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Aspectos da comercialização da carne de animais silvestres na feira municipal de Abaetetuba – Pará

RC: 7886
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CONTEÚDO

QUARESMA, Antônio Ângelo Negrão  [1], MARINHO DA SILVA, Klebson Joaquim [2], PEREIRA SILVA, Patrícia Magalhaes [3]

QUARESMA, Antônio Ângelo Negrão; MARINHO DA SILVA, Klebson Joaquim; PEREIRA SILVA , Patrícia Magalhaes. Aspectos da Comercialização da Carne de Animais Silvestres na Feira Municipal de Abaetetuba- Pará. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 01. pp 407-417, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

A presente pesquisa analisou os aspectos comerciais da venda de carnes de animais silvestres na feira de Abaetetuba-PA. Esse ramo de atividade é de grande importância para economia abaetetubense, uma vez que, trata-se de uma economia tradicional que emprega dezenas de trabalhadores, que utilizam essa prática como única fonte de subsistência. Além disso, este estudo constatou que o comércio na feira de Abaetetuba passou por intensas modificações com o passar do tempo, onde uma das mais preocupantes está relacionada a escassez de certas espécies nativas, que antes eram comercializadas com maior frequência. Este evento pode ser associado a caça predatória existente na região. Diante deste contexto, este trabalho teve como premissa contribuir para uma análise mais detalhada dos reais impactos que esse comércio causa a sociedade local, para então contribuir e sugerir futuros projetos que visem assegurar a preservação dos recursos faunísticos sem comprometer a economia local.

Palavras Chave: Animais Silvestres, Abaetetuba, Comercialização.

INTRODUÇÃO

As relações sociedade e ambiente são muitos antigas e constituem uma conexão muito importante para a vida humana, uma vez que, estas dependem frequentemente das interações estabelecidas com os recursos faunísticos para sua sobrevivência, relações essas que são passadas de geração a geração.

A variedade de interações que a cultura humana mantém com os animais é abordada pela perspectiva da etnozoologia, ramo da etnobiologia que investiga os conhecimentos, significados e uso dos animais nas sociedades humanas. Estudos etnobiológicos estão se intensificando nos últimos anos, devido as questões ligadas as conservações da biodiversidade, assim como a incorporação de todas as dimensões que ligam as sociedades humanas aos recursos naturais (ALVES et al, 2012).

A grande diversidade da fauna silvestre brasileira sempre esteve intimamente ligada aos diversos povos que aqui habitaram, em especial os da região amazônica, que as utilizavam para os mais variados fins, seja como animais domésticos ou principalmente como forma de alimentação (DAVIES, 2002; FIGUEIRA et al., 2003).

A utilização frequente e constante de animais silvestres para consumo humano nessas áreas vem sendo apontada como uma das causas de extinção ou declínio populacional de várias espécies; diminuição da densidade populacional das espécies caçadas; redução da massa corporal média das populações em consequência da seleção dos animais maiores e diminuição da produtividade futura das populações caçadas (THIOLLAY, 2005; THOISY et al., 2005).

A utilização de animais silvestres como forma de alimentação é um fator imprescindível para subsistência de diversas comunidades, principalmente as localizadas distantes dos centros urbanos e com um baixo poder aquisitivo, onde a principal forma de conseguir alimento seria diretamente da natureza, fato que é observado principalmente em sociedades mais antigas que se utilizavam dessa prática como forma de sustento. Porém nos dias atuais, essa prática ganhou uma nova dinâmica, que agora está intimamente ligada ao comércio ilegal.

No Brasil esses animais são negociados em diversas feiras livres espalhadas pelo país onde a retirada dessas espécies da natureza é feita de uma forma clandestina o que contribui para o fortalecimento do tráfico ilegal de animais silvestres.

O IBAMA-instituto brasileiro de meio ambiente, define como tráfico de animais silvestres a retirada de espécimes da natureza para que possam ser vendidas no mercado interno brasileiro ou para o exterior. Animais silvestres são aqueles “pertencentes a espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do território brasileiro e sus jurisdicionais” (IBAMA, 2006).

O Brasil é um dos líderes no comércio ilegal de espécies silvestres. A grande diversidade de espécimes atrai comerciantes e consumidores de todo mundo, e segundo o relatório da RENCTAS, já em 2004 o comércio de animais silvestres era responsável pela retirada de cerca de 38 milhões de espécimes da natureza do pais.

No Brasil o comércio de animais silvestres está associado a problemas culturais, educacionais, pobreza e falta de opções econômicas. Neste sentido, supõe-se que há uma cadeia social envolvendo o comércio de animais silvestres em todo o país; ligado a fornecedores, intermediários e consumidores (MENDES,2012).

Na região norte do Brasil, especificamente no nordeste paraense a exemplo das cidades de Cametá e Abaetetuba, a população cabocla consome cerca de 20% da proteína animal retirada da floresta. Isso corresponde a um total de 67 mil toneladas de carne de caça por ano em toda região. No estado do Pará, a prática é comum nas feiras livres, como por exemplo, a feira municipal de Abaetetuba, no qual as carnes de capivara e jacaré são preferencialmente comercializadas (MENDES,2012).

Nessa perspectiva, esta pesquisa teve como objetivo verificar as principais espécies de animais silvestres comercializadas na feira municipal de Abaetetuba-Pará, assim como, abordar os principais aspectos da relação entre a comercialização e o consumo local.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado no município de Abaetetuba que ocupa cerca de 0,13% equivalente a 1.610,408 km do território do Pará, localiza-se a uma longitude 48 52’57” oeste e uma latitude 01 43’05” sul, estando a uma latitude de 10 metros e possui uma área de 1.610.7 km² de acordo com o IBGE. Este município possui uma população estimada em 151.934 habitantes possuindo uma densidade demográfica de 87, 61 hab/km² (IBGE, 2016).

Mapa da área de estudo, feira da cidade de Abaetetuba-PA.

Figura 1 – Mapa da área de estudo, feira da cidade de Abaetetuba-PA.

As análises e coletas de dados ocorreram especificamente nas áreas de intensa comercialização de carnes de animais silvestres, mais precisamente na orla da cidade, conhecida apenas como “beira do rio Maratauíra”, onde há uma estrutura considerável de pontes e trapiches em toda a sua extensão.

Atualmente, a orla da cidade constitui-se em um calçadão que abriga o comércio dos mais variados fins, dispostos sem organização ou distribuição, sendo que em muitos trechos desta feira são encontrados produtos distintos sendo comercializados sem nenhuma infraestrutura adequada. No perímetro destinado ao comércio de carnes de animais silvestres, são também comercializados produtos típicos da região, além de carnes (frango, porco) e mariscos.

Os aspectos da comercialização de animais silvestres na feira de Abaetetuba foram avaliados por meio de visitas periódicas ao local de maior comercialização dos animais silvestres, em um período de 6 meses (junho a novembro de 2016). Utilizou-se essa sistemática a fim de participar do dia-a-dia do objeto da pesquisa, com intuito de relacionar o processo teórico ao prático (Lakatos, 2001). Concomitantemente a essa atividade procurou-se também nesse período realizar o levantamento bibliográfico relacionado ao tema.

A presente pesquisa contou com o auxílio de questionários, que foram aplicados aos feirantes, comercializadores das carnes silvestres e a população que visita a feira constantemente. Paralelo a aplicação dos questionários foram também realizadas entrevistas informais com algumas das pessoas que se dispuseram em dialogar sobre o comércio na feira de Abaetetuba.

Referente as entrevistas feitas com os comerciantes de animais silvestres, foram aplicados 20 questionários de forma aleatória que possibilitaram obter dados inerentes ao: tempo que desempenha a atividade comercial, produtos comercializados atualmente, bem como os que eram vendidos e por alguma razão não são mais comercializados, média do preço e da quantidade de saída em quilogramas das espécies vendidas diariamente e os possíveis locais de origem desses animais.

Aplicou-se 60 questionários em dias distintos aos frequentadores da feira, próximo à área de comércio de animais silvestres. As perguntas objetivaram levantar dados sobre a frequência de compra, quantidades mensais de consumo e preferências com relação a carne silvestre.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados obtidos a partir dos questionários permitiram inferir que 50% dos feirantes apresentaram receio em divulgar a origem e a quantidade de carnes comercializadas, sendo que quando questionados a respeito da comercialização legal, em torno de 90% demonstraram ter ciência sobre as leis que regem esse tipo de comercialização. Uma parte significativa dos entrevistados acredita em uma possível legalização de sua atividade.

As entrevistas indiretas indicaram que 85% dos entrevistados não possuem outra fonte de renda para o sustento de sua família. Os feirantes apresentaram um tempo médio em torno de 20 anos atuando nesta atividade, especificamente no comércio do “salgado’’, termo utilizado por eles para identificar a venda da carne de alguns animais silvestres, que passa pelo processo de salga.

Todos os feirantes entrevistados desempenham suas atividades 7 dias por semana, 7h/dia, no período entre 5:00h a.m e 12:00 p.m. Os produtos por eles comercializados são utilizados também como alimentação para sua própria família por ser mais viável economicamente e possuir uma maior durabilidade resultante do processo de salga.

A relação trabalho x família, foi um aspecto evidenciado nesse tipo de comércio, uma vez que, há uma forte tradição familiar passada de geração à geração. Onde os pais ensinam seus filhos desde a infância as técnicas de comercialização para que tal atividade passe a ser uma forma de sustento as gerações futuras.

O meu pai era feirante e trabalhou no comércio toda a vida e me levava para feira desde pequeno e me ensinava tudo sobre as mercadorias que ele vendia, e assim eu fui crescendo aqui na feira e desde jovem sustento a minha família com essa atividade. (Feirante comercializador de carnes de animais)

As principais espécies comercializadas na feira estão descritas na Tabela 1. Todos os animais identificados são típicos da região e ao longo dos anos tornaram-se bastante atrativo, seja no sentido de apreciação da carne para consumo, ou para criação como animal doméstico (neste caso a espécie é comercializada viva).

Tabela 1 – Espécies comercializadas na feira de Abaetetuba-PA.

Espécies comercializadas Nome popular
Melanosuchus niger Jacaré- açu
Caiman latirostris Jacaré do papo amarelo
Arapaima gigas Pirarucu
Hidrochoerus hidrochaeris Capivara
Dasypus novemcinctus Tatu
Agouti paca Paca
Dasyprocta aguti Cutia
Didelphis marsupialis Mucura

 

Quando os feirantes foram indagados sobre os possíveis locais de origem das espécies comercializadas, os mesmos apresentaram um certo receio em repassar esse tipo de informação devido a consciência de irregularidade em sua atividade. Uma parcela de 45% dos entrevistados relataram os possíveis locais de origem, sendo que 20% afirmaram que seus produtos adivinham da própria região e os outros 25% relataram que a mercadoria era proveniente do baixo amazonas sem especificar necessariamente a cidade ou localidade.

A maior parte desses animais, como por exemplo: H. hidrochaeris, M. niger, C. latirostris, A. gigas são adquiridos já abatidos e na maioria das vezes salgados, pois o tempo de exposição desses produtos desde o dia de sua captura e de seu processo de salga até o momento de sua venda dura cerca de 4 meses.  No caso do jacaré, além de salgado ele também chega fresco, ou seja, é trazido vivo para a cidade de Abaetetuba, onde é abatido para ser vendido em forma in natura.

A comercialização destes animais silvestres movimenta um capital expressivo do montante de todos os produtos comercializados na feira de Abaetetuba, gerando emprego e renda para dezenas de trabalhadores que vivem exclusivamente desta atividade.

Na tabela 2 estão descritos a média de preço por quilograma dos animais silvestres, onde a variação de preço está muito associada ao processo de caça. Quando o animal é facilmente encontrado há uma redução no valor, enquanto que o preço torna-se elevado quando há dificuldade na captura desses animais.

Tabela 2 – Preço médio das carnes das espécies comercializadas.

Animais Silvestres Forma de venda Preço (R$) por kg
Jacaré Em quilogramas 10,00 R$
Pirarucu Em quilogramas 29,00 R$
Capivara Em quilogramas 12,00 R$
Tatu Em bandas 15,00 R$
Cutia Em quilogramas 14,00 R$
Mucura Animal inteiro (vivo ou abatido) 10,00 R$

No período da pesquisa atestou-se uma alta intensidade de carnes comercializadas, sendo que de acordo com relatos dos feirantes algumas espécies tiveram um aumento significativo em sua demanda de consumo e consequentemente uma maior elevação no processo de captura desses animais, a exemplo do que vem ocorrendo com o (H. hidrochaeris, M. niger, C. latirostris, A. gigas).

A pesquisa apontou que algumas espécies que antes eram vendidas com maior frequência, tiveram uma redução significativa. Em torno de 50% dos entrevistaram afirmaram que essa baixa demanda ocorreu devido à escassez desses animais, devido ao alto índice de caça tanto para a comercialização, quanto para alimentação das comunidades locais que se utilizam da fauna silvestre como forma de subsistência. Outro fator associado a esta escassez pode ser relacionado ao aumento da fiscalização realizada por órgãos que combatem essa prática.

Antigamente nosso comércio era mais farto em relação a quantidades de animais que vendíamos, tinha dias que eu chegava a vender de uns 3 a 5 tatus por dia e umas 3 pacas por semana, agora é muito difícil conseguir, as pessoas estão cansadas de procurar e não encontrar mais esses bichos por aqui. (Vendedor de carnes de animais).

Na Figura 1 está representado a demanda de comercialização dos produtos vendidos na feira municipal de Abaetetuba de acordo com informações fornecidas pelos feirantes, sendo que os mesmos declararam que essa demanda varia bastante no decorrer do ano e principalmente em época de feriados municipais, como o círio de Nossa Senhora da Conceição (evento típico da região) onde há uma expressiva procura pelas carnes de capivara e jacaré salgado.

Demanda das espécies comercializadas na feira de Abaetetuba-PA.
Figura 2 – Demanda das espécies comercializadas na feira de Abaetetuba-PA.

Dentre as espécies que sofreram um declínio em seu comércio, estão incluídas o tatu, mucura, paca e cutia. Vale ressaltar que o comércio destes animais não foi extinto e sim modificou-se de uma atividade que ocorria em larga escala para uma forma mais artesanal, realizada por moradores da zona rural e das ilhas de Abaetetuba que caçam esses animais usando armadilhas e espingardas, sendo que os mesmos deslocam-se até a feira de Abaetetuba para comercializa-los de forma esporádica.

Antigamente quando a gente queria algum tipo de caça, nós pegava nossas arapucas [4] armava no mato e saía pra lenternar [5], quando a gente voltava podia contar, era de 3 a 4 mucura, paca tatu de tudo quanto é tipo de caça a gente achava. (Feirante e morador das ilhas de Abaetetuba).

Neste estudo foi possível verificar que o comércio de animais silvestres na região de estudo é uma realidade local e faz parte de uma tradição cultural, onde a maioria dos entrevistados defendem essa prática, porém reconhecem que nos dias atuais, tem se tornado cada vez mais difícil encontrar determinadas espécies que antes eram bem comuns no cardápio da maioria dos consumidores abaetetubenses.

Com relação ao perfil de consumo foi possível observar que a maior parte dos entrevistados lamentaram a escassez de algumas espécies como a paca e o tatu, carnes que possuem um sabor característico e diferente das demais espécies e que eram facilmente adquiridos no comércio local. Quando questionados sobre a possível causa dessa dificuldade em encontrar tais espécies, foi relatado que ação antrópica seria a principal causa dessa escassez visto que, segundo os entrevistados este sistema de caça e venda sempre foi realizado sem nenhuma preocupação com o desequilíbrio da fauna silvestre.

Entre os entrevistados, destacou-se o relato de uma funcionária pública do município de Abaetetuba, lotada na secretária de meio ambiente, onde segundo seu depoimento, o órgão ao qual trabalha já realizou diversas fiscalizações e apreensões dos produtos de origem animal comercializados sem nenhuma procedência ou sem condições apropriadas para consumo humano, porém a funcionária constatou que questão do comércio de carnes de animais silvestres na feira de Abaetetuba tornou-se uma atividade muito complexa onde a própria sociedade encara como uma atividade normal.

A cidade de Abaetetuba sempre teve essa tradição do comércio popular e livre em sua feira, onde os ribeirinhos e as populações rurais traziam espécies de animais caçados por eles próprios e comercializavam na cidade, por essa razão a sociedade já tem encarado como um comércio normal. (Funcionária do Município).

De certa forma a comercialização de animais silvestres em Abaetetuba vem se tornando cada vez mais organizada e atrativa, onde além das pessoas residentes no município que são os principais consumidores, existem também consumidores de municípios circunvizinhos que visitam a feira exclusivamente para aquisição de carnes de animais silvestres, de acordo com relatos dos próprios comerciantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa constatou que o comércio na feira de Abaetetuba sofreu intensas modificações com o passar do tempo, dentre as mais preocupantes está a escassez de certas espécies nativas que antes eram comercializadas em larga escala. A mudança nesse panorama está associada ao declínio da população dos animais silvestres devido a caça predatória e desenfreada.

O comércio realizado na feira livre de Abaetetuba é de extrema importância para a manutenção da economia local, o ramo ligado a comercialização de animais silvestres emprega inúmeros trabalhadores que utilizam esta atividade como única fonte de renda.

A importância da conservação e manutenção da fauna silvestre torna-se necessário aos comerciantes e frequentadores da feira local, visto que há pouco conhecimento sobre as consequências da atividade. Esse estudo sugere que os órgãos municipais como a secretaria de meio ambiente-SEMA, e instituições de ensino como por exemplo, a Universidade Federal do Pará- UFPA, e o Instituto Federal do Pará- IFPA que possuem polos na cidade de Abaetetuba, poderiam atuar em medidas preventivas e socioeducativas, haja vista que esse comércio é tradicionalmente vinculado a região.

Diante deste contexto sugere-se estudos posteriores voltados para a criação de algumas espécies de animais silvestres em cativeiro no formato de pecuária para o abastecimento das feiras livres, a exemplo do que vem acontecendo nos estados do Rio Grande do Sul e Goiás que possuem uma biodiversidade bem menor se comparado a região norte. Pois dessa forma seria possível diminuir a pressão da caça predatória sobre populações de animais silvestres que são intensamente capturados para serem comercializados sem um controle efetivo na feira livre de Abaetetuba.

REFERÊNCIAS

ALVES, R. R. N.; GONÇALVES, M. B. R.; VIEIRA, W. L. S. Caça,uso e conservação de vertebrados no semiárido Brasileiro.Tropical Conservation Science, 5, 394-416, 2012.

BAÍA JÚNIOR, P. C. Caracterização do uso comercial e de subsistência da fauna silvestre no município de Abaetetuba, PA. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Pará, 2006.

DAVIES, G. Bushmeat and international development. Conservation biology. v. 16, n. 3, 2002, p. 587-589.

FIGUEIRA, M. L. O. A.; CARRER, C. R. O.; SILVA NETO, P. B. Weight gain and evolution of a wild white-lipped peccaries under extensive and semi-extensive systems, on a Savanna area.Revista Brasileita de Zootecnia, 32, 191-199, 2003.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico brasileiro. ttp://www.ibge.gov.br. Acesso em 15/10/2016.

IBGE. Dimensão ambiental – Biodiversidade. In.: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2004. 2004. p. 99-134. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids Acesso em: 20/10/2016.

LAKATOS, E.M. & MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas,2001, 4ª ed.

MENDES, F. L. S. comercio de animai silvestres na amazonia: um problema histórico ainda sem solução. Dissertação de (mestrado), museu paraense Emilio Goeldi, 2012.

RENCTAS. Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. 2001. 1o Relatório nacional sobre o tráfico de fauna silvestre. Brasília, 107 p. Disponível em: <http://www.renctas.org.br/files/ REL_RENCTAS_pt_final.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2016.

SAMPAIO, P. A. M. Comércio ilegal de carne de animais silvestres em quatro feiras livres do estuário amazônico, Estado do Pará – Brasil. Belém: UFPA/CCB, 2003. Trabalho de Conclusão de Curso.

THIOLLAY, J. Effects of hunting on guianan forest game birds.Biodiversity and Conservation, 14, 1121-1135, 2005.

THOISY, B.; RENOUX, F.; JULIOT, C. Hunting in northern French Guiana and its impacts on primate communities. Oryx, 39,149-157, 2005.

TRINCA, C. T. Caça em assentamento rural no sul da floresta amazônica. Dissertação (Mestrado), Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Pará, 2004.

VILHENA, J. R. Relação sociedade/natureza: adaptabilidade humana frente à escassez do pescado em uma área do estuário amazônico. 2005. 124f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, 2005.

4. Armadilha artesanal em formato de pirâmide confeccionada com galhos finos de arvore amarrados com fio de náilon que armada servia para capturar diversas espécies nativas.

5. Pratica realizada por ribeirinhos que consistia em sair de canoa sempre a noite pelos igarapés jogando o foco das lanternas para as margens em busca de animas que possuem hábitos noturno.

[1] Graduando do curso de licenciatura plena em ciências naturais com habilitação em biologia pela Universidade do estado do Pará- UEPA.

[2] Graduando do curso de licenciatura plena em ciências naturais com habilitação em biologia pela Universidade do estado do Pará- UEPA.

[3] Licenciada em química pela universidade federal do para-UFPA, possui mestrado e doutorado em geoquímica pela UFPA.

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Klebson Joaquim Marinho Da Silva

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