações realizadas neste estudo.

  • Fase 1: identificação do tema ou questionamento da Revisão Integrativa

Identificação do tema “Relação entre depressão e aprendizagem” surgiu durante a Graduação em Enfermagem, quando as pesquisadoras vivenciaram dificuldades em concluir o curso, porque apresentavam sinais de depressão. Isso ocorreu, provavelmente, devido a falta de orientação profissional ou de percepção das próprias quanto à doença.

  • Fase 2: amostragem ou busca na literatura.

Realizou-se a busca das publicações/artigos no sitio da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases e dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), sites do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde, além de literatura impressa atualizada. As palavras chaves utilizadas foram: depressão e aprendizagem. Os critérios para a escolha das palavras-chave consistiram em: pertencer aos Descritores em Ciências da Saúde, representando ao menos em parte temática do estudo, com o intuito de obter artigos que refletissem o tema em questão. Como critério de inclusão dos artigos, estabeleceu-se: artigos completos, publicados no período entre 2012 a 2017, disponíveis nos idiomas português e inglês, indexados nas bases de dados mencionadas, que abordassem a dificuldade de aprendizagem relacionada a depressão em estudantes .

  • Fase 3: categorização dos estudos

As informações retiradas dos artigos selecionados se referiram aos seguintes itens: título do periódico e do artigo, titulação dos autores, ano, local, volume, e número da publicação. Nos estudos também foram observadas as informações sobre as metodologias utilizadas, os resultados alcançados e as conclusões que cada autor chegou.

Os métodos mais utilizados para mensurar a depressão nos estudos analisados foram: Inventário de Beck, a Escala de Depressão de Hamilton. A escala de depressão de Beck consiste em um questionário com 21 perguntas, onde o próprio paciente faz a sua autoavaliação, e a escala de depressão de Hamilton consiste em uma avaliação da gravidade da síndrome depressiva, por meio de uma entrevista. (SADOCK e SADOCK, 2008; GELDER, RICHARD e COWEN, 2006).

  • Fase 4: avaliação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa.

Foi realizada a busca inicial pelos resumos dos artigos que respondiam aos descritores escolhidos e, selecionados aqueles que mencionavam fatores relacionados à dificuldade de aprendizagem associada à depressão.

  • Fase 5: interpretação dos resultados.

A partir de diversas leituras dos resumos selecionados na fase anterior, se extraiu aqueles estudos que tratavam a respeito de depressão em estudantes. As análises destes estudos foram feitas a partir da leitura completa de artigos que continham dados de estudantes com dificuldades de aprendizagens relacionadas à depressão.

  • Fase 6: síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da Revisão Integrativa.

Após a leitura do material selecionado, as informações apanhadas foram disponibilizadas em tabelas. Na discussão dos dados, estes foram divididos em autores, ano, métodos utilizados, amostras, níveis de evidências, objetivos, resultados, conclusões e respostas ao objetivo do estudo, para que fosse de melhor entendimento as estratégias que cada autor usou.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca em bancos de dados virtuais resultou em 25 artigos, dos quais, após análise criteriosa das pesquisas excluímos 15 artigos pelo fato de não conterem informações importantes acerca das pesquisas como, por exemplo: métodos utilizados ou não respondiam aos objetivos. Os estudos escolhidos foram aqueles que apresentaram a maior coerência com a nossa pesquisa, e nos ajudaram a compreender melhor a relação entre a depressão e a aprendizagem. Dos 10 artigos selecionados encontramos cinco nacionais, e cinco internacionais (inglês), a maioria escrita por médicos, psicólogos, enfermeiros. O ano mais frequente foi 2016 com quatro publicações, o periódico com maior número de publicação foi o Int. Neuropsychol Soe com três pesquisas. Para avaliar o nível de depressão a maioria dos estudos utilizou o inventário de Beck.

AUTOR OBJETIVO MÉTODOS RESULTADOS
COSTA, et al. 2012. Estimar entre internos de medicina a prevalência de sintomas depressivos e sua intensidade, além dos fatores associados. Estudo transversal, com amostra representativa dos internos de medicina (n = 84) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foram utilizados o Inventário de Depressão de Beck e um questionário estruturado contendo informações sobre variáveis sócio-demográficas, processo ensino-aprendizagem e aspectos pessoais. A prevalência geral foi de 40,5%, dos quais: 1,2% foram de sintomas depressivos graves; Revelaram-se as variáveis de maior impacto associadas ao aparecimento de sintomas depressivos: pensamento de abandonar o curso; tensão emocional; e desempenho acadêmico regular.
CAMARGO, et al., 2014. Identificar os casos de depressão e os níveis de prevalência em acadêmicos de Enfermagem em uma instituição de ensino de Brasília. Estudo de caráter exploratório descritivo, com amostra probabilística de 91 indivíduos, representando percentual de 30% dos alunos matriculados no curso. Foi aplicado um questionário, utilizando-se o Inventário de Depressão de Beck. Nesta pesquisa houve mais prevalência de depressão em acadêmicos na faixa etária de 17 a 23 anos, representando 70 % dos participantes da amostra. Revelou-se a prevalência de depressão entre as mulheres do curso de Enfermagem.
POINHOS, GASPAR, 2015. O objetivo foi explorar a associação entre o nível de depressão numa amostra não-clínica e o desempenho em tarefas de memória implícita (priming) Participaram 120 estudantes do Mestrado Integrado em Psicologia e da Licenciatura em Ciências da Nutrição da Universidade do Porto, com idades entre 18 e 27 anos. As análises foram feitas através do cálculo coeficiente de correlação de Pearson, de análise e variância sem anova. Revelou-se uma relação entre maior nível de sintomas cognitivos de depressão e menor completamento de palavras.
MORRIS, et al. 2015. O presente estudo tem como objetivo investigar a aprendizagem de recompensas em função do risco de depressão familiar e do diagnóstico atual em uma amostra pediátrica. A amostra incluiu 204 crianças de pais com história de depressão e pais sem história de transtorno mental. Foram realizadas entrevistas clínicas para estabelecer diagnósticos mentais atuais nas crianças e tarefas de detecção de sinal modificada para avaliar a aprendizagem de recompensa em comparação com as crianças sem perturbações. Nossos resultados demonstram que déficits de aprendizagem e recompensa estão presentes entre os jovens com distúrbios de depressão.
RODRIGUES, et al.; 2016. Comparar os sinais de depressão entre crianças com e sem transtornos de aprendizagem, e ainda, investigar se há diferenças nos sinais depressivos em relação ao gênero entre os grupos. Participaram do estudo 20 crianças com transtorno de aprendizagem e 20 crianças com desempenho escolar típico, entre 9 e 12 anos de idade. Utilizaram-se o Inventário de Beck para mensurar o diagnóstico de depressão. Verificou-se que as crianças diagnosticadas com transtorno de aprendizagem apresentam maior frequência de sintomas depressivos em relação às crianças sem dificuldades escolares.
KASSEL, et al. 2016. Identificar como indivíduos com Transtorno Depressivo Maior (MDD) demonstram dificuldade de aprendizagem e memorização em comparação a indivíduos não-deprimidos (NDC). Foi realizada Lista Semântica de Aprendizagem, tarefa de aprendizagem e de memória durante a ressonância magnética funcional em dois grupos um com depressão e outro grupo controle pacientes saudáveis. A tarefa consiste em 15 listas, cada uma contendo 14 palavras. Os grupos foram comparados usando bloco (Encoding-silenciosa Rehearsal) e modelos relacionados a eventos (palavras lembradas). Pessoas com depressão obtiveram menor dificuldade de aprendizagem e de memorização em relação ao grupo controle.
RAO, et al. 2016. Identificar a associação entre perda de memória e Transtorno Depressivo Maior (MDD). Dados do estado de repouso a partir de dois scanners de 3,0 Tesla GE foram recolhidas a partir de 34 jovens adultos, com TDM em remissão, não medicados e 23 jovens adultos, controles saudáveis, entre 18-23 anos de idade, usando sementes bilaterais no hipocampo. Os participantes também completaram um teste de aprendizagem de lista semanticamente-cued, modelos de remissão da depressão também foram usados para prever os padrões de conectividade de desempenho da memória. O grupo de remissão teve desempenho pior do que o grupo saudáveis O grupo de remissão demonstrara significativa hipoativação em rede entre o hipocampo e as regiões múltiplas fronto-temporal, e múltiplos hyperconnectivities extra-rede entre a regiões fronto-parietal e hipocampo quando comparados com grupo controle.
CYBULSKI, MANSANI, 2017. Determinar a prevalência de sintomas depressivos e de seus fatores de risco, assim como do uso de antidepressivos na amostra analisada. Participaram da pesquisa 40 acadêmicos, para o screening de sintomas depressivos, foram aplicados o Inventário de Depressão de Beck, e para a adesão medicamentosa, o teste de Morisky-Green-Levine. O teste exato de Fisher unicaudado foi utilizado para variáveis qualitativas e, para as quantitativas, o teste one-way Anova com análise post-hoc pelo teste de Tukey Kramer. Mostraram-se estatisticamente significativas as associações entre sintomas depressivos e frequência de atividades de lazer, estresse, satisfação com o desempenho acadêmico e falta de apoio emocional.
CAMPOS et al., 2017. Caracterizar os estudantes universitários atendidos por psiquiatras no serviço de saúde mental dos alunos (SAPPE) e comparar seu desempenho acadêmico com a dos estudantes não paciente. Estudo descritivo, retrospectivo, com base na revisão de arquivos médicos. Foram revistos os prontuários de todos os estudantes de graduação e pós-graduação atendidos pelo serviço de saúde mental do campus e identificados 1.237 casos e comparados com grupo de controle de 2.579 estudantes não paciente. Os estudantes de graduação em tratamento psiquiátrico, tinham coeficiente inferior de desempenho acadêmico (APC) quando comparado com o grupo de estudantes não pacientes.
BARNES, SMITH, DATTA, 2017. Investigar se um fenótipo depressivo induzido por foto período mostrara déficits cognitivos, e mostrar uma vulnerabilidade cognitiva a um período agudo de privação total de sono. Foram usados 16 ratos nos quais foram separados em 2 grupos de 8 :um fotoperíodo normal e outro fotoperíodo longo. Foram aplicados os testes: NOR, LABIRINTO, NATAÇÃO FORÇADA E PRIVAÇÃO DE SONO. Os vídeos foram registrados por software Etho Vision XT. As analise estáticas resultaram de GRAPHPAD PRISM, TWOWAY ANOVAS, ONE-WAY ANOVA. Os resultados sublinham a extensão da disfunção cognitiva presente em depressão, e sugerem que o sono alterado desempenha um papel na geração de fatores afetivos e sintomas cognitivos da depressão.

Fonte: (Próprio autor)

A relação entre depressão e aprendizagem, é estudada por diversos autores nos últimos anos, o que demonstra a relevância desta pesquisa.

De acordo com Costa et al (2012) os estudantes do curso de medicina de uma Universidade Pública de Sergipe estão precocemente expostos à agentes estressores que interferem de forma direta no processo de formação profissional, e que levam ao adoecimento psíquico. A prevalência de sintomas depressivos no estudo foi de 40,5%; o estudo também apresenta que estudantes com desempenho acadêmico regular (41,3%) apresentam 4,74 vezes maior chance de manifestar sintomas depressivos, em comparação com alunos que relataram bom desempenho acadêmico. Os autores concluem que a prevalência dos sintomas depressivos entre acadêmicos do curso de medicina está fortemente ligada ao processo de ensino-aprendizagem, e aponta para a necessidade da criação de serviços de apoio psicopedagógicos e estratégias para diminuir o sofrimento psíquico dos estudantes durante a formação acadêmica.

Um estudo realizado em uma Universidade Pública em Brasília por Camargo et al, (2014) apresentou alta prevalência de casos de depressão entre acadêmicos de enfermagem, cerca de 62,6% dos estudantes entrevistados, o que é algo alarmante. Os autores concluem que as principais causas do surgimento dos sintomas de depressão são: sentimentos de insegurança e medo, quando deparados com situações onde precisam agir como profissionais formados e a dificuldade no enfrentamento dessas circunstâncias. Ainda ressaltam sobre a importância da implementação de programas de apoio psicólogo dentro da instituição, destinados ao atendimento acadêmico. Com isso percebemos a importância do estudo para enfermagem, pois o processo de aprendizagem reflete na formação profissional.

A associação entre nível de depressão e desempenho de tarefas também é discutida atualmente. Poínhos e Gaspar (2015) apontam a associação entre depressão e desempenho de memória implícita em uma amostra não clínica de 120 estudantes dos cursos de Licenciatura em Ciências da Nutrição, e Mestrado Integrado em Psicologia da Universidade do Porto, Portugal. O estudo apresenta que a diminuição no desempenho nas tarefas de memorização e cognição está relacionada aos sintomas elevados de depressão.

Percebe-se que os acadêmicos de Medicina, quanto de Enfermagem e de Nutrição apresentam relação direta entre depressão e desempenho. Outro estudo mais recente reforça a presença da depressão em acadêmicos de medicina. No de ano de 2016, um estudo publicado por Cybulsski e Mansani aplicou o Inventario de Depressão de Beck. Os dados estáticos apresentam a associação significativa entre depressão e desempenho acadêmico. Os estudantes de medicina analisados na pesquisa apresentaram depressão e baixa no desempenho acadêmico e não se sentem apoiados emocionalmente o que se leva à dificuldade de aprendizagem.

A maioria dos estudos volta sua atenção para o tratamento psicológico e psiquiátrico. No entanto, a identificação precoce também é importante. Morris, et al (2015) investigou o déficit de aprendizagem por recompensa relacionada à depressão em 204 crianças e jovens com idade de 8 a 19 anos, foram divididos em dois grupos, nos quais um grupo continha 86 indivíduos de pais diagnosticados com depressão, e o outro com 118 indivíduos de pais sem diagnóstico depressivo. Para avaliação dos participantes foram usados DSM-IV, e o Inventario de Depressão Infantil. O estudo concluiu que crianças e jovens com baixo risco para depressão não apresentaram diferença entre motivação e aprendizagem. Já os de alto risco, sem motivação apresentavam maior dificuldade de aprendizagem.

Também voltado para o processo de aprendizagem relacionada a fatores de risco para a depressão, Rodrigues et al (2016) pesquisou sobre “sinais preditores de depressão em escolares com transtorno de aprendizagem” ao avaliar os sinais de depressão em crianças com transtorno de aprendizagem, e comparando com crianças que não possuem esse transtorno. As crianças que participaram da pesquisa tinham entre nove e 12 anos de idade totalizando 40 crianças. Dessas 40, vinte apresentaram o transtorno de aprendizagem, e nessas foi empregado o inventário de transtorno infantil para uma análise descritiva e inferencial dos sinais de depressão. Pode-se constatar que as crianças diagnosticadas com transtorno de aprendizagem apresentam maiores sintomas depressivos. O estudo demonstra que as crianças participantes da pesquisa, que apresentavam dificuldade de aprendizagem, mostram números maiores de sinais de depressão do que as crianças sem dificuldades, por isso podemos relacionar depressão e dificuldade de aprendizado nessa pesquisa.

Um estudo publicado por Campos et al no ano de 2017, com título “Desempenho acadêmico de alunos que se submeteram ao tratamento psiquiátrico no serviço de saúde mental para estudantes de universidade brasileira”; teve como objetivo identificar os alunos que receberam o atendimento no serviço de saúde mental, e comparar o desempenho acadêmico com os estudantes que não receberam o atendimento. O método utilizado foi estudo descritivo, retrospectivo baseado na análise de prontuários de 1.237 estudantes. Os resultados obtidos demonstraram que os estudantes que receberam o tratamento psiquiátrico apresentaram o menor desempenho acadêmico em relação aos estudantes não pacientes. Ao relacionar esse estudo com depressão e aprendizagem entendemos a importância do cuidado voltado para transtornos mentais, incluindo a depressão em estudantes, pois o atendimento psiquiátrico realizado foi eficaz para auxiliá-los na conclusão dos cursos, apesar do menor desempenho durante a graduação.

A aprendizagem escolar e acadêmica utiliza regiões cerebrais como o hipocampo, onde os sistemas de memória também são elaborados, relacionando a importância da memória na aprendizagem (CASTORINA; CARRETERO, 2014). Estudos que mostram a dificuldade de memorização em pacientes com TDM demonstram que as áreas afetadas pela depressão são as mesmas utilizadas para aprendizagem e memorização.

Baseado na dificuldade do indivíduo com diagnostico de depressão e transtorno de memória, encontramos estudos que afirmam esse problema. Kassel, et al (2016), avaliou dois grupos, no qual um grupo continha 40 participantes sem diagnostico de TDM e outro com 42 participantes com diagnostico de TDM. Para critério de escolha dos participantes foram utilizados o inventário de depressão de Beck, a escala de depressão de Hamilton em Entrevista clínica estruturada para DSM-IV. Durante a lista de tarefas, dada para mensurar a memória de curto prazo utilizou-se a ressonância magnética das regiões cerebrais (circuito de papez) ativadas no processo da codificação da memória e recordação. Segundo o estudo a ativação do cérebro responsável pela memória apresenta menor atividade em indivíduos diagnosticados com TDM.

Rao, et al (2016) também realizou um estudo que relacionam pacientes depressivos em remissão, e o transtorno de memorização. Participaram dos estudos dois grupos, no qual um grupo continha 34 indivíduos não medicados com TDM em remissão e o outro com 23 indivíduos saudáveis. Como critério de inclusão dos participantes foi utilizado à escala de depressão de Hamilton e o inventário de depressão de Beck. A tarefa dada aos grupos avaliou o nível de aprendizagem baseada na memória. Utilizando a ressonância magnética também se verificou a ativação das regiões cerebrais (hipocampo) durante a tarefa realizada. Observou-se a dificuldade de aprendizagem e memorização mesmo em indivíduos com TDM em remissão, em relação ao grupo dos indivíduos saudáveis.

O estudo mais recente da nossa pesquisa, mostra que a preocupação da depressão em relação a aprendizagem está crescendo. Barnes, Smith e Datta (2017), utilizaram 16 ratos adultos para seus estudos, onde foram separados em dois grupos um como grupo de controle com 8 ratos, e o outro com 8 ratos que foram submetidos antes, durante e depois a testes de natação forçada, privação do sono e reconhecimento de objetos familiares. O estudo indica que após os testes os ratos apresentaram fenótipos depressivos e déficits significativos nos reconhecimentos de objetos. Demonstrando claramente que a depressão afeta a memória e a cognição, o que dificulta o aprendizado.

Os estudos evidenciam que existem relações entre depressão e aprendizagem, ou seja, há uma ligação direta que dificulta o processo de ensino-aprendizagem de alunos com sintomas de depressão, e isso interfere durante a formação profissional. Essa depressão se inicia com o surgimento de sentimentos como a insegurança, o medo, e entre outros que interferem no processo de aprendizagem.

Para avaliar o nível de depressão, a maioria dos estudos utilizou o inventário de Beck, e a escala de Hamilton, e a de depressão infantil. Testes, tais como o priming de palavras (método utilizado para medir a memória implícita no qual consiste facilitação do desempenho por uma experiência passada sem implicar a sua lembrança deliberada) também evidência essa relação, pois estudantes que possuem sintomas depressivos são afetados em sua aprendizagem quando submetidos a palavras negativas, daí a necessidade de apoio emocional. Além dos fatores externos há, também, influências genéticas ou hereditárias tanto para a depressão quanto para a dificuldade de aprendizagem e memorização.

A maioria dos autores concorda que indivíduos com depressão apresentam déficit de aprendizagem, memorização e, consequentemente de desempenho. Essas dificuldades foram evidentes em testes feitos em animais de laboratório e também em acadêmicos de cursos da saúde, tanto de enfermagem, quanto de medicina. Esse artigo mostra a importância do cuidado voltado para transtornos mentais, incluindo a depressão em estudantes, pois o atendimento psiquiátrico realizado foi eficaz para a conclusão dos cursos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse estudo foi demonstrar na literatura evidências científicas relacionadas a influência da depressão no processo de aprendizagem de crianças, jovens e adultos em diferentes épocas do aprendizado.

Após análise de dez estudos foi possível concluir que:

– Há evidências científicas que a depressão pode levar à dificuldade de aprendizagem;

– Os sintomas da depressão, relacionada à aprendizagem, se iniciam com insegurança e medo;

– São necessários testes validados para identificar a depressão e relacioná-la com o desempenho escolar em diferentes grupos, como pré-escolares, escolares, adolescentes, jovens e adultos.

– Fatores genéticos e externos interferem no surgimento da depressão;

– Indivíduos com depressão apresentam déficit de aprendizagem, memorização, o que leva ao baixo desempenho, independente da idade;

– É necessário apoio emocional, motivação com palavras positivas, acompanhamento psicopedagógico, psiquiátrico e de enfermagem, tanto para a identificação precoce, quanto para o tratamento;

Os resultados desse estudo levam a concluir que há uma maior necessidade das equipes multiprofissionais compostas por psicólogos, psicopedagogos, psiquiatras e entre outros profissionais de saúde em atuar de forma persistente na prevenção do surgimento de sinais de depressão entre os estudantes de variadas idades e classes socioeconômicas.

E também chama atenção para que os enfermeiros da estratégia da saúde da família, responsáveis pelas escolas de sua região, devam promover ações de prevenção à depressão, orientando os educadores quanto à identificação de sinais de dificuldade de aprendizagem, observar se há sintomas de depressão e investigar a relação entre o trinômio depressão-déficit-aprendizagem.

A utilização de métodos científicos tais como os testes de Beck, a escala de Depressão de Hamilton e a escala de depressão infantil adaptada devem fazer parte da rotina de avaliação dos educandos. Nesse sentido, ações interdisciplinares, multidisciplinares e o envolvimento da família são fundamentais para a prevenção de agravos relacionados à depressão e o déficit de aprendizagem.

6.  REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnostico Estatístico de transtorno Mental. Tradução: Maria Inês Correa Nascimento. Porto Alegre: Atmed, 2014.

BARNES, A.K.; SMITH, S.B.; DATA, S. Além dos processos emocionais e espaciais: disfunção cognitiva em um fenótipo Depressivo Produzido por fotoperíodo longo da exposição. Knoxville, TN, Estados Unidos da América, v.12, n. 1, jan, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.1371/journal.pone.0170032> Acesso em: 3 março de 2018.

BELLUCCI JUNIOR, J. A; MATSUDA, L. M. Construção e validação de instrumento para avaliação do Acolhimento com Classificação de Risco. Rev. bras. enferm. v.65, n.5, p.751-757, set/out, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10. 1590/S0034-71672012000500006 Acesso em: 1 de março de 2018

BRASILIA. Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Brasília, 2012. Disponivel em: http://novo.portalcofen.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/resolucao_311_anexo.pdf. Acesso em 15 de março de 2018.

BRASIL. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Brasília, 2015. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/ideb. Acesso em: 1 de março de 2018.

BRASIL. Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Brasília-DF, 2001. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em 15 de março de 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno do gestor do PSE. Brasília, 2015. Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_gestor_pse.pdf. Acesso em: 15 de março de 2018.

CAMARGO, et al. Prevalência de casos de depressão em acadêmicos de enfermagem em uma Instituição de Ensino de Brasília. Rev Min Enferm. abr/jun; v. 18, n. 2, p. 392-397, 2014. Disponível em: http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20140030. Acesso em 1 de março de 2018.

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ANEXO A

Inventário de Depressão de Beck

Nome: _______________________________________________Idade: _____________ Data: _____/_____/_____

Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira que você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer sua escolha.

1 0 Não me sinto triste

1 Eu me sinto triste

2 Estou sempre triste e não consigo sair disto

3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar

12 0 Não perdi o interesse pelas outras pessoas

1 Estou menos interessado pelas outras pessoas do que costumava estar

2 Perdi a maior parte do meu interesse pelas outras pessoas

3 Perdi todo o interesse pelas outras pessoas

2 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro

1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro

2 Acho que nada tenho a esperar

3 Acho o futuro sem esperanças e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar

13 0 Tomo decisões tão bem quanto antes

1 Adio as tomadas de decisões mais do que costumava

2 Tenho mais dificuldades de tomar decisões do que antes

3 Absolutamente não consigo mais tomar decisões

3 0 Não me sinto um fracasso

1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum

2 Quando olho pra trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos

3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso

14 0 Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes

1 Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo

2 Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me fazem parecer sem atrativo

3 Acredito que pareço feio

4 0 Tenho tanto prazer em tudo como antes

1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes

2 Não encontro um prazer real em mais nada

3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo

15 0 Posso trabalhar tão bem quanto antes

1 É preciso algum esforço extra para fazer alguma coisa

2 Tenho que me esforçar muito para fazer alguma coisa

3 Não consigo mais fazer qualquer trabalho

5 0 Não me sinto especialmente culpado

1 Eu me sinto culpado grande parte do tempo

2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo

3 Eu me sinto sempre culpado

16 0 Consigo dormir tão bem como o habitual

1 Não durmo tão bem como costumava

2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que habitualmente e acho difícil voltar a dormir

3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir

6 0 Não acho que esteja sendo punido

1 Acho que posso ser punido

2 Creio que vou ser punido

3 Acho que estou sendo punido

17 0 Não fico mais cansado do que o habitual

1 Fico cansado mais facilmente do que costumava

2 Fico cansado em fazer qualquer coisa

3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa

7 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo

1 Estou decepcionado comigo mesmo

2 Estou enojado de mim

3 Eu me odeio

18 0 O meu apetite não está pior do que o habitual

1 Meu apetite não é tão bom como costumava ser

2 Meu apetite é muito pior agora

3 Absolutamente não tenho mais apetite

8 0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros

1 Sou crítico em relação a mim por minhas fraquezas ou erros

2 Eu me culpo sempre por minhas falhas

3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece

19 0 Não tenho perdido muito peso se é que perdi algum recentemente

1 Perdi mais do que 2 quilos e meio

2 Perdi mais do que 5 quilos

3 Perdi mais do que 7 quilos

Estou tentando perder peso de propósito, comendo menos: Sim _____ Não _____.

9 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar

1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria

2 Gostaria de me matar

3 Eu me mataria se tivesse oportunidade

20 0 Não estou mais preocupado com a minha saúde do que o habitual

1 Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores, indisposição do estômago ou constipação

2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa

3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em qualquer outra coisa

10 0 Não choro mais que o habitual

1 Choro mais agora do que costumava

2 Agora, choro o tempo todo

3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo, mesmo que o queria

21 0 Não notei qualquer mudança recente no meu interesse por sexo

1 Estou menos interessado por sexo do que costumava

2 Estou muito menos interessado por sexo agora

3 Perdi completamente o interesse por sexo

11 0 Não sou mais irritado agora do que já fui

1 Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava

2 Agora, eu me sinto irritado o tempo todo

3 Não me irrito mais com coisas que costumavam me irritar

Fonte: Sadock e Sadock, 2008.

ANEXO B

Escala De Depressão De Hamilton

Nome: _______________________________________________ Idade: _____________ Data: _____/_____/_____

Gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre a última semana. Como você tem se sentido desde a última (dia da semana)? Se paciente ambulatorial: você tem trabalhado? Se não: especifique por que não?

1 HUMOR DEPRIMIDO

0. Ausente

1. Sentimentos relatados apenas ao ser perguntado

2. Sentimentos relatados espontaneamente, com palavras.

3. Comunica os sentimentos com expressão facial, postura, voz e Tendência ao choro.

4. Sentimentos deduzidos da comunicação verbal e não verbal do paciente

Escore
2 SENTIMENTOS DE CULPA

0. Ausentes

1. Auto-recriminação; sente que decepcionou os outros

2. Idéias de culpa ou ruminação sobre erros passados ou más Acões

3. A doença atual é um castigo. Delírio de culpa

4.Ouve vozes de acusação ou denúncia e/ou tem alucinações visuais

Ameaçadoras

3 SUICÍDIO

0. Ausente

1. Sente que a vida não vale a pena

2. Desejaria estar morto; pensa na possibilidade de sua morte

3. Idéias ou gestos suicidas

4. Tentativa de suicídio (qualquer tentativa séria)

4 ISÔNIA INICIAL

0. em dificuldade

1.Tem alguma dificuldade ocasional, isto é, mais de meia hora

2.Queixa de dificuldade para conciliar todas as noites

5 ISÔNIA INTERMEDIÁRIA

0. em dificuldade

1.Queixa-se de inquietude e perturbação durante a noite

2.Acorda à noite; qualquer saída da cama (exceto para urinar)

6 INSÔNIA TARDIA

0.Sem dificuldade

1.Acorda de madrugada, mas volta a dormir

2.Incapaz de voltar a conciliar o sono ao deixar a cama.

7 TRABALHOS E ATIVIDADES

0.Sem dificuldade

1.Pensamento/sentimento de incapacidade, fadiga, fraqueza relacionada às atividades; trabalho ou passatempos

2.Perda de interesse por atividades (passatempos, trabalho) quer diretamente relatada pelo paciente, ou indiretamente, por desatenção, indecisão e vacilação (sente que precisa se esforçar para o trabalho ou atividades).

3.Diminuição do tempo gasto em atividades ou queda da produtividade. No hospital, marcar 3 se o paciente passa menos de 3h em atividades externas (passatempos ou trabalho hospitalar).

4.Parou de trabalhar devido à doença atual. No hospital, marcar 4 se o paciente não se ocupar de outras atividades além de pequenas tarefas do leito, ou for incapaz de realizá-las sem auxílio.

8 RETARDO

0.Pensamento e fala normais

1.Leve retardo durante a entrevista

2.Retardo óbvio à entrevista

3.Estupor completo

9 AGITAÇÃO

0.Nenhuma

1.Brinca com as mãos ou com os cabelos, etc

2.Troce as mãos, rói as unhas, puxa os cabelos, morde os lábios.

10 ANSIEDADE PSÍQUICA

0.Sem ansiedade

1.Tensão e irritabilidade subjetivas

2.Preocupação com trivialidades

3.Atitude apreensiva aparente no rosto ou fala

4.Medos expressos sem serem inquiridos

11 ANSIEDADE SOMÁTICA (sintomas fisiológicos de ansiedade: boca seca, flatulência, indigestão, diarréia, cólicas, eructações; palpitações, cefaléia, hiperventilação, suspiros, sudorese, freqüência urinária).

0.Ausente

1.Leve

2.Moderada

3.Grave

4.Incapacitante.

12 SINTOMAS SOMÁTICOS GASTROINTESTINAIS

0.Nenhum

1.Perda do apetite, mas alimenta-se voluntariamente; sensações de peso no abdome

2.Dificuldade de comer se não insistirem. Solicita ou exige laxativos ou medicações para os intestinos ou para sintomas digestivos.

13 SINTOMAS SOMÁTICOS EM GERAL

0.Nenhum

1.Peso nos membros, costas ou cabeça. Dores nas costas, cefaléia, mialgia Perda de energia e cansaço

2.Qualquer sintoma bem caracterizado e nítido, marcar 2

14 SINTOMAS GENITAIS (perda da libido, sintomas menstruais).

0.Ausentes

1.Leves distúrbios menstruais

2.Intensos

15 HIPOCONDRIA

0.Ausente

1.Auto-observação aumentada (com relação ao corpo)

2.Preocupação com a saúde

3.Queixas freqüentes, pedidos de ajuda, etc

4.Idéias delirantes hipocondríacas

16 PERDA DE PESO (Marcar A ou B; A-pela história; B – pela avaliação semanal do psiquiatra responsável).

A.

0.Sem perda de peso

1.Provável perda de peso da doença atual

2.Perda de peso definida

B.

0.Menos de 0,5kg de perda por semana

1.Mais de 0,5kg de perda por semana

2.Mais de 1kg de perda por semana

17 CONSCIÊNCIA DA DOENÇA

0.Reconhece que está deprimido e doente

1.Reconhece a doença mas atribui-lhe a causa à má alimentação, ao clima, ao excesso de trabalho, a vírus, necessidade de repouso

2.Nega estar doente

18 VARIAÇÃO DIURNA

(se há variação dos sintomas pela manhã ou à noite; caso não haja variação, marcar 0)

0.Ausentes

1.Leve

2.Grave

19 DESPERSONALIZAÇÃO E DESREALIZAÇÃO (Idéias niilistas, sensações de irrealidade)

0.Ausentes

1.Leves

2.Moderadas

3.Graves

4.Incapacitantes

20 SINTOMAS PARANOIDES

0.Nenhum

1.Desconfiança

2.Idéias de referência

3.Delírio de referência e perseguição

21 SINTOMAS OBSESSIVOS E COMPULSIVOS

0.Nenhum

1.Leves

2.Graves

Fonte: Gelder; Mayou; Cowen, 2006.

[1] Acadêmicas do 10º período do curso de enfermagem da FACUNICAMPS.

[2] Acadêmicas do 10º período do curso de enfermagem da FACUNICAMPS.

[3] Acadêmicas do 10º período do curso de enfermagem da FACUNICAMPS.

[4] Doutora em Ciências da Saúde – FM/FM/UFG, Mestre em Enfermagem, Enfermeira, docente do curso de graduação de enfermagem da FACUNICAMPS.

Enviado: Setembro, 2018.

Aprovado: Julho, 2019.

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