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Jogos tradicionais na educação física escolar: percepção dos professores sobre sua utilização nas aulas

RC: 30267
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Luciana da Cruz [1], LIMA, Davi [2], BORRAGINE, Solange O.F. [3]

SANTOS, Luciana da Cruz. LIMA, Davi. Jogos tradicionais na educação física escolar: percepção dos professores sobre sua utilização nas aulas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 06, pp. 202-217 Maio de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de identificar como os professores de Educação Física compreendem os Jogos Tradicionais e analisar se os utilizam em suas aulas proporcionando resgate cultural. As aulas de Educação Física devem despertar a curiosidade dos alunos ao aprendizado e a todas as manifestações culturais possíveis a partir do oferecimento de inúmeras práticas corporais, e nada mais adequado e simples que desenvolver os Jogos Tradicionais no âmbito escolar. Esses jogos, considerado parte da cultura popular, devem ser utilizados pelos professores, pois fazem parte da cultura infantil e influenciam diretamente na formação da identidade sociocultural, e a escola deve fazer parte dessa construção histórica do aluno. O estudo trata de uma pesquisa qualitativa descritiva, onde foi utilizada revisão bibliográfica seguido de um estudo de campo, com a aplicação de um questionário com questões abertas para 14 (Catorze) professores de Educação Física que se disponibilizaram participar da pesquisa, de nove escolas de ensino fundamental I e II do município de Jandira-SP. Os respondentes afirmaram que utilizam esse conteúdo em suas aulas, e que os Jogos Tradicionais podem contribuir de forma significativa de muitas maneiras nos saberes dos alunos, sempre com criatividade e desempenho. Os dados coletados nos permitiram identificar que os professores não diversificam os jogos apresentados em suas aulas, logo, os alunos ficam limitados ao conhecimento e resgate cultural de apenas alguns dos diversos Jogos Tradicionais possíveis de serem aplicados como conteúdo na Educação Física escolar. As aulas de Educação Física devem utilizar de conteúdos que possam despertar interesse pelas manifestações culturais, proporcionando aos alunos variadas práticas corporais, garantindo seu acesso às culturas diversificadas, interessantes e divertidas, como os Jogos Tradicionais.

Palavras chave: Educação Física escolar, Jogos, Jogos Tradicionais, conteúdos.

INTRODUÇÃO

Vivemos em uma época onde a tecnologia avança aceleradamente inclusive na educação, e proporcionar às crianças Jogos Tradicionais tem sido uma tarefa cada vez mais difícil. Além de promover o desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo, essas atividades são prazerosas, e possibilitam que as crianças conheçam diferentes culturas. Essa vivência nas aulas de Educação Física também traz grande importância no resgate do patrimônio cultural.

As aulas de Educação Física devem despertar a curiosidade dos alunos ao aprendizado e a todas as manifestações culturais possíveis, a partir do oferecimento de inúmeras práticas corporais, e nada mais justo e simples que desenvolver os Jogos Tradicionais no âmbito escolar. Para as crianças, as aulas de Educação Física representam lazer, e estes jogos podem ser uma ferramenta poderosa para o ensino.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), as atividades nas aulas de Educação Física devem proporcionar vivencia e acesso à cultura corporal, mediante diferentes práticas, e o educador deve ter liberdade para adequar seus conteúdos no sentido de proporcionar o desenvolvimento das capacidades físicas, cognitivas e sócio afetivas dos seus alunos, sendo elas eficientes para a melhor compreensão e atendimento das necessidades dos mesmos.

Os Jogos Tradicionais podem ser adaptados conforme o número de jogadores, espaço e recursos materiais, logo, é facilmente desenvolvido. Eles podem ser: de rua, de salão, de mesa, de roda, utilizados de forma competitiva ou não, podendo se adaptar ao cotidiano e realidade dos alunos, sem perder sua essência.

Lamentavelmente o que observamos é que os jogos como amarelinha, pega-pega, cantigas de roda, dentre outros estão sendo esquecidos e, consequentemente, pouco aplicados como conteúdos nas aulas de Educação Física. Apresentar os Jogos Tradicionais nas aulas pode assegurar novos aprendizados e garantir um bom desenvolvimento das habilidades motoras dos alunos, “sem precisar impor às crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha”. (FREIRE, 2006, p. 24).

A valorização da história e da cultura das brincadeiras de antigas gerações , segundo Cavalheiri (2012), proporciona às crianças um desenvolvimento integral, fazendo com que haja uma reflexão sobre o papel dos pais e de todos que possam contribuir com o crescimento cultural, social e físico das crianças de hoje.

O professor é um agente intermediador deste aprendizado, ele é o que dará a direção deste desenvolvimento. O professor de Educação Física que observa com atenção o seu aluno percebe que ele possui grande satisfação em inventar, descobrir, fazer e partilhar, por este motivo esses devem incluir os Jogos Tradicionais em seus planos de trabalho, e não desenvolver apenas as “tradicionais” modalidades esportivas.

Nesse contexto o estudo objetiva identificar como os professores de Educação Física compreendem os Jogos Tradicionais e analisar se os utilizam em suas aulas proporcionando resgate cultural.

Os professores devem ampliar o repertório educativo para que os alunos vivenciem os Jogos Tradicionais não apenas em datas comemorativas ou ainda em festas escolares, que eles ampliem este desenvolvimento, despertando nos alunos com mais frequência e dinamismo, o interesse pela cultura do seu país, preservando as tradições destes jogos para que esta vivência não se perca no esquecimento, ficando para sempre na memória.

CONTEXTUALIZAÇÃO DOS JOGOS

O jogo, conforme Lima (2008) é um recurso muito importante que desenvolve a criança em todos os seus aspectos, inserindo-a na sua cultura, no seu meio social e no seu desenvolvimento como pessoa.

De acordo com Palma et al (2015), a relação entre os termos “jogo” e “educação” tem sido alvo de inúmeras reflexões no âmbito escolar, essa relação vem se modificando ao longo do tempo influenciada principalmente pelo modo como as pessoas têm sido concebidas em diferentes épocas pela sociedade.

Os autores supracitados apresentam que na atualidade poucos são os lugares públicos possíveis para que os jogos possam ser utilizados com segurança pelas crianças, logo, a escola se torna um espaço privilegiado para essas práticas, pois essas, na grande maioria, oferecem áreas amplas e seguras, e o contato com outras crianças e adultos favorecem a interação entre as gerações e a troca de conhecimentos e experiências.

De acordo com Ferreira Neto (2001) as mudanças de ambientes para as brincadeiras com o desaparecimento da rua como local de jogos e brincadeiras infantis, e as consequências próprias a esse fato, confirmam que as crianças e jovens dos nossos dias estão sujeitos a estilos de vida muito diferentes das crianças de antigamente, principalmente na capacidade de construção de repertórios lúdicos e motores, devido a uma diminuição progressiva de independência de mobilidade corporal e a um aumento progressivo de constrangimentos sociais.

De acordo com Kishimoto (2009), nossas habilidades e dificuldades são desenvolvidas durante a fase infantil, a imagem desta criança é construída muito cedo, e assim determina algumas de nossas habilidades e dificuldades na fase adulta, a imaginação deve ser estimulada durante todo o crescimento da criança. As crianças podem jogar de forma variada sozinha, na escola e com a família, vivenciando de forma integral e interagindo com outras pessoas, os Jogos Tradicionais propiciam o desenvolvimento global, possibilitando a vivencia de diferentes sentimentos e emoções.

Entre as últimas décadas do século XVIII e grande parte do século XIX, conforme Palma et al (2015), as crianças eram vistas como seres de valor negativo, frágeis, inacabados, de pouca razão e caráter duvidoso, e por esse motivo, o seu jogo era entendido com um caráter de não-seriedade e, por isso o jogo no contexto educativo era utilizado apenas como recreação, artifício pedagógico e/ou instrumento para diagnóstico da personalidade infantil. Só depois de um longo período esta concepção de infância passa a ser reavaliada e considerada como uma categoria provida de características peculiares, mas, nem por isso, de menor valor. Nesse contexto o jogo passa a ser considerado o mais rico meio de expressão da criança e de exaltação da espontaneidade infantil.

São atribuídos ao assunto “Jogos” significados distintos. Conforme registros de Caetano (2004) não existe uma definição universal, mas sim várias versões, as quais vão desde a interpretação do jogo como uma atividade na qual o jogador entrega-se pelo prazer que esta proporciona, como meio de recreio e distração, uma brincadeira infantil, um passatempo sujeito a regras e mesmo educativo. Os Jogos Tradicionais são ferramentas poderosas no âmbito escolar, onde as crianças aprendem ao mesmo tempo em que brincam.

Para Huizinga (2004), o jogo é uma atividade voluntária, livre, delimitada, regulamentada e fictícia e inclui que esse pode ser compreendido também como uma manifestação de cultura de uma sociedade. Brougére1(1991) apresenta que o Jogo Tradicional ou popular está interligado nas manifestações culturais do nosso país, sendo que eles possuem uma característica clara pelo seu efeito positivo de prazer, de flexibilidade e de livre escolha.

Kishimoto (2009) o caracteriza como uma atividade simbólica, com significação e regrada. Caetano (2004) ainda reforça que o jogo pode ser compreendido como uma manifestação de cultura de uma sociedade e deve ser compreendido como um aliado na educação.

Jogo, conforme registros de Huizinga (2004) é:

Atividade ou ocupação voluntária, exercido dentro de determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias; dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana (p. 33).

Conforme autores que discutem o jogo, observam-se algumas divergências quanto ao entendimento sobre o conceito de jogos populares e Jogos Tradicionais, alguns os indicam como sinônimos e outros os caracterizam com distinções.

Kishimoto (2009) e Friedmann (1996) referem-se ao jogo popular também como Jogo Tradicional e os conceituam como manifestações culturais situadas dentro do folclore. Compreendem esses jogos como uma forma de manifestação cultural presente no cotidiano da criança, sendo ele um conhecimento transmitido de geração a geração, acontecendo nas interações que realizam durante determinado período da vida, e que pode ocorrer nos mais variados locais, dentre eles a escola.

Os jogos populares e Tradicionais para ambos têm raiz folclórica, e segundo Friedmann (1996), uma cultura pode ser popular e tradicional, pois tanto os jogos populares como os tradicionais podem ser produtores e reprodutores de cultura, representando os valores e a cultura de um povo, seja conservando suas características ou se transformando dependendo do contexto onde se apresenta.

Diante às inúmeras discussões sobre o termo jogos, alguns autores identificam os jogos populares e tradicionais com distinções, O entendimento do termo “jogos populares” para Lavega Burgués (2000) citado no Referencial Curricular da Secretaria do Rio Grande do Sul (2009) é assim apresentado:

Quando localizamos um jogo que está muito arraigado numa determinada região e os habitantes do lugar os praticam habitualmente, quer seja no conjunto (diferentes idades e gêneros) ou em setores específicos da população (por exemplo, crianças e idosos), podemos denominar esse jogo de popular. Neste caso, popular tem o sentido de pertencente ao povo, às pessoas do lugar, que – com suas características, crenças e estilos de vida locais – o têm incorporado a seu cotidiano. (p. 31).

Jogos Tradicionais conforme a referência acima citada são jogos praticados desde sempre que os mais velhos se recordam desde sua infância, logo, são práticas mantidas ao longo dos anos e, portanto, transmitidas entre diferentes gerações:

Os jogos tradicionais fazem parte de um processo de transmissão cultural que tem continuidade ao longo de um determinado período histórico. Ainda que não sejam mais praticados hoje em dia e tenham se perdido no tempo (LAVEGA BURGUÉS, 2000, apud REFERENCIAL CURRICULAR DO RIO GRANDE DO SUL, p. 31).

Partindo dos apontamentos acima, podemos compreender por Jogos Tradicionais aqueles criados tempos atrás e que ainda hoje são praticados em alguns lugares, ou que acabaram se perdendo no tempo. Jogos populares por sua vez, são os jogos praticados regularmente em uma determinada comunidade e que fazem parte da cultura corporal deste lugar. A partir da pesquisa até aqui realizada, focaremos a seguir, com maior ênfase, o termo Jogos Tradicionais.

JOGOS TRADICIONAIS

Rodrigues et al (2012) registram que os Jogos Tradicionais, como cultura popular, devem ser utilizados pelos professores, pois fazem parte da cultura infantil, e influencia diretamente na formação da identidade sociocultural, e a escola deve fazer parte dessa construção histórica do aluno, se comprometendo com o resgate dos valores culturais, com as nossas tradições, proporcionando a prática de atividades que levem os alunos a refletirem sobre a cultura popular, vivenciando esses jogos para melhor compreensão dos saberes tradicionais.

Os jogos são um rico instrumento de transmissão cultural e, ao mesmo tempo, elos entre grupos de épocas e/ou espaços diferentes, pois formavam parecidas maneiras de expressão desses grupos (COIMBRA, 2007).

Os hoje chamados Jogos Tradicionais, segundo Kishimoto (2009) são caracterizados pela transmissão oral, anonimato, conservação, tradicionalidade, universalidade e mudança, logo, nesses jogos se verifica a existência de certos padrões lúdicos universais, mesmo observando-se diferenças regionais, como variações nas designações, nas regras e nas suas formas de utilização.

De acordo com Okamoto (2011), atualmente podemos reconhecer facilmente a importância dos Jogos Tradicionais, sua eficiência no desenvolvimento do educando e sua contribuição na educação, compreendendo a relação do lúdico como facilitador nas aulas, auxiliando o professor no aprendizado e desenvolvimento dos alunos, além de possibilitar o resgate cultural. Segundo o autor, a criança que tem a oportunidade de conhecer os Jogos Tradicionais, tende a ser mais feliz, consegue lidar melhor com seus medos, conflitos e angustias, além disso, conhece novas atividades fora do mundo virtual.

Os Jogos Tradicionais, como informa Okamoto (2011), não são somente a somatória de atividades, são antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar, de aprender e também de se relacionar com os amigos em aula. Os jogos para a criança não são apenas atividades sem sentido, para elas existe um significado especial, visto diferente para os adultos que, por muitas vezes não levam tão a sério como deveriam. Para as crianças os Jogos Tradicionais podem desenvolver habilidades e potencialidades ilimitadas, experimentando novas possibilidades.

O Jogo Tradicional, conforme Okamoto (2011) é um jogo livre, onde a criança tem total liberdade de expressar seus sentimentos e aprender junto com esta vivencia, brincando e aprendendo, e aprendendo a aprender.

Kishimoto (2009) e Friedmann (1996) veem o Jogo Tradicional como forma de manifestação cultural e comentam que ele guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico guardando sua história, trazendo consigo a vivencia da criança e seus costumes, fazendo o seu sentido dependendo do seu contexto social, resultando um conjunto de fatores, aprendizagens e atitudes.

Kishimoto (2009) informa que existem muitos jogos e brincadeiras como, por exemplo, a amarelinha, empinar papagaios, jogar pedrinhas que fazem parte de nossa cultura e devem ser difundidos e nunca esquecidos. Muitos dos jogos preservam sua estrutura, porém esses jogos se modificam ao longo do tempo, se mostrando como jogos de expressão de linguagem, sendo que o Jogo Tradicional tem a missão de difundir a cultura infantil, não se esquecendo do poder que eles acabam tendo no subconsciente dos adultos, principalmente contribuindo para lembranças do passado, na maioria das vezes, lembranças prazerosas.

Resgatar os Jogos Tradicionais nas aulas de Educação Física, além de proporcionar uma vivencia motora saudável, é uma forma de difundir a cultura popular nas escolas, pois esses jogos são encontrados em diferentes culturas, fazendo parte da vida de muitas crianças, sendo transmitidos de geração em geração.

OS JOGOS TRADICIONAIS COMO CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O jogo é elemento da cultura, e sua existência depende da aprendizagem e da transmissão social, logo, as relações interpessoais e as interferências educacionais são indispensáveis para a: divulgação, socialização, aprendizagem, preservação e criação de jogos e brincadeiras (LIMA, 2008).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997) afirmam que dentre as produções da cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física, as quais são apresentadas em três blocos de conteúdo, sendo o primeiro bloco constituído pelos “jogos, esportes, ginásticas e lutas”; o segundo bloco composto pelas “atividades rítmicas e expressivas” e o terceiro bloco de conteúdo apresenta os “conhecimentos sobre o corpo”. O jogo, portanto, é um conteúdo inquestionável e de extrema importância nas aulas de Educação Física.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997) também informam que os jogos e as atividades de ocupação de espaço devem ter lugar de destaque como conteúdo da Educação Física, pois proporcionam inúmeras possibilidades aos educandos, desde uma simples movimentação individual ou em grupo, até a construção de representações mentais mais apuradas.

As pessoas vivem por toda a sua vida com a necessidade de brincar, logo, esta vivência por meio dos jogos faz grande diferença para o ser humano em desenvolvimento, uma vez que o brincar trabalha suas limitações em diferentes e inúmeras situações, desenvolvendo suas habilidades físicas, afetivas e sociais. Diante deste fato, compreendemos que os Jogos Tradicionais são uma ferramenta facilitadora para o desenvolvimento destas habilidades, o jogar em grupo é algo natural da criança e isso faz com que o aprendizado se torne eficiente diante de muitas situações, sendo elas competitivas ou não (ARAÚJO, 2014).

Kishimoto (2009) indica que o jogo pode ser facilmente usado como um facilitador de ensino dos conteúdos escolares e aplicado como ferramenta poderosa, podendo ser utilizado de forma bastante significativa nas aulas de Educação Física.

Por este motivo Araújo (2014) relata que os professores de Educação Física devem trabalhar estas atividades tradicionais que, muitas vezes são atividades novas para os alunos, e não apenas oferecer modalidades esportivas. O professor deve ampliar seu repertório educativo para que os alunos vivenciem os Jogos Tradicionais não apenas em datas comemorativas ou festas escolares. A partir desse conteúdo o professor deve ampliar este conhecimento, despertando o interesse pela cultura de nosso país com mais frequência e dinamismo, preservando as tradições dos Jogos Tradicionais, para que esta vivência não se perca no passado, ficando para sempre em nossa memória.

Visualizamos em diversas escolas alguns dos Jogos Tradicionais sendo executados pelos alunos, embora seja um conhecimento aprendido nas ruas, praças e parques e retransmitidos de geração em geração. Dentre os jogos praticados podemos apresentar como os mais utilizados a queimada, o pega-pega, a amarelinha, no entanto, vale ressaltar que o professor deve aplicar esses jogos com um objetivo definido, de maneira organizada, como conteúdo que possa ser problematizado, sendo apresentado de maneira contextualizada.

Melo (1981) faz referência aos ganhos no processo educacional que os jogos podem trazer, o autor diz que “pelo jogo e pela recreação o aluno se prepara para a vida, amadurece para tornar-se um adulto no meio social” (p.146).

Partindo da premissa que esse assunto já parte do currículo escolar, e que as crianças passam grande parte do seu tempo na escola, cabe ao professor utilizar de forma coerente e inteligente os diversos meios disponíveis para aplicação e resgate dos Jogos Tradicionais.

Os PCNs (BRASIL, 1997) caracterizam o jogo como conteúdo importante e facilmente aplicado pela existência de flexibilidade nas regulamentações, das adaptações que podem ser realizadas antes, durante ou depois do jogo, em detrimento do número de participantes, condições de espaço e materiais disponíveis. Eles podem ser competitivos, recreativos e cooperativos, incluindo entre eles os jogos regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de um modo geral.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, onde foi utilizada revisão bibliográfica de artigos científicos, seguida de uma pesquisa de campo com a aplicação de um questionário aos professores de Educação Física.

Para realização do estudo de campo visitamos nove escolas de ensino fundamental I e fundamental II do município de Jandira/São Paulo, onde foi feita a solicitação junto à direção por meio da “Carta de apresentação e autorização para aplicação de pesquisa”. O questionário, baseado nos estudos de Rodrigues; Ferreira e Ramos, (2012) de título: Os jogos tradicionais na educação física escolar, foi aplicado após a confirmação dos professores que se disponibilizaram respondê-lo mediante a entrega e assinatura da “Carta de esclarecimento ao sujeito da pesquisa e do termo de consentimento livre e esclarecido”.

O questionário apresentou dois momentos. O primeiro contou com informações pertinentes ao perfil dos professores de Educação Física participantes e o segundo momento com questões específicas aos Jogos Tradicionais e a aplicação desse conteúdo em suas aulas, composto de 5 (cinco) questões abertas e fechadas.

O critério de seleção dos professores para participação da pesquisa foi de que o profissional (ambos os sexos) fosse habilitado em Educação Física e se disponibilizasse a participar. Após a confirmação dos professores e cientes de como a pesquisa seria realizada, o questionário foi aplicado a 14 (Catorze) professores que, para preservação da identidade, passaram a ser identificados como: professor (a) A, B, C, D, E, F, G, H, J, L, M, N, O, P. Os dados coletados foram pontuados, interpretados e apontados para discussão, conforme apresentação a seguir.

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O estudo foi desenvolvido para que pudéssemos refletir sobre a percepção dos professores sobre a aplicação dos Jogos Tradicionais nas aulas de Educação Física. Na primeira etapa do questionário, identificada como parte A, buscamos obter informações gerais sobre os participantes e constatamos que, dos 14 (Catorze) professores, 64% são do sexo masculino e 34% do sexo feminino. A idade desses professores se encontra na faixa entre 28 e 50 anos. Quanto ao tempo de atuação na área escolar identificamos que os professores em sua maioria, possuí grande vivencia e experiência na educação escolar em relação aos níveis de ensino que atuam: fundamental I e fundamental II.

Na parte B, “sobre os Jogos Tradicionais” composta de 5 (cinco) questões, os dados foram assim categorizados:

QUESTÃO 1. PARA VOCÊ, QUAL É O CONCEITO DE “JOGOS TRADICIONAIS”?

Diante as respostas apresentadas, identificamos que os Jogos Tradicionais são entendidos pelos professores como conteúdo de extrema importância e de fácil aplicação. Constatamos que 100% dos professores entrevistados possuem conhecimento sobre o que são Jogos Tradicionais.

Torna-se importante salientar inclusive que, os jogos e brincadeiras antigas fazem parte da cultura popular e guardam a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Toda esta cultura não fica cristalizada (num só estado), ou seja, ela está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. CAVALHEIRI (2012, p.2)

QUESTÃO 2. AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PODEM AUXILIAR NO RESGATE DOS VALORES CULTURAIS?

100% dos professores apontaram que os Jogos Tradicionais podem auxiliar de alguma forma no resgate dos valores culturais. Nota- se que os professores valorizam os Jogos Tradicionais e sabem de sua flexibilidade.

Valorizar as brincadeiras e as gerações anteriores proporciona, aos alunos, não somente desenvolvimento cognitivo, físico, social e cognitivo, mas também valoriza a história destas gerações como um todo. (CAVALHEIRI, 2012)

QUESTÃO 3. VOCÊ UTILIZA OS JOGOS TRADICIONAIS EM SUAS AULAS?

100% dos professores indicaram que usam os Jogos Tradicionais em suas aulas.

Rodrigues et al (2012) afirmam que os Jogos Tradicionais é um grande facilitador para todo o processo de desenvolvimento do aluno.

3.a. COM QUAL FREQUÊNCIA ESSE CONTEÚDO É APLICADO? (PERÍODO, UNIDADE DE ENSINO…).

64% docentes disseram que sempre usam os Jogos Tradicionais, 29% disseram que as vezes e 7% disseram que raramente usam esse conteúdo em suas aulas. Dos registros apresentados observamos que a grande maioria dos professores de Educação Física utilizam com frequência os Jogos Tradicionais em suas aulas.

Fonte: Gráfico elaborado pelos autores a partir dos dados coletados na pesquisa de campo

3.b. Quais jogos tradicionais são utilizados em suas aulas?

“Queimada, brincadeiras de roda, amarelinha, brincadeiras de corda, jogos de tabuleiro, rouba bandeira” (Professora B).

 

“Queimada, pega-pega e corda” (Professora E).

A pesquisa nos permitiu constatar a repetição dos jogos citados por estes professores, Araújo (2014) cita que é importante visar que as crianças conheçam e aprendam novos jogos e que haja um incentivo a estas crianças tendo um maior empenho em seu desenvolvimento.

3.c. DOS JOGOS TRADICIONAIS QUE VOCÊ UTILIZA QUAIS OS PREFERIDOS PELOS ALUNOS?

Podemos identificar que as principais atividades citadas são: Queimada com 43%, Jogos com corda 19%, Rouba bandeira 19% e outros Jogos 19%.

Questão 4. Nível de interesse dos alunos por atividades que envolvam a utilização dos Jogos Tradicionais nas aulas de Educação Física

Fonte: Gráfico elaborado pelos autores a partir dos dados coletados na pesquisa de campo

Coimbra (2007) comenta que o jogo é um desafio aos alunos, tendo um peso importante nas aulas de educação física, sendo uma prática saudável que visa respeitar as características e limitações destes alunos. Por este motivo podemos observar o nível de interesse dos alunos, é fácil identificar que mesmo não estando nas escolas às crianças, nas ruas e nos parques, continuam a praticar os Jogos Tradicionais sem mesmo saber a importância desta simples atividade.

QUESTÃO 5. VOCÊ JULGA IMPORTANTE A UTILIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO EM SUAS AULAS?

Identificamos que 100% dos professores acreditam na importância dos Jogos Tradicionais em suas aulas e que os alunos gostam destas atividades. Dentre os registros apresentados, quando do questionamento do por que julgam importante a utilização do conteúdo Jogos Tradicionais em suas aulas, podemos indicar o comentário da Professora A.

“Sim, pois é importante para a sua valorização, e que todos, independentemente da idade, podem vivenciar, sendo que muitos destes esportes surgiram e evoluíram a partir destes jogos populares” sic (PROFESSORA A).

Observamos nas entrevistas que os professores mostram ciência e vivencia dos Jogos Tradicionais, sendo importante que estejam preparados para que este conhecimento não seja esquecido, estabelecendo objetivos visando o aprendizado dos alunos e seu pleno desenvolvimento, e que sejam alcançados com sucesso.

Silva e Pinheiro (2013, p.27) afirmam que “através da atuação pedagógica, o professor (a) pode alavancar o processo de desenvolvimento da criança cabe lembrar a importância apresentada pelas brincadeiras neste processo”.

De acordo com a visão dos professores podemos observar que os jogos preferidos dos alunos são os mesmos indicados e realizados com mais frequência por eles em suas aulas de Educação Física. Sobre esses dados nos questionamos se seria uma coincidência este fato ou o motivo destes números são porque os professores não estão atentos às inúmeras possibilidades referentes a Jogos Tradicionais e, com isso, aplicam sempre as mesmas atividades para seus alunos.

Estes professores informaram que possuem conhecimento sobre a importância cultural dos Jogos Tradicionais e 100% indicam que possuem conhecimentos para sua aplicação em aula, no entanto, os apontamentos nos levam a acreditar que eles não deem o devido valor a esse importante patrimônio cultural, pela pequena diversidade de jogos sugerida em aula.

Ao se observar que os jogos são sempre os mesmos, podemos registrar que isso pode e deve ser modificado com atualização e disposição dos professores, em conjunto com a escola. É necessário pontuar que na fase escolar as aulas propostas aos alunos devem desenvolver conteúdos que atendam objetivos previamente estabelecidos em planos de trabalho para que se possa contribuir com a construção do conhecimento e formação do cidadão, e não apenas aplicar um jogo sem contextualização.

Nesse estudo os professores, em sua maioria, afirmam que SEMPRE (grifo nosso) utilizam os Jogos Tradicionais, mas constatamos que nem sempre há um objetivo definido para a aplicação desses. Santos et. al. (2009) relatam que os jogos são caracterizados como uma atividade que pode ser usada tranquilamente como instrumento pedagógico, que todos os professores devem utilizar, desenvolvendo variadas habilidades, inserindo nas atividades escolares inúmeros conhecimentos, pois o jogo é visto como um conteúdo propício, motivador e agradável para os alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o estudo e análise dos dados coletados na pesquisa de campo verificou-se que os professores utilizam em seus planos de trabalho, nas aulas de Educação Física, os Jogos Tradicionais. Constata-se claramente o conhecimento dessa prática e sua importância no desenvolvimento dos alunos, evidenciando assim que, além dos benefícios trazidos pelos Jogos Tradicionais no desenvolvimento geral dos alunos, eles possibilitam resgatar esses jogos dentro da escola, assegurando o entendimento e as vivencias de parte de nossa cultura.

Verificou-se, entretanto, que dentro do vasto repertório de jogos possíveis, os utilizados pelos professores são uma parcela muito reduzida do leque de opções, o que ressalta a necessidade e a importância de uma formação profissional consistente, que foque mais o assunto “Jogo Tradicional como conteúdo na Educação Física escolar”, além de maior conscientização dos professores quanto a busca de cursos de reciclagens ou mais pesquisas para utilizarem-se da diversidade desse conteúdo.

Observa-se que os Jogos Tradicionais contribuem no desenvolvimento dos alunos em diversos aspectos, atendendo-os de forma integral, possibilitando um universo de possibilidades de movimentos e vivências, auxiliando-os também no desenvolvimento da consciência corporal, aprimoramento de suas habilidades motoras, no desenvolvimento cognitivo e sócio afetivo.

Pode-se dizer que os Jogos Tradicionais vão além dessas contribuições, uma vez que fazem parte da cultura lúdica infantil, que supera a visão do senso comum presente no cotidiano dos alunos, trazendo a cultura de nosso povo, de nossas ruas e quintais para dentro da escola, para assim serem utilizados no processo de formação.

É consenso que o Jogo Tradicional é objeto de estudo da Educação Física, mas compreendemos que só o praticar livremente não trará aprendizagem significativa e desejada dos conhecimentos sobre ele, logo, é papel do professor de Educação Física inseri-lo e contextualizá-lo em suas aulas.

Logo, espera-se que este estudo seja útil para renovação de atividades para as aulas de Educação Física escolar, principalmente referente aos Jogos Tradicionais, com práticas lúdicas do seu cotidiano, de forma eficiente e prazerosa, sendo utilizada como relevante ferramenta pedagógica, podendo facilmente atender aos objetivos da Educação Física escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Licenciatura e Bacharelado em Educação Física.

[2] Licenciatura em Educação Física.

[3] Professora, Orientadora E Coordenadora Adjunta Do Curso De Educação Física.

Enviado: Novembro, 2018

Aprovado: Maio, 2019

 

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Solange de Oliveira Freitas Borragine

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