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Cuidados de enfermagem durante a anestesia de paciente com COVID-19

RC: 75869
3.036
5/5 - (1 vote)
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/anestesia-de-paciente

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos [1], FLAUZINO, Victor Hugo de Paula [2], VITORINO, Priscila Gramata da Silva [3], HERNANDES, Luana de Oliveira [4], GOMES, Daiana Moreira [5], MEJIA, Judith Victoria Castillo [6]

CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos. Et al. Cuidados de enfermagem durante a anestesia de paciente com COVID-19. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 06, pp. 103-116. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/anestesia-de-paciente, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/anestesia-de-paciente

RESUMO

Objetivou-se neste estudo, descrever os principais cuidados de enfermagem e as suas principais intercorrências durante anestesia de paciente com COVID-19. A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa. A pergunta de pesquisa foi: Quais os cuidados especiais com a anestesia devem ser tomados em tempos de pandemia do COVID-19? Sendo seus descritores: Anestesia, cuidados de enfermagem e COVID-19, utilizando-os junto ao operador Booleano “AND”. A coleta dos dados foi realizada por 6 pesquisadores de forma independente nos bancos de dados: ScIELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), Elsevier e LATINDEX (Índice Latino- americano de Publicações Científicas Seriadas). Tendo uma amostra final de 21 artigos, os quais foram organizados em 3 categorias temáticas: 1. Cuidados de enfermagem durante a anestesia; 2. Intercorrências durante a anestesia e 3. Cuidados na anestesia a pacientes com COVID-19.

Palavras chaves: Anestesia, cuidados de enfermagem, COVID-19.

INTRODUÇÃO

O período perioperatório é considerado complexo por apresentar procedimentos invasivos, os quais requerem um alto nível de conhecimentos dos profissionais de saúde, principalmente, dos enfermeiros, pois são os profissionais que estão presentes durante todo o processo, começando no período pré-operatório até o pós-operatório. No período anestésico, o paciente se encontra sob total vulnerabilidade, sendo de fundamental importância que o profissional de saúde esteja atento à possíveis complicações do paciente e mudanças dos sinais vitais (KOCH, 2018).

O COVID-19, doença causada pelo coronavírus chamado SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndorme Coronavirus 2), é uma infecção que atinge o sistema respiratório e se propaga rapidamente, podendo causar graves complicações. Por ser uma doença de alto poder de infecção e propagação, há a necessidade de um severo acompanhamento ao paciente portador do COVID-19, principalmente por ser um paciente instável e com maior risco de infecção e complicações (NETO et al, 2020; ANDRADE et al, 2020).

Devido à sua composição, os fármacos anestésicos têm a possibilidade de desenvolver efeitos colaterais em alguns pacientes, podendo retardar o processo de recuperação ou até mesmo influenciar durante o procedimento cirúrgico. Esses efeitos quando somados ao paciente que apresenta um baixo sistema imunológico, complicações respiratórias e instabilidade nos sinais vitais, como o paciente com COVID-19, podem levar a efeitos irreversíveis e até mesmo fatais. (SCHWARTZMA, 2014; SOUZA et al, 2020).

Espera-se, portanto, que o enfermeiro desenvolva uma assistência minuciosa e detalhada ao paciente portador de COVID -19 durante o procedimento anestésico, para que minimize ou anule possíveis complicações que venham colocar a vida do paciente em risco. Em razão disso, o profissional de enfermagem necessita ter conhecimento especializa para atender as necessidades decorrentes dos procedimentos realizados. Por meio disto surge a seguinte pergunta, quais os cuidados especiais com a anestesia devem ser tomados em tempos de pandemia do COVID-19? a partir desta pergunta surgiu o objetivo de descrever os principais cuidados de enfermagem e as suas principais intercorrências durante anestesia de paciente com COVID-19.

METODOLOGIA

A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem descritiva e qualitativa. A pesquisa bibliográfica baseia-se recolecção e análise de material e artigos científicos publicados em periódicos acadêmicos (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020).

A coleta dos dados foi realizada por seis pesquisadores de forma independente, buscando responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais os cuidados especiais com a anestesia devem ser tomados em tempos de pandemia do COVID-19? Escolheu-se os seguintes descritores encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Anestesia, cuidados de enfermagem e COVID-19, utilizando-os junto ao operador Booleano “AND”.

Os bancos de dados escolhidos para a pesquisa foram: ScIELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), Elsevier e LATINDEX (Índice Latino- americano de Publicações Científicas Seriadas). Foram estabelecidos os critérios de inclusão, sendo eles: artigos acadêmicos publicados entre 2011 a 2020, na língua portuguesa, disponíveis de forma gratuita e nos bancos de dados já mencionados.

Foram identificados inicialmente 135 artigos. Porém, após aplicação dos filtros mencionados, resultou em 37 artigos, os quais foram seus resumos lidos. Destes 37 artigos, foram excluídos os que não respondiam à questão norteadora de pesquisa, resultando numa amostra final de 21 artigos, os quais foram organizados em 3 categorias temáticas: 1. Cuidados de enfermagem durante a anestesia; 2. Intercorrências durante a anestesia e 3. Cuidados na anestesia a pacientes com COVID-19.

RESULTADOS

Na tabela 1 é possível visualizar a distribuição inicial dos artigos científicos encontrados nas bases de dados da ScIELO, LILACS, BVS, Latindex e Elsevier

Tabela 1 – Resultados da busca nas bases de dados

Base de dados Artigos
Total Incluídos
SciELO 50 8
LILACS 13 5
BVS 49 5
Elsevier 8 2
Latindex 15 1
Total 135 21

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Os resultados estão representados em três quadros, dividido por categorias, a categoria 1. Cuidados de enfermagem durante a anestesia; categoria 2. Intercorrências durante a anestesia e Categoria 3. Cuidados na anestesia de pacientes com COVID-19.  O quadro 1 mostra os artigos utilizados na categoria 1, com o extrato dos artigos selecionados, mostrando as seguintes variáveis como: autor, objetivo central e tipo de estudo.

 Quadro 1. Artigos incluídos na categoria temática 1.

Autor/ano Objetivos Tipo de estudo
1  

MELO et al. 2019

Mapear os diagnósticos de enfermagem da taxonomia NANDA-I em pacientes no período transoperatório. Trata-se de um estudo transversal e documental.
2  

MUNIZ et al. 2014

Identificar as intervenções de enfermagem no transoperatório para prevenção e/ou tratamento da hipotermia acidental. Pesquisa exploratória, descritiva com abordagem quantitativa.
3  

KOCH et al. 2018

Verificar o conhecimento dos enfermeiros(as) de um hospital público da região oeste do estado de Santa Catarina sobre o cuidado de enfermagem no momento anestésico-cirúrgico. Estudo de campo, descritivo-exploratório, qualitativo.
4  

NUNES et al. 2019

Identificar o conhecimento de acadêmicos de enfermagem relacionado aos cuidados e as ações desenvolvidas pelo enfermeiro em sala de recuperação pós-anestésica com vistas à segurança do paciente. Estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa.
5 GOMES, ROMANEK, 2013 Descrever qual é a assistência de enfermagem perioperatória em histerectomia. Revisão bibliográfica.
6  

PASSOS, 2012

Descrever as responsabilidades da enfermagem da unidade de recuperação pós-anestésica de complicações pós-operatória imediatas; identificar os problemas pós operatórios comuns e o tratamento de enfermagem; descrever os principais diagnósticos de enfermagem no pós-operatório. Estudo de revisão bibliográfica
7  

NAKASATO et al 2015

identificar dos diagnósticos de enfermagem mais comumente relatados na literatura no perioperatório de cirurgia cardíaca. Revisão integrativa da literatura.
8  

TOBIN et al. 2017

Relatar a experiência, sensações e expectativas de uma acadêmica de enfermagem durante o estágio supervisionado no setor de Centro Cirúrgico, Centro de Material Esterilização e Sala de Recuperação pós-anestésica de um Hospital Universitário do interior de Mato Grosso do Sul. Estudo descritivo e reflexivo, do tipo relato de experiência.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

 O quadro 2 mostra todos os artigos que foram utilizados na revisão de literatura da categoria 2, com as seguintes variáveis como: autor, objetivo central e tipo de estudo.

Quadro 2. Artigos incluídos na categoria temática 2

Autor/ano Objetivos Tipo de estudo
1 OLIVEIRA, LOUZADA, JORGE, 2015 Este trabalho visa a relatar as principais vantagens e desvantagens do bloqueio subaracnóideo, elencando seu papel em grupos especiais e abordando as mais recentes descobertas sobre essa técnica. Revisão de literatura
2 SCHWARTZMA et al 2014 Descrever as complicações relacionadas à anestesia, identificar os fatores que contribuem para o seu surgimento e refletir sobre formas de melhoria na prática clínica. Estudo quantitativo
3 NUNES et al. 2012 O objetivo deste estudo foi fazer uma revisão sobre o tema com a finalidade de diminuir a incidência do despertar intraoperatório e das sequelas psicológicas decorrentes deste incidente, que podem resultar em síndrome de estresse pós-traumático com repercussões negativas sobre o desempenho social, psíquico e funcional do paciente cirúrgico. Revisão de literatura
4 CARVALHO et al 2010 Realizar uma revisão de literatura acerca dos anestésicos locais, fornecendo ao leitor, informações que orientarão quanto à escolha e quantidade da solução anestésica, prevenindo a ocorrência de complicações sistêmicas. Revisão de literatura
5 GRANDU et al 2013 Descrever o manejo anestésico e as complicações com anestesia geral. Estudo quantitativo
6 PEREIRA et al. 2011 Avaliar as complicações cardiovasculares intraoperatórias e os fatores preditores associados aos bloqueios do neuroeixo em pacientes com idades ≥ 18 anos submetidos a procedimentos não obstétricos, em um período de 18 anos, em hospital universitário de atendimento terciário-HCFMB-UNESP. Estudo retrospectivo
7 SCHWARTZMAN, 2011 Descrever as complicações anestésicas em Cirurgia Plástica observadas, ao longo de um ano, no Hospital Sarah Brasília e contextualizam a importância da consulta pré-anestésica. Realizou-se estudo de coorte retrospectiva e analítica
8 TENNANT, 2012. Determinar a frequência das complicações menores relatadas nas primeiras 48 horas do período pós-operatório por pacientes de cirurgias eletivas (ginecológicas e ortopédicas) no University Hospital of the West Indies, Jamaica. Avaliar a satisfação geral com os cuidados anestésicos e os possíveis fatores de risco para desenvolver complicações. Estudo prospectivo e descritivo de coorte
9 MENDONÇA, et al 2014. Avaliar o resultado da incidência de eventos adversos respiratórios (ARE) pós-operatórios em doentes com obesidade durante a sua permanência na UPA. Estudo prospetivo de controle de caso

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

O quadro 3 mostra todos os artigos que foram utilizados na revisão de literatura da categoria 3, com as seguintes variáveis como: autor, objetivo central e tipo de estudo.

 Quadro 3. Artigos incluídos na categoria temática 3

Autor/ano Objetivos Tipo de estudo
1 QUINTÃO, et al 2020 Orientar a assistência médica para os casos de pandemia do COVID-19. Meta-análise
2 GALLASCHI, et al 2020

 

Descrever as principais recomendações sobre ações de prevenção de contágio relacionadas à exposição ocupacional dos profissionais de saúde atuantes frente à COVID-19. Pesquisa bibliográfica
3 LIMA, et al 2020 (A) Orientar a assistência médica para os casos de emergência cirúrgica não traumática durante a pandemia do COVID-19. Pesquisa bibliográfica
4 LIMA, et al 2020 (B) Oferecer alternativas a fim de orientar cirurgiões e outros profissionais quanto ao manejo cirúrgico das vias aéreas em pacientes com suspeita e/ou confirmação para infecção pelo COVID-19. Pesquisa bibliográfica

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

DISCUSSÃO

CATEGORIA 1 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE A ANESTESIA

Segundo Melo et al (2019), o aumento do número de cirurgias de grande porte, consequentemente elevou o número de anestesias. O processo de indução anestésica é um momento crítico, durante o qual o enfermeiro do centro cirúrgico deve realizar a implementação da assistência de perioperatória (SAEP), para promover o cuidado de enfermagem seguro e contínuo durante todos os períodos cirúrgicos, além de proporcionar segurança para o paciente.

Para o enfermeiro desenvolver a SAEP, deve ter o conhecimento das várias formas de anestesias e os tipos de agentes anestésicos utilizados, pois isto influencia diretamente na assistência prestada no centro cirúrgico, podendo impedir os agravantes como: hipotermia, queda e lesões por posicionamento. Faz-se necessário a intervenção do enfermeiro no centro cirúrgico, para que ocorra um acompanhamento e uma avaliação efetiva do paciente, durante todo o período perioperatório, tendo como base que a enfermagem é um dos principais responsáveis pela segurança do paciente (MUNIZ et al, 2014).

Nesse sentido, o conhecimento ampliado dos enfermeiros sobre o período perioperatório, principalmente no momento anestésico-cirúrgico é de fundamental importância, porém, observa-se que o trabalho desenvolvido pelos enfermeiros no Centro cirúrgico é voltado para o ato anestésico-cirúrgico, tratando de forma ineficiente as necessidades do paciente. Observa-se que é necessário a presença do enfermeiro para realizar a SAEP e nortear toda a assistência prestada para paciente, esta deve ser de qualidade, humanizada e individualizada, com o objetivo de atender as reais necessidades do paciente nas diferentes etapas do perioperatório (NUNES et al, 2019).

Para Melo et al (2019) o objetivo da implementação da SAEP é identificar problemas, a fim de diminuir riscos e prejuízos no transoperatórios, organizando o trabalho de equipe e a assistência a ser aplicada, o pessoal e instrumentos necessários, para que ocorra a operacionalização do processo de enfermagem (PE) no Centro Cirúrgico (CC). O PE inclui “coleta de dados, diagnostico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação, sendo o diagnostico a base para a implementação da assistência de enfermagem.

Sendo assim, o enfermeiro/a precisa realizar a SAEP, de forma que norteie toda a assistência e os diagnostico de enfermagem para o paciente que irá ser submetido a anestesia. Estes diagnósticos são: Medo, ansiedade, déficit de conhecimento no pré-operatório, dor aguda, padrão respiratório ineficaz, intolerância à atividade, risco de infecção, risco de desequilíbrio no volume de líquidos, risco de aspiração e risco de temperatura corporal alterado. Os diagnósticos que devemos nos atentar durante a indução é o risco de aspiração pois o paciente perde os reflexos laríngeos. Na anestesia geral o anestesista consegue proteger as vias aéreas com a intubação traqueal, no entanto, ainda existe o risco de microaspirações (NAKASATO et al, 2015).

Para Nunes et al (2019), As principais intervenções de enfermagem durante a anestesia são: controle dos sinais vitais, manter o paciente aquecido, manter monitoramento contínuo, como saturação, pressão arterial, temperatura, frequência, verificar sinais de hipóxia, esforço respiratório ou cianose, manter material para a VAS, pronto e testado, manter decúbitos e material para a aspiração, em caso de paciente com via aérea difícil deixar na sala cirúrgica o carrinho para intubação difícil, o anestesista em hipótese alguma deve ficar sozinha na hora da indução anestésica e atentar-se a sinais e sintomas de choque hipovolêmico.

Nesse contexto, vê-se necessária a assistência de enfermagem durante a anestesia, pois minimiza os riscos para o paciente, controlando os riscos de infecções, a temperatura corporal e monitoramento da paciente no processo perioperatório (GOMES; ROMANEK, 2013).

O enfermeiro deve prestar o cuidado individualizado e com segurança durante todo o período operatório, pois o paciente se encontra vulnerável a diversas iatrogenias, por conta disso, há uma necessidade de uma equipe multiprofissional bem preparada que saiba lidar com qualquer tipo de intercorrência e que venha manter a segurança do paciente. O enfermeiro/a assume uma enorme responsabilidade na execução dos cuidados de enfermagem no centro cirúrgico, pois atua no período transoperatório, fazendo gestão da assistência de qualidade para o paciente cirúrgico (TOBIN et al, 2017; SANTOS ASS; CESÁRIO JMS, 2019).

CATEGORIA 2 – INTERCORRÊNCIAS DURANTE A ANESTESIA

São feitas milhões de cirurgias por ano e a procura cresce a cada dia mais. Por conta disso, torna-se necessário a segurança do ato anestésico, que como resultado dessa necessidade, surge a consulta pré-anestésica amplamente recomendada e importante que visa prevenir o surgimento de complicações.  Ela tem por finalidade avaliar o paciente, para que haja uma diminuição dos riscos e aumento da chance de um resultado favorável, porém, esse tipo de atendimento ainda é pouco utilizado (SCHWARTZMA et al, 2014).

Para Schwartzman (2011), a consulta pré-anestésica realizada por enfermeiros, profissionais de enfermagem ou por uma equipe formada por anestesistas é de suma importância pois garante a segurança do paciente e reduz as intercorrências durante todo o processo cirúrgico.

As complicações da raquianestesia são a alta incidência de cefaleia pós-punção da duramáter (CPPD), déficits e complicações neurológicas associados ao importante desenvolvimento de novas drogas introduzidas na Anestesia Geral (AG) as quais retardam a disseminada utilização do bloqueio subdural (BSA). A raquianestesia é uma técnica de fácil execução, utilizada em crianças, gestantes e idosos. Evita a manipulação de via aérea (VA), reduzindo o tempo de recuperação e diminuindo efeitos colaterais associados aos fármacos da anestesia geral. As principais vantagens de sua utilização são, o controle da dor e recuperação rápida das funções vitais. Algumas desvantagens são complicações neurológicas devido ao risco de sangramento espinhal e cefaleia pós punção da dura-máter que com a perfuração da meninge que pode levar a importante crise de cefaleia (OLIVEIRA; LOUZADA; JORGE, 2015).

Segundo Nunes et al (2012), a anestesia geral tem como objetivo induzir o paciente a inconsciência através da administração de medicamentos. As suas complicações são: o despertar intraoperatório por sedação insuficiente, Hipóxia, broncoespasmo, apneia Bronco aspiração, Hipotermia, hipotensão, arritmias e hipertensão.

Nesse contexto, vê-se os anestésicos locais, como uma das maiores descobertas da medicina. Estes, permitem que o paciente não sinta dor durante a realização dos procedimentos cirúrgicos de pequeno porte. Porém, o uso sistemático deste medicamento nos pacientes, deve ter uma escolha criteriosa por meio de exame físico e anamnese, considerando as seguintes complicações: choque anafilático, reações toxicais locais ou sistêmicas e reações graves como arritmias, convulsões e parada cardíaca (CARVALHO et al, 2010).

Conforme Pereira et al (2011), os riscos e efeitos colaterais são intercorrências que existem em anestesias do neuroeixo mesmo essa prática sendo considerada segura. Um dos maiores problemas enfrentados é a hipotensão arterial, causada por bloquear o sistema nervoso simpático, podendo apresentar complicações anestésicas pós-operatória menores, retardando a recuperação do paciente e aumentando o desconforto e a insatisfação dele. Os estudos mostram que as complicações anestésicas menores ocorrem mais em mulher e pacientes mais jovens, havendo, portanto, uma alta incidência dos sintomas durante o período pós-anestésico.  Esses sintomas são, por exemplo, náuseas, vômitos, cefaleias e dores nas costas (TENANT, 2012).

CATEGORIA 3 – OS CUIDADOS NA ANESTESIA DE PACIENTES COM COVID-19

Para prestar assistência de enfermagem durante a anestesia do paciente com COVID-19, deve conter processos e fluxos bem definidos para a proteção de toda a equipe multiprofissional, é recomendável deixar somente uma sala cirúrgica com pressão negativa designada para o atendimento de paciente com coronavírus, com local destinado a paramentação e desparamentação (QUINTÃO et al, 2020).

Durante o preparo da sala cirúrgica para receber o paciente com COVID-19, deve-se manter somente o necessário para o anestesista durante a intubação orotraqueal, optando por material descartável para evitar a chance de infecção. A estação de trabalho do anestesista deve ser desinfectada junto com os monitores, aparelhos de ultrassom e computadores devem ser encapados com película de proteção e evitar a manipulação excessiva (LIMA et al, 2020 (a) (b)).

A manipulação de vias aéreas no paciente com COVID-19, pode gerar grande quantidade de aerossol, então deve-se evitar ventilação com pressão positiva, ofertar oxigênio por meio de máscara de nebulização, máscara de venturi, cateter de O2, não realizar a aspiração do paciente em sistema aberto e nenhuma manobra que estimule tosse no paciente. A oferta de oxigênio deve-se realizada por meio de máscara com reservatório e aspiração realizada por meio de sistema fechado, evitar a manipulação desnecessária da VAS.  Na estação de anestesia é necessário utilizar o filtro HEPA (do inglês High Efficiency Particulate Arrestance, tecnologia empregada em filtros de ar com alta eficiência na separação de partículas) no ramo expiratório e no Y acoplado na máscara do circuito respiratório (QUINTÃO et al, 2020).

Toda a montagem do sistema de ventilação deve ser feita antes de intubar o paciente para evitar que o circuito desacople do paciente. A intubação deve ser realizada por vide laringoscópio pelo o anestesiologista com experiência. Durante a extubação deve-se ter cuidado para não propagar aerossol, evitar aspiração por sistemas fechado, a recuperação pós-anestésica deverá ser realizada na própria sala cirúrgica. No transporte do paciente para a UTI, deve-se evitar desconexões durante o trajeto (QUINTÃO et al, 2020).

Durante toda a assistência de enfermagem a equipe deve-se utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) como: óculos de proteção, gorro, avental descartável, máscara N 95 e luvas, sendo recomendado que toda a equipe multiprofissional passe por treinamento de paramentação e desparamentação (GALLASCHI et al, 2020)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a pandemia de COVID-19 a enfermagem enfrentou diversos desafios, que foram superados! A enfermagem do centro cirúrgico teve que se reinventar para dar o suporte necessário ao médico anestesiologista. O principal instrumento para nortear os cuidados de enfermagem durante anestesista é a Sistematização da assistência de enfermagem (SAEP), que tem a finalidade de traçar o plano assistência do paciente durante todo o período perioperatório e prestar uma assistência de qualidade sem prejuízo ao paciente e prevenindo as complicações da anestesia.

Vê-se a necessidade do enfermeiro/a ter o conhecimento para identificar uma possível intercorrência durante a anestesia e intervir de forma rápida para prevenir o prejuízo ao paciente, mas para isto a SAEP deve ser realizada em todas as etapas, sendo a principal no momento pré-operatório no qual o enfermeiro identifica todos os fatores de risco e traça o plano assistência para o paciente.

Neste momento de Pandemia a SAEP deve ser utilizada para traçar um plano de assistência ao paciente com COVID-19. No momento da anestesia do paciente com COVID-19 deve-se respeitar todas as regras de isolamento preconizadas pela a OMS, tendo uma sala cirúrgica destinada somente a pacientes infectados com corona vírus e com pressão negativa.

Toda a equipe deve-se ter treinamento sobre paramentação e desparamentação, pois o momento da indução anestésica é crítico e propicia a liberação de grandes quantidades de aerossol. Os cuidados com o paciente durante a indução anestésica são focados na manipulação das vias aéreas, por tanto, a equipe deve estar protegida e muito bem paramentada, respeitando as normas de isolamento por aerossol e contato para evitar a propagação em massa durante anestesia do paciente com COVID-19.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE TRSF, et al.  Principais diagnósticos de enfermagem em pacientes com manifestações clínicas da COVID-19. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2020. Vol.12(10), e4883.

CARVALHO, R. W. F. et al. Anestésicos Locais: Como Escolher e Previnir Complicações Sistémicas. Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial 51.2, 2010. p. 113-120.

CESÁRIO, J. M. S; FLAUZINO, V. H. P; MEJIA J. V. C; Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas caraterísticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 05, pp. 23-33. novembro de 2020.

GALLASCHI, C. H.  et al. Prevenção relacionada à exposição ocupacional do profissional de saúde no cenário de COVID-19. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2020; 28: e49596

GOMES, I. M; ROMANEK, F. A. R. M. Enfermagem perioperatória: cuidados à mulher submetida à histerectomia. Revista Recien-Revista Científica de Enfermagem 3.8, 2013. p. 18-24.

GRANDU, T. A. et al. Manejo anestésico e complicações no implante percutâneo de válvula aórtica. Revista Brasileira de Anestesiologia 63.3, 2013. p. 279-286.

KOCH, T. M. et al. Momento anestésico cirúrgico: transitando entre o conhecimento dos enfermeiros (as) e o cuidado de enfermagem. Revista SOBECC, São Paulo. Jan./Mar. 2018. p. 7-13.

LIMA, D. S et al. Recomendações para cirurgia de emergência durante a pandemia do COVID-19. J. Health Biol Sci. 2020;8(1):1-3

LIMA, D. S. et al. Alternativas para o estabelecimento de via aérea cirúrgica durante a pandemia de COVID-19. Rev Col Bras Cir 47: e2020. 2549.

MELO, U. G. et al. Diagnósticos de enfermagem no período transoperatório: mapeamento cruzado. Revista SOBECC, 24(4), 2019. p. 193-199.

MENDOÇA, J., et al. Doentes obesos: complicações respiratórias na unidade pós-anestésica. Revista Portuguesa de Pneumología 20.1, 2014. P. 12-19.

MUNIZ, G. S. et al. Hipotermia acidental: implicações para os cuidados de enfermagem no transoperatório. Revista SOBECC 19.2, 2014. p. 79-86.

NAKASATO, G. R. et al. Diagnósticos de enfermagem no perioperatório de cirurgia cardíaca Rev Min Enferm. 2015 out/dez; 19(4): 980-986

NETO JMR, et al. Diagnósticos/resultados e intervenções de enfermagem para pacientes graves acometidos por covid-19 e sepse. Texto contexto -enfermagem, Florianópolis, V.29, e20200160, 2020.

NUNES, R. R. et al. Fatores de risco para o despertar intraoperatório. Revista Brasileira de Anestesiologia 62.3, 2012. p. 369-374.

NUNES, M. A. P. et al. Conhecimento de acadêmicos de enfermagem sobre os cuidados do enfermeiro ao paciente em recuperação anestésica. Revista SOBECC 24.4. 2019. p. 231-237.

OLIVEIRA, T. R; LOUZADA, L. A. L; JORGE, J. C.  Raquianestesia: prós e contras. Rev Med Minas Gerais 25. Supl 4, 2015. p. S28-S35.

PASSOS, A. P. P. O cuidado da enfermagem ao paciente cirúrgico frente ao ato anestésico. Biológicas & Saúde 2.6. 2012.

PEREIRA, I. D. F. et al. Análise retrospectiva de fatores de risco e preditores de complicações intraoperatórias dos bloqueios do neuroeixo realizados na Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP. Revista Brasileira de Anestesiologia 61.5. 2011. p.  574-581.

QUINTÃO, V. C. et al. O Anestesiologista e a COVID-19. Rev Bras Anestesiol. 2020;70(2):77.

SANTOS ASS, CESÁRIO JMS. Atuação da enfermagem ao paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM). Revista Científica de Enfermagem, São Paulo, v. 9, n. 27, p. 62-72, 27 jul 2019.

SCHWARTZMAN, U. P. et al. Complicações anestésicas em Cirurgia Plástica e a importância da consulta pré-anestésica como instrumento de segurança. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica 26.2. 2011. p. 221-227.

SCHWARTZMAN, U. P. et al. Complicação anestésica em hospital de reabilitação. A incidência tem relação com a consulta pré‐anestésica. Brazilian Journal of Anesthesiology 64.5, 2014. p. 357-364.

SOUZA et al. Assistência de enfermagem durante a pandemia de covid-19: um relato de experiência. Atenas Higeia vol.2 nº 3 Set, 2020.

TENNANT, I. et al. Complicações pós-operatórias menores relacionadas à anestesia em pacientes de cirurgias eletivas ginecológicas e ortopédicas em um hospital universitário de Kingston, Jamaica. Revista Brasileira de Anestesiologia 62.2, 2012. p. 193-198.

TOBIN, F. S. et al. Relato de experiência de uma acadêmica de enfermagem em centro cirúrgico. Eventos da enfermagem UEMS 1. 2017. p. 23-26.

[1] Mestrado em Medicina.

[2] Graduação em Enfermagem.

[3] Mestrado em terapia intensiva.

[4] Graduação em Enfermagem.

[5] Bacharel em Enfermagem.

[6] Enfermeira, Mestra em Enfermagem pela UPE.

Enviado: Fevereiro, 2021.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

5/5 - (1 vote)
Jonas Magno dos Santos Cesário

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