ARTIGO DE REVISÃO
SANTANA, Fabio Carvalho [1], SANTOS, Juliana da Silva [2], RUFINO, Núbia de Souza [3], PINTO, Juliana Mikaelly Silva [4], FERREIRA, Vinicius Henrique Alves [5], FERREIRA, Fernanda de Freitas [6], SOARES, Marcos de Andrade [7], IZIDORO, Jaqueline da Silva [8], SOARES, Wlliane Silva [9], SILVA, Fernanda Michelle Duarte da [10], LIRA, Zaira Carolline Pires [11]
SANTANA, Fabio Carvalho et al. Abordagens interdisciplinares no cuidado ao paciente com doenças crônicas: uma revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 10, Ed. 02, Vol. 01, pp. 59-76. Fevereiro de 2025. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/abordagens-interdisciplinares, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/abordagens-interdisciplinares
RESUMO
As abordagens interdisciplinares têm um impacto significativo no manejo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), promovendo um cuidado holístico que considera não apenas os sintomas físicos, mas também aspectos emocionais, sociais e comportamentais do paciente. Este estudo tem como objetivo identificar a importância da abordagem interdisciplinar no cuidado ao paciente com doenças crônicas. Foi realizada uma pesquisa de revisão integrativa da literatura nas bases de dados PubMed e Scielo, abrangendo artigos publicados entre 2012 e 2023. Os resultados indicaram que a abordagem interdisciplinar no tratamento de doenças crônicas, com a formação de equipes de profissionais de diferentes áreas da saúde, é essencial para oferecer um atendimento holístico ao paciente. Essa colaboração entre os profissionais é fundamental para lidar com a complexidade dos casos. Conclui-se que a abordagem interdisciplinar não apenas facilita a identificação de comorbidades e fatores psicossociais, mas também promove um atendimento mais centrado no paciente.
Palavras-chave: Doença Crônica, Saúde Pública, Práticas Interdisciplinares.
1. INTRODUÇÃO
Abordagens interdisciplinares são métodos de trabalho que envolvem a colaboração entre profissionais de diferentes áreas do conhecimento para abordar um determinado problema ou situação de maneira mais abrangente e eficaz. Essas abordagens promovem a troca de conhecimentos, habilidades e perspectivas, permitindo uma análise mais rica e uma solução mais completa para questões complexas (Rabelo, 2018).
A interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem colaborativa que busca integrar conhecimentos, saberes e práticas de diferentes áreas do conhecimento, com o objetivo de potencializar as habilidades e especializações de cada campo. No contexto da saúde, a interdisciplinaridade promove o compartilhamento de responsabilidades e a construção conjunta de estratégias de cuidado, visando uma gestão mais eficaz e holística do tratamento. Nesse processo, os profissionais de diferentes áreas não apenas trabalham juntos, mas interagem de forma ativa, trocando conhecimentos e experiências para enriquecer o cuidado ao paciente (Rabelo, 2018).
Por outro lado, a multidisciplinaridade envolve a atuação simultânea de profissionais de várias especialidades em um mesmo caso, porém sem a interação efetiva entre eles. Nesse modelo, cada profissional contribui com seu conhecimento específico, mas de forma isolada, sem que haja necessariamente um intercâmbio ou diálogo profundo entre as disciplinas (Ferreira et al., 2024). O foco está na adição de múltiplas perspectivas, mas a atuação permanece segmentada.
Já a multiprofissionalidade caracteriza-se pela presença de profissionais com diferentes formações trabalhando em um mesmo ambiente ou caso, mas com uma divisão clara de tarefas e sem a necessidade de colaboração ativa entre eles. Nesse cenário, o objetivo é abranger os diversos aspectos de um caso, garantindo que diferentes áreas de conhecimento sejam abordadas, mas sem a integração dos saberes e práticas entre os profissionais envolvidos (Ferreira et al., 2024).
No contexto da saúde, por exemplo, uma abordagem interdisciplinar pode envolver médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais que, juntos, desenvolvem um plano de cuidado integral para o paciente. Essa colaboração é especialmente importante em situações como o manejo de doenças crônicas, onde múltiplos fatores físicos, emocionais e sociais que podem influenciar a condição de saúde do indivíduo. Além de enriquecer a prática profissional, as abordagens interdisciplinares também buscam garantir que os cuidados sejam mais centrados no paciente, levando em consideração suas necessidades e preferências. Isso resulta em melhores desfechos de saúde e na promoção do bem-estar geral (Ferreira et al., 2024).
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares e condições respiratórias, representam um dos principais desafios de saúde pública em todo o mundo. Essas enfermidades são caracterizadas por sua longa duração e geralmente têm um progresso lento, exigindo gerenciamento contínuo e cuidados em longo prazo. O impacto das doenças crônicas vai além da saúde individual, afetando também a qualidade de vida dos pacientes, suas famílias e os sistemas de saúde (Rabelo, 2018).
Qualidade de vida pode ser conceituada como a percepção individual do próprio bem-estar, considerando aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais. Ela envolve a capacidade do indivíduo de realizar suas atividades cotidianas, manter relacionamentos, sentir-se satisfeito com a vida e adaptar-se aos desafios impostos por doenças ou limitações. No contexto das DCNT, a qualidade de vida é especialmente relevante, pois o manejo inadequado dessas condições pode resultar em limitações funcionais, dor crônica e dificuldades emocionais, comprometendo o bem-estar geral do paciente (Rabelo, 2018).
Os efeitos diretos para os pacientes com DCNT incluem limitações nas atividades diárias, dor crônica e uma maior suscetibilidade a complicações. Esses pacientes frequentemente enfrentam desafios emocionais, como ansiedade e depressão, resultantes da pressão constante para gerenciar sua condição. Além disso, a necessidade de adesão a tratamentos complexos, que podem incluir medicamentos, dietas específicas e monitoramento frequente, torna a gestão da doença um aspecto central da vida desses indivíduos (SÁ et al., 2024).
Do ponto de vista econômico, as DCNT impõem um ônus significativo aos sistemas de saúde, devido ao aumento das hospitalizações, consultas médicas e tratamentos prolongados. O custo com medicamentos e outras intervenções necessárias para o controle das doenças também pode ser um fardo pesado para os pacientes e suas famílias. Com o envelhecimento da população e a crescente prevalência de estilos de vida não saudáveis, a expectativa é que a carga dessas condições continue a aumentar, exigindo uma resposta robusta por parte dos sistemas de saúde (Ferreira et al., 2024).
As abordagens interdisciplinares têm um impacto significativo no manejo de doenças crônicas, promovendo um cuidado holístico que considera não apenas os sintomas físicos, mas também aspectos emocionais, sociais e comportamentais do paciente. Essa integração de diferentes especialidades permite uma visão mais abrangente, em que, por exemplo, médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos colaboram para desenvolver um plano de tratamento mais abrangente. Diante disso, o objetivo geral do presente estudo foi: identificar a importância das abordagens interdisciplinares no cuidado ao paciente com doenças crônicas com ênfase nas doenças metabólicas.
2. MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre o tema. Esse tipo de estudo é caracterizado por proporcionar uma síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática (Dantas et al., 2022). Para que uma revisão integrativa seja considerada robusta e metodologicamente adequada, é essencial que siga os critérios estabelecidos pela declaração (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – PRISMA), assim como foi realizado neste estudo. Foi realizada busca por artigos publicados entre 2012 a 2023 utilizando as palavras indexadoras: Doença Crônica; Saúde Pública; Práticas Interdisciplinares, pesquisadas no banco de dados do PubMed, Scielo e Google Acadêmico entre os meses de março de 2024 a agosto de 2024. Os descritores foram cruzados mediante a seguinte estratégia de busca: (“Doença Crônica” AND “Saúde Pública” AND “Práticas Interdisciplinares”).
Foram estabelecidos como critérios de inclusão: ensaios clínicos e estudos qualitativos, publicados no período de 2012 a 2023, em português, inglês e espanhol. Inicialmente, foram encontrados 55.700 artigos por meio de buscas em bases de dados como PubMed, Scielo e Google Acadêmico. A primeira etapa de exclusão eliminou artigos que exigiam pagamento ou que não estavam disponíveis em texto completo, reduzindo o número de artigos para 20.500.
Na etapa seguinte, foram identificados e removidos 5.000 artigos duplicados entre as bases, resultando em 15.500 artigos únicos. A seleção dos artigos foi realizada por dois pesquisadores de forma independente, garantindo imparcialidade no processo. Em casos de dúvida sobre a inclusão ou exclusão de um artigo, um terceiro pesquisador era consultado para dirimir as dúvidas e resolver possíveis empates.
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, como a restrição a ensaios clínicos e estudos qualitativos relevantes, restaram 1.335 artigos. Os títulos desses artigos foram então analisados, o que levou à exclusão de 1.200 artigos que não estavam diretamente relacionados ao tema ou não atendiam aos objetivos da pesquisa.
Em seguida, foram lidos os resumos dos 135 artigos restantes. Desse total, apenas 23 artigos atenderam plenamente aos critérios de inclusão e estavam aptos a serem lidos integralmente. Após a leitura completa e detalhada, apenas 10 artigos atenderam plenamente a todos os critérios e foram selecionados para compor o trabalho final.
Figura 1 – Seleção dos artigos utilizados para a pesquisa

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1 – Principais características dos artigos selecionados:
Autores/Ano | Objetivo | Desenho do estudo | Achados sobre o tema |
Alfenas, L.C. et al., 2024 | Explorar estratégias de avaliação e tratamento para descompensação de doenças crônicas. | Estudo qualitativo exploratório. Analisou entrevistas e observações para explorar estratégias de avaliação e tratamento de descompensação de doenças crônicas, com foco na percepção dos profissionais de saúde. | A abordagem interdisciplinar identificou descompensações de forma precoce. |
Bomfim, N.T.S.S. et al., 2024 | Fornecer uma visão das bases teóricas e práticas que sustentam a eficácia de abordagens interdisciplinares. | Estudo descritivo teórico. Examinou as bases teóricas e práticas de abordagens interdisciplinares para entender sua eficácia em contextos clínicos e preventivos. | Colaboração interdisciplinar promove saúde e previne complicações. |
Casarim, F.C.P. et al., 2024 | Investigar os efeitos de uma gestão integrada de cirurgias em doenças crônicas. | Estudo quase-experimental. Aplicou intervenções controladas em diferentes grupos para investigar os efeitos de uma gestão integrada de cirurgias em pacientes com doenças crônicas, avaliando resultados clínicos antes e depois da intervenção. | A gestão interdisciplinar reduziu complicações e melhorou a qualidade de vida. |
Coelho, G.M. et al., 2024 | Identificar e analisar os avanços em tratamentos para doenças crônicas | Revisão de literatura sistemática. Reuniu e analisou estudos publicados para identificar e resumir avanços terapêuticos e abordagens colaborativas em tratamentos de doenças crônicas. | Avanços terapêuticos são otimizados pela colaboração interdisciplinar. |
França, M.L.F. et al., 2020 | Identificar o apoio do Núcleo de Telessaúde aos profissionais de saúde no manejo de doenças crônicas.” | Estudo de caso exploratório. Investigou casos específicos para avaliar como o Núcleo de Telessaúde apoiou profissionais de saúde na gestão de doenças crônicas e os impactos dessa abordagem interdisciplinar. | A telessaúde promoveu uma abordagem interdisciplinar e melhor manejo de doenças crônicas. |
Magalhães Filho, G.C. et al., 2023 | Analisar os desafios e oportunidades na integração de equipes multidisciplinares para doenças crônicas. | Estudo de caso múltiplo. Analisou múltiplos cenários em diferentes instituições para compreender os desafios e oportunidades na integração de equipes multidisciplinares no manejo de doenças crônicas, destacando variações nos resultados entre os contextos. | A abordagem interdisciplinar melhorou a comunicação e os resultados clínicos |
Mendes, E.V., 2018 | Explicitar a importância das condições crônicas no perfil de morbimortalidade e seu impacto no SUS. | Compilou estudos e relatórios sobre o impacto das condições crônicas no perfil de morbimortalidade e a importância de estratégias interdisciplinares para otimizar os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). | Estratégias interdisciplinares são essenciais para otimizar o uso de recursos no SUS.” |
Sant’anna, R.M. et al., 2022 | Identificar na literatura científica tecnologias educacionais usadas no processo de educação em saúde para doenças crônicas. | Revisão integrativa Descrição: Conduziu uma revisão integrativa para mapear tecnologias educacionais utilizadas em processos de educação em saúde para doenças cardiovasculares, abordando como essas ferramentas apoiam a colaboração interdisciplinar e a adesão ao tratamento. |
Tecnologias facilitam a adesão ao tratamento por meio de colaboração entre profissionais |
Sobrinho, M.L., 2024 | Analisar estratégias para melhorar a adesão ao tratamento de doenças crônicas em consultas clínicas | Estudo observacional longitudinal. Acompanhou um grupo de pacientes ao longo de um período extenso para analisar estratégias que melhoram a adesão ao tratamento de doenças crônicas, focando no papel da abordagem interdisciplinar em consultas clínicas. | A colaboração interdisciplinar ajuda a identificar barreiras e melhora a adesão. |
Tadeo, P.S. et al., 2012 | Analisar as percepções dos usuários com doenças crônicas na Estratégia Saúde da Família sobre o empoderamento. | Estudo qualitativo etnográfico. Utilizou métodos de observação e entrevistas para captar as percepções dos usuários sobre o empoderamento na Estratégia Saúde da Família (ESF) e como a colaboração entre os profissionais de saúde influenciou a adesão ao tratamento. | A colaboração na ESF empoderou os pacientes e melhorou a adesão ao tratamento. |
Fonte: Autores, 2024.
Os artigos analisados no Quadro 1 destacam a importância da abordagem interdisciplinar no tratamento de doenças crônicas, evidenciando seus efeitos positivos na promoção de um cuidado mais integrado e eficaz. Cada estudo aborda a interdisciplinaridade em diferentes contextos, mas todos convergem na ideia de que a colaboração entre diversas áreas da saúde melhora significativamente os resultados para os pacientes. Não foi do interesse dos pesquisadores detalhar os tipos de estudos ou método das pesquisas, e sim, os resultados que foram proporcionados a partir delas.
No estudo de Tadeo et al. (2012), os resultados apontam que a percepção dos usuários da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre o cuidado interdisciplinar está diretamente relacionada ao empoderamento. Os pacientes que se beneficiam da colaboração entre diferentes profissionais, como médicos, enfermeiros e nutricionistas, demonstram maior engajamento no controle de suas doenças crônicas, o que leva a uma melhor adesão ao tratamento e um maior sentimento de controle sobre suas condições de saúde.
Já o trabalho de Coelho et al. (2024), embora focado nos avanços terapêuticos para doenças crônicas, reforça que a interdisciplinaridade desempenha um papel fundamental na aplicação de novas abordagens de tratamento. A troca de informações e a colaboração entre especialistas de diversas áreas permitem que os avanços tecnológicos e farmacológicos sejam aplicados de maneira mais eficiente e personalizada, otimizando os resultados clínicos para os pacientes.
No estudo de Sant’anna et al. (2022), que analisou o uso de tecnologias educacionais no cuidado a pacientes com doenças cardiovasculares, a interdisciplinaridade aparece como um facilitador crucial. A integração entre médicos, educadores em saúde e desenvolvedores de tecnologia resultou em ferramentas mais eficazes para educar os pacientes sobre suas condições, promovendo uma melhor adesão ao tratamento e, consequentemente, uma melhora na qualidade de vida.
Bomfim et al. (2024) também destacam a eficácia das abordagens interdisciplinares na prevenção de complicações em pacientes com doenças crônicas. O estudo concluiu que a colaboração entre áreas da saúde, como a medicina, a psicologia e o serviço social, proporciona uma visão mais holística do paciente, garantindo que aspectos emocionais, físicos e sociais sejam abordados de forma integrada. Essa abordagem melhora significativamente a saúde dos pacientes ao promover um cuidado mais completo e individualizado.
O artigo de Mendes (2018), ao explorar o impacto das condições crônicas no Sistema Único de Saúde (SUS), evidencia que as estratégias interdisciplinares são essenciais para lidar com a crescente carga dessas doenças. Segundo o estudo, a integração entre diferentes profissionais de saúde não só melhora o atendimento, como também otimiza o uso de recursos do sistema, reduzindo custos e melhorando os desfechos de saúde da população.
Sobrinho (2024), por sua vez, investiga as estratégias para melhorar a adesão ao tratamento de doenças crônicas e conclui que a interdisciplinaridade é uma ferramenta poderosa para identificar e superar barreiras ao tratamento. Quando médicos, psicólogos e enfermeiros trabalham juntos para identificar as necessidades específicas dos pacientes, a adesão às terapias melhora significativamente, o que resulta em um melhor controle das doenças crônicas.
O estudo de França et al. (2020), que analisou o apoio do Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina, mostrou que a telemedicina, aliada à interdisciplinaridade, tem o potencial de melhorar o manejo das doenças crônicas. A integração de profissionais de diferentes áreas via plataformas de telessaúde promoveu um cuidado mais coordenado e eficiente, demonstrando como a tecnologia pode facilitar o trabalho em equipe e proporcionar um atendimento mais rápido e eficaz.
Magalhães Filho et al. (2023), ao discutir os desafios na integração de equipes multidisciplinares no tratamento de doenças crônicas, indicam que a transição para uma abordagem interdisciplinar melhora a comunicação e o alinhamento entre os profissionais, resultando em desfechos clínicos mais positivos. A integração de saberes permite uma visão mais abrangente do paciente, o que favorece intervenções mais eficazes e um acompanhamento mais completo.
Por fim, Casarim et al. (2024) e Alfenas et al. (2024) reforçam a importância da interdisciplinaridade no tratamento de doenças crônicas em contextos cirúrgicos e na gestão de crises de descompensação. Em ambos os estudos, a colaboração entre diversas especialidades foi fundamental para reduzir complicações e melhorar os resultados clínicos a longo prazo, demonstrando que a integração de diferentes áreas do conhecimento é essencial para o sucesso no tratamento de pacientes com doenças crônicas complexas.
A discussão sobre o manejo de doenças crônicas evidencia a importância de diferenciar abordagens integrativas, interdisciplinares e multidisciplinares, conceitos que, apesar de serem frequentemente utilizados de maneira intercambiável, possuem distinções fundamentais em termos de prática e impacto no cuidado com o paciente. A abordagem integrativa refere-se à junção de diversas terapias, tanto convencionais quanto complementares, no tratamento de uma condição. Em doenças crônicas, essa abordagem combina práticas tradicionais de medicina com terapias alternativas, como acupuntura e fitoterapia, promovendo um cuidado mais holístico. A Medicina Integrativa tem como foco central o paciente, considerando tanto os aspectos físicos quanto emocionais e espirituais da saúde.
Continuamente, abordagem interdisciplinar vai além da simples presença de múltiplos profissionais de diferentes áreas; ela envolve uma colaboração ativa entre eles. Os profissionais compartilham responsabilidades, constroem juntos estratégias de cuidado, e buscam integrar seus saberes para criar um plano de tratamento mais coeso e centrado no paciente. Essa abordagem é essencial para o tratamento de doenças crônicas, onde diferentes especialidades (médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos) precisam colaborar para abordar as múltiplas facetas da doença e melhorar os resultados para o paciente.
Na abordagem multidisciplinar, por outro lado, envolve a atuação simultânea de diferentes especialistas, mas de forma mais segmentada. Cada profissional mantém sua autonomia e trabalha em sua própria área sem necessariamente interagir com os outros. Embora todos tratem o mesmo paciente, a comunicação e a integração entre as disciplinas não são tão profundas quanto na abordagem interdisciplinar. Isso pode resultar em cuidados fragmentados, onde aspectos cruciais podem ser deixados de lado por falta de coordenação entre as equipes.
Essa perspectiva é complementada por Mendes (2018), que discute o impacto das condições crônicas no perfil de morbimortalidade e no Sistema Único de Saúde (SUS), sublinhando a necessidade de estratégias eficazes que promovam não apenas o tratamento, mas também a prevenção e a educação em saúde, isso inclui ações que incentivem hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas, que são fundamentais para prevenir o surgimento dessas condições. Além disso, a educação em saúde se revela crucial, pois programas informativos ajudam os pacientes a entender melhor suas condições, os tratamentos disponíveis e a importância da adesão terapêutica (Alfenas et al., 2024).
O apoio psicossocial também é essencial, uma vez que muitos pacientes enfrentam desafios emocionais e sociais decorrentes de suas doenças. Oferecer suporte psicológico pode ser um diferencial na capacidade de enfrentamento dos indivíduos. A integração de cuidados, promovendo a colaboração entre diferentes profissionais de saúde, garante um atendimento mais holístico, onde as necessidades do paciente são abordadas de maneira coordenada (Magalhães Filho et al., 2023).
O monitoramento contínuo das condições de saúde dos pacientes é outra estratégia. Isso permite ajustes no tratamento conforme necessário, assegurando que as intervenções sejam sempre adequadas à evolução da doença. Por fim, a acessibilidade aos serviços de saúde é fundamental, garantindo que os pacientes tenham acesso a tratamentos oportunos e de qualidade podendo fazer uma grande diferença na eficácia do manejo das doenças crônicas (Sobrinho, 2024).
Nesse contexto, Shimasaki et al. (2024) enfatizam a abordagem interdisciplinar no tratamento de doenças crônicas, envolvendo a formação de equipes compostas por profissionais de diferentes áreas da saúde, onde trabalham juntos para oferecer um atendimento holístico ao paciente, ressaltando que esta colaboração é fundamental para enfrentar a complexidade desses quadros. A integração de saberes, conforme evidenciado por Magalhães Filho et al. (2023), não só melhora a qualidade do atendimento, mas também resulta em melhores desfechos para os pacientes.
Essa abordagem permite que cada profissional contribua com sua expertise, resultando em um plano de tratamento mais abrangente. A comunicação efetiva entre os membros da equipe é crucial, pois facilita o compartilhamento de informações sobre o estado de saúde do paciente e as intervenções realizadas, garantindo que todos estejam alinhados em relação aos objetivos de cuidado. Além disso, a abordagem deve incluir a participação ativa do paciente no processo, permitindo que ele se sinta parte da equipe e incentive sua adesão ao tratamento. O envolvimento do paciente também pode ser promovido por meio de educação em saúde, onde ele recebe informações sobre sua condição e as melhores práticas para gerenciá-la (Alfenas et al., 2024).
Por sua vez, Santos et al. (2023) evidência Práticas Integrativas e Complementares (PICs) reconhecidas pelo SUS, onde essas abordagens têm sido cada vez mais eficazes na promoção da saúde e na adesão ao tratamento. Entre essas práticas, a acupuntura se destaca como uma técnica eficaz para o tratamento da dor e a promoção do equilíbrio físico e emocional. A fitoterapia, que envolve o uso de plantas medicinais, também é amplamente utilizada para a prevenção e tratamento de diversas condições de saúde. Outra abordagem relevante é a homeopatia, que utiliza substâncias em doses altamente diluídas para estimular o processo de cura natural do corpo. Além disso, a Medicina Tradicional Chinesa, que inclui práticas como a acupuntura e a moxabustão, oferece uma visão holística da saúde, enfatizando a interconexão entre corpo e mente.
A terapias manuais, como quiropraxia e osteopatia, são fundamentais para tratar dores musculoesqueléticas e melhorar a mobilidade dos pacientes. A aromaterapia, que utiliza óleos essenciais, é uma prática que busca promover a saúde física e emocional por meio de aromas terapêuticos. A yogaterapia combina técnicas de yoga com abordagens terapêuticas, visando melhorar a saúde mental e física, enquanto o reiki, uma técnica de cura energética, procura restaurar o equilíbrio no organismo. Essa visão é reforçada por Casarim et al. (2024), que enfatiza estratégias focadas na redução de complicações e na melhoria da qualidade de vida podem otimizar os resultados clínicos a longo prazo.
A tecnologia também desempenha um papel importante no empoderamento e na educação em saúde. Sant’anna et al. (2022) identificam tecnologias educacionais direcionadas a pacientes com doenças cardiovasculares, que contribuem significativamente para a qualidade de vida. Entre essas tecnologias, destacam-se os aplicativos móveis, que permitem o monitoramento de sintomas e a adesão a tratamentos, além de fornecer informações valiosas sobre saúde cardiovascular. As plataformas de telemedicina também são cruciais, pois oferecem consultas virtuais e acompanhamento remoto, facilitando o acesso a profissionais de saúde e garantindo a continuidade do tratamento.
Outra ferramenta importante é o e-learning, que consiste em cursos online projetados para educar os pacientes sobre suas condições, promovendo a conscientização e a autogestão da saúde. As redes sociais e fóruns online criam espaços onde os pacientes podem compartilhar experiências e obter suporte emocional, fortalecendo a troca de informações sobre cuidados e tratamentos. Por fim, os vídeos educativos se destacam por sua capacidade de apresentar de forma clara e acessível questões relacionadas à saúde cardiovascular, ajudando os pacientes a entender melhor suas condições e a adotar hábitos saudáveis (Tadeo et al., 2012).
Essas tecnologias educacionais são fundamentais não apenas para informar, mas também para empoderar os pacientes, incentivando uma participação ativa em seu próprio cuidado. Ao promover uma melhor compreensão das doenças cardiovasculares e seus tratamentos, essas ferramentas contribuem para a prevenção e o manejo eficaz dessas condições, refletindo um avanço significativo na abordagem da saúde (Tadeo et al., 2012).
4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, fica evidente que a abordagem interdisciplinar para o manejo de doenças crônicas se mostra essencial para melhorar a qualidade do atendimento e os resultados em saúde dos pacientes. Essa estratégia integra conhecimentos de diferentes áreas, permitindo que profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, colaborem de forma eficaz na elaboração de planos de cuidado personalizados. Ao considerar a complexidade das condições crônicas, essa abordagem não apenas facilita a identificação de comorbidades e fatores psicossociais, mas também promove um atendimento mais centrado no paciente.
A integração de tecnologias educacionais no manejo das DCNT representa um avanço significativo não apenas na promoção da saúde, mas também na prevenção de complicações associadas a essas condições. Essas tecnologias facilitam o acesso à informação de qualidade e conectam os pacientes de forma mais eficiente com os profissionais de saúde, criando um vínculo que fortalece a gestão compartilhada do tratamento. Isso é essencial, pois a continuidade do cuidado, aliada a uma comunicação constante, contribui diretamente para evitar complicações decorrentes de uma gestão inadequada da doença.
Além de promover a adesão aos tratamentos, o empoderamento dos pacientes com conhecimento e ferramentas adequadas também incentiva a adoção de hábitos saudáveis, que é uma parte crucial do tratamento das DCNT. Adotar uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e controlar fatores de risco, como o tabagismo, são pilares centrais tanto do tratamento quanto da prevenção de complicações dessas doenças. Portanto, as tecnologias educacionais não apenas ajudam a monitorar os tratamentos, mas também são fundamentais para motivar e orientar os pacientes a seguirem hábitos saudáveis, o que impacta diretamente na redução de complicações como insuficiência cardíaca, problemas renais e acidentes vasculares.
O termo “aprimoramento da qualidade de vida” refere-se à melhoria contínua que os pacientes experimentam ao receber cuidados baseados em conhecimento e apoio multidisciplinar. Através da educação e da utilização de tecnologias, os pacientes ganham mais autonomia e confiança para gerenciar suas condições, o que, por sua vez, resulta em melhores resultados gerais, tanto no curto quanto no longo prazo.
Assim, a combinação de tecnologia e educação é, de fato, uma estratégia fundamental no manejo das DCNT, abordando tanto o tratamento quanto a prevenção. Essa sinergia cria uma abordagem mais holística e integrada, pois permite que os pacientes recebam informações de maneira acessível e compreensível, enquanto se beneficiam de um cuidado contínuo e personalizado, refletindo o objetivo central do estudo que visa explorar a importância dessas ferramentas no enfrentamento das doenças crônicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFENAS, L. C. et al. Abordagens interdisciplinares no tratamento de doenças crônicas. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 2024, 6(4), 1482–1500. Disponível em: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n4p1482-1500. Acesso em: 23 de set de 2024.
BOMFIM, N. T. S. S. et al. As bases teóricas e práticas que sustentam a eficácia de abordagens interdisciplinares em saúde. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 2024, 9(12), 395–403. Disponível em: https://doi.org/10.51891/rease.v9i12.12789. Acesso em: 23 de set de 2024.
CASARIM, F. C. P. et al. Gestão de cirurgias em pacientes com doenças crônicas. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 2024, 6(2), 937–952. Disponível em: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n2p937-952. Acesso em: 23 de set de 2024.
COELHO, G. M. et al. Avanços em tratamentos para doenças crônicas. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 2024, 6(1), 924–933. Disponível em: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n1p924-933. Acesso em: 23 de set de 2024.
DANTAS, H. L. de L.; COSTA, C. R. B.; COSTA, L. de M. C.; LÚCIO, I. M. L.; COMASSETTO, I. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Revista Recien – Revista Científica de Enfermagem, [S. l.], v. 12, n. 37, p. 334–345, 2022. DOI: 10.24276/rrecien2022.12.37.334-345. Disponível em: https://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/575. Acesso em: 23 out. 2024.
FRANÇA, M. L. F. et al. Apoio do Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina nas doenças crônicas. Brazilian Applied Science Review, 2020, 4(4), 2187–2203. Disponível em: https://doi.org/10.34115/basrv4n4-006. Acesso em: 23 de set de 2024.
FERREIRA, I.B.B., GOMES, A.N., ALMEIDA, I.B.C. et al. Childhood obesity is associated with a high degree of metabolic disturbance in children from Brazilian semi-arid region. Sci Rep 14, 17569 (2024). DOI: https://doi.org/10.1038/s41598-024-68661-8 Acesso em: 23 de set de 2024.
MAGALHÃES FILHO, G. C. et al. Desafios na integração de equipes multidisciplinares no tratamento de doenças crônicas. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 2023.
MENDES, E. V. A importância das condições crônicas no perfil de morbimortalidade. Ciência e Saúde Coletiva, 2018, 23(2). Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018232.16152017. Acesso em: 23 de set de 2024.
RABELO, R.P. C. Implantação de um Programa Interdisciplinar para o controle da obesidade infantil na Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Comunicação em Ciências da Saúde, [S. l.], v. 29, n. 1, p. 65–69, 2018. DOI: 10.51723/ccs.v29iSuppl 1.152. Disponível em: https://revistaccs.espdf.fepecs.edu.br/index.php/comunicacaoemcienciasdasaude/article/view/152. Acesso em: 24 set. 2024.
SANTOS, M. V. J. et al. Práticas integrativas e complementares no SUS. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde, 2023, 8(2), 41–56. Disponível em: https://doi.org/10.33362/ries.v8i2.2134. Acesso em: 23 de set de 2024.
SÁ, D. S. S. de et al. An association study between nutritional status and eating habits of students from a Federal Technical School in the North of Minas Gerais, Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 13, n. 1, p. e1313144056, 2024. DOI: 10.33448/rsd-v13i1.44056. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/44056. Acesso em: 24 sep. 2024.
SHIMASAKI, K. H. C. et al. Abordagem multidisciplinar no tratamento de doenças crônicas. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 2024, 6(5), 1228–1235. Disponível em: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n5p1228-1235 Acesso em: 23 de set de 2024.
SOBRINHO, M. L. Estratégias para melhorar a adesão ao tratamento em doenças crônicas. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 2024, 10(8), 1889–1900. Disponível em: https://doi.org/10.51891/rease.v10i8.15315. Acesso em: 23 de set de 2024.
TADEO, P. S. et al. Percepções dos usuários com doenças crônicas na Estratégia Saúde da Familia. Ciência e Saúde Coletiva, 2012. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2012.v17n11/2923-2930/pt. Acesso em: 23 de set de 2024.
SANT’ANNA, R. M. et al. Tecnologias educacionais em saúde para doenças cardiovasculares. Revista Recien, 2022, v. 12, n. 37, p. 163–175, 2022. DOI: 10.24276/rrecien2022.12.37.163-175. Disponível em: http://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/593. Acesso em: 23 set. 2024.
[1] Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina Nova Esperança. ORCID: https://orcid.org/0009-0002-7626-0784.
[2] Enfermeira da Infectologia do Hospital Universitário Alcides Carneiro/HUAC/EBSERH – Mestre em Saúde da Família/UFPB/ RENASF. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8135-1835.
[3] Graduanda em Medicina pelo Centro universitário de João Pessoa- Unipê. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7846-5682.
[4] Residente em Atenção Básica, Saúde da Família/Comunidade pela UERN. Pós-graduação em Urgência, Emergência e Trauma pela UNP. Graduação em Enfermagem pela FACENE/RN. ORCID: https://orcid.org/0009-0004-6930-8844.
[5] Especialista em reabilitação oral Aprimoramento Ortodontia intercepto a e corretiva Docente curso de Odontologia – UNILAGO; Graduado Odontologia e Ciências Biológicas. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3666-7715.
[6] Enfermeira, mestranda pelo MPEA-UFF, gerente da unidade de nefrologia do complexo de saúde São João de Deus. Especialista em ecólogo, auditoria em serviços de saúde e em Enfermagem do trabalho. ORCID: https://orcid.org/ 0009-0009-4812-5068.
[7] Enfermeiro do Trabalho/ Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh; Especialista em Gestão Pública Municipal – FURG/RS; Especialista em Informática na Saúde – UFRN; Especialista em Gestão Hospitalar – Uninter; Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador – PPGSAT – UFU. ORCID: https://orcid.org/0009-0008-9704-0442.
[8] Servidora pública/Enfermeira ESF. Especialização em saúde da família; Especialização enfermagem do trabalho; Graduada pela Uniaraxa. ORCID: https://orcid.org/0009-0005-3632-1695.
[9] Graduação em Nutrição – Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba; Graduação em Medicina – em andamento – Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE). ORCID: https://orcid.org/0009-0003-5667-6800. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4253108504659514.
[10] Enfermeira NO Hospital Universitario Prof. Dr Horácio Carlos Panepucci. Doutoranda em Enfermagem e Mestre em Gestão da Clínica. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7153-3133.
[11] Graduanda em Medicina. ORCID: https://orcid.org/0009-0004-5121-943X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4796568186357687.
Material recebido: 26 de setembro de 2024.
Material aprovado pelos pares: 29 de outubro de 2024.
Material editado aprovado pelos autores: 03 de fevereiro de 2025.