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Distribuição por estado físico de pacientes submetidos a cirurgias ambulatoriais

RC: 59528
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/cirurgias-ambulatoriais

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BEDIN, Rafael Antonio Caldart [1], SCHULTZ, Maisa [2], BEDIN, Antonio [3]

BEDIN, Rafael Antonio Caldart. SCHULTZ, Maisa. BEDIN, Antonio. Distribuição por estado físico de pacientes submetidos a cirurgias ambulatoriais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 09, Vol. 05, pp. 05-12. Setembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/cirurgias-ambulatoriais, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/cirurgias-ambulatoriais

RESUMO

Na avaliação pré-anestésica, que deve sempre ocorrer antes de cirurgias eletivas, o anestesista realiza a avaliação do estado físico. Neste estudo verificou-se o perfil dos pacientes encaminhados para cirurgias ambulatoriais. Avaliou-se o estado físico segundo a classificação da Associação Americana de Anestesiologia (ASA), identificando a classificação de estado físico (ASA 1, 2, 3, 4, 5 e 6) dos pacientes; verificou-se a prevalência de estado físico 1, 2, 3, 4, 5 e 6 segundo Classificação da Sociedade americana de anestesiologistas (ASA). Este foi um estudo clínico epidemiológico retrospectivo realizado no período de julho de 2016 a julho de 2017. 297 pacientes participaram do estudo sendo idade 43,78±12,59, peso 78,21±12,28 e índice de massa corporal 26,27±4,58.  O estado físico, segundo a classificação da American Society o Anesthesiology (ASA), mais frequente foi ASA 1 (55,21 %).

Palavras-chave: Anestesia geral, anestesia ambulatorial, cuidados pré-operatórios.

INTRODUÇÃO

O conceito de procedimento cirúrgico mudou para um processo perioperatório abrangente, os resultados de muitas das principais operações eletivas melhoraram atualmente em procedimentos cirúrgicos ambulatoriais. O cuidado agora se concentra em uma avaliação pré-operatória, planejamento precoce para alta e reabilitação pós-procedimento (KNUF e colab., 2018). A avaliação anestésica pré-operatória tem como principal objetivo a redução da morbidade-letalidade associada ao ato anestésico-cirúrgico e deve ser feita, preferencialmente, pelo médico anestesiologista (DAVENPORT e colab., 2006) (DE SOUSA SOARES e colab., 2013). Na avaliação pré-anestésica, que é realizada antes de cirurgias eletivas, o médico anestesiologista realiza a avaliação do estado físico (CARVALHO e colab., 2019) (GREEN e ROBACK, 2019). Essa avaliação é feita segundo os critérios da American Society of Anesthesiologists (ASA) e é um importante indicador para que o médico anestesiologista dimensione o potencial de risco durante o procedimento anestésico (MCISAAC e colab., 2017)..

Por serem usadas por muitos serviços e por serem preditores de diversas situações clínicas e pós-operatórias (MADDALI e colab., 2018), a classificação de estado físico ASA pode providenciar importantes dados para levantamentos estatísticos (CARVALHO e colab., 2019).

Como citado em Mathias (1997) (FERNANDAS MENDES e colab., 2011), “O propósito principal da avaliação pré-operatória é reduzir a morbimortalidade do paciente cirúrgico”, e desde Vacanti, Vanhouten e Hill (1970) (VACANTI e colab., [S.d.]), sabe-se que há estreita relação entre a classificação de estado físico ASA (um dos componentes da avaliação pré-anestésica) e mortalidade em cirurgia. Outros autores, como Davenport et al. (2006) (DAVENPORT e colab., 2006), Schwartzman et al. (2014 e 2011) (SANTOS e colab., 2017) e Wolters et al. (1996) (WOLTERS e colab., 1996), para citar alguns, relacionaram a avaliação pré-anestésica e o estado físico com complicações em cirurgia e anestesia, o que situa esses fatores como objetos importantes de avaliação para uma melhor prática médica (FUJIWARA e colab., 2019).

MÉTODOS

O estudo foi iniciado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Região de Joinville sob o número 3.249.237. Tratou-se de um estudo clínico epidemiológico prospectivo a ser realizado em clínica de avaliação pré-anestésica de julho de 2016 a julho de 2017. A hipótese foi de que a prevalência dos fatores avaliados seria o esperado conforme a literatura. Como objetivo geral verificou-se o perfil dos pacientes encaminhados para cirurgias ambulatoriais segundo os critérios da Associação Americana de Anestesiologistas no período de julho de 2016 a julho de 2017. Como objetivos específicos avaliou-se o estado físico segundo a classificação da Associação Americana de Anestesiologistas (ASA), identificando a classificação de estado físico (ASA) como 1 sem distúrbios sistêmicos, 2 distúrbio sistêmico leve, 3 distúrbio sistêmico grave, 4 distúrbio sistêmico grave com risco de vida, 5 paciente com menos de 24 horas de perspectiva de vida e 6 doador de órgãos (RILEY e colab., 2014). Sendo pacientes que seriam submetidos a cirurgia ambulatoriais. Correlacionou-se os dados para verificação e elaboração de abordagens terapêuticas individualizadas conforme os perfis encontrados para melhor atendimento dos pacientes. Foram incluídos pacientes que foram submetidos à cirurgias ambulatoriais e que tiveram sua avaliação pré-anestésica em clínica de avaliação pré-anestésica de julho de 2016 a julho de 2017. Foram excluídos pacientes com estado físico ASA V e VI. Também foram anotados dados demográficos como: idade, peso, altura e sexo de cada paciente. Para a análise de dados foi utilizada    estatística descritiva (média, moda, mediana e desvio padrão) e utilizado o programa Microsoft Excel®.

RESULTADOS

Este foi um estudo clínico epidemiológico retrospectivo realizado em clínica de avaliação pré-anestésica no período de julho de 2016 a julho de 2017. Os dados analisados foram dados demográficos tais como idade, peso em quilos e índice de massa corporal (tabela 1).  O estado físico segundo a classificação da American Society o Anesthesiology (ASA), (Tabela 2). A análise estatística foi realizada pelo software Microsoft Excel 365®.

DISCUSSÃO

Neste atual estudo envolvendo 2788 pacientes avaliados em clínica de avaliação pré-anestésica a distribuição de estado físico mais frequente foi ASA 1 (55,48%).

Vacanti, Vanhouten e Hill (1970) (VACANTI e colab., [S.d.]) realizaram uma extensa análise estatística a respeito da relação entre estado físico e mortalidade dos pacientes no pós-operatório (TUNCALI e colab., 2018). Além disso, Schwartzman et al. (2014)(SANTOS e colab., 2017) discutem a importância da avaliação pré-anestésica em relação prognóstico e possibilidade de intercorrências em cirurgias. Segundo os autores, pacientes com estado físico mais debilitado (ASA 3 e 4) apresentam maior risco de complicações relacionadas à anestesia.  Conforme a publicação, quanto mais comprometido o estado físico maiores as chances de o paciente apresentar uma complicação relacionada à anestesia, estas ocorrendo do seguinte modo: houve complicações em 20,4% dos pacientes classificados como ASA 1; entre aqueles julgados ASA 2, 22,3% dos pacientes sofreram de complicações; 42,6% dos pacientes ASA 3 tiveram alguma complicação e, de maneira mais acentuada, complicações foram observadas em 100% dos pacientes ASA 4, tornando esses pacientes estatisticamente 16,7 vezes mais propensos de apresentar complicações relacionadas à anestesia em comparação com o pacientes ASA 1 (FUJIWARA e colab., 2019).

Em estudo realizado por Wolters et al. (1996) (WOLTERS e colab., 1996) foram levantados dados sobre a incidência dos estados ASA e sua relação com aspectos intra e pós-operatórios. No presente estudo, 18% dos pacientes foram classificados como ASA 1, 42,6% como ASA 2, 34,6% como ASA 3, 4,6% como ASA 4 e 0,2% como ASA 5.  Nesse mesmo estudo foi verificado que entre os pacientes ASA 1 e os pacientes ASA 3 e 4 ocorreu um aumento no tempo de duração da cirurgia, assim como entre os pacientes ASA 2 e ASA 3. A perda de sangue também foi um aspecto relacionado com o estado ASA, demonstrando que pacientes ASA 4 perdem mais sangue que os pacientes de ASA 1, ASA 2 e ASA 3. Outro ponto analisado foi o tempo de ventilação pós-operatória o qual evidenciou um aumento de 2 a 6 vezes entre os grupos (1,1 hora para ASA 1, 4,2 horas para ASA 2, 7,7 horas para ASA 3 e 45,5 horas para ASA IV). O tempo de estadia em cuidado intensivo e o tempo de estadia no hospital também têm relação com o estado ASA visto que pacientes com estados ASA mais baixo precisam passar menos tempo em cuidado intensivo e no hospital do que pacientes com estado ASA mais alto. Em relação às complicações, foi observado um aumento de 2 a 3 vezes nas complicações broncopulmonares entre os níveis ASA, enquanto que nas cardíacas foi aferido um aumento de 3 vezes entre os níveis ASA. Por fim, foi verificada uma mortalidade de 0,1% para estados ASA 1, 0,7% para ASA 2, 3,5% para ASA 3, 18,3% para ASA 4 e 93,3% para ASA 5 (WOLTERS e colab., 1996).

A classificação de estado físico ASA, além de estar relacionada à predição de complicações em anestesia, também no estudo de Schwartzman et al. (2014) (SHIGA e colab., 2005), por definição está também relacionada à existência de doenças sistêmicas. A classificação do estado físico da Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA) não se destina a reduzir o risco, mas o aumento do índice ASA foi associado ao aumento da mortalidade perioperatória (KNUF e colab., 2018). A classificação ASA está sendo usada por muitas instituições para identificar pacientes que podem necessitar de exames complementares ou exames no pré-operatório. Estudos a respeito do sistema de classificação ASA mostram uma variabilidade significativa na atribuição de classes por anestesiologistas. Discrepâncias na precisão ASA têm o potencial de levar a testes desnecessários e cancelamento de procedimentos cirúrgicos (KNUF e colab., 2018).

CONCLUSÃO

Este estudo objetivou quantificar a prevalência do estado físico ASA dos pacientes submetidos a cirurgia ambulatoriais entre julho de 2016 e julho de 2017. Além disso, foram coletados dados demográficos (sexo, idade, peso e índice de massa corporal) como também estado físico. Esses são temas pouco estudados nessa população e, dada a clara importância de ambas estas classificações quanto a desfechos anestésicos e, consequentemente, cirúrgicos, este estudo  epidemiológico  demonstrou que esta variável “estado físico ASA” pode auxiliar no entendimento sobre a nossa população. O que poderá suscitar novos estudos nesta área de grande importância para a anestesiologia, que é a previsibilidade de provável maior grau de  dificuldade, para o início de um procedimento cirúrgico necessariamente realizado sob anestesia geral e/ou anestesia regional, como são muitos dos procedimentos ambulatoriais.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, C. C. e colab. Pre‐operative voice evaluation as a hypothetical predictor of difficult laryngoscopy. Anaesthesia, v. 74, n. 9, p. 1147–1152, 11 Set 2019. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/anae.14732>. Acesso em: 29 set 2019.

DAVENPORT, Daniel L. e colab. National Surgical Quality Improvement Program (NSQIP) Risk Factors Can Be Used to Validate American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification (ASA PS) Levels. Annals of Surgery, v. 243, n. 5, p. 636, Maio 2006. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16632998>. Acesso em: 28 set 2019.

DE SOUSA SOARES, Danielle e colab. REVISTA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA Relevância de Exames de Rotina em Pacientes de Baixo Risco Submetidos a Cirurgias de Pequeno e Médio Porte. Rev Bras Anestesiol. [S.l: s.n.], 2013. Disponível em: <www.sba.com.br>. Acesso em: 25 ago 2020.

FERNANDAS MENDES, Florentine e colab. Impacto da implantação de clínica de avaliação pré-operatória em indicadores de desempenho. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 61, n. 6, p. 786–792, 2011.

FUJIWARA, Kazunori e colab. Preoperative predictors of difficult hypopharyngeal exposure by retractor for transoral robotic surgery. International Journal of Clinical Oncology, v. 24, n. 1, p. 53–59, 13 Jan 2019. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30101389>. Acesso em: 29 set 2019.

GREEN, Steven M. e ROBACK, Mark G. Is the Mallampati Score Useful for Emergency Department Airway Management or Procedural Sedation? Annals of Emergency Medicine, v. 74, n. 2, p. 251–259, Ago 2019. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30782435>. Acesso em: 29 set 2019.

KNUF, Kayla M. e MAANI, Christopher V. e CUMMINGS, Adrienne K. Clinical agreement in the American Society of Anesthesiologists physical status classification. Perioperative Medicine, v. 7, n. 1, Dez 2018. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29946447/>. Acesso em: 26 ago 2020.

MADDALI, MadanMohan e colab. Preoperative predictors of poor laryngoscope views in pediatric population undergoing cardiac catheterization. Annals of Cardiac Anaesthesia, v. 21, n. 4, p. 376, 2018. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30333330>. Acesso em: 29 set 2019.

MCISAAC, Daniel I. e colab. Effect of Preoperative Geriatric Evaluation on Outcomes After Elective Surgery: A Population-Based Study. Journal of the American Geriatrics Society, v. 65, n. 12, p. 2665–2672, Dez 2017. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28971482>. Acesso em: 29 set 2019.

RILEY, R. H. e HOLMAN, C. D.J. e FLETCHER, D. R. Inter-rater reliability of the ASA physical status classification in a sample of anaesthetists in Western Australia. Anaesthesia and Intensive Care, v. 42, n. 5, p. 614–618, 1 Set 2014.

SANTOS, Monica Loureiro e NOVAES, Cristiane de Oliveira e IGLESIAS, Antonio Carlos. Epidemiological profile of patients seen in the pre‐anesthetic assessment clinic of a university hospital. Brazilian Journal of Anesthesiology, v. 67, n. 5, p. 457–467, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.06.002>.

SHIGA, Toshiya e colab. Predicting Difficult Intubation in Apparently Normal Patients. Anesthesiology, v. 103, n. 2, p. 429–437, Ago 2005. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16052126>. Acesso em: 28 set 2019.

TUNCALI, Bahattin e colab. Retrospective Evaluation of Patients who Underwent Laparoscopic Bariatric Surgery. Turkish Journal of Anesthesia and Reanimation, v. 46, n. 4, p. 297–304, 16 Ago 2018. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30140537>. Acesso em: 29 set 2019.

VACANTI, C J e VANHOUTEN, R J e HILL, R C. A statistical analysis of the relationship of physical status to postoperative mortality in 68,388 cases. Anesthesia and analgesia, v. 49, n. 4, p. 564–6, [S.d.]. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5534668>. Acesso em: 28 set 2019.

WOLTERS, U e colab. ASA classification and perioperative variables as predictors of postoperative outcome. British Journal of Anaesthesia, v. 77, n. 2, p. 217–222, Ago 1996. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8881629>. Acesso em: 28 set 2019.

ANEXOS

Tabela 1. Dados demográficos expressos em média ± desvio padrão.

Número total (n) 297
Sexo (M/F) 192/105
Idade (média ± desvio padrão) 43,78±12,59
Peso em quilos (média ± desvio padrão) 78,21±12,28
IMC (média ± desvio padrão) 26,27±4,58

Fonte: autores.

Tabela 2. Estado físico ASA:

Estado físico Número Porcentagem
ASA 1 164 55,21
ASA 2 92 30,97
ASA 3 41 13,80
ASA 4 0 0
ASA 5 0 0
AS 6 0 0

Fonte: autores.

[1] Graduando em medicina.

[2] Graduanda de medicina.

[3] Médico Anestesiologista. Mestre em Saúde. Doutor em Anestesiologia.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Setembro, 2020.

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Antonio Bedin

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