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Impactos Provocados no Meio Ambiente Pelo uso da Madeira na Construção Civil

RC: 8579
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CONTEÚDO

LIMA, Anielly Iasmin Nunes [1], CRUZ, Caio Borba [2], SILVA, Érica De Lima [3]

LIMA, Anielly Iasmin Nunes; CRUZ, Caio Borba; SILVA, Érica De Lima. Impactos Provocados no Meio Ambiente Pelo uso da Madeira na Construção Civil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 03. Ano 02, Vol. 01. pp 116-135, Junho de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

A partir de debates promovidos pela ONU ( Organização das Nações Unidas ) na década de 1980 o tema Sustentabilidade passou a ser muito mais presente em rodas de discussão, meios e maneiras de realizar atividades humanas que supram à sua necessidade sem que isso comprometa as próximas gerações passaram a ser cada vez mais valorizados. A construção civil, como ramo cada vez mais em alta no mercado não poderia ficar de fora desse processo e também passou a adotar técnicas para tanto reduzir quanto reutilizar seus resíduos, entre eles a madeira. O foco do artigo é apresentar desde as causas e consequências da extração ilegal da madeira até técnicas para que ela seja mais bem utilizada na construção e meios alternativos para utilizá-la em harmonia com o meio ambiente.

Palavras-chave: Madeira, Construção Civil, Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

O impacto destrutivo provocado no meio ambiente, devido à ação humana, é um problema que tem gerado preocupações em todo o mundo. A degradação ambiental, a extração de recursos naturais e sua exploração errônea, colocam em risco todas as formas de vida, provocando danos ao solo, a água, à flora e à fauna. Usada pelo homem em toda a sua existência, é impossível imaginar a evolução da humanidade sem o uso deste material, que tem adaptado a madeira às suas necessidades, o que demonstra sua potencialidade nas diversas áreas, como o uso nas indústrias usineiras, indústrias moveleiras, artes e a construção civil, que utilizam estes recursos naturais para a geração de produtos e serviços do dia a dia da população. No setor da construção civil, uma das causas da degradação ambiental é a exploração insensata, desenfreada e indiscriminada destes recursos.

A madeira é um recurso natural e renovável, porém a extração indevida deste recurso pode acarretar sua extinção e destruição do meio ambiente. A sua história e evolução nas diversas formas de como o homem foi se adaptando a utiliza-la em diversas áreas e no processo de edificar, são essenciais para entender a importância deste recurso, e suas características particulares, como sua capacidade de renovação, durante os processos de desenvolvimento da cultura da sociedade e atividades humanas. As características deste recurso demonstram a importância do mesmo na construção civil e de como é necessário garantir sua proteção, para que continue prevendo a sua utilização nas diversas formas de edificar e, assim, preservar o ambiente.

No Brasil, a madeira possui diversas espécies diferentes e distintas que são utilizadas de diferentes formas, como a árvore ipê utilizada para construção de vigas e pontes, louro que é uma espécie empregada na confecção de artefatos de luxo e o cedro aplicado em contraplacados, esculturas e obras de talha. Na construção civil a madeira sempre foi e será essencial na edificação, sendo usada em diversos processos de uma obra no qual a sua extração legal deve ser garantida para o desenvolvimento da preservação do recurso. Porém, a extração ilegal ainda é dominante no Brasil, acarretando a destruição de florestas nativas e suas áreas verdes que auxilia na poluição atmosférica e estimula problemas futuros para a sociedade como enchentes, alagamentos e poluição do ar.

No Brasil, geralmente a madeira não é utilizada na construção de edifícios como um todo, sendo usada apenas em alguns processos e detalhes como portas, sendo um recurso indispensável na construção civil. A importância deste recurso se nota pela suas diversas características e funcionalidades que demonstram a relevância de garantir a proteção do mesmo. Várias espécies da madeira são utilizadas na construção, nisso a madeira ecológica foi adaptada para o menor impacto na natureza e redução da extração de arvores nativas, tornando-se um exemplo da reciclagem de resíduos plásticos, que reduz o desmatamento constante nas florestas, podendo ser utilizada em diversas etapas da edificação.

Este artigo tem como objetivos, compreender o processo histórico da madeira, estimar a extração da madeira e os impactos provocados no meio ambiente, entender a importância da utilização da madeira na construção civil e estabelecer formas sustentáveis para o uso da madeira. O qual, foi baseado em pesquisa bibliográfica sendo fundamentado em artigos, jornais e textos publicados na internet e pesquisas feitas através de um profissional da construção sobre a madeira, meio ambiente, sustentabilidade e construção civil, deixando de forma clara e plausível dados, que norteiam a importância da preservação do meio ambiente e como a extração da madeira está vinculada a isso, e, também a importância da madeira na construção civil e a madeira ecológica importante meio para reduzir a extração e devastação da madeira convencional.

A EXTRAÇÃO DA MADEIRA E IMPACTOS PROVOCADOS NO MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é o aglomerado de circunstâncias e ações que cercam uma comunidade. O artigo 3º da Lei nº 6.938/81 pela primeira vez definiu no Brasil o conceito de meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” e a Constituição Federal de 1988 trouxe a importância do meio ambiente no seu artigo 225. Nisso, o meio ambiente deve ser preservado e tratado, pois o que existe nele esta diretamente relacionado a todas as formas de vida.

A madeira é um recurso imprescindível na construção, pois é utilizada em vários processos de uma edificação, e possui diversas qualidades como resistência e leveza, o que torna seu manuseio mais acessível em comparação a outros materiais como metálicos e plásticos, desenvolvidos para reduzir a extração da mesma. Araújo (2012,p.2), relata que a madeira desenvolveu desde a antiguidade uma significante função em todos os aspectos da vida, contribuindo para diversos âmbitos da sociedade e as suas características fundamentais que a tornam um recurso inigualável.

Pesquisa feita com profissionais da construção pela Revista da Madeira na Edição nº 121 em 2009, constatou que o custo da madeira teve 53% de indicação como sendo mais caro que os outros materiais, e houve uma manifestação de 66% como material de melhor aparência. A sua beleza torna a edificação mais delicada, e a multifuncionalidade é fundamental no momento de seu uso, pois consegue se atribuir de várias maneiras, conforme o tipo de aplicação pretendida. A capacidade de renovação é uma qualidade vital do produto, pois enquanto for plantada árvores a madeira continuará a crescer nas florestas.

Inicialmente no Brasil, antes de ser colônia de Portugal, a madeira já era extraída pelos indígenas para a confecção de utensílios como arcos, flechas e para realização de pinturas corporais e artesanais. A árvore extraída era o Pau-Brasil, originada da Mata Atlântica, devido ao estilo de vida natural dos indígenas. Com a chegada dos portugueses ao Brasil, não achando outra forma de obter lucros e vantagens, viram no Pau-Brasil que era abundante em toda a costa brasileira, a chance de obter seus lucros, já que antes obtinham a brasileína ,essência corante extraída do Pau-Brasil, por mercadores que vinham do Oriente.

Pau-brasil. Foto por: Daderot
Figura 1: Pau-brasil. Foto por: Daderot

O Brasil por ser colônia de Portugal naquele tempo, tornou fácil a exploração da árvore Pau-Brasil que era de exclusividade da Coroa. “Os indígenas brasileiros participavam da extração do pau-brasil por meio da prática do escambo, considerado, por muitos historiadores, como a primeira atividade comercial brasileira.’’ ( AGOSTINI et all, 2013, p.15-30). A extração do Pau-Brasil se tornou constante, a exploração insensata da árvore acarretou á sua devastação e após alguns anos a árvore se tornou uma espécie rara nas matas brasileiras. O fim da extração do Pau-Brasil ocorreu no século 19, devido a escassez da árvore e pela descoberta de um corante artificial correlativo.

Em 1605, surgiu a primeira lei de proteção florestal no Brasil para regimento do Pau-Brasil, onde previa uma autorização real para o corte dessa espécie de árvore. Já a Carta Régia de 13 de Março de 1797 preocupava-se com a preservação da fauna, águas e dos solos. Nos estudos realizados por Martins et all (p.4260) demonstra a elaboração de meios criados para proteger a fauna e a flora, como o primeiro Regimento de Corte de Madeiras, de 1799, que estabelecia rigorosas regras para a derrubada de árvores. Mesmo considerado o Pau-Brasil uma árvore extinta, foram descobertas espécies ainda intactas, que foram cultivadas e preservadas no Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro, criado pelo então Príncipe regente Dom João VI.

A madeira desde então é extraída para diversas atividades no Brasil como na fabricação de móveis, papéis, na construção civil, carroceria de caminhões e entre outras atividades. No Brasil, o relatório de acompanhamento Setorial da Unicamp destaca atividade moveleira como um dos setores que mais utilizam a madeira. A fabricação de móveis, com a utilização da madeira, torna móveis como mesas, cadeiras, armários e guarda-roupas mais delicados através da beleza e variedade que a madeira proporciona a estes objetos mobiliários. Apesar de vários móveis atualmente serem substituídos por outros materiais, como pedras e metal, a madeira continua sendo o material preferido devido a sua resistência proporcionada.

A revista da madeira na sua edição nº 89, relata que, há desvantagens no uso da madeira, como a higroscopicidade, que é a fácil absorção e perda de umidade que acarreta a alteração dimensional e, em alguns casos, contribui para a alteração das características de um edifício, e dependendo da espécie utilizada, não há durabilidade em seu uso. As diversas relações entre densidade, umidade e expansão volumétrica são de fundamental importância para melhor aproveitamento dessa matéria prima, por isso é necessário o estudo de comportamento dessas variações. A maior desvantagem quanto ao uso deste recurso, é quando é obtido de forma irregular e descontrolada, ocasionando o desmatamento de grandes regiões.

Pesquisa feita pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), demonstra a degradação ocasionada pela devastação ilegal. Entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015 o instituto, realizou um mapeamento por satélite, para analisar a extração da madeira, onde extrai-se que a Amazônia está sendo desmatada, na sua maioria explorada sem a autorização legal. O desmatamento da Amazônia comparado com o período anterior teve cerca de 215% de aumento e a área desmatada é maior que a cidade de São Paulo. Segundo o instituto, quase metade dos desmatamentos ocorreram em áreas particulares, onde a floresta veio abaixo para a expansão da pecuária, invasão de terras publicas e para dar lugar a agricultura.

Foto tirada por satélite do Instituto Imazon Ago/13-Fev/2014
Figura 2: Foto tirada por satélite do Instituto Imazon Ago/13-Fev/2014

O instituto Imazon monitora a devastação da Amazônia há mais de 20 anos, os satélites detectam o desflorestamento apenas em áreas acima de 10 hectares, a extração da madeira e destruição da floresta pode ser ainda maior do que foi calculado. O desmatamento acarreta a poluição local, prejudicando a saúde da população e o habitat dos animais que vivem nas florestas, conforme demonstra a Figura 2, sendo imperioso que a extração da madeira para que a mesma seja utilizada deve ser feita de forma legal, pois assim se terá o controle da extração deste recurso.

Segundo o IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) a madeira utilizada na fabricação de papel é o eucalipto, do gênero Eucalyptus, por conter a substância que é a celulose, e a partir dessa substância o papel é fabricado. Esta espécie é utilizada para vários fins, sendo aplicada também na confecção de violões, lápis e também em vários objetos decorativos como porta-retratos, quadros, vasos e usada na construção de barcos e jangadas que são frequentemente usados no nordeste do Brasil, por pescadores artesanais, sendo sua utilidade tamanha e de extrema importância, pois esta presente em várias atividades do cotidiano.

A madeira apresenta a sua versatilidade através de diferentes espécies de árvores, sendo utilizada em diversos setores. É um produto comercializado em todas as regiões do Brasil, devido a sua característica fundamental como a rigidez, não poderia ser diferente a utilização da mesma na construção civil. O setor da construção envolve vários recursos, entre esses recursos a madeira que é útil em várias etapas de edificações. No Brasil, a sua aplicação em construções tem características diferentes de outros países, portanto a madeira é um recurso indispensável na construção civil.

A MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A aplicação da madeira na construção civil varia com cada civilização. O terreno, o clima e também os tipos de árvores disponíveis são fatores que determinam quais técnicas construtivas serão utilizadas na madeira. Pelo baixo custo, fácil manipulação e ser de fácil acesso no mercado a madeira acompanha o desenvolvimento da sociedade humana desde as primeiras civilizações. Seja no oriente ou no ocidente, nas comunidades mais ou menos desenvolvidas, a madeira, apesar da perda de popularidade após a revolução industrial, ainda é comumente utilizada.

A madeira é um recurso insubstituível. Desde os primórdios da civilização ela sempre desempenhou papel decisivo em todos os aspectos da vida. Através da construção de casas, silos, estradas, pontes, teatros, templos e barragens, a humanidade desde a antiguidade vem moldando a natureza de forma a desenvolver sua capacidade em edificar. As características únicas de beleza, charme, conforto térmico e acústico, fácil manuseio e usinagem, leveza, fonte renovável, grande resistência mecânica, estabilidade e durabilidade que só a madeira proporciona, fazem desde recurso uma opção indispensável em qualquer projeto.(ARAÚJO, 2012)

São inúmeras as vantagens encontradas para a utilização da madeira, como: durabilidade, segurança e manutenção. Constantemente os pesquisadores encontram objetos de centenas de anos feitos de madeira em perfeito estado, além disso, naturalmente a madeira já possui função estrutural, depois de cerrada se torna um elemento de fácil montagem e que não passou por processos industriais que possam comprometer sua resistência, é possível também aumentar o tempo de vida útil da madeira utilizando técnicas como aplicar impermeabilizantes nos encaixes e nos apoios, entre outros.

Na construção de casas no Brasil, é frequente ver casas de alvenaria e a madeira não é comumente utilizada para a construção de casas como um todo, sendo usada apenas em alguns processos da edificação. Casas construídas no país geralmente para o processo estrutural é utilizado o concreto armado. A residência Hélio Olga do arquiteto Marcos Acayaba, na Região Sul, demonstra que a madeira pode ser utilizada no processo estrutural de uma obra. A resistência da construção e sua originalidade ímpar levaram a obra á Premiação Nacional de Arquitetura, em 1991, no Rio de Janeiro, Categoria I – Espaço da Moradia.

Residência Hélio Olga por Nelson Kon /Construída em 1990. Foto por: Marcos Acayaba
Figura 3: Residência Hélio Olga por Nelson Kon /Construída em 1990. Foto por: Marcos Acayaba

Ao contrário do que se pensa, realizar grandes obras com madeira não possui grande impacto ambiental, pois a maior parte desse material para construções é advinda de reflorestamentos em áreas degradadas que não servem mais para agricultura ou outros cultivos, e enquanto estão de pé ainda desenvolvem seu papel ambiental de filtrar o ar poluído (muitas vezes ao se fabricar materiais como ferro e cimento utilizados na construção civil tradicional). A utilização da madeira não se restringe a telhados e afins, até mesmo pontes são construídas com esse material.

Ponte feita de madeira. Fonte: Google Imagens
Figura 4: Ponte feita de madeira. Fonte: Google Imagens

No Brasil, infelizmente, o uso da madeira ainda é pouco explorado nas construções, apesar da grande área territorial e grande abundância do material, obras realizadas com madeira são frequentemente vistas como sub-habitações ou que possuem pouca durabilidade. Foi criada ainda uma forte tradição de construções em alvenaria, além da falta de valorização da madeira como material de construção nos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil. Todos esses fatores contribuem para que a madeira não ganhe seu devido espaço no mercado da construção civil brasileira.

O Brasil possui uma forte tradição de construção em alvenaria de tijolos de barro, trazida pelos portugueses desde a sua colonização. A construção de madeira foi muito utilizada nas regiões sul e sudeste como habitação, onde a matéria prima utilizada, o pinho do Paraná, era abundante. Entretanto, em 1905, na cidade de Curitiba, o governo proibiu a construção de casas de madeira nas zonas centrais da cidade. Este fato contribui para gerar no meio técnico brasileiro, o preconceito contra as estruturas em madeira. (MEIRELLES et all, 2005).

Na construção civil a presença da madeira é constante seja para usos temporários ou definitivos. Os usos temporários são justamente os que mais causam problemas ambientais (afinal após a utilização nem sempre é dado o devido descarte a eles) e consistem basicamente em: instalação dos canteiros de obras, andaimes, tapumes, escoramentos e fôrmas; enquanto os usos definitivos mais vistos e utilizados atualmente são: estruturas de cobertura, esquadrias, pisos e acabamentos (forros, lambris, cordões). Uma obra bem organizada produz menos resíduos e obviamente menos transtornos ambientais também.

Na obra do prédio educacional da UniEvangélica de Goianésia, por exemplo, a madeira foi utilizada na construção de modo temporário , o prédio possui 12.600 M² foram utilizados 2.200 peças de madeirite plastificado (normalmente tem uso para fazer concreto aparente e trabalhos que exigem resistência à água) , 2,20×1, 10x17mm, 300 peças de madeirite fenólico (tem uso em construções de prédios, e indústrias pela maior resistência, sendo requisitado pela quantidade que oferece com uso) 2,20×1, 10x9mm, 6.893 MT de tabuas de cedrinho 5,00 x 0,30, 1.200 peças de vigota e 2.300 peças de escora de eucalipto, segundo dados fornecidos pelo engenheiro responsável Adriano de Sousa Tavares.

 Parte da construção do prédio da UniEvangélica. Fonte: Adriano de Sousa Tavares.
Figura 5: Parte da construção do prédio da UniEvangélica. Fonte: Adriano de Sousa Tavares.

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) delibera, sob a forma de resoluções, recomendações, visando contribuir para a classificação dos resíduos, na qual a madeira é um resíduo de classe B, que são os resíduos reutilizáveis para outras destinações sem ser na própria obra. O CONAMA também informa como deve ser o descarte adequado da madeira, devendo ser reutilizada ou encaminhada a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Porém a destinação não é realizada de forma adequada na maioria das vezes, conforme a Figura 6.

Destinação adequada segundo o CONAMA. Fonte: PEREIRA, 2013
Figura 6: Destinação adequada segundo o CONAMA. Fonte: PEREIRA, 2013

O descarte da madeira, quase sempre é feito de forma incorreta. Tanto no Brasil quanto no exterior, políticas para o uso e descarte consciente não são muito elaboradas e tampouco valorizadas e/ou respeitadas. Os resíduos da madeira podem ter diversos fins tais como: adubo, geração de energia (térmica e elétrica) e até mesmo se tornar “novas madeiras” (madeira reconstituída), porém são poucos profissionais que garantem esse destino por isso é tão comum ver grandes pedaços de madeira jogados em aterros, lixões e até mesmo á beira das estradas e rodovias.

O emprego da madeira na construção civil, feito na forma de elementos temporários como fôrmas, escoramentos e andaimes, ou na forma de elementos definitivos como estruturas de coberturas, forros, pisos, esquadrias e acabamentos, gera grande quantidade de resíduos, principalmente considerando que todos os elementos temporários serão posteriormente descartados. De acordo com Miranda et all. (2009), os resíduos de madeira representam cerca de 31% de todo o volume de resíduo de construção gerado numa obra de um edifício residencial. Se considerada somente a fase de execução estrutural, podem chegar a representar 42% dos resíduos gerados durante o processo em questão.( LOPES et all, 2013)

Resíduos de madeira. Fonte: Google imagens
Figura 7: Resíduos de madeira. Fonte: Google imagens

O mercado brasileiro da construção precisa apostar mais na madeira e nos benefícios que ela oferece, recursos não faltam, mas ainda são poucos os profissionais que se arriscam a utilizá-la. É preciso ainda um incentivo maior ao cuidado ambiental, uma vez que a indústria se preocupa em se certificar as origens de sua matéria-prima o uso da madeira se torna ainda mais saudável, a tais atitudes acarretam diretamente ao incentivo à retomada de escolas técnicas com oficinas como carpintaria, que haviam sido praticamente extintas juntamente com a revolução industrial.

A MADEIRA ECOLÓGICA

A quantidade desenfreada de resíduos sólidos produzidos por individuo, diariamente, tornou-se um dos maiores problemas da humanidade. Onde, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), só no Brasil, a produção e consumo de resinas termoplásticas passou de 5 milhões de toneladas anualmente, quase 28 quilos por habitante. Portanto, buscar soluções criativas de reciclagem desses resíduos tem se tornado cada vez mais necessária.

A madeira plástica, ecológica ou sintética é um produto totalmente reciclado e reciclável, bastante semelhante à madeira convencional. Fabricada a partir de fibras e resíduos plásticos industriais, como embalagens, sacolas plásticas, pneus, serragens, entre outros. Ela traz uma forte ideia de sustentabilidade, pois 100% do seu material é colhido através de reciclagens, e a mesma pode ser reciclada após o seu uso, para a produção de uma nova “madeira”.

Segundo Pinto (2007 apud PAULA; COSTA, 2008) a ideia da madeira plástica surgiu na Europa, por volta da década de 70. Porém, apenas no início dos anos 90 que a ideia se popularizou nos Estados Unidos, que é o país que mais consome plástico no mundo, onde utilizavam plásticos reciclados em moldes que substituíam a madeira natural em deques e cercas. Após adotar a ideia, os EUA se tornaram o maior mercado mundial da madeira plástica, utilizando o material em larga escala em projetos do governo, como na prefeitura de Los Angeles, e pela população norte-americana em geral.

[…] a fabricação da madeira plástica já recicla todos os meses 500 toneladas de resíduos. A cada 700 quilos de plástico reciclado e transformado em madeira, uma árvore adulta é preservada. (GLOBO NEWS, 2008 apud ECOBLOCK, 2007)

No processo de fabricação da madeira sintética, primeiramente, deve ser feito a coleta da matéria-prima, no caso o lixo plástico. Em seguida, o material é triturado, lavado e secado, formando grânulos. A terceira etapa consiste no reprocessamento do plástico, os grânulos são levados para uma máquina chamada extrusora, onde são fundidos e homogeneizados. Por fim, o material que sai da extrusora passa por um sistema de refrigeração, e é puxado por um “puxador”, resultando na madeira sintética (AMARAL, 2009).

Na construção civil pode ser utilizada de diversos modos:

[…] para pilares e vigas de sustentação (de acordo com o estudo do projeto), fôrmas, escoramentos de escavações/taludes e pranchas para produção de blocos de concreto, sendo na maioria dos casos mais resistentes do que a madeira natural. Os perfis de madeira plástica também podem ser utilizados em aplicações externas tais como marcos de portas, esquadrias, decks de piscinas, pisos, plataformas marítimas, galpões industriais, andaimes e uma infinidade de outras aplicações (ALLPEX BRASIL, 2012 apud SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS, 2008).

 Madeira Plástica Encapsulada. Fonte: Google Imagens
Figura 8: Madeira Plástica Encapsulada. Fonte: Google Imagens

Por utilizar um material impermeável, a madeira plástica é imune a pragas, como cupins, e também ao apodrecimento e o mofo, onde, segundo Ecopex, a madeira plástica tem uma durabilidade de no mínimo 100 anos. Uma outra vantagem está no processo de produção que não utiliza água nem produtos químicos, evitando os subprodutos de um processo fabril e a contaminação do solo. Porém, uma das desvantagens é o investimento inicial para produção ser alto, mas que a longo prazo se torna uma forma mais econômica financeiramente, por ter mais durabilidade e menos custos com manutenções em relação à madeira convencional.

CONCLUSÃO

Os impactos provocados no meio ambiente pelo uso da madeira na construção civil, demonstram a necessidade da colaboração dos profissionais da construção civil que é o principal foco a ser discutido quando se fala em madeira ilegal, pois grande parte do desflorestamento é realizado para suprir as necessidades desta área. É necessária a conscientização dos profissionais da construção e uma fiscalização mais rigorosa dentro dos canteiros de obras para evitar tanto o uso quanto a exploração desenfreada do contrabando da madeira.

A madeira ecológica é uma solução para reduzir a extração da madeira, já que com seu uso garante a minimização da derrubada de arvores além do benefício ao se reutilizar resíduos plásticos para a fabricação da mesma, contribuindo também para a redução de materiais lançados ao meio ambiente. Além de suas vantagens em relação a madeira de origem natural, como a resistência a pragas, porém a madeira sintética não é muito comercializada no país por falta da maioria de conhecimento dos seus benefícios. Cabe aos profissionais da construção se empenharem em utilizar este recurso.

REFERÊNCIAS

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Lopes, Fernanda Polonio et al. ANÁLISE DA CONTAMINAÇÃO EM RESÍDUOS DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1048/1/CT_EPC_2012_2_09.PDF

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[1] Centro Universitátio De Anapolis – UniEvangélica – Campus Ceres.

[2] Centro Universitário De Anapolis – UniEvangélica – Campus Ceres.

[3] Centro Universitário De Anapolis – UniEvangélica – Campus Ceres.

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Érica de Lima Silva

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