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A influência do comportamento alimentar familiar na primeira infância: Uma revisão integrativa

RC: 67346
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CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA

YASSINE, Yasmin Imad [1], ORDOÑEZ, Ana Manuela [2], SOUZA, Isabel Fernandes de [3]

YASSINE, Yasmin Imad. ORDOÑEZ, Ana Manuela. SOUZA, Isabel Fernandes de. A influência do comportamento alimentar familiar na primeira infância: Uma revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 20, pp. 43-63. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/uma-revisao-integrativa

RESUMO

Introdução: O comportamento alimentar é caracterizado como a forma em que as pessoas se alimentam, interferindo na qualidade de vida, na prevenção e no tratamento de doenças. Assim, a alimentação durante a infância tem grande importância para o desenvolvimento e crescimento saudáveis, e para prevenir doenças na fase adulta. Desse modo, o contexto familiar em que a criança esta inserida é fundamental para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Objetivo: identificar evidências na literatura científica quanto à influência dos pais na formação dos hábitos alimentares na primeira infância e como esta influência pode gerar prejuízos na fase adulta quando não realizados de maneira adequada. Metodologia: Tratou-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, proporcionando a síntese de conhecimento e apresentação dos resultados das evidencias quanto as influências do comportamento alimentar paterno e materno na formação dos hábitos da criança. Elaborada seguindo as etapas determinadas pela literatura, sendo estas: elaboração do tema, objetivo e pergunta norteadora, recuperação dos manuscritos a partir das estratégias de busca na literatura, avaliação crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa. Resultados: há evidências na literatura de que o comportamento alimentar das crianças é influenciado por diversos fatores relacionados ao ambiente físico, social, familiar, cultural e também midiático. Considerações finais: a literatura revisada indica a influência familiar na formação dos hábitos alimentares das crianças e essa se perpetuando por gerações. Assim as orientações educacionais com informações nutricionais aos pais podem contribuir para o consumo alimentar saudável.

Palavras Chave: Hábitos alimentares, cultura alimentar, família, criança.

1. INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar é caracterizado como a forma em que as pessoas se alimentam, interferindo na qualidade de vida, na prevenção e no tratamento de doenças. Assim, a alimentação durante a infância tem grande importância para o desenvolvimento e crescimento saudáveis, contribuindo para fase adulta com saúde (MADRUGA et al., 2012).

Assim o contexto familiar em que a criança está inserida é fundamental para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016). A formação do comportamento alimentar é determinado primeiramente pela família (DANTAS; DA SILVA, 2019). É na família que a criança constrói seu primeiro espaço de socialização, em que os hábitos alimentares são aprendidos, repetidos e incorporados, muitas vezes até a vida adulta (TOSATTI et al., 2017).

A nutrição adequada na infância, com a manutenção do aleitamento materno exclusivo até os seis meses e a condução adequada da introdução alimentar, ambos geram experiências quanto à alimentação ao longo da infância e da vida que podem ser positivas ou negativas. Quando bem conduzida, a alimentação traz bem estar psicossocial, emocional e físico na criança (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016).

As crianças são influenciadas, pelos pais, na ingestão de alimentos pelas crianças pela forma como os alimentos são disponibilizados, bem como pela maneira como é feita esta interação entre a família e o alimento (VAN DER HORST; SLEDDENS, 2017).

Assim, quando esse ambiente familiar é desfavorável, o mesmo poderá propiciar condições que podem levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares e doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, obesidade, entre outras, principalmente na vida adulta (MADRUGA et al., 2012).

O meio ambiente e contexto familiar, quando se apresentam desfavoráveis propiciam condições ao desenvolvimento do excesso de peso e da obesidade, tanto na infância e quanto na adolescência (IERVOLINO; SILVA; LOPES, 2017).

Os hábitos alimentares da idade adulta estão diretamente ligados ao que foi aprendido na infância. Assim a promoção dos mesmos deve ser feita com maior ênfase na infância, para que permaneçam ao longo da vida (MADRUGA et al., 2012). Desse modo, é possível afirmar que a infância é um período chave para estabelecer os hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis que são preditivos para a vida adulta com saúde (VILLA et al., 2015).

Os hábitos alimentares são reflexos do modo e estilo de vida que existiu na infância, com forte influência do componente familiar. Sendo assim, as questões referentes à alimentação e à formação dos hábitos alimentares, estão intimamente ligadas à saúde e à prevenção de doenças. Dessa maneira, com os indicativos do aumento, a cada ano do número de crianças em situação de obesidade e sobrepeso, verifica-se a importância das condutas e comportamentos familiares na formação dos hábitos alimentares infantis. (VILLA et al., 2015). A família, principalmente a materna exerce uma grande influência na determinação da alimentação das crianças. São as mães as responsáveis pela escolha, compra, preparo e oferta dos alimentos aos filhos (CORADI; BOTTARO; KIRSTEN, 2017).

Desta forma, as condições de saúde na infância não devem ser analisadas de forma isolada e sim, verificando o contexto familiar e social no qual a criança esta inserida. Pois, os filhos tendem a repetir o comportamento alimentar dos pais (VILLA et al., 2015).

Nesse seguimento, é verificado a cada ano um consumo aumentado de alimentos de alto valor energético e um baixo consumo de frutas e hortaliças podendo este aumento estar ligado a disponibilidade domiciliar. (MELO et al., 2017)

Sendo assim, o presente estudo objetivou identificar evidências na literatura científica quanto à influência dos pais na formação dos hábitos alimentares na primeira infância e como esta influência pode gerar prejuízos na fase adulta.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Tratou-se de uma revisão integrativa da literatura, proporcionando a síntese de conhecimento e apresentação dos resultados das evidências quanto às influências do comportamento alimentar paterno e materno na formação dos hábitos da criança. Elaborada seguindo as etapas determinadas pela literatura, sendo estas: elaboração do tema, objetivo e pergunta norteadora, recuperação dos manuscritos a partir das estratégicas de busca na literatura, avaliação crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa (SOUZA, 2010).

A coleta de dados foi realizada a partir da questão norteadora: Em relação à formação dos hábitos alimentares na infância, quais são as evidências das influências determinadas pelos pais, relatadas na literatura? A  busca de artigos foi realizada  nas  seguintes  bases de  dados:  Lilacs  (Literatura  Latino-Americana e do Caribe em Ciências da   Saúde), PubMed, Scielo e Science Direct.

Foi considerado como critério de inclusão os artigos científicos publicados no período de 2009 a 2019, nos idiomas inglês, espanhol e português, que apresentassem como foco do estudo a influência dos pais na formação de hábitos alimentares na infância.

Foram excluídos os artigos que não estavam de acordo com o objetivo e com os critérios de inclusão do estudo. Também foram excluídos teses, dissertações e artigos que tratavam de outras influências, existentes na formação dos hábitos alimentares na primeira infância, tais como a mídia e a escola. Foram descartados artigos duplicados, ou seja, indexados em mais de uma base.

A pesquisa bibliográfica ocorreu durante o mês de agosto de 2019, utilizando os seguintes descritores em português e inglês: comportamento alimentar; hábitos alimentares, cultura alimentar (feeding behavior), criança (child) e família (Family). Esses descritores combinados com os operadores lógicos OR quando utilizados como sinônimos e AND para compor a estratégia de busca.

As buscas recuperaram 4515 artigos nas 4 bases de dados pesquisadas. Desse total, 4050 foram excluídos por estarem repetidos ou porque, via leitura dos títulos, havia um desalinhamento com a temática investigada.

Finalizada a primeira etapa de leitura dos títulos, restaram 465 artigos. Esses foram avaliados a partir da leitura dos resumos e palavras-chave. A tabela 1 indica os critérios utilizados para descartar os manuscritos que não fariam parte da revisão.

Tabela 1: Critérios utilizados para descartar os artigos por meio da leitura dos resumos, sendo excluídos (n=415).

Critério de Exclusão Descartados Critério de Exclusão Descartados
influência da mídia 89 artigos duplicados 35
influência escolar 112 pedagogia 55
odontologia 26 educação física 39
teses, dissertações 10 psicologia 49

Fonte: Yasmin Imad Yassine, 2020

Após a leitura dos 465 resumos, foram descartados 415 artigos e restaram 50 documentos para a leitura completa.

Destes 50 artigos foram excluídos 35 por não investigarem especificamente os fenômenos de interesse deste trabalho. Sendo assim, 15 artigos compõem esta revisão integrativa.

O fluxograma do processo de seleção dos artigos incluídos nesta pesquisa pode ser visualizado na figura 1.

Figura 1: fluxograma do processo de seleção dos artigos contemplados nesta revisão integrativa.

Fonte: Yasmin Imad Yassine, 2020

3. RESULTADOS

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ESTUDOS

Para a revisão foram selecionados 15 artigos, 07 utilizaram como metodologia de desenho de pesquisa o estudo transversal, 07 utilizaram revisão e 01 o uma abordagem descritiva exploratória com abordagem qualitativa.

O tamanho amostral dos estudos variou de 33 a 14.440 participantes, incluindo desde a família responsável pela criança até as próprias crianças, totalizando 21.339 participantes dentre os estudos incluídos nesta revisão. O número de autores variou entre um e doze.

Em relação aos países de origem, doze pesquisas foram conduzidas no Brasil (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016), (TOSATTI et al., 2017) (CORADI; BOTTARO; KIRSTEN, 2017), (JAIME; DO PRADO; MALTA, 2017), (VILLA et al., 2015), (ESTIMA; PHILIPP; ALVARENGA, 2009), (IERVOLINO; SILVA; LOPES, 2017), (MELO et al., 2017), (SILVA; COSTA; GIUGLIANI, 2016), (MADRUGA et al., 2012), (DANTAS; DA SILVA, 2019), (WARKENTIN et al., 2018), uma foi realizada na Austrália (DANIELS, 2019), uma nos Estados Unidos (VAN DER HORST; SLEDDENS, 2017) e uma outra no Irã (ANGOORANI et al., 2018).O Gráfico 1 demonstra os países de origem dos artigos utilizados.

Gráfico 1: Número de publicações conforme país de origem

Fonte: Yasmin Imad Yassine, 2020

A maior parte dos trabalhos selecionados abordaram aspectos da influência dos pais ou responsáveis na alimentação infantil. Outros temas abordados incluíram fatores que influenciaram na escolha e aquisição de alimentos pelos responsáveis, a prática das refeições em família e seu impacto no índice de massa corporal (IMC), a influência socioeconômica e demográfica da família nos hábitos alimentares dos núcleos familiares.

Os artigos selecionados são apresentados no quadro 1, conforme identificação do artigo, população do estudo, país, objetivo principal, desenho do estudo e principais resultados.

Quadro 1 – Caracterização dos artigos (n=15) de acordo com a identificação, participantes, país de condução da pesquisa, objetivo principal, metodologia e principais resultados.

Identificação do artigo População do estudo/

País

Objetivo principal Desenho do estudo Principais resultados
Leung e colaboradores, 2016. 162 responsáveis das crianças matriculadas em escola municipal de ensino infantil / Brasil Identificar fatores que influenciam na escolha e na aquisição de alimentos pelos responsáveis Estudo transversal e exploratório. Foi verificado que os responsáveis se preocupam nas escolhas alimentares a serem comprados e oferecidos às crianças.

Porém os resultados foram controversos entre o que é adquirido e do que é ofertado nos intervalos das refeições. Ainda foi verificado que os participantes da pesquisa nao sofrem influência da propaganda em relação a escolha dos alimentos. Mas foi relatado ainda que os pais escolhem os alimentos com base na mídia, ou por vontade da criança.

Tosatti e colaboradores, 2017 Brasil.

15 artigos selecionados para análise.

Revisar a prevalência da prática de refeições em família e seu impacto no IMC e no comportamento alimentar durante a infância e adolescência. Revisão na base Bireme/Lilacs/ Scielo/ Cochrane e Pubmed. A realização das refeições em família diariamente exerce efeito benéfico sobre o estado nutricional e comportamento alimentar de crianças e adolescentes.
Coradi e colaboradores, 2017 75 crianças de 6 a 12 meses de idade / Brasil Avaliar o consumo alimentar de crianças de 6 a 12 meses de idade e sua relação com variáveis sociodemograficas maternas, do Município de Arvorezinha RS Estudo transversal com crianças que avaliou o consumo alimentar no dia anterior por meio dos formulários do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). As crianças apresentaram consumo alimentar saudável, principalmente aos 9 meses, e o perfil sociodemográfico materno demonstrou relação com a alimentação dos filhos. Os itens dos perfis avaliados foram: ingesta de comida de sal, cereais, fruta e legumes e baixa frequência na ingesta de mingau com leite, verdura de folha, embutidos e fígado. As variáveis maternas verificadas foram idade, direito à licença-maternidade, escolaridade, renda e ser beneficiário do programa Bolsa Família
Angoorani e colaboradores, 2017 14.440 estudantes , com idades entre 7-18 anos/ Irã A baixa atividade física e comportamentos sedentários, podem ser influenciados pelo estilo de vida e o status de peso dos pais. Estudo transversal crianças iranianas com idades entre 7 e 18 anos e um de seus pais inscritos no grande programa nacional de vigilância escolar. A obesidade dos pais foi associada ao aumento nas atividades de tela e ao baixo nível de atividade física das crianças. O foco no status de peso dos pais, como um importante fator influenciado por seu estilo de vida, pode ser útil na prevenção de comportamentos sedentários em seus filhos.
Jaime e colaboradores, 2017 4.839 pares de crianças menores de dois anos /  Brasil Avaliar a influencia de hábitos familiares e características do domicilio sobre o consumo de bebidas açucaradas em crianças brasileiras menores de dois anos. Estudo transversal que utilizou dados secundários gerados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2013. Alta prevalência de consumo de bebidas açucaradas em crianças brasileiras menores de dois anos e que características sociodemográficas e hábitos familiar influenciam essa prática alimentar não recomendada na infância.
Villa e colaboradores, 2015 328 crianças de oito e nove anos / Brasil Identificar os padrões alimentares de crianças e verificar sua associação com determinantes socioeconômicos, comportamentais e maternos Estudo transversal, consumo alimentar avaliado por registros alimentares de três dias não consecutivos e quantificado em gramas de grupos alimentares e nutrientes. Os padrões alimentares das crianças estiveram associados as condições socioeconômicas da família, escolaridade materna, prática de restrição alimentar pelos pais/responsáveis e localização da residência em zona urbana ou rural. Melhores condições socioeconômicas contribuíram para um padrão alimentar nutricionalmente mais inadequado.
Estima e colaboradores, 2009 Brasil Realizar uma revisão sobre os fatores determinantes do consumo alimentar Revisão de literatura, em base de dados, como Medline. 4 categorias de fatores determinantes do consumo alimentar: biológica; econômica; oferta/disponibilidade dos alimentos e social.
Lervolino e colaboradores, 2017 20 familiares e 33 crianças de 6 a 10 anos que estavam obesas / Brasil Descrever a influência familiar nos hábitos alimentares de crianças de 6 a 10 anos que estão obesas. Pesquisa descritiva exploratória com abordagem qualitativa Duas categorias de percepção das famílias quanto aos hábitos, preferências e qualidade da alimentação dos filhos e influência familiar na alimentação das crianças.
Melo e colaboradores, 2017 115 crianças na faixa

etária de 12 a 59 meses / Brasil

Avaliar a influência do comportamento dos pais durante a refeição e no excesso de peso na infância. Estudo transversal, analítico, com abordagem quantitativa. O ambiente familiar está associado a formação de hábitos alimentares e no excesso de peso infantil.
Silva e colaboradores, 2016. Brasil Chamar a atenção para a importância da interação entre cuidador e criança durante a alimentação e a influência do estilo de parentalidade na formação do hábito alimentar Revisão, com busca de dados no Pubmed e Scopus de artigos que abordassem a alimentação responsiva. A alimentação responsiva é muito importante na formação dos hábitos alimentares e deve ser incentivada pelos profissionais de saúde, que orientarão as famílias sobre como praticá-la.
DANIELS, L. A, 2019 Australia Revisar a compreensão do comportamento alimentar “normal” de crianças pequenas, estratégias de alimentação que os pais usam para moldar este comportamento,  evidências para abordagens de alimentação de crianças e promover padrões de alimentação saudáveis ​​ao longo da vida. Artigo de revisão. As interações pais-filhos relacionadas à alimentação são fundamentais e  contribuem para todos os aspectos do desenvolvimento da criança. Os comportamentos alimentares infantis são hereditários e influenciados por várias características da criança e refletem estágios normais de desenvolvimento.
Madrugada, 2012 Brasil Revisar a literatura científica sobre a continuidade dos padrões alimentares da infância à adolescência. Revisão da literatura científica com busca nas bases de dados MEDLINE/PubMed, Lilacs e SciELO. Os padrões alimentares da infância podem persistir até a adolescência, embora no transcorrer da adolescência possam ser alterados ou descontinuados.
Dantas e colaboradores, 2019 Brasil Investigar a influência do ambiente obesogênico e dos estilos de vida parentais no comportamento alimentar infantil. Revisão de literatura do tipo narrativa, utilizando-se as bases de dados Pubmed, Medline, Cochrane, Lilacs e Scielo. A formação do comportamento alimentar depende da interação de fatores relacionados a crianças e aos cuidadores e sofre a ação de diversos fatores relacionados a vida do indivíduo (ambiente físico, social, familiar, cultural e midiático).
Van der Horst e colaboradores, 2017 1005 mães, com pelo menos 1 criança entre 12 e 36 meses / Estados Unidos. Explorar cinco constructos principais do comportamento parental e como cada um influência na alimentação infantil. Pesquisa online com 1005 mães. Pais superprotetores e autoritários mostraram padrões semelhantes nas práticas parentais.
Warkentin e colaboradores, 2018 402 pais / Brasil. Relações entre as práticas alimentares dos pais e as características dos pais e dos filhos em uma amostra de pré-escolares brasileiros Estudo transversal. Diversos correlatos socioeconômicos, antropométricos e comportamentais da alimentação dos pais em uma grande amostra brasileira de pais de pré-escolares.

Fonte: Yasmin Imad Yassine, 2020

Os estudos selecionados destacaram a importância da formação dos hábitos alimentares saudáveis desde a infância e a influência dos pais ou responsáveis na formação destes hábitos.

A família exerce influência direta na formação de vários campos da vida adulta, ou seja, na infância existem varias vivências que influenciam as decisões que serão tomadas no decorrer da vida, neste sentido a família é uma unidade de referência na formação socioeconômica, cultura, política e religiosa e nos hábitos alimentares saudáveis (IERVOLINO; SILVA; LOPES, 2017).

Neste sentido, os familiares proporcionam um campo de aprendizagem a criança, ainda os membros da família determinam como será o ambiente compartilhado, podendo este ser propício a alimentação excessiva e/ou a um estilo de vida sedentário (MADRUGA et al., 2012).

A forma como é realizada esta interação entre pais ou responsáveis e filhos, repercute na nutrição, crescimento e desenvolvimento cognitivo e social da criança (SILVA; COSTA; GIUGLIANI, 2016), sendo verificado que o excesso de peso na infância mostrou relação com o comportamento dos pais durante a refeição (MELO et al., 2017).

A família é fundamental na formação de hábitos alimentares saudáveis, portanto é verificada a importância dos pais não demonstrarem seus dissabores quanto ao consumo de determinados alimentos, pois é nesta fase em que a criança selecionará os alimentos que mais gosta (IERVOLINO; SILVA; LOPES, 2017).

Os pais são os primeiros educadores nutricionais, possuindo um papel fundamental no processo de aprendizagem. Assim as estratégias que os pais utilizam para a criança alimentar-se é de grande importância, pois podem apresentar estímulos adequados quanto inadequados na formação das preferências alimentares (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016).

Sendo assim, o comportamento dos pais ou responsáveis, sobre as estratégias utilizadas, podem ter consequências negativas. Ou seja, práticas de alimentação coercitiva, como por exemplo, a restrição, pode promover o comer demais em crianças, ainda a pressão gerada pelos pais para a criança comer pode diminuir a percepção da mesma aos seus sinais internos de fome e saciedade (WARKENTIN et al., 2018).

4. DISCUSSÃO

4.1 AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS PELOS RESPONSÁVEIS E SUA INFLUÊNCIA NOS HÁBITOS INFANTIS

A primeira infância é uma fase na qual as crianças não apresentam autonomia, já que não possuem ainda o conhecimento e experiência necessária para a escolha dos alimentos baseado na qualidade nutricional. Assim a autonomia pertence aos pais e desta forma as preferências, aversões e os padrões alimentares serão determinados pela oferta e observação (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016).

Neste sentido, foi verificado nos estudos analisados que o consumo de bebidas açucaradas tem maior prevalência nos domicílios onde um dos residentes consome regularmente (JAIME; DO PRADO; MALTA, 2017).

Fica evidente que as práticas alimentares realizadas pelos pais e responsáveis, assim com as suas escolhas, como disponibilizar alimentos saudáveis ou opções ultraprocessadas (como por exemplo bebidas industrializadas açucaradas ou massas instantâneas) terão forte influencia na determinação das preferências alimentares na infância (WARKENTIN et al., 2018). Ou seja, a família proporciona um enorme campo de aprendizagem a criança, podendo o ambiente familiar ser propício à hábitos mais ligados com a saúde e qualidade de vida ou à alimentação excessiva e/ou ao um estilo de vida sedentário (MADRUGA et al., 2012).

Um estudo com uma amostra de 225 crianças/ 88 pais verificou que o consumo de frutas, sucos naturais e vegetais é influenciado de forma positiva pela disponibilidade e acessibilidade destes alimentos na residência familiar. Ainda é entendido que as crianças inclinam-se a preferir os alimentos que lhe são servidos frequentemente em detrimento dos alimentos estranhos (MADRUGA et al., 2012).

Conclui-se desta forma que a alimentação parental é imitada pelos filhos, devendo ser entendido que a busca por hábitos saudáveis deve começar nos pais para que sejam incorporados no comportamento alimentar futuro da criança (DO CARMO AZEVEDO LEUNG; PASSADORE; DA SILVA, 2016).

4.2 REFEIÇÕES EM FAMÍLIA

A família apresenta valores, crenças, conhecimentos e hábitos alimentares que podem apresentar um fator de proteção ou risco a saúde. Ou seja, a forma como é realizada a interação entre pais e filhos durante o momento da refeição é de suma importância (SILVA; COSTA; GIUGLIANI, 2016).

Foi verificado que a realização de refeições em família na infância é o fator protetor para o excesso de peso desde que as refeições sejam comuns entre os membros da família, já que as diferenças na alimentação podem ocasionar a recusa alimentar pela criança (MELO et al., 2017).

As refeições em família retratam um acontecimento importante na promoção de uma alimentação saudável. Neste sentido uma pesquisa realizada com uma amostra de 427 crianças entre 2 a 5 anos mostrou que as refeições em família criam um ambiente positivo, já que os pais servem como um exemplo, fazendo com que as crianças apresentem uma melhor qualidade na alimentação. Os pesquisadores verificaram que as refeições em família aumentam de forma significativa o consumo de porções do grupo de cereais, verduras, vegetais, leites e derivados e carnes (MADRUGA et al., 2012).

Neste sentido, a manutenção de uma organização de horários e rotinas das refeições em família é um ponto importante para a socialização das práticas e tradições alimentares. A forma como é realizada esta refeição está associada com um aumento da capacidade da criança de regular sua ingestão alimentar (DANIELS, 2019).

Portanto, é verificado que a prática das refeições em família contribui para o consumo de alimentos saudáveis, protegendo o desenvolvimento de hábitos alimentares impróprios, além de prevenir a obesidade e outras comorbidades (TOSATTI et al., 2017).

4.3 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS  

A família é decisória na formação dos hábitos alimentares da criança, em conjunto com as condições socioeconômicas e sociodemográficas, que influem diretamente no processo de construção dos hábitos alimentares e por conseguinte nas escolhas do indivíduo adulto (MADRUGA et al., 2012).

Neste sentido é importante identificar as características familiares que possam interferir e influenciar na nutrição e saúde na primeira infância, já que o público infantil não tem autonomia para decidir como irá se alimentar, ficando suscetível ao desenvolvimento de prejuízos e agravos nutricionais, que podem ser causados tanto pela deficiência no aporte de energia e nutrientes, quanto pelo excesso (CORADI; BOTTARO; KIRSTEN, 2017).

Entre os fatores sociodemográficos e socioeconômicos, que exercem influência nas escolhas alimentares que pais praticam podem ser apontados: idade materna, direito a licença-maternidade, ser beneficiaria do programa Bolsa família, ter estudado até o ensino médio, ter renda mensal própria acima de um salário mínimo e localização da residência (urbano ou rural) (CORADI; BOTTARO; KIRSTEN, 2017).

Entre pais com maior renda mensal e nível de escolaridade, foi maior o  consumo alimentar maior de produtos industrializados, podendo este comportamento ser justificado pelo alto valor destes produtos. Ainda a maior escolaridade e a residência em zona rural resultou em um maior consumo de ovos e laticínios, sendo explicado pela maior disponibilidade (VILLA et al., 2015).

Já a baixa escolaridade materna resulta em uma alimentação de baixa qualidade, já que uma maior escolaridade tem influenciado positivamente no consumo de carnes, laticínios, legumes e verduras (CORADI; BOTTARO; KIRSTEN, 2017).

Conclui-se que os padrões alimentares das crianças está associado diretamente as condições sociodemográficas e socioeconômicas da família, ou seja, os hábitos alimentares, o que é oferecido diariamente as crianças dependerá além da cultura da família, da escolaridade, localização da residência e renda familiar (VILLA et al., 2015).

4.4 COMPORTAMENTO PARENTAL E HÁBITOS FAMILIARES

A influência parental é medida pelo estilo da família, ou seja, as atitudes parentais relacionadas a regulação alimentar podem ser classificada em três, sendo estas: controle restritivo, pressão para comer ou controle discreto (DANTAS; DA SILVA, 2019).

O controle restritivo é entendido como a exclusão dos alimentos considerados não saudáveis e interferência na quantidade ingerida, demonstrando uma preocupação excessiva da mãe, sendo verificado que são estas crianças com maiores dificuldades no controle alimentar (DANTAS; DA SILVA, 2019).

Já a pressão para comer é verificada quando existe uma coerção para a criança comer tudo o que está no prato por exemplo ou para que a mesma realize escolhas mais saudáveis, podendo gerar perda dos sinais interno de fome e saciedade. O controle discreto, é entendido como pais com atitudes menos controladoras e com maior suporte psicológico, associado a uma maior ingestão de frutas e verduras (DANTAS; DA SILVA, 2019).

Neste sentido, alguns comportamentos paternais podem gerar influências negativas, como práticas alimentares coercitivas ou podem gerar influências positivas como a disponibilidade de alimentos saudáveis em casa (WARKENTIN et al., 2018).

Os pais podem influenciar práticas alimentares positivas por meio dos alimentos disponibilizados. Sendo possível valer-se de vários métodos ou estratégias para controlar a ingestão alimentar, priorizando hábitos de vida mais saudáveis por parte da criança, neste sentido uma educação mais permissiva e menos autoritária trouxe benefícios sobre os alimentos mais consumidos, sendo estes, frutas, verduras e legumes. E uma prática mais coercitiva foi associada a um consumo maior de produtos industrializados (VAN DER HORST; SLEDDENS, 2017).

Assim o referente estudo traz que pais autoritários e superprotetores realizam um maior monitoramento da ingestão, controlando o ganho de peso, mas também utilizando um maior número de restrições e pressões para a criança se alimentar de forma saudável, gerando uma associação negativa. Sendo que o controle gerado pelos pais se torna tão intenso para os filhos que gera com o passar do tempo uma recusa maior por alimentos naturais, como frutas, verduras e legumes (VAN DER HORST; SLEDDENS, 2017).

A família tem papel decisivo na maneira como a criança irá se alimentar, principalmente pelas estratégias e métodos utilizados neste processo, sendo que o reconhecimento de fome e saciedade e o entendimento sobre o autocontrole da criança em relação a sua ingestão contribui a longo prazo para um comportamento alimentar adequado (SILVA; COSTA; GIUGLIANI, 2016).

O comportamento apresentado pelos filhos sobre a alimentação é aprendido pelo modelo de comportamento alimentar dos pais, ou seja, os pais influenciam os filhos diretamente na forma de se alimentar, podendo ser esta influência gerada por práticas verbais, gestos, atitudes e escolhas alimentares (ESTIMA; PHILIPP; ALVARENGA, 2009).

5. CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou demonstrar que a família é o principal agente de socialização, moldando e formando as crianças por meio de suas próprias vivências e crenças. Não é só o que a criança come que é importante, mas também como, quando, onde e quem a alimenta, ou seja, é evidenciado no decorrer deste estudo a importância da interação saudável entre os pais e os filhos na formação dos hábitos alimentares já que estes serão a base da vida adulta.

Fica demonstrado a influência dos pais, quanto a compra, preparo, refeições em família, hábitos e comportamentos, pois as preferências alimentares das crianças são influenciadas diretamente pelas escolhas e hábitos dos pais.

Portanto os pais tem um papel decisivo na condição de obesidade de seus filhos, devendo apresentar um papel de cuidado e exemplo diário sobre alimentação saudável e ainda estarem sensibilizados sobre a necessidade de uma manutenção diária de hábitos alimentares adequados ao desenvolvimento infantil.

Dessa forma, levando em consideração a influência do contexto familiar na formação dos hábitos alimentares e destes se perpetuarem por gerações é importante ressaltar a importância de ampliar a orientação educacional aos pais, com maior nível de informações nutricionais para que assim novos hábitos sejam aprendidos pela família e repassados a criança, diminuindo o grande número de crianças e adultos com obesidade e outras comorbidades nos dias atuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGOORANI, P. et al. The association of parental obesity with physical activity and sedentary behaviors of their children: the CASPIAN‐V study. Jornal de Pediatria (Versão em Português), v. 94, n. 4, p. 410–418, 2018.

CORADI, F. D. B.; BOTTARO, S. M.; KIRSTEN, V. R. Consumo Alimentar De Crianças De Seis a Doze Meses E Perfil Sóciodemográfico Materno. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 12, n. 3, p. 733–750, 2017.

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[1] Graduanda em Nutrição.

[2] Orientadora. Nutricionista. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente (UFPR). Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE). Especialista em Terapia Nutricional com Treinamento em Serviço (UFPR). Coordenadora e docente do Curso de Nutrição. Centro Universitário União das Américas.

[3] Doutora em ciências da Engenharia da Produção. Docente do Curso de Fisioterapia. Orientadora em Iniciação Cientifica. Centro Universitário União das Américas.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

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