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As imagens de satélite no ensino-aprendizagem da geografia e cartografia escolar: Um estudo de caso no Ensino Fundamental

RC: 47828
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

FERREIRA, Daniel Serpa [1], ARAGON, Glauca [2]

FERREIRA, Daniel Serpa. ARAGON, Glauca. As imagens de satélite no ensino-aprendizagem da geografia e cartografia escolar: Um estudo de caso no Ensino Fundamental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 03, Vol. 12, pp. 113-134. Março de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/geografia/geografia-e-cartografia

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo investigar a percepção dos alunos quanto à contribuição das imagens de satélites obtidas em recursos geotecnológicos à serviço da Geografia Escolar e o seu impacto na compreensão holística dos assuntos abordados em sala de aula. A pesquisa se apoiou em um alicerce teórico aplicado a atividades práticas, executadas na forma de estudo de caso, em uma turma de nono ano do ensino fundamental do Colégio Curso Equação, Zona Norte do Rio de Janeiro. A principal temática abordada na pesquisa é referente ao projeto de Reflorestamento do Parque Estadual do Grajaú, também situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi usada a metodologia pautada em textos descritivos acerca do espaço físico do Parque e, também, apoiou-se em atividades com o apoio gráfico das geotecnologias, especificamente do programa Google Earth. Após o primeiro contato com as descrições, os alunos foram solicitados a responder perguntas objetivas em torno da compreensão da temática central do texto, ou seja, o Parque Estadual do Grajaú e seu projeto de reflorestamento. Em um segundo momento, os alunos receberam imagens obtidas a partir da geotecnologia e foram expostas, posteriormente, as fotografias do projeto central de zoneamento e reflorestamento do Parque bem como as etapas físicas do processo, explicitadas por meio de quatro imagens históricas que registram, graficamente, os impactos do processo de reflorestamento. Por fim, os alunos foram convidados a responder questões objetivas e uma descritiva em torno de sua compreensão e impressão final acerca do uso do recurso tecnológico.

Palavras-chave: Google Earth, Parque Estadual do Grajaú, reflorestamento.

1. INTRODUÇÃO

Os acontecimentos do mundo contemporâneo afetam a educação em diversas vertentes, provocando mudanças no que concerne ao papel que esta exerce sobre a formação de cidadãos em um mundo e na sociedade de uma forma geral e que exige, portanto, qualificação profissional e flexibilidade. Nessa nova sociedade, marcada pelos avanços tecnológicos tanto nos setores econômico e político quanto no âmbito da educação, analisar as configurações que a educação assume se torna uma tarefa necessária para os estudiosos da educação. Destacamos o papel das imagens de satélites bem como dos recursos que a ela se relacionam, como, por exemplo, os recursos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem assim como as consequências da maneira como tem sido utilizados na sala de aula. O que se questiona é porque, em muitas das vezes, o ensino dos conteúdos geográficos específicos, por exemplo, a cartografia, passa a ser um ato mecânico e, em muitas das vezes, obsoleto em sua prática.

Nesse sentido, as geotecnologias, pensadas como ferramentas para o ensino, suprem possíveis lacunas de metodologias e procedimentos didáticos que podem ser explorados pelos professores para o ensino dos conteúdos cartográficos ao mesmo tempo em que aproximam os conteúdos do espaço vivido dos alunos, possibilitando, então, uma aprendizagem substancial e dinâmica. A utilização das imagens de satélites, obtidas em recursos tecnológicos, colabora, ainda, para despertar o interesse dos alunos ao aproximá-los das tecnologias existentes os auxiliando, então, a compreender outras funcionalidades dos recursos disponíveis e, ainda, contribuem para com o processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que este pode ocorrer dentro e fora do ambiente escolar. Atualmente, vivemos permeados e servidos de tecnologias avançadas que podem ser aplicadas, também, aos conteúdos e procedimentos científico bem como servem de instrumento para o processo de ensino e aprendizagem.

Em alguns casos, podemos citar recursos como, por exemplo, o software Google Earth como valioso e rico instrumento para o desenvolvimento do conhecimento cartográfico e, de uma maneira abrangente, do conhecimento geográfico. O presente trabalho é um estudo de caso que tem por objetivo investigar a percepção dos alunos acerca do uso de imagens de satélites na prática e no ensino da cartografia escolar. Para tal, foi desenvolvido um projeto com alunos do 9º ano do ensino fundamental. Eles participaram de atividades correspondentes ao tema da pesquisa e aos recursos supracitados. As atividades propostas aos estudantes serviram como base para a análise acerca do nível de compreensão e cognição dos conteúdos. Para tanto, foi proposto, aos alunos, três exercícios com o objetivo de analisar a atuação da geotecnologia, o Google Earth, no caso, como facilitador do processo de ensino – aprendizagem.

Os estudantes foram conduzidos, em um primeiro momento, a analisar e estudar o espaço da Parque Estadual do Grajaú (PEG), Zona Norte do Rio de Janeiro bem como seu projeto de reflorestamento. A partir de análises descritivas, foram convidados a dimensionar os impactos implementados apenas por meio do material escrito. Em um segundo momento, foram apresentados a um exercício de compreensão da análise descritiva somado a imagens de satélites obtidas no Google Earth de diferentes épocas e anos do mesmo espaço da Reserva Florestal. Com as imagens, foi possível para os estudantes observarem, de fato, toda a descrição do espaço e do projeto materializada nas imagens do software geotecnológico. Em um terceiro momento, a partir de perguntas objetivas, os estudantes avaliaram os possíveis facilitadores e percalços do uso das imagens, ponderando fatores pessoais para a construção do conhecimento.

O objetivo foi, justamente, considerando o contexto apresentado, entender a evolução do conhecimento, e, quiçá, a evolução do interesse dos alunos acerca dos temas centrais e correlatos, para que, assim, fosse elaborada a conclusão a respeito da eficácia das tecnologias aliadas ao ensino da Geografia. As reflexões citadas aqui conduzem a uma análise metodológica que tem como foco a utilização das imagens de satélites como instrumento para o ensino aprendizagem de cartografia. Adicionalmente, o presente artigo pretende englobar análises tanto a partir do uso, quanto, também, a falta da utilização dos recursos, corroborando, dessa forma, com a ideia de se estabelecer um padrão comparativo entre as duas vertentes elencando, assim, os fatos e inconsistências presentes nas atividades desenvolvidas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente, a dinâmica de aprendizagem dentro do espaço escolar passa por um intenso processo de reflexão e instrumentalização pautado nas inovações e novos paradigmas tecnológicos da sociedade contemporânea. Com isso, desenvolver atividades que prendam a atenção dos alunos em um mundo permeado pelo imediatismo da informática é o grande desafio dos professores. Paralelo a isso, o papel da educação como formadora de contingente de trabalhadores busca o suprimento da oferta de mão de obra que abastece o mercado de trabalho, de uma forma específica e lapidada. Porém, nesses casos, em muitas das vezes, a estrutura das escolas, e do sistema educacional como um todo, não acompanha o desenvolvimento das tecnologias. Sendo assim, caracteriza-se um desafio ainda maior para o professor inserir, no processo de ensino e aprendizagem, a utilização de recursos da informática.

De acordo com Macedo, “(…) os currículos deveriam introduzir a informática, buscando familiarizar os estudantes com essa nova tecnologia e prepará-los para ingressar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo (MACEDO, 2005, p. 41). É necessária, então, uma integração entre o mundo da tecnologia e o processo de ensino-aprendizagem no espaço escolar, favorecendo, assim, a aprendizagem significativa. É importante entender a dinâmica complexa e diversificada do desenvolvimento dos aparatos tecnológicos como instrumentos de disseminação de informação e recurso didático. Ao passo que o mundo se torna infestado de artefatos tecnológicos, a restruturação da escola e do processo que nela se desenvolve se torna uma questão crucial para a aplicabilidade dos conteúdos no mundo real:

Salientam que o uso de imagens de satélite no estudo da geografia em sala de aula contribui para uma didática mais significativa na educação escolar, porque esse recurso promove a realização de aulas mais diversificadas e atrativas, nas quais o aluno poderá se sentir mais motivado, pois é possível estudar o espaço geográfico da própria região com imagens de satélite que permitem identificar o uso e cobertura do solo, o desenho urbano, os impactos ambientais, entre outros aspectos e, a partir disso, propor possíveis soluções, dando ao aluno maior compreensão dos processos atuantes na sociedade em que vive (SAUSSEN; MACHADO, 2004, p.1486).

Nesse sentido, cabe, também, ao professor, não mais o papel meramente burocrático de transmissor de conhecimento, mas sim de um catalizador do processo de aproximação entre o aluno e o conhecimento no mundo atual, temperado pelas indumentárias tecnológicas que pontuam o espaço e inundam o cotidiano das sociedades. A amplitude dessa discussão foi e é objeto de estudo de bibliografias sobre o tema. O uso dos recursos geotecnológicos como instrumentos didáticos, especialmente após os anos 80, tem sido amplamente discutido nas obras de diversos autores e pesquisadores que buscam alternativas e concepções a respeito da temática. Ao passo do aprofundamento do processo de desenvolvimento da tecnologia, aliado ao avanço no campo dos estudos, análises e reflexões das práticas, mudanças têm sido implementadas e observadas na prática docente. Entre as mudanças, pode-se destacar o desenvolvimento das geotecnologias, processamento e manipulação de dados, além do armazenamento e apresentação de informações espaciais. Nessa perspectiva, Richter, Sousa e Seabra (2012, p. 43) afirmam que:

Os recentes avanços científicos vividos no campo das geotecnologias vêm trazendo outra vez à tona a discussão do uso das representações gráficas para o ensino de geografia. Isto porque o crescente avanço na disponibilização de imagens de sensoriamento remoto, e de softwares que lidam com a manipulação de dados espaciais, vem oferecendo um novo modelo de representação da realidade terrestre, ou seja, um novo instrumento de leitura do espaço geográfico.

Os produtos de sensoriamento remoto, incrementados pela evolução tecnológica, sobretudo as imagens de satélite, apresentam-se como os recursos tecnológicos com grande potencial para o ensino de Geografia, já que podem ser utilizados como novas e atuais alternativas de representações da superfície terrestre. O uso desses recursos tem sido cada vez mais corriqueiro devido ao desenvolvimento de um número cada vez maior de softwares e aplicativos voltados para cartografia e geoprocessamento, sendo, em muitas das vezes, disponibilizados gratuitamente na rede mundial de computadores. Como ícone desse fato, o próprio Google Earth, que pertence a uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, pode ser encontrado facilmente na internet.

O Google Earth, rico recurso tecnológico, pode ser utilizado como ferramenta que permite a visualização de qualquer local na Terra. Além de ser gratuito, este instrumento possibilita o trabalho de temas coexistentes, em diferentes escalas e perspectivas, além de possibilitar distintos recortes temporais. O software permite, ainda, a observação e captação de imagens de épocas diferentes, o que possibilita, então, traçar um perfil histórico espacial acerca de um determinado local. Este recurso viabiliza, ainda, o trabalho de temas interdisciplinares a partir de uma perspectiva integradora e convergente, o que torna mais agradável e convidativa a abordagem de diversos conteúdos em sala de aula. Dentro desta concepção, Cazetta (2011, p. 185) observa que:

(…) As imagens de satélite de alta resolução do Google Earth parecem-nos que estão descomplicando a produção da memória de um dado território e suas gentes. Mapas antigos e atuais, fotografias digitais comuns, entre outras possibilidades, são passíveis de serem incluídas neste visualizados 3D.

A Geografia, por ser uma ciência complexa e dinâmica, abarca, consigo, todas as inovações inerentes ao processo de desenvolvimento do objeto de estudo. Desse modo, o professor, também, pode se beneficiar pelo fato de aproveitar o gancho do desenvolvimento tecnológico para alçar voos mais longos em relação ao aproveitamento desses recursos no ensino, como, por exemplo, pode obter imagens de satélites e softwares como o Google Earth. São recursos que agregam valor ao ensino, criam pontes entre o docente e o discente e trazem um novo significado à abordagem de temas dorsais do saber geográfico. Segundo Selbach:

(…) A Geografia é uma das ciências que mais rapidamente vem se modernizando, sobretudo com o avanço das investigações sobre a Terra enquanto planeta e por seu exame através de sensoriamento remoto. (…) A tarefa do novo professor de Geografia não é mais propalar informações através de discursos tanto mais inflamados quanto menos ouvidos, mas produzir conhecimentos, ensinar o aluno a ver sua terra e o mundo com olhos interpretativos e críticos, não mais “ensinando” o aluno, mas ajudando-o a bem aprender, descobrindo significações, desenvolvendo competências e usando habilidades (SELBACH et al, 2010, p. 21).

Além de produzir um salto qualitativo na aprendizagem, o uso das TIC’s pode, também, promover uma reoxigenação da atividade docente, ou seja, em outras palavras, pode representar uma nova forma de abordagem dos mesmos conteúdos tradicionalmente trabalhados. Sendo assim, é possível um ganho de novas perspectivas e, também, de uma amplitude nos resultados alcançados durante o processo. A renovação do ensino, acompanhando a tecnologia, pode ajudar a estimular o aprendizado e enfocar em um desenvolvimento que adota um olhar mais completo e crítico acerca do aluno em relação ao objeto estudado. Carvalho afirma que:

(…) Resgata-se o valor do professor, não como aquele que se preocupa com a simples transmissão do conteúdo, mas como um mediador dos processos de aprendizagem, cuja atuação será pautada pelo trabalho de estimular o aluno a ter consciência de seu próprio ato de pensar e a reconhecer a forma como aprende. (CARVALHO, 2004, p.34).

Os recursos tecnológicos avançados do mundo moderno permitem tornar plausível a visualização de determinados conteúdos, ainda que em diferentes épocas do tempo. Por isso, imagens atuais de satélites e softwares fornecem uma gama de possibilidades a serem exploradas dentro do campo do ensino. Somado a isso, quando existe um valioso banco de dados dentro desses recursos, sendo possível obter imagens históricas de um mesmo local, permitindo, ainda, um estudo analítico, visual, comparativo e concreto de determinados pontos, a pesquisa se torna robusta e cercada de variáveis que acompanham o processo de desenvolvimento ao longo do tempo. Segundo Florenzano: “(…) a utilização de imagens de diferentes períodos é um recurso que auxilia na compreensão do processo de organização e transformação do espaço (FLORENZANO, 2002, p.18)”.

Nesse contexto, torna-se válido reiterar, neste trabalho, que, em razão do avanço da tecnologia, que, por sua vez, é de suma importância para as sociedades atuais, e, consequentemente, levando em consideração a utilização dessa tecnologia no processo de ensino, podemos auferir que esse uso não somente pode enriquecer todo o projeto, mas também pode fazer com que se obtenha novas direções nos objetivos do ensino-aprendizagem. A temática se encontra em destaque nas produções acadêmicas e científicas, e, assim, busca-se aliar a potencialidade e a dinâmica da tecnologia à manancial de conhecimento e abrangência da ciência geográfica. Cabe ressaltar que o papel do professor continua sendo atuante e fundamentalmente necessário, porém é de grande valia uma contínua atualização do docente para a inserção de novos preceitos e paradigmas, alcançando, assim, a maximização dos resultados positivos do processo de ensino-aprendizagem.

2.1 O USO DAS IMAGENS DE SATÉLITE NO ENSINO DA GEOGRAFIA

A visualização do campo de trabalho ou objeto de estudo por meio de imagens ou representações (imagens de satélite no presente caso) se constitui como um valioso e abrangente recurso a ser inserido na prática do dia a dia. O trabalho com as imagens de satélite mobiliza uma série de funções cognitivas, pois a interpretação das imagens depende, basicamente, de como o discente observa a imagem, dando prerrogativas ao professor para ampliar a eficiência deste olhar nos seus alunos, ao mesmo tempo em que reforça a percepção deles. Uma série de imagens de satélite, de diferentes tipos, podem ser utilizadas para melhorar ou ampliar, significativamente, as concepções, pois permitem não só a observação do espaço, em um poderoso instrumento para o processo de orientação espacial, mas também possibilitam que seja trabalhada a orientação temporal a partir da utilização de imagens de diferentes datas ou de processos de intervenção no espaço promovida por distintos agentes.

No caso do presente trabalho, as imagens serviram como aliadas ao processo de entendimento e visualização da referência teórica ao qual os estudantes tiveram contato. Serviram, também, como uma vertente que deu materialidade as informações elencadas em um primeiro momento. As imagens de satélite, por apresentarem caracteristicamente um acentuado volume de informações, podem ser utilizadas pelo professor para fazer com que o aluno passe a ter consciência da importância desse processo de discriminação de dados, enfatizando que o trabalho sem tal facilitador pode se tornar massivo ou lento em sua dinâmica. A complexidade das relações estabelecidas no espaço geográfico pode ser analisada a partir dos dados observados nas imagens de satélite, e, assim, fornece-se, ao professor, a oportunidade para reforçar o uso desta função, permitindo, ao aluno, desprender-se da comum fragmentação da realidade, em uma percepção dos dados de forma desconectada que, em geral, é responsável por uma frágil interpretação da realidade.

As imagens de satélite podem proporcionar a abordagem de eventos em múltiplas escalas, permitindo a observação dos aspectos astronômicos pela observação do planeta em vários horários do dia e da noite; dos aspectos meteorológicos, cujo dinamismo permite a observação de entradas de frentes frias ou da movimentação atmosférica; dos aspectos geográficos, como, por exemplo, as diferentes formas de ocupação do solo; dos aspectos geológicos, pela utilização de imagens de radar, capazes de desvendar estruturas que condicionam uma drenagem, por exemplo, e, também, dos aspectos oceanográficos, sendo possível observar as diferentes temperaturas da água, resultantes de sensores termais que realizam um contínuo monitoramento em função da ocorrência de fenômenos como o El Niño. Outros exemplos poderiam ser destacados, entretanto, o mais importante é enfatizar que várias são as possibilidades de uso das imagens de satélite que podem ser plenamente exploradas pelo professor agregando novas alternativas enriquecedoras no processo de ensino da Geografia.

3. METODOLOGIA

A pesquisa propôs a um grupo de vinte alunos do 9º ano do segundo segmento do Ensino Fundamental do Colégio Curso Equação três tarefas distintas relacionadas ao Parque Estadual do Grajaú e seu processo de reflorestamento ao longo do período de 2002 a 2016. Para tal, foram utilizados textos e imagens elaborados com questionamentos específicos, sendo mescladas, nessas atividades, perguntas objetivas e discursivas à respeito do espaço físico do Parque bem como dizem respeito, ainda, aos processos inerentes ao seu desenvolvimento. O Quadro 1, a seguir, mostra, de maneira sucinta, a metodologia de cada uma das etapas voltadas as atividades mencionadas, necessárias, portanto, para a realização da investigação.

Quadro 1: Sequência de tarefas propostas aos estudantes 

ATIVIDADE DESCRIÇÃO PROCEDIMENTOS TICS
Tarefa 1 Textos descritivos elencando as características do Parque Estadual do Grajaú e do seu processo de zoneamento e reflorestamento Os alunos foram convidados a ler e responder questões objetivas acerca da compreensão do espaço físico do Parque em função apenas do texto dissertativo lido. Computador e textos da internet
Tarefa 2 Fotografias obtidas no software Google Earth do Parque Estadual do Grajaú, bem como seus limites de áreas de zoneamento, e projetos específicos de reflorestamento e manejo. Foram captadas imagens históricas entre os anos de 2002 e 2016, bem como destacado as áreas de análise. Os alunos foram convidados a analisar as fotografias do software e a partir delas responder perguntas objetivas a respeito do processo de entendimento e dimensionamento das atividades de zoneamento e reflorestamento desenvolvidas do parque. Computador e imagens históricas do Software Google Earth
Tarefa 3 Perguntas objetivas e discursivas a respeito da compreensão do objeto de estudo e das atividades desenvolvidas, somado a perspectiva de cada estudante participante. Nessa etapa, os estudantes foram convidados a responder perguntas acerca da concepção das atividades, e como na visão deles o uso das imagens de satélites impactou no estudo no sentido prático e significativo. Computador, textos, imagens do Google Earth

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Na primeira tarefa foram apresentados, apenas, os textos descritivos acerca da realidade e o histórico do PEG (Apêndice 1) e, também, os seus aspectos físicos e estratégicos, bem como seu loteamento e características de cada zona. Em seguida, foi indagado, aos alunos, à respeito da compreensão obtida ou não por eles a partir do método expositivo dos textos, utilizando-se do questionário disponível no Apêndice 2 para a coleta dos resultados. Na segunda tarefa, os estudantes já tinham o acesso as imagens de satélites que os auxiliaram a compreender, visualmente, o conteúdo descrito na tarefa anterior. As imagens se pautam em momentos históricos do processo de reflorestamento e zoneamento feito no Parque e abrangem o período de 2002 a 2016, momento no qual o processo esteve em plena implementação.

Figura 1: Projeto de zoneamento desenvolvido no Parque bem como suas áreas específicas

Fonte: Sítio Eletrônico Cidade do Rio (2017)

Compondo uma ordem cronológica do estudo, mais quatro imagens, obtidas no Google Earth, software utilizado como recurso didático, ilustram as explanações explicitadas no texto da primeira parte das perguntas.

Figura 2: Imagem do Parque Estadual do Grajaú em 19/09/2002 com a área reflorestada em destaque

Fonte: Google Maps (2017). Marcações na imagem feitas pelo autor

Na imagem de 2002 (Figura 2) é possível perceber o processo de reflorestamento em sua fase inicial, destacado em amarelo, e, também, podemos analisar os zoneamentos apresentados no projeto fornecido na figura 1.

Figura 3:  Imagem do Parque Estadual do Grajaú em 23/04/2007 com a área reflorestada em destaque

Fonte: Google Maps (2017). Marcações na imagem feitas pelo autor

Já em 2007 (Figura 3), o processo apresenta, visualmente, uma diferenciação depois de aproximadamente 5 anos. Nesse momento, os estudantes foram confrontados com as duas imagens e questionados quanto ao impacto visual percebido ou não por meio da imagem obtida a partir da tecnologia da informação (TIC).

Figura 4:  Imagem do Parque Estadual do Grajaú em 26/07/2011 com a área reflorestada em destaque

Fonte: Google Maps (2017). Marcações na imagem feitas pelo autor

Na imagem de 2011 (Figura 4) é possível perceber, nitidamente, que o processo está em plena evolução espacial com a área em destaque de amarelo, onde se desenvolveu o reflorestamento. Os estudantes, então, foram interpelados quanto à percepção do desenvolvimento físico e visual do projeto na realidade.

Figura 5:  Imagem do Parque Estadual do Grajaú em 03/05/2016 com a área reflorestada em destaque

Fonte: Google Maps (2017). Marcações na imagem feitas pelo autor

Na fotografia mais atual (Figura 5), do presente ano, é perceptível a cobertura vegetal quase completa no zoneamento onde foi executado o reflorestamento. Na área em destaque de amarelo, os estudantes foram convidados a traçar um comparativo visual entre a zona de 2002 a 2016, respondendo a questionamentos sobre o seu entendimento holístico do que foi implementado no local. Após a segunda tarefa, os alunos responderam a um novo questionário relativo ao auxílio das imagens expostas para a compreensão geral do espaço físico do PEG, conforme o Apêndice 3. Por fim, os estudantes foram convidados a refletir e tiveram a liberdade de expor suas objeções e considerações à respeito do uso das imagens de satélites, especificamente do Google Earth no processo de estudo por meio da tarefa de número 3, apresentada no Apêndice 4.

As atividades foram pensadas de modo a oferecer, ao estudante, a análise e estudo do mesmo espaço e de suas características, pautados no uso ou não de recursos tecnológicos como ferramenta em sala de aula. Sendo assim, eles puderam observar e executar exercícios de formas distintas podendo, assim, traçar um comparativo entre elas, pesando suas ponderações e objeções particulares no momento de avaliar, seja positiva ou negativamente, o uso das imagens de satélites no ensino.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira atividade após os estudantes terem acesso ao texto descritivo, foram convidados a responder três questões, sendo duas objetivas e uma discursiva. Os resultados serão apresentados no Quadro 2, a seguir.

Quadro 2: Resultados da Tarefa 1 

PERGUNTA SIM NÃO OBSERVAÇÃO
1. É possível para o estudante visualizar, ainda que mentalmente, através do texto apenas o espaço físico do PEG? 15 estudantes ou 75% 5 estudantes ou 25% A maioria dos estudantes conseguiu dimensionar o PEG ainda que somente com recurso descritivo, demonstrando assim que o método de estudo tradicional permite uma compreensão e análise por parte do discente.
2. É possível o estudante ter a compreensão do que seria o processo de zoneamento do PEG? 10 estudantes ou 50% 10 estudantes ou 50% Metade do grupo de estudantes compreendeu, e a outra metade não, exemplificando que em determinados aspectos é necessária uma intervenção gráfica e visual quando o tema aborda localidades específicas e zonas limítrofes com distintas características e formas de manejo.
3. Descreva como você imagina ou visualiza o espaço físico do PEG a partir das descrições observadas. A maior parte dos estudantes tiveram uma boa compreensão do espaço físico real do PEG, e demonstraram o fato através de explanações descritivas abordando aspectos como biodiversidade, dimensionamento da área, conservação, projetos no entorno e etc.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

De uma forma geral, a primeira atividade serviu como base para prospectar resultados acerca do trabalho feito de uma maneira tradicional, e, dessa forma, os estudantes são levados as informações a partir de textos e passagens descritivas à respeito de um determinado espaço. Na segunda tarefa foram expostas quatro imagens coletadas a partir do recurso Google Earth bem como foi apresentado, a eles, o projeto de zoneamento e manejo do PEG por meio das imagens que complementam as informações do texto anterior. Os resultados acerca da percepção dos estudantes quanto à metodologia usada são apresentados no Quadro 3.

Quadro 3: Percepção dos estudantes quanto à metodologia usada 

PERGUNTA SIM NÃO OBSERVAÇÃO
1. A descrição apresentada no primeiro texto foi complementada pelas imagens expostas na segunda atividade?  

20 estudantes ou 100%

 

0 estudantes ou 0%

Todos os estudantes do grupo entendem que as imagens do segundo exercício complementam as informações obtidas no primeiro.
2. Você entende que as imagens obtidas no Google Earth foram um facilitador no processo de entendimento do texto? 20 estudantes ou 100% 0 estudantes ou 0% Todos os estudantes observam um grande salto qualitativo no processo de abstração do conhecimento e das informações passadas na primeira atividade.
3. O uso das imagens contribui significativamente para a compreensão da atividade? 16 estudantes ou 80% 4 estudantes ou 20% Cerca de 80% dos estudantes entendem que o uso das imagens facilita o entendimento das atividades, enquanto outros 20% alegam compreender a atividade ainda que sem o uso das imagens.
4. As imagens obtidas nas TIC’s permitiram a você entender e visualizar o projeto de zoneamento executado no PEG? 20 estudantes ou 100% 0 estudantes ou 0% Todos os estudantes visualizaram o espaço físico do zoneamento a partir das imagens expostas, cabe ressaltar que a mesma pergunta foi feita no texto descritivo e a maioria indica que não compreendeu sem o uso das imagens de satélites.
5. Você acredita que o estudo sobre o PEG seria plenamente entendido ainda que sem o uso das imagens de satélites? 0 estudantes ou 0% 20 estudantes ou 100% Os estudantes apontaram que para um pleno entendimento sobre o espaço físico do PEG bem como suas características, o uso das imagens de satélites é de suma importância para auxiliar em uma compreensão qualitativa.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Na segunda tarefa, portanto, os estudantes analisaram, objetivamente, o uso das imagens de satélites como recurso didático e ressaltaram a importância que a tecnologia exerce para a complementação das informações trabalhadas. A partir dessa, foi possível conhecer a opinião de cada estudante em torno de temas incisivos e específicos trabalhados na pesquisa. E, ainda, a partir dessas informações, tornou-se possível compreender as imagens de satélites como catalizadoras do processo de ensino-aprendizagem. Na terceira e última tarefa da pesquisa, por sua vez, os estudantes foram levados a elaborar suas considerações particulares abordando, para isso, alguns pontos chave. Cabe ressaltar que, nesse momento, os alunos estiveram mais à vontade para escrever, com suas palavras e com seu entendimento, as impressões obtidas a partir do comparativo entre as atividades executadas.

Nesse momento, os textos surgem impregnados de cargas de conhecimento e questionamentos pessoais que permitem diagnosticar os pontos cruciais observados por cada um durante todo o processo. Para exemplificar, podemos analisar algumas opiniões expressas nas atividades. Quando indagados sobre quais aspectos mais chamaram a atenção de cada um na atividade 1, descritiva, a estudante N respondeu: “ela descreve detalhadamente cada particularidade do Parque”. A estudante M, por sua vez, destacou: “a extensão do parque e grande biodiversidade de espécies.” No primeiro questionamento, a maioria das opiniões se embasou no domínio territorial do PEG e, também, na diversidade de espécies de fauna e flora descritas no texto. Outro ponto chave apontado pelos alunos foi o processo de zoneamento explanado no texto. O estudante N concluiu: “foi possível entender o processo de zoneamento”.

Ao serem perguntados sobre os aspectos positivos ou negativos encontrados por eles na primeira parte da atividade, as particularidades eclodiram expressas e opiniões ora complementares, ora conflitantes. A estudante C afirma como aspecto positivo estudar um espaço a partir de descrições que: “conhecer os detalhes específicos de cada parte da reserva”. Sua opinião é corroborada pela sua colega de classe, a estudante pontua que “trabalhar com a imaginação e com fatos reais sobre o lugar”. Já sobre os aspectos negativos, os estudantes quase que em coro, afirmavam que: “não se pode visualizar o espaço real estudado”, destacando, então, a falta do recurso visual. Os estudantes passaram à tarefa seguinte que exprimia, por meio de fotografias atuais e históricas, os processos descritos na atividade anterior, porém, agora, com o instrumento do recurso visual foram questionados quanto aos pontos que mais os chamaram atenção.

Na opinião de N “é possível observar o zoneamento e também a evolução do Parque.”. A estudante S vai mais além e conclui: “a forma como a área foi ficando mais “verde” indica o reflorestamento bem sucedido”. Outros alunos ressaltaram aspectos distintos, como V, que indicou: “é possível visualizar o texto anterior.” Portanto, nessa etapa, os estudantes conseguiram ter uma visão amplificada e mais detalhada devido ao uso de imagens do software. Por fim, ao serem perguntados sobre suas impressões finais acerca do trabalho desenvolvido com e sem recursos tecnológicos, os estudantes foram bem enfáticos e heterogêneos em seus discursos. A estudante S é incisiva ao afirmar que: “acho bem interessante a utilização de equipamentos modernos pois ajuda a aprendizagem”. O estudante G. afirma que: “com a tecnologia a Geografia fica mais fácil”.

A estudante C foi mais abrangente e contundente ao afirmar que: “não só na Geografia a tecnologia pode ser utilizada como aliada para os estudos, ao contrário do que vários adultos dizem para os jovens. A atividade pode causar várias mudanças, introduzindo aos poucos a tecnologia na escola”. O estudante S confirma a opinião da maioria quando afirma que: “a tecnologia ajuda os alunos a terem uma percepção melhor da Geografia”. É fundamental ressaltar que, em sua grande maioria, os estudantes se entusiasmam de uma forma geral pelo espírito juvenil e producente inerentes a idade quando convidados a participar das atividades. Se mostraram aguçados e sedentos a novas informações quando expostos ao texto da primeira parte. Demonstraram uma gana de saber mais informações sobre após a exposição das imagens. Se sentiram à vontade, ainda, para exprimir, na última parte do trabalho, suas opiniões obtidas a partir do desenvolvimento do trabalho.

É nítido o fato, assim como diversas produções acadêmicas já relataram, que uma gama de aspectos são considerados inovadores e motivadores do processo de ensino-aprendizagem da Geografia. Em um primeiro momento, tornou-se importante trabalhar com imagens da área próxima à realidade dos alunos, visto que a grande maioria é vizinho da região que foi objeto de estudo bem como das visualizações. Outro fator valioso foi a motivação para a tarefa apresentada pelos alunos, com a  introdução de um material novo, nesse caso, as imagens do Google Earth,  o que permitiu uma maior interação, colocando-os em uma posição analítica e de protagonismo, além de colaboradores nas tarefas, o que contribuiu para torná-las mais significativas e permitiu a construção dos conceitos trabalhados, ao contrário do ocorrido quando utilizamos práticas correntes que remetem à mera memorização.

É notável e valioso o fato de os estudantes terem não só exaltado e comemorado o uso de uma tecnologia como recurso didático, no caso, o Google Earth, mas também, e, principalmente, por mostrado interesse em saber mais e, assim, buscar mais conhecimento sobre o software utilizado, abrindo, assim, uma trilha para o arcabouço do conhecimento relacionado ao estudo da Cartografia, Geotecnologia e Meio Ambiente e de recursos correlatos. Quando falamos em utilizar recursos tecnológicos e/ou imagens de satélites em sala de aula, em sua maioria, os estudantes se entusiasmam e se empenham na resolução da tarefa. Isso se observa em escalas interdisciplinares e, também, nas pesquisas e resultados obtidos por diversos pesquisadores e autores de produções específicas à respeito do tema.

Em pesquisas com semelhantes temáticas sobre o uso das geotecnologias no ensino, as conclusões e observações no que concerne ao interesse dos alunos sobre a utilização dos recursos citados quase que em suma favorecem e sugerem a inserção dos instrumentos nas práticas cotidianas de ensino. Assim como os autores que serviram de base como referencial bibliográfico para a presente pesquisa, inúmeros pesquisadores, de disciplinas e regiões diferentes, sentenciam, com base no feedback do corpo discente, que o uso da geotecnologia como instrumento de ensino se converte em um poderoso aliado qualitativo e atrativo para a prática docente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender o processo de ensino-aprendizagem da Geografia em um mundo inundado por tecnologia é um processo contínuo e que exige constante aperfeiçoamento e lapidação. Torna-se necessário um processo de atualização continuada, tendo em vista a velocidade com que recursos altamente avançados se tornam obsoletos. Estar em constante aprimoramento como profissional, acompanhando a evolução dos recursos disponíveis, é fundamental para um refinamento das atividades exercidas pelo professor, especialmente no caso da Geografia, uma ciência complexa, dinâmica e abrangente, o saber científico convergindo com os recursos tecnológicos pode significar uma reoxigenação da prática docente. As imagens de satélites não são a solução mágica para os problemas da educação, mas possibilitam incrementar o repertório de recursos didáticos e, a partir daí, iniciar novos procedimentos de ensino.

A pesquisa mostra que, para uma abordagem de temas fundamentais, como a Cartografia e o Meio Ambiente, a Geotecnologia é um instrumento riquíssimo e pode se tornar uma realidade no ensino dentro de pouco tempo, sendo necessária uma integração do professor com o saber tecnológico. É fundamental ressaltar que o desenvolvimento da prática do ensino passa pela troca de saberes entre aluno e professor, e, também, entre o corpo docente entre si. Por isso, as imagens de satélites constituem um recurso relevante não só para a Geografia, mas ainda para o ambiente escolar de uma forma geral. Na perspectiva dos alunos, o uso das imagens de satélites foi não apenas um elemento motivador, mas também um fator que favoreceu o processo de aprendizagem.

Diante desse contexto aqui apresentado, levando em consideração os procedimentos teóricos, metodológicos e analíticos do estudo em questão, a pesquisa visou, aqui, discutir, de maneira abrangente, sobre a dinâmica do “meio técnico científico informacional” do qual Milton Santos se referiu, e, assim, transcende-se a questão da lógica produtiva/espacial e abarca a inserção do mundo tecnológico ao contexto escolar. A prática docente, sobretudo do ensino da Geografia, deve gerir os recursos tecnológicos a nossa disposição de modo a representar um upgrade nos instrumentos de ensino-aprendizagem, para, assim, aproximar o conteúdo científico do aluno utilizando tais recursos como vetores da aprendizagem cognitiva.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, V. S. G. O Sensoriamento Remoto no Ensino Básico da Geografia: Definindo Novas Estratégias. Rio de Janeiro: Editora APED. 2012.

CARVALHO, V. M. S. G. Sensoriamento Remoto no Ensino Fundamental e Médio. In: Jornada De Educação Em Sensoriamento Remoto No Âmbito Do Mercosul, São Leopoldo, RS, 2004.

CAZETA, V. Educação Visual do Espaço e o Google Earth. In: Novos rumos da Cartografia Escolar: Currículo, linguagem e tecnologia. Rosângela Doin Almeida (Org). São Paulo: Editora Contexto, 2007.

FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.

MACEDO, E. F. de. Novas Tecnologias e Currículo. In: MOREIRA, A. F. B. (Org.). Currículo: questões atuais. Campinas: Papirus, 2005.

PASSINI, E. Y. Alfabetização Cartográfica e Aprendizagem de Geografia. São Paulo. Cortez Editora.2012.

RICHTER, M; SOUSA, G. M.; SEABRA, V. S. O Desafio do Ensino de Geotecnologias. In: Aprendendo Geografia: Reflexões Teóricas e Experiências de Ensino da UFRRJ. Cristiane Cardoso e Leandro Dias de Oliveira (Orgs.). Rio de Janeiro: Edur, 2012.

SAUSSEN, T. M.; MACHADO, C. B. A Geografia na sala de aula: informática, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas – recursos didáticos para o estudo do espaço geográfico. In: Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul, São Leopoldo, 2004.

SELBACH, S. et al. Geografia e Didática. Coleção Como Bem Ensinar. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2010.

SIMIELLI, M. E. O mapa como meio de comunicação e a alfabetização cartográfica. In: Cartografia Escolar. Rosângela Doin Almeida (Org). São Paulo: Editora Contexto, 2007.

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Atividade 1 desenvolvida com os alunos

De acordo com os seus conhecimentos acumulados, leia o texto a seguir e responda o que se pede:

Reserva Florestal do Grajaú é um parque estadual e municipal brasileiro componente natural da Floresta da Tijuca, localizado no bairro do Grajaú dentro da área urbana na cidade do Rio de Janeiro. O parque tem 55 hectares que abrangem a encosta nordeste da Serra dos Três Rios; que separa o distrito da Grande Tijuca da Baixada de Jacarepaguá; até os limites do Parque Nacional da Tijuca.  A Reserva Florestal do Grajaú foi criada por meio do Decreto Estadual nº 1.921, de 22 de junho de 1978, atendendo a uma reivindicação dos moradores do bairro e da Sociedade dos Amigos da Reserva do Grajaú. Sua denominação foi alterada para Parque Estadual do Grajaú através do Decreto Estadual nº 32.017, de 15 de outubro de 2002, em atendimento ao artigo 55 da Lei Federal nº 9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. O parque estende-se sobre a encosta nordeste da Serra dos Três Rios até os limites do Parque Nacional da Tijuca.

Tem como marco notável a Pedra do Andaraí, com altitude de 444 metros, devido à sua elegante forma piramidal, que atrai muitos escaladores. A área pertencia a uma empresa imobiliária, mas em 1975 foi repassada ao Estado como pagamento de dívidas. Esta era composta por morros que sofriam constantes deslizamentos e colocavam em risco os prédios vizinhos, sendo o bairro predominantemente residencial. Como solução, foi iniciado o reflorestamento e em 1978 foi criada a reserva. Mais tarde, com a ocorrência de graves deslizamentos de terra provocados pelas chuvas de 1966 e a desocupação da encosta, foi dado início ao reflorestamento da área que, no entanto, não foi bem sucedido, havendo ainda extensos trechos infestados pelo capim-colonião (Panicum maximum). Em 2003, para melhor adequar a unidade ao SNUC, o governo do estado do Rio de Janeiro transformou-a em um parque.

A área, de aproximadamente 55 hectares (0,55 quilômetro quadrado), era de propriedade de uma companhia imobiliária até 1975, quando foi transferida para o Estado em pagamento de dívidas da empresa com o governo Estadual. Sua cobertura florestal mais significativa se restringe ao trecho inferior do vale do Rio dos Urubus, e lá são encontradas muitas espécies exóticas convivendo com as nativas. As espécies nativas mais comuns são figueira, embaúba, carrapateira, ipê-amarelo, cedro-branco e pau-d’alho. No interior da mata podem-se ver, facilmente, orquídea, jurubeba e caiapiá, esta uma espécie ameaçada de extinção. É digno de nota, ainda, a vegetação rupícola, composta predominantemente por orquídeas e bromélias muito resistentes ao calor. Sua importância decorre da grande diversidade de espécies nativas que abriga, inclusive exemplares do mico-estrela e do gavião caçador.

Destaca-se ainda pela vista privilegiada para a Pedra do Andaraí (também conhecida como Pico do Perdido ou Pico do Papagaio), que se eleva 444 metros acima do nível do mar, muito procurada por praticantes do montanhismo e considerada um dos principais símbolos do bairro. O Parque recentemente passou por um processo de Recuperação estrutural e também da biodiversidade. Para tal, foram estabelecidos algum parâmetros para melhor segmentar e reestruturar o Parque, de modo a estabelecer zonas específicas com características e objetivos distintos, porém coexistentes. São elas:

Zona de Recreação: É aquela que atende aos objetivos do Parque Estadual do Grajaú, sendo destinada ao uso do público em atividades devidamente autorizadas estabelecidas e elencadas sob critérios específicos dos órgãos de administração. Zona de Uso Conflitante: É aquela em que seu uso conflita com os objetivos de criação da Unidade. Nas zonas de Uso Conflitante nenhuma atividade em desacordo com a categoria do Parque Estadual do Grajaú poderá ser desenvolvida sem o conhecimento da administração do Parque. Área de Recuperação: São aquelas que são destinadas a compor a Zona de Proteção Integral ou Zona de Recreação ou Zona de Uso Especial e que demandam providências planejadas para que retornem ao seu status original.

  1. A partir das informações acima responda:
  2. O texto traz informações sobre as características principais do Parque Estadual do Grajaú, bem como seus processos de estruturação e reflorestamento ao longo do tempo. É possível para você como estudante visualizar ou ter uma ideia mental sobre o que seria o espaço físico do Parque?

SIM (  )

NÃO (  )

  1. Você consegue captar e visualizar mentalmente as características dos processos de zoneamento do Parque com base nas descrições fornecidas pelo texto?

SIM (  )

NÃO (  )

  1. Descreva com suas palavras um relato sobre como você imagina que seja o Parque Estadual do Grajaú na realidade, e como foi o seu entendimento sobre como se consolidou seu processo de reestruturação e reflorestamento. Aborde os temas e tópicos que mais lhe chamaram a atenção.

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APÊNDICE 2

Atividade 2

Com base no texto da atividade anterior, e nas imagens que serão apresentadas a seguir, responda as perguntas:

*Imagens captadas no software Google Earth Pro da região objeto de estudo, abrangendo os mencionados zoneamentos, e  nas seguintes datas:

-19/09/2002

-23/04/2007

-26/07/2011

-03/05/2016

  1. A descrição apresentada pelo texto na primeira atividade, foi complementada pelas imagens obtidas pelo recurso geotecnológico chamado Google Earth?

SIM  (     )

NÃO (     )

  1. Você entende que o uso das imagens obtidas no software Google Earth, foi um facilitador durante o seu processo de aprendizado?

SIM  (     )

NÃO (     )

  1. A utilização das imagens na atividade 2 contribui significativamente para você entender o conteúdo da atividade 1?

SIM  (     )

NÃO (     )

  1. As imagens de satélite obtidas no recurso geotecnológico aplicado no ensino, permitiram a você visualizar o tipo de zoneamento estabelecido no Parque Estadual do Grajaú?

SIM  (     )

NÃO (     )

  1. Você acredita que o estudo sobre o Parque Estadual do Grajaú seria plenamente entendido ainda que sem utilização as imagens do recurso geotecnológico?

SIM  (     )

NÃO (     )

APÊNDICE 3

Atividade 3

Com base nas atividades 1 e 2, faça um breve comentário a respeito do estudo sobre o Parque Estadual do Grajaú, abordando os seguintes tópicos:

  1. O que mais chamou a sua atenção na descrição exibida na atividade 1
  2. Quais os pontos positivos de se estudar um determinado espaço através de textos descritivos
  3. Quais os pontos negativos de se estudar um determinado espaço através de textos descritivos
  4. O que mais chamou a sua atenção nas imagens da atividade 2
  5. Quais os pontos positivos de se estudar um determinado espaço através de imagens obtidas em recursos tecnológicos
  6. Quais os pontos positivos de se estudar um determinado espaço através de imagens obtidas em recursos tecnológicos
  7. Fazendo um comparativo, destaque a importância da presença da geotecnologia aplicada ao estudo dos conteúdos da Geografia
  8. Suas considerações finais a respeito da atividade desenvolvida.

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[1] Licenciado em Geografia pela Universidade Gama Filho em 2011, Professor Regente em Geografia na Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro desde 2012 atuando em turmas de todos os segmentos do ensino fundamental, médio e jovens e adultos. Especializado em Geotecnologias no Ensino da Geografia pela Universidade Federal Fluminense em 2015, e Mestrando em Globalização, Políticas Públicas e Gestão Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

[2] Doutorado em Geociências (Geoquímica). Mestrado em Geociências (Geoquímica). Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD. Especialização em Geologia de Reservatórios. Especialização em Técnicas de Geologia de Subsuperfície. Graduação em Geologia.

Enviado: Junho, 2019.

Aprovado: Março, 2020.

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Daniel Serpa Ferreira

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