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Análise de Sistema de Gestão de Estoques por Meio de Curva ABC e Inventário Cíclico: Estudo de Caso em uma Industria no Setor Automobilístico [1]

RC: 12045
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CONTEÚDO

LOSILLA, Fabrício Aparecido Cano [2]

VALENTE, Carlos Magno de Oliveira [3]

LOSILLA, Fabrício Aparecido Cano; VALENTE, Carlos Magno de Oliveira. Análise de Sistema de Gestão de Estoques Por Meio de Curva ABC e Inventário Cíclico: Estudo de Caso em uma Industria no Setor Automobilístico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 08. Ano 02, Vol. 03. pp 05-17, Novembro de 2017. ISSN:2448-0959

Resumo

Esta pesquisa tem como finalidade apresentar a implantação da contagem cíclica e curva ABC no controle de estoques em uma indústria no setor automobilístico mostrando a evolução das atividades rotineiras para melhoria na gestão de estoque. Trata-se de um trabalho exploratório, utilizando histórico documental e instruções de trabalho do departamento responsável, tendo como técnica de investigação um estudo de caso. A maior dificuldade enfrentada relaciona-se com a resistência à mudança e a cultura da empresa. Em contrapartida a excelência na melhoraria das atividades exercidas para controle e gestão do estoque gerou melhoria na comunicação de gestores e operadores, bem como na interação entre os departamentos. De certa forma, pode-se considerar que as ferramentas agem no aspecto cultural e organizacional da empresa. Os resultados desta implantação estão ligados aos objetivos estratégicos da empresa, que neste caso, é acompanhar o crescimento demanda melhorando os processos internos, portanto, o estudo proporcionou o conhecimento dos efeitos da implantação de uma ferramenta de melhoria incorporada à rotina de trabalho, bem como a repercussão dos benefícios que a contagem cíclica e curva ABC contribuem para a empresa que o aplica, trazendo excelência na administração dos processos, na cultura organizacional e neste caso, na gestão de estoques.

Palavras-chave: Contagem Cíclica, Gestão de Estoque,  Curva ABC, Melhoria, Controle de Estoque.

1. INTRODUÇÃO

A a intensa competição e os impactantes avanços tecnológicos, tem exigido dos gestores rapidez no desenvolvimento e implementação de ferramentas e estratégias de curto prazo, assumindo a responsabilidade pela busca de maximizar os lucros e minimizar os custos, equilibrando esses fatores visando o crescimento da organização.  Portanto, baseado neste contexto, as organizações estão em busca de aprimorar suas técnicas com o objetivo de uma gestão mais eficiente, gerando além de redução de custos e atendimento da demanda, o planejamento, sendo capaz de diminuir as incertezas do mercado, da economia e de clientes (VIEIRA et. al. 2016).

A Gestão de estoque, para Vieira et. al (2016), busca, por meio de planejamento, controle e organização das mercadorias estocadas, potencializar sua capacidade de atendimento das necessidades da demanda, visando adequar seus níveis de estoque e também os custos envolvidos, com a finalidade de realizar investimentos em itens necessários para a eficiência das atividades desenvolvidas pela empresa.

­­­Para Silva e Boff (2013) as empresas devem ater-se ao controle de estoques de forma minuciosa, verificando através de procedimentos de controle internos, agindo de maneira eficaz e permitindo que sejam detectadas as irregularidades. Segundo Arnold (1999) existem dois tipos de verificação para detectar essas irregularidades encontradas dentro das empresas consideradas básicas, como contagens periódicas de estoque, geralmente realizadas anualmente e contagens cíclicas de estoque, realizadas em seleção de itens por dia.

Para Drohomeretski e Souza (2012), a confiabilidade nas informações de estoque é essencial para o correto dimensionamento das atividades e do planejamento de estoque. Assim, as organizações investem para que as informações se tornem mais precisas e à prova de erros, reduzindo cada vez mais os erros de informação não apenas em equipamentos e tecnologias, como também em pessoas. Para essa verificação, geralmente, as empresas utilizam métodos para controle de inventários físicos, a prática a ser utilizada depende dos processos e das particularidades de cada segmento da organização identificando pontos importantes como: tipo de material estocado e sua importância.

Segundo Silva, Mateus e Silva (2016) um estoque eficientemente administrado é um dilema para médias e grandes organizações, ou seja, evitar perda de materiais, comprar na quantidade certa para que não falte são desafios para os responsáveis por essa gestão de controle de estoques, movimentação de materiais, expedição e distribuição.

Para que a empresa consiga aplicar ferramentas dentro para gestão de estoques, envolvendo processos, é necessário superar algumas situações adversas dentro de cada setor. Que segundo, Thompson Junior, Strickland III e Gamble (2008), algumas dificuldades são encontradas pelas organizações para aplicação de ferramentas como, atividades designadas a departamentos que não são competentes para desenvolver ou mesmo o responsável do setor não auxilia no desempenho e desenvolvimento dessas atividades.

Este trabalho tem como ambiente de aplicação uma indústria no setor automobilístico de médio porte, tendo como pontos críticos dentro do controle de estoques: o tempo gasto para gerenciar os materiais que já estavam armazenados e a conferência do inventário com prazos de 1 (um) ano, gerando atraso na reposição de materiais e atendimento a demanda. Para acabar com esses prontos críticos foram implantadas as ferramentas citadas, ou seja, inventário cíclico diário e curva ABC, resultando em maior controle dos materiais estocados e confiabilidade no inventário sistêmico e físico.

Diante ao exposto, a questão a ser respondida nesta pesquisa é: quais mudanças advindas da aplicação de curva ABC e inventários periódicos para o controle de estoque em uma indústria no setor automobilístico?

Campos (2008), destaca que é de extrema importância a contagem periódica nos estoques para identificação das causas dos prováveis erros. A origem de divergências constatadas nos inventários tem como base, falhas durante movimentação de materiais, extravios, perdas, deterioração e furtos, gerando o desencontro de informações com o sistema da empresa, sendo necessário alinhar essas informações nas contagens periódicas para garantir a exatidão quando ocorrer o inventário.

O objetivo deste estudo é aplicar em uma indústria no setor automobilístico no interior de São Paulo, de forma conjunta, a utilização do Inventário Cíclico e a Curva ABC, com a finalidade de classificar os itens do estoque conforme seu consumo, conhecendo seus custos e vendas totais, e posteriormente sugerir investimentos baseados na previsão dessas demandas e na classificação dos itens A, B e C.

Portanto, visando de ampliar o conhecimento sobre gestão estratégica e operacional, a pesquisa tem como finalidade expor o estudo da implantação da curva ABC e inventários periódicos no controle de estoques em uma indústria no setor automobilístico com o objetivo de apresentar a evolução das atividades desenvolvidas para melhoria e controle da gestão de estoque. Trata-se de um trabalho exploratório, utilizando histórico documental de manuais e instruções de trabalho, tendo como principal técnica a investigação sobre o estudo de caso.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção será apresentado o referencial teórico tendo por objetivo fornecer embasamento para o presente estudo, dessa forma será dividido nos seguintes pontos: gestão de estoques, tipos de inventários e curva ABC.

2.1 Gestão de Estoques

Gerenciar o estoque, segundo Vieira et. al (2016), exige ações voltadas para a organização relacionadas à quantidade, tempestividade e custos. Resumidamente o gerenciamento de estoque é uma atividade que necessita de planejamento e controle do acúmulo dos recursos usuais pelas redes de suprimentos, operações e processos. Os estoques devem ser periodicamente atualizados visando evitar problemas provindos   do crescimento de vendas e alterações dos tempos de reposição, o gerenciamento eficaz do estoque deve projetar níveis adequados, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e consumo.

2.2 Tipos de Inventário

Para Campos (2008) o inventário é definido como a contagem periódica dos materiais existentes para comparação com os estoques registrados pela empresa, a fim de comprovar sua existência e exatidão com as informações contidas no seu controle interno.

A contagem cíclica, de acordo com Drohomeretski e Souza (2010), é um procedimento que visa contar todos os itens do estoque em datas pré-definidas e com itens já definidos, utilizando, uma ferramenta, por exemplo, classificação ABC como parâmetro para sua realização. Esse tipo de contagem é considerado contagem continua dos itens, onde serão definidas previamente as datas para estas, podendo ser mensal, semanal ou diária. O objetivo dessa contagem é motivar os funcionários a diminuírem erros nos registros de estoque e identifica-los para corrigi-los o mais breve possível.

Para Drohomeretski e Souza (2012) existem diferentes métodos de elaboração de inventários, cada qual adequado para sua finalidade e necessidade, assim o primeiro passo é conhecer e definir qual o melhor método a ser aplicado. Como já detalhado os inventários físicos é o processo de contagem de itens de estoque, podem ocorrer uma vez ao ano, ou várias vezes, dependendo da política gerencial adotada, algumas definições de visão para cada tipo de inventário são:

Figura 1: Métodos de inventários físicos. Fonte: Drohomeretski e Souza (2012)
Figura 1: Métodos de inventários físicos. Fonte: Drohomeretski e Souza (2012)

A contagem cíclica, foco do estudo de caso realizado, é feita de maneira contínua, normalmente sendo definidas datas, são utilizados normalmente como padrão de seleção dos itens a sua popularidade, ou a definição da ferramenta curva ABC, para divisão dos itens.

2.3 Curva ABC

A administração eficiente de estoque representa um dilema vivido por grandes e médias empresas. Para Silva, Mateus e Silva (2016) evitar a perda de materiais, comprar na quantidade exata para que não falte, é considerado um desafio, pois são responsáveis pelo controle de estoque, movimentação de materiais, expedição e distribuição. E para que possamos ter um controle eficaz, faz-se o uso de ferramentas administrativas como a curva ABC, essa ferramenta classifica os materiais de maior custo e movimentação indica pela letra A médio custo e média movimentação e por fim baixo custo e baixa movimentação.

A curva ABC é um método de classificação de informações no qual separa os itens de maior importância, os quais são normalmente em menor número, segundo Godeiro et. al (2016) a classificação ABC ou curva de Pareto é considerado um método de diferenciação dos estoques segundo sua maior ou menor abrangência em relação à determinação do fator, constituindo em separar itens por classes de acordo com sua importância.

Godeiro (2016) define ainda que no método ABC os itens classe A são estoques de alta prioridade, portanto, merecem maior atenção do gestor de materiais. Estima-se que em torno de 20% da variedade dos itens em estoque correspondem a 80% do valor total do mesmo. Os itens classe B são considerados economicamente preciosos e que recebem cuidados medianos. Estima-se que, para a classificação B, 30% da variedade dos itens em estoque correspondem a 15% do valor em estoque. Os itens classe C não deixam de ser importantes, pois sua falta pode inviabilizar a continuidade dos processos, no entanto, o critério classificatório estabelece que seu impacto econômico não é dramático, acarretando menos esforços gerenciais. Estima-se que 50% dos itens em estoque correspondem a 5% do valor em estoque.

Para Drohomeretski e Souza (2012) após definição do critério de classificação a ser utilizado, é necessário estabelecer a quantidade de itens a serem contados e qual a sua frequência para ser realizada as contagens, dessa forma faz-se necessário a elaboração de um plano de contagem. Para compreender como funciona esse plano de contagem a Figura 2 representa um exemplo:

Figura 2: Contagens de estoque, classificação ABC. Fonte: Drohomeretski e Souza (2012)
Figura 2: Contagens de estoque, classificação ABC. Fonte: Drohomeretski e Souza (2012)

A curva ABC, como cita o exemplo acima, é uma ferramenta que age na gestão de estoque e é muito usual dentro das contagens cíclicas, assim sendo, para Vieira et. al (2016) a curva ABC permite ao gestor de estoque controlar o seu nível de acordo com o consumo dos itens, tornando possíveis as tomadas de decisões relacionadas às questões como: quanto, o quê e quando comprar. Tornando os investimentos livres de prováveis riscos, sendo esta a pretensão das empresas que visam reduzir custos e aumentar lucros.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Quanto à natureza deste trabalho, pode ser caracterizado como um estudo de caso aplicado com finalidade de gerar conhecimento na aplicação prática do tema ao qual foi proposto.

O estudo tem como característica o uso de métodos de pesquisa qualitativa e interpretativa, com o objetivando a coleta de informações com base na realidade da empresa estudada.

Assim este estudo se classifica como qualitativo, fazendo uso do meio bibliográfico, para consolidar as informações e conhecimentos necessários por meio de livros e artigos mesmo que já tenham sido explorados, ainda podem trazer uma nova visão e conhecimento sobre do tema pesquisado. Outro método também usado é o de estudo de caso, que consiste na análise das condições reais, com a finalidade de trazer problemas da realidade cotidiana relacionada à teoria e suas possíveis soluções para os temas abordados.

Assim, busca-se uma proposição de solução utilizando a teoria aqui abordada e a prática da empresa estudada, realizando a coleta de informações no campo de estudo, acerca do estoque de uma indústria no setor automobilístico, analisando a gestão desse estoque, e de que maneira influenciam no giro dos estoques e sua otimização visando o aumento da sua eficiência.

Foram utilizados durante este estudo, por intermédio da coleta de dados, as técnicas de observação e coleta de dados com a equipe envolvida no processo e seus líderes, realizou-se a análise para o assunto desenvolvido nesta pesquisa, por meio de abordagem qualitativa das informações pertinentes ao estudo. O acompanhamento ocorreu durante os meses de implantação do método ABC, desde a análise do projeto, até a total implantação do novo sistema de contagem. Foi feito estudo de caso para a obtenção de informações, para compreender e estudar os principais problemas que ocorrem na questão de movimentos de estoques.

Foi utilizada uma planilha para controle e observação dos dados coletados além de um inventário físico, para saber qual o nível de acurácia das peças em estoque.

Para coleta de dados foram utilizados os seguintes critérios:

  • Acompanhamento das atividades diárias;
  • Avaliação dos relatórios de inventário;
  • Observações evidenciadas nos processos.

As análises utilizaram dados obtidos através de documentos da empresa, registros em arquivos e bases de dados, tendo em vista que autor deste estudo é membro ativo e participante da mudança realizada na Gestão de Estoque, sendo um dos responsáveis pelos resultados obtidos através da aplicação destas metodologias.

Foi elaborada também, a curva ABC para investigar os itens que merecem maior atenção em seu controle. Em seguida foram analisadas as rupturas/faltas por região da curva ABC a fim de verificar seus impactos.

A coleta de dados foi obtida, portanto, pela análise do conteúdo, tendo sido realizado durante a pesquisa exploratória e documental. Para o levantamento de dados foram utilizados os materiais aos quais a empresa estudada faz uso, sendo estes os indicadores, produzidos pela coleta de informações na contagem física e sistêmica do estoque.

A análise dos dados também proporcionou uma comparação entre os índices de acuracidade de estoque, desde o período que antecedeu a implantação da contagem cíclica, até o índice resultante das contagens após a implantação da contagem cíclica.

Instrumento de Coleta de Dados

  • Observação direta
  • Registros de contagem dos itens

Instrumento de Análise de Dados

  • Verificação da mudança dos indicadores de acuracidade
  • Verificação das ações tomadas diante das divergências

Diante ao exposto, a solução na qual apresentava resultados a curto prazo e gerava organização no estoque físico e sistêmico, foi a aplicação de inventários cíclicos acompanhado de curva ABC.

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

Nesta seção será apresentada a descrição do estudo de caso, partindo da descrição da empresa e as suas particularidades em sua gestão de estoque, as formas de gestão, controle e realização de inventários utilizados antes da implantação da contagem cíclica de materiais.

A empresa na qual foi destinado o estudo possui aproximadamente 210 funcionários considerada de grande porte, no segmento industrial de peças automobilísticas estando localizada no interior de São Paulo, atendendo em grande parte do Brasil no setor metalúrgico na produção de embreagens. Possui traços predominantemente hierarquizados e mantendo grande estoque de produtos para atender a demanda que tende a crescer. Por motivos de sigilo os dados abordados serão proporcionais aos dados reais e o nome da empresa não será divulgado

Assim sendo, buscou-se avaliar as condições de gestão para atendimento a esse volume crescente. Chegou-se à conclusão de que, a gestão e controle da realização dos inventários e procedimentos internos para fluxo de estoque estavam gerando problemas, mesmo que considerados “corriqueiros”, mas prejudiciais, gerando atraso na reposição de certos itens e posteriores atrasos na produção, para tanto, foi possível analisar que, os inventários anuais não estavam comportando o giro de estoque da atual circulação de materiais.

O planejamento de materiais e a demora e parada da fábrica e mão de obra para realização de inventários anuais dificultavam a ação de correção dos materiais que estavam em desacordo com sistema, gerando atrasos na produção e na solução de itens em desacordo. E manter o estoque físico e sistêmico dentro de um padrão exige que sejam verificados com frequência.

Para a empresa o estoque tem por objetivo atender com materiais todos os processos que existem desde materiais de reposição de maquinário (parafusos, ferramentas) até materiais para produção (embreagens e seus componentes). Estes materiais são destinados a todos os processos do ambiente fabril, ocorrendo o que podemos chamar de atendimento simultâneo, sem a ocorrência de pedidos ou solicitações realizadas com antecedência. Fato que torna mais complexo a gestão de estoque, pois qualquer falta de material interrompe produção e automaticamente a entrega do produto final.

A gestão de estoque é realizada por meio de sistema informatizado no qual controla a empresa toda, compilando suas informações para gestão geral de planejamento e controle. Este sistema integra portanto, todos os setores da organização.

A empresa trabalha com fluxo intenso de atendimento a demanda e produção para supri-la. Os materiais são armazenados em pallets e armários abertos, onde se encontram os equipamentos etiquetados e devidamente identificados para melhor gestão. Conforme figura 3.

Figura 3: Porta Pallets utilizados após otimização dos processos de controle e gestão de estoque. Fonte: Página da Revista Logística & Supply Chain.
Figura 3: Porta Pallets utilizados após otimização dos processos de controle e gestão de estoque. Fonte: Página da Revista Logística & Supply Chain.

O método de contagem de materiais utilizado se mostrava ineficiente. O inventário geral era realizado anualmente, sendo essas contagens realizadas normalmente no mês de dezembro e serviam de preparação para futuras auditorias.

Era realizada uma contagem para verificação do saldo físico, onde os dados levantados eram comparados com relatório de saldo sistêmico, e após confronto das informações os ajustes eram realizados no sistema da empresa na qual está sendo estudada.

Devido ao percentual de diferença de informações: Sistêmico x Físico, a situação impactava no nível de serviço e nos custos da empresa, sendo necessário elaborar um plano para a implantação da contagem cíclica de materiais acompanhada da curva ABC para classificação de materiais.

Após aceitação da metodologia de inventário entre os envolvidos, houve resistência com relação às datas para as contagens, tendo em vista que foi definido, pelo número de materiais que movimentavam por dia, que as contagens seriam realizadas diariamente, tendo que intercalar com as funções rotineiras. Dessa maneira foram definidos os seguintes critérios para a realização das contagens cíclicas:

a) As contagens seriam realizadas todos os dias, de acordo com agenda diária, e ainda com a conciliação das funções de rotina do setor;
b) Todas os itens foram para contagem inicial, sendo posteriormente classificados pela curva ABC;

Os critérios adotados para realização das contagens foram adaptados para atender às particularidades da empresa, sendo essa a melhor forma para a realização das contagens, e aplicado para todos os itens do estoque.

Com a implantação da contagem cíclica em 2014, conseguiu-se identificar as causas estavam gerando as divergências de estoque, algumas principais causas identificadas:

  • Duplicidade dos pedidos de reposição;
  • Solicitações de Compra e Materiais erradas;
  • Códigos divergentes;
  • Erros nos processos de armazenagem de alguns produtos;
  • Erros nas contagens, sistema constava um valor e o físico outro;
  • Troca de códigos na saída dos produtos.
  • Conferencia 100% das entradas de materiais

Após identificação das principais causas aplicou-se medidas corretivas e a padronização das atividades para que os erros fossem reduzidos.

A Figura 4 apresenta quais foram os procedimentos adotados para as causas das divergências de estoque identificadas.

Figura 4: Medida preventiva para procedimentos internos. Fonte: Elaboração própria.
Figura 4: Medida preventiva para procedimentos internos. Fonte: Elaboração própria.

A acuracidade segundo Drohomeretski e Souza (2012) pode ser definido como a relação entre os saldos apontados pelo sistema adotado pela empresa, e o saldo físico real dos produtos estocados, onde os sistemas podem ser desde avançados como ERP ou controle de fichas.

A equação para mensurar os dados de acurácia é:

Onde:

IAE: Índice de Acuracidade de Estoque;

Sf: Saldos verificados através de contagem (físico);

Ss: Saldos verificados através do sistema de gestão da empresa.

O método anteriormente realizado de inventários anuais de contagem dos materiais se mostrava ineficiente para demanda de mercado, pois os dados apresentados apontavam baixa acuracidade, tendo em vista o inventário a partir do ano de 2014 apresentou os índices apresentados na figura 5.

Figura 5: Representação do Índice de Acuracidade de Estoque dentro do período de aplicação.
Figura 5: Representação do Índice de Acuracidade de Estoque dentro do período de aplicação. Fonte: Elaboração própria.

A nítida e progressiva melhora desse indicador se deve ao fato da implementação do inventário cíclico, e também por outros controles adotados, como:

  • Controle 100% das entradas e saídas dos materiais
  • Acompanhamento das divergências de recebimento
  • Estoques mais reduzidos

Assim sendo, é possível analisar que a aplicação do inventário cíclico gerou mudanças na Gestão de Estoque, porém o método só se tornou imprescindível para esses valores se elevarem junto às áreas de apoio e comprometimento da equipe responsável pela gestão de materiais.

A figura 5 é uma representação para mensurar o quanto essa ferramenta aplicada junto a outras ferramentas de gestão de estoques se mostraram eficientes ao longo da sua aplicação, contribuindo além financeiramente, para melhoria da cultura da empresa que a aplica.

Tendo em vista a representação é possível identificar que o progresso contínuo da ferramenta, sabendo que o objetivo é visar sempre a unanimidade das informações, ou seja, 100% de acuracidade. Dessa forma a figura 6 retrata a crescente e o objetivo da empresa que o aplica sendo alcançado:

Figura 6: Gráfico do crescente índice de acuracidade de estoque. Fonte: Elaboração própria.
Figura 6: Gráfico do crescente índice de acuracidade de estoque. Fonte: Elaboração própria.

O gráfico representado na figura 6, retrata:

  • na linha vermelha: o objetivo a ser alcançado para acuracidade de estoque;
  • na linha azul: a evolução da acuracidade durante o passar dos anos, após a implantação das ferramentas;
  • na linha pontilhada: a crescente na qual se encontra a evolução das ferramentas aplicadas, e o quão próximo está do objetivo final.

É possível observar que após a implantação das contagens cíclicas e aplicação da curva ABC o percentual de acuracidade aumentou, significando que os valores sistêmicos e físicos estão cada vez mais próximos, resultando em melhores resultados tanto para produção e fabricação de peças automobilísticas quanto para o atendimento da demanda.

Na empresa estudada, os itens classificados A são contados 4 vezes ao ano; os itens B são contados 2 vezes ao ano e os itens C são contados 1 vez ao ano, para melhor visualizar a figura 7 retrata as contagens:

Figura 7: Curva ABC aplicada na fabricante de peças automobilísticas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 7: Curva ABC aplicada na fabricante de peças automobilísticas. Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa melhora trouxe vários benefícios para o setor e para a empresa, pois com essa conquista os problemas como falta de materiais e com o não atendimento de pedidos foram reduzidos, bem como a organização no recebimento e conferencia no recebimento e controle de estocagem desses materiais, além deste ponto, o interesse da empresa é manter ou aumentar o percentual,  superior a 97% na acuracidade do ano de 2018 em diante, e assim reduzir custos com as divergências de saldos e os benefícios advindos dessas mudanças, como a mudança na cultura da empresa.

CONCLUSÕES

Os resultados desse estudo de caso nos permite avaliar o desenvolvimento do impacto da contagem cíclica para o controle de estoque em uma fabricante, de grande porte no segmento de fabricação de peças automobilísticas, diante da implantação de ferramentas para gestão de estoque. De acordo com a última seção é possível identificar a possibilidade de implantação de ferramentas como contagem cíclica e curva ABC ligados ao ciclo de vida dos materiais dessa empresa.

A contagem cíclica de materiais junto a aplicação da curva ABC deve estar diretamente ligados aos objetivos estratégicos da empresa, que neste caso, é acompanhar o crescimento da demanda melhorando os processos internos de forma que a excelência do produto final comece no processo de planejamento e administrativo, sendo implantados de forma consistente e embasada, agrega valor à empresa e consequentemente aos objetivos inicialmente traçados.

Os resultados alcançados com a implantação da contagem cíclica devem-se principalmente do processo de identificação das causas de divergência de estoque dentro da organização, evidenciando os benefícios da implantação da contagem cíclica, demonstrando a importância da implantação de medidas preventivas para atacar as causas de erros. O que pode ser verificado no caso estudado por meio do apontamento da melhoria no percentual de acurácia, resultado conquistado com as medidas adotadas para que os erros não acorressem novamente.

O aumento do percentual de acurácia se mostrou satisfatório, sobre os dados apresentados no inventário de setembro de 2017. Ou seja, passou-se de um índice de acuracidade de 49,5% para 97%, mostrando que a contagem cíclica é um método importante para a melhoria da acuracidade de estoque, pois esta medida consegue elevar a confiabilidade dos saldos de estoque, por meio de contagens com frequência determinadas, neste caso diárias, fazendo com que os envolvidos nos processos se tornem especialistas no combate a causas das divergências de estoque.

Este estudo de caso proporcionou o conhecimento dos problemas e dos benefícios que as ferramentas de qualidade em inventários podem contribuir para a empresa que a incorpora, trazendo excelência na gestão e cultura, e neste caso, na Gestão de Estoque. Os resultados podem ser inspiração para melhoria e evolução constante dentro das empresas. Aprofundar as etapas do processo e estudar variadas soluções para melhorar e tornar mais eficaz e eficiente os processos, proporciona a organização economia de tempo, organização interna e cada vez mais interação entre os setores, seus gestores e a diretoria, fazendo com que todos trabalhem juntos focando sempre o mesmo objetivo.

REFERÊNCIAS

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999

CREMONEZI, G. O. G. Administração Básica. 1ª Edição, Campo Grande: Editora Life, 2015.

DROHOMERETSKI, E; SOUZA, J. A. Controle de Estoque: A Contribuição da Contagem Cíclica de Materiais em um Instituto de Odontologia. Revista Gestão Industrial. V.08, n.02: p,98-113. Paraná, 2012.

GODEIRO, D. P. O.; PIRES, L. D.; DAMASCENA, F. R. O.; NASCIMENTO, R. S. S.; TRES, G. S. Gestão de Estoque: O Caso de uma Distribuidora de Medicamentos. XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Paraíba, 2016.

LIMA, C. L. C.; REZENDE, A. C. T.; TORRES JUNIOR, H. M. Reorganização Industrial: Estudo de Cado em uma Facção de Roupas Fitness. XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Paraíba, 2016.

SANTANA, A. F. L.; ALVES, C.F. BPMG – Um modelo Conceitual para Governança em BPM – Aplicação numa Organização Pública. Revista Brasileira de Sistemas de Informação. Rio de Janeiro, Vol. 9 nº 1. Páginas 139-167, 2016. Disponível em: <http://seer.unirio.br/index.php/isys/article/view/5318/5042> Acesso em 21 de Ago. 2017.

SILVA, L. A; BOFF, C.D.S. Controles Internos de Estoques em uma Industria Metalúrgica de Caxias do Sul. Anais VII Seminário de Iniciação Científica de Ciências Contábeis da FSG. V.4, N.2. Rio Grande do Sul, 2013.

SILVIA, G. K. C. B; MATEUS, E. S; SILVA, S. L. G. Análise de Sistemas de Estoques por Meio de Análise de Curva ABC e Giro de Estoque: Um Estudo de Caso numa Organização Hospitalar Pública. XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Anais. Paraíba, 2016.

THOMPSON JUNIOR, A.; STRICKLAND III, J.; GAMBLE, J. E. Administração Estratégica. 15ª Edição. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda., 2008.

VIEIRA, M. G. C. S.; PIRES, A. V. S.; LIMA, A. C.; ARAÚJO, E. A. N.; FERREIRA FILHO, H. R. Aplicação Conjunta de Ferramentas de Gestão de Estoque: Curva ABC e Previsão de Vendas numa Empresa Revendedora de Peças de Motocicletas da Cidade de Marabá. XXIII Simpósio de Engenharia de Produção – SIMPEP. São Paulo, 2016.

[1] Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de Araraquara, 2017.

[2] Universidade de Araraquara (UNIARA)

[3] Doutorado em Engenharia Mecatrônica

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