REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Como Melhorar a Segurança Contra Incêndio em Edificações Antigas

RC: 14342
462
5/5 - (2 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ROSA, Carina Dias da [1], MICHALOSKI, Ariel Orlei [2]

ROSA, Carina Dias da; MICHALOSKI, Ariel Orlei. Como Melhorar a Segurança Contra Incêndio em Edificações Antigas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 03, Vol. 04, pp. 138-148, Março de 2018. ISSN:2448-0959

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar algumas irregularidades encontradas em um edifício antigo, que não atende os padrões mínimos de Segurança Contra Incêndio e Pânico e adotar melhorias neste aspecto de acordo com a atual legislação do Paraná que entrou em vigor em 2012.

O edifício está localizado na área central da cidade de Ponta Grossa, Paraná. Este empreendimento foi inaugurado no ano de 1965.

Em uma visita técnica solicitada por alguns moradores que fazem parte da administração do condomínio, relataram a preocupação caso ocorra um incêndio ou uma situação de pânico, como eles poderiam abandonar o edifício de uma forma segura. Atualmente a escada central do edifício que deveria ser de emergência não evacua os habitantes do edifício para o exterior de forma segura, onde não há qualquer elemento resistente ao fogo no perímetro da escada e portas corta fogo. O edifício possuí extintores e hidrantes que ajudam no combate de um princípio de incêndio, porém não fornece condições de abandono dos habitantes, que é o bem mais precioso contido na edificação.

Palavras-Chaves: Segurança Contra Incêndio, NPT 002, Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico.

1. Introdução e Questões de Estudo

Este trabalho mostra algumas irregularidades com relação a Segurança Contra Incêndio encontradas em um edifício existente e propor soluções levando em consideração a estrutura existente para melhor atender a norma vigente do Corpo de Bombeiros, e trazer mais segurança aos moradores.

O edifício construído na década de 60, apresenta subsolo, térreo, sobreloja, e mais 16 pavimentos, possuí uma área construída de 11.762,30 m², sendo 4 apartamentos por andar.

2. Proposições de Estudo

Nos últimos anos houve uma grande preocupação com incêndio em edificações, pois na época que o edifício foi construído, no Brasil não havia uma legislação preventiva adequada, e não havia tópicos relativos a instalações de incêndio nos currículos de Engenharia e Arquitetura. Tal preocupação se deu ao fato de após ocorrer grandes incêndios como no Edifício Joelma – 25 andares 1974, Edifício Andraus – 31 andares 1972 (BRENTANO,2007) dentre outros, ocasionando centenas de mortes. Portanto, nos dias de hoje, temos legislações e normas estaduais bem avançadas.

BRENTANO (2007, p.46) cita orientação do engenheiro Scholl (2004):

Nos edifícios altos a segurança contra incêndio deve ser implantada de maneira que qualquer início de incêndio possa ser detectado e combatido com os meios existentes no próprio edifício. Falamos em ”início de incêndio” porque a função básica da segurança contra incêndio não é combatê-lo, mas detectar de imediato e contê-lo nos três primeiros minutos. A máxima”Qualquer início de incêndio deve ser combatido nos seus três primeiros minutos e cada minuto excedente representará mais de uma hora de combate ao incêndio” é aceita como uma boa orientação para conter o incêndio. Lembramos que esta máxima é válida principalmente em edifícios altos, por causa da dificuldade em combater o fogo pelo lado externo.

Os equipamentos de combate à incêndio existente na edificação, não garantem a proteção se não houver um treinamento adequado de como utilizar os equipamentos e como se deve proceder em caso de sinistro.

3. Contexto e a Realidade Investigada – Unidade de Análise

O edifício estudado, apresenta, subsolo, térreo, sobreloja com 1 apartamento, andar 0 com 4 apartamentos e mais 15 pavimentos tipo, com 4 apartamentos por andar. A altura da edificação é de 50,15m, possuí uma área total construída de 11.762,30 m². Esta edificação apresenta hoje, hidrantes e extintores, e possuí uma reserva técnica de incêndio de 10,58 m³. Possuí uma escada na região central do edifício em formato de leque, corrimão em apenas um dos lados. Na figura a seguir segue a planta baixa do pavimento tipo do edifício.

Figura 1 -  Planta Baixa Pavto Tipo (15x). Fonte: Edifício Estudado
Figura 1 –  Planta Baixa Pavto Tipo (15x). Fonte: Edifício Estudado

4. Análise/Discussão Da Situação-Problema E/Ou Oportunidade

A edificação será classificada e verificada suas exigências conforme anexos do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – CSCIP – CBMPR.

QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO À OCUPAÇÃO (CSCIP,2010)

PAVIMENTO/SETOR GRUPO OCUPAÇÃO/USO DIVISÃO DESCRIÇÃO
TIPO A RESIDENCIAL A-2 APARTAMENTOS

 

Figura 2 – Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação. Fonte: Tabela 1. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)
Figura 2 – Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação. Fonte: Tabela 1. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)

QUADRO 02 – CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO À ALTURA (CSCIP,2010)

ALTURA DA EDIFICAÇÃO TIPO DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO
50,15 m VI EDIFICAÇÃO ALTA H > 30,00 m

Nota: Altura contada da soleira de entrada até o piso do último pavimento utilizável (15° pavto.)

Figura 3 – Classificação das edificações quanto á altura. Fonte: Tabela 2. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)
Figura 3 – Classificação das edificações quanto á altura. Fonte: Tabela 2. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)

QUADRO 03 –  CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO A CARGA DE INCÊNDIO (NPT 014,2014)

OCUPAÇÃO/USO PAVIMENTO DESCRIÇÃO DIVISÃO CARGA DE INCÊNDIO (qfi em MJ/m2)
RESIDENCIAL 0 ao 15º Pavto. EDIFÍCO DE APARTAMENTOS A-2 300 MJ/M2

 

Figura 4 – Tabela de carga de incêndio específicas por ocupação. Fonte: Anexo A. NPT 014. Carga de incêndio nas Edificações e Áreas de Risco. (2014)
Figura 4 – Tabela de carga de incêndio específicas por ocupação. Fonte: Anexo A. NPT 014. Carga de incêndio nas Edificações e Áreas de Risco. (2014)
Figura 5 – Classificação das edificações e áreas de risco quanto á carga de incêndio. Fonte: Tabela 3. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)
Figura 5 – Classificação das edificações e áreas de risco quanto á carga de incêndio. Fonte: Tabela 3. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)
Figura 6 – Exigências para edificações antigas e existentes. Fonte: Tabela 4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)
Figura 6 – Exigências para edificações antigas e existentes. Fonte: Tabela 4. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico. CBMPR. (2010)

A comprovação de uma edificação existente ou antiga dar – se- á conforme a NPT001- parte 2

No caso a edificação se enquadrou na alínea b do item 5.1.1.1. da NPT 001 parte 2.

QUADRO 04 – EXIGÊNCIAS PARA A EDIFICAÇÃO (CSCIP,2010)

Grupo de ocupação e uso GRUPO  A – RESIDENCIAL
Divisão A-2 (EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS)
Medidas de Segurança Contra Incêndio Classificação quanto á altura (em metros)
Acima de 30m
Acesso de viatura na edificação X
Segurança Estrutural Contra Incêndio X
Compartimentação vertical
Controle de materiais de acabamento X
Saídas de Emergência
Brigada de Incêndio X
Iluminação de Emergência X
Alarme de Incêndio X
Sinalização de Emergência X
Extintores X
Hidrantes ou Mangotinhos X

1. Deverá haver elevador de emergência para altura maior que 80m;

2. Pode ser substituída por sistema de  controle de fumaça nos átrios;

Figura 8 – Distância máxima a ser percorrida. Fonte: Anexo B. NPT 011. Saídas de emergência. (2016)
Figura 7 – Distância máxima a ser percorrida. Fonte: Anexo B. NPT 011. Saídas de emergência. (2016)

A população percorre uma distância de 24,0 metros até a saída do pavimento (escada).

QUADRO 04 –  DIMENSIONAMENTO DAS SAÍDAS – PAVIMENTO TIPO (0º ao 15º PAVTOS.) –  PORTA, ACESSO e ESCADA (NPT 011,2016)

DIVISÃO PAVTO/SETOR ÁREA ÚTIL(m2) POPULAÇÃO(P) TIPO N=P/C N ADOTADO LARGURA MÍNIMA(m) LARGURA EXISTENTE (m)
A-2 PAVTO. TIPO Nota 01 24 PESSOAS PORTA 0,34 1 UP 0,80 08 portas c/ 0,80
A-2 PAVTO. TIPO Nota 01 24 PESSOAS ACESSOS 0,57 1 UP 1,20 2,20
A-2 PAVTO. TIPO Nota 01 24 PESSOAS ESCADA 0,76 1 UP 1,20 1,10

Nota 1:  Duas pessoas por dormitório.

Figura 9 – Dados para dimensionamento das saídas de emergência. Fonte: Anexo A, Tabela 1.  NPT 011. Saídas de emergência. (2016)
Figura 8 – Dados para dimensionamento das saídas de emergência. Fonte: Anexo A, Tabela 1.  NPT 011. Saídas de emergência. (2016)

A saída de emergência (escada) de cada pavimento possui uma largura de 1,10m, conforme a NPT 002, por se tratar de escada com degraus em leque a largura de saída deste piso deverá ter uma redução de 30% na capacidade de unidade de passagem logo:

N=P / C, onde:

N= número de unidades de passagem.

P= População, conforme coeficiente da tabela 1 do (anexo A)

C= Capacidade da unidade de passagem conforme tabela 1 (anexo A).

N= 24 / (45(-30%))   N= 0,76   N= 1 unidade de passagem

A largura mínima exigida pela norma seria de 1,20 metros. (NPT11)

Nesta escada deverá conter: fita antiderrapante, nas laterais dos degraus sinalização refletiva e no hall no rodapé das paredes faixas de sinalização refletivas.  (NPT002)

Figura 10 – Tipos de escadas de emergência por ocupação. Fonte: Anexo C, tabela 3. NPT 011. Saídas de emergência. (2016)
Figura 9 – Tipos de escadas de emergência por ocupação. Fonte: Anexo C, tabela 3. NPT 011. Saídas de emergência. (2016)

Como não é possível fazer a adaptação da escada existente para a escada a prova de fumaça, as propostas para adequação são: (NPT002)

Enclausurar com portas cota-fogo o hall de acesso a escada, colocando 2 portas em cada apartamento;

Prever detecção de fumaça em toda a edificação;

Anualmente prever treinamento dos moradores para abandono da edificação.

Ter ventilação com área mínima de 0,50m² na escada em todos os pavimentos.

A edificação deverá conter iluminação de emergência, conforme NPT-018, sinalização de emergência, conforme NPT-020 , brigada de incêndio, conforme NPT-017 e controle de material de acabamento, conforme NPT-010.

Considerações Finais e Contribuições

Por ser uma edificação antiga, e não haver muitas normas vigentes na época, a edificação não esta de acordo com o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros do Paraná, (set. 2010) e para melhor atender a estrutura existente da edificação, bem como a segurança dos moradores, devemos evitar a propagação do fogo para os demais andares.

Foi verificado que apresenta uma compartimentação vertical externa aceitável e que atende as normas vigentes atuais. A distância entre as aberturas (janelas) são superiores a 1,20 metros (NPT 009,2014), o que garante um bom isolamento de risco no caso de incêndio. Porém a compartimentação vertical interna do edifício entre as unidades habitacionais é precária, com fácil propagação de fogo e fumaça entre os pisos, através da caixa de escada, poço de elevador e dutos técnicos das tubulações para as instalações hidráulicas e elétricas.

A escada central do edifício que deveria ser de emergência não evacua os habitantes do edifício para o exterior de forma segura, conforme a figura 1, não há qualquer elemento resistente ao fogo no perímetro da escada e portas corta fogo. Conforme verificado na planta do pavimento tipo, o enclausuramento da escada existente é de difícil execução no local. Uma das soluções seria a colocação de 8 portas corta-fogo, 2 portas em cada apartamento, compartimentando horizontalmente os apartamentos de propagação da área sinistrada para o acesso a escada ou até mesmo dos outros apartamentos.

Uma boa prática de segurança para o edifício seria a colocação de alarme de incêndio em todos os pavimentos com central localizada na portaria, monitorada 24 horas, bem como a colocação de sensores de detecção de vazamento de gás nos andares onde há utilização deste combustível. Colocação de iluminação de emergência e sinalização de emergência nas áreas comuns do edifício. Treinamento dos moradores para o abandono da edificação no caso de sinistro e pânico.

Nos dias atuais, devemos ter uma maior preocupação na elaboração do projeto de arquitetônico, levando em conta a utilização dos materiais de acabamentos a serem utilizados, bem como os layouts e dimensionamentos das saídas da edificação, distância a ser percorrida para evacuação.

Referências

BRENTANO, T. A Proteção Contra Incêndios no Projeto Contra Edificações. 1º edição. Porto Alegre, 2007

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 001: Procedimentos Administrativos. Parte 2:  Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico. Paraná. 2015. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=316> Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 002: Adaptação às normas de segurança contra incêndio. Edificações existentes e antigas. Paraná. 2014. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_002.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 009: Compartimentação horizontal e compartimentação vertical. Paraná. 2014. Disponível em: <http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_009.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 010: Controle de materiais de acabamento e revestimento. Paraná. 2014. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_010.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 011: Saídas de emergência. Paraná. 2015. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_011_2016.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 014: Carga de incêndio nas edificações e áreas de risco. Paraná. 2014. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_014.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 17: Brigada de incêndio. Parte 2: dimensionamento e orientações. Paraná. 2017. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/bombeiros/B7/NPT017BIPT2DO2017.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 018: Iluminação de emergência. Paraná. 2014. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_018.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

NORMA DE PROCEDIMENTO TÉCNICO. NPT 020: Sinalização de emergência. Paraná. 2014. Disponível em:<http://www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/CSCIP2015/NPT_020.pdf>Acesso em: 20 ago. 2017.

[1] UTFPR / Ponta Grossa

[2] UTFPR / Ponta Grossa

5/5 - (2 votes)

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita