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A inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho: Sentidos e desafios

RC: 71335
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ARAÚJO, Joelze Linhares de [1], DANTAS, Aleksandre Saraiva [2]

ARAÚJO, Joelze Linhares de. DANTAS, Aleksandre Saraiva. A inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho: Sentidos e desafios. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 16, pp. 109-119. Dezembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/sentidos-e-desafios

RESUMO

Esta pesquisa objetiva discutir a inclusão da pessoa com deficiência (PcD) no mundo do trabalho; os sentidos e desafios que a relação com o trabalho representa para este público. A pesquisa foi norteada a partir dos seguinte questionamentos: Como acontece a inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho? E qual seria, portanto, o sentido que o trabalho representa para a PcD? Sentir-se incluído socialmente é uma necessidade de todo indivíduo. Para pessoas com deficiência ter essa necessidade atendida é um grande desafio. O trabalho representa uma das mais importantes formas de inserção social pois traz em seu contexto sentimentos que vão além da subsistência como: pertencimento, utilidade, autonomia e independência. Para a pessoa com deficiência a atribuição de sentidos em relação ao trabalho toma uma proporção muito maior, tendo em vista todo o histórico de exclusão e preconceitos vivenciados por este público. Dessa forma, verificar o que o trabalho representa para as pessoas com deficiência e a sua atribuição de sentidos torna-se essencial para realização desse estudo que foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e documental, possui uma abordagem qualitativa, trazendo uma discussão e reflexão sobre trabalho, inclusão, acessibilidade e mecanismos legais sobre as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam para se inserirem e se manterem no mundo do trabalho.

Palavras-chave: inclusão, pessoa com deficiência, mundo do trabalho.

INTRODUÇÃO

A relação da sociedade com a deficiência modificou-se ao longo do tempo. Atualmente, há o reconhecimento de que a pessoa com deficiência é cidadã, possuindo direito à livre escolha e a usufruir das oportunidades disponíveis na sociedade, qualquer que seja seu tipo de deficiência e o grau de comprometimento que apresente, cabendo à sociedade reorganizar-se para garantir, independentemente das peculiaridades individuais, acesso a tudo que a constitui e a caracteriza. É nesse contexto que se começa a discutir a inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho.

A inclusão pode ser associada à inserção física de pessoas excluídas ou sub-representadas nos locais de trabalho. No entanto, a inclusão se refere ao julgamento ou aceitação da coletividade e também a comportamentos que promovam o sentimento de pertencimento ao mundo do trabalho.

Para a inclusão das pessoas com deficiência (PcD), é necessário que haja políticas públicas, comportamentos e atitudes das pessoas no dia a dia que promovam a acessibilidade como uma forma de garantir cidadania, incluindo a participação efetiva no trabalho como uma importante forma de inserção social.

Nesse cenário de discussão sobre as questões de inclusão e acessibilidade, pesquisas têm demonstrado as dificuldades das pessoas com deficiência para se inserirem e se manterem no mundo do trabalho.

Diante dessa realidade, surgiram os seguintes questionamentos:

a) Como acontece a inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho?

b) Qual o sentido que o trabalho representa para a PcD?

Esta pesquisa, de caráter qualitativo, objetiva discutir como acontece a inclusão da pessoa com deficiência (PcD) no mundo do trabalho, identificando suas percepções, sentidos e desafios envolvidos na sua relação com o trabalho.

Considerando-se que

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. (GIL, 2012, p. 51)

Fez-se uso da pesquisa bibliográfica (onde se buscou analisar artigos e livros que tratam da temática), em articulação com a pesquisa documental (com ênfase na legislação que rege as políticas de inclusão da pessoa com deficiência e em relatórios que tratam desse tema).

O TRABALHO E A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Savianni (2007) indica o trabalho como princípio educativo afirmando que a essência humana é o trabalho.

Para Matos (2009), o trabalho representa função primordial na vida de todas as pessoas ao se sentirem produtivas e participativas no processo de desenvolvimento da sociedade e na construção de sua autonomia, expande as perspectivas de vida bem como os relacionamentos sociais.

O trabalho apresenta-se como um dos caminhos para que a pessoa com deficiência consiga desenvolver-se, ter uma vida mais ativa e participativa, fazendo parte da desconstrução de condições de dependência e fragilidade atribuídas pela sociedade ao longo da história.

Dantas (2018) destaca que apesar dos significativos entraves socioeducacionais que uma pessoa com deficiência enfrenta em seu cotidiano, a experiência de estar inserido em atividades laborais cria bases para o desencadeamento do processo de empoderamento por meio da ruptura com o ciclo de impossibilidades instalado desde cedo em suas vidas.

Simoneli e Jackson Filho ( 2017) destacam que incluir pessoas com deficiência no trabalho é uma questão de política pública e que esta apresenta algumas particularidades, pois ela deve acontecer em diversos espaços privados e públicos e, além disso, precisa contar com inúmeros atores sociais: profissionais de recursos humanos, gerentes, familiares e as próprias  PcD,  que é política pública dependente de muitas outras que a envolvem: saúde, educação, seguridade social, transporte público, planejamento urbano etc.

Para Pastore (2000), a fraca participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho não decorre da falta de leis e fiscalização, mas sim de carência de ações e instituições que viabilizem, de forma concreta, a formação, habilitação e inserção no trabalho.

Portanto fica claro que incluir a PcD no mundo do trabalho requer planejamento público e envolvimento de toda a sociedade para que esse movimento represente uma equiparação de oportunidades para todos.

Para além da legislação, é preciso avançar na inclusão escolar das pessoas com deficiência, melhorar as condições gerais de acessibilidade e reafirmar paradigmas que não reforcem mitos e estereótipos associados a estas pessoas (GARCIA, 2010)

O trabalho desempenha um importante papel para os grupos populacionais que foram marginalizadas ao longo da história, como as pessoas com deficiência, e pode trazer inúmeras contribuições: melhoria da sua autoestima, percepção de si mesmas, participação e pertencimento social.

O SENTIDO DO TRABALHO E A SUBJETIVIDADE DO TRABALHADOR

Morin (2007) define o sentido do trabalho como uma estrutura formada por componentes como: significado, a orientação e também a coerência. Onde o significado está referindo-se a representações que o indivíduo tem sobre a atividade que executa e sobre a atribuição de valor feita por ele próprio. Sobre a orientação destaca que se refere a aptidão para desenvolver determinado trabalho, o que ele busca e também o guia de suas ações. Com relação a coerência o autor refere-se ao equilíbrio entre o sujeito e o trabalho.

Antunes (2000) diz que para que a vida seja cheia de sentido é importante que isto aconteça também no campo do trabalho, pois o sentido da vida e do trabalho relacionam-se. O autor ainda destaca que é no trabalho que se exploram ligações existentes entre trabalho e liberdade, pois um trabalho livre será cheio de sentido, possibilitando humanização e emancipação em sentido profundo e que na ressignificação do trabalho a subjetividade é primordial.

Dejours (2004) destaca que o trabalho é essencialmente subjetivo, não permitindo ser avaliado, pois não pertence ao mundo visível.

Esse sentido que o trabalho representa corresponde a algo que não pode ser palpado, ultrapassa a esfera da subsistência, está relacionado à essência do homem.

As experiências com o trabalho antes mesmo de ser uma forma de sobrevivência, implica em engajamento e pertencimento social, realização, capacidade de refletir, de interpretar e reagir a diferentes situações que surgem no dia a dia.

Portanto, o trabalho representa um papel de grande relevância e importância para a construção e exercício da cidadania e da subjetividade na vida de toda pessoa.

O ambiente de trabalho requer um exercício constante de aprimoramento do “ser social” como destaca Antunes (2015), no qual é preciso conviver com as diferenças e com o diferente, constantemente, e é exatamente nessa convivência que está a riqueza de aprendizados, de crescimento, de experiências que o trabalho pode proporcionar. Diz ainda que o trabalho se mostra fundante do ser social e é condição para sua existência, ponto de partida para humanização desse ser e representa um motor decisivo desse processo de humanização do homem.

Vale ressaltar que é importante considerar a PcD como um sujeito histórico que se desenvolve ao se relacionar com o outro e as relações que ocorrem no trabalho proporcionam a construção da sua identidade e reforça sentimentos de pertencimento.

O trabalho revela-se extremamente importante para a construção do ser social, do sentido que ele pode trazer à vida, da essência humana e da subjetividade, ultrapassando a esfera da manutenção da subsistência. Em virtude da importância que o trabalho representa, sua ausência é capaz de interferir no estado psicológico e psicossocial dos indivíduos e, é claro que, para a PcD, a falta dele pode representar a exclusão que a sociedade impõe a este público.

Muitas pesquisas demonstram que, para as pessoas com deficiência, ingressar no mundo do trabalho representa sentimentos de pertencimento, utilidade, valorização, independência e autonomia.

TRABALHO COMO DIREITO PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Segundo a Relação anual de informações Sociais (RAIS), as pessoas com deficiência que foram contratadas no período de 2007 a 2016 representam menos de 1% da população brasileira.

Esses dados revelam a que as pessoas com deficiência foram e são submetidas ao longo da história. Representam a discriminação e o preconceito de inserção social, que vai de encontro ao que diz a própria constituição da República de 1988, em seu Capítulo 1 Art. 3º  “(…) IV- promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, cor, sexo, idade  e quaisquer outras formas de discriminação” e no artigo 5º  “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;”

Em razão desse contexto histórico marcado pela exclusão, formulou-se um aparato jurídico com vistas a garantir condições diferenciadas de acesso para a PcD no mundo do trabalho, na tentativa de diminuir os efeitos negativos impostos pela sociedade.

Aos poucos é possível perceber avanços no reconhecimento dos direitos sociais e trabalhistas da PcD. No Brasil podemos destacar as leis n. 8.112/90 e 8.213/91, que tratam, respectivamente, da reserva de vagas em concursos públicos e as cotas nas organizações privadas.

A Lei que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos da União, das autarquias e das fundações estabelece em seu Art. 5º §2º que:

Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo, cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. (BRASIL, 1990 p. 02)

A Lei de cotas estabelece que:

A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5%( por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas na seguinte proporção:

I. Até 200 empregados ……………. 2%;

II. De 201 a 500 ……………………… 3%;

III. De 501 a 1000 …………………… 4% ;

IV. De 1001 em diante ………………. 5%. (BRASIL, 1991, p.36 e 37)

Em 1999, o Decreto Federal n. 3.298/99 (A política para a integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho) regulamentou essas leis. Nos anos seguintes, surgiram leis específicas para incluir a pessoa com deficiência no mundo do trabalho.

Mendes (2010) destaca que o movimento pela inclusão social está atrelado a construção de uma sociedade democrática, na qual todos deverão conquistar sua cidadania, na qual a diversidade será respeitada e haverá aceitação e o reconhecimento político das diferenças.

Sassaki (2005) diz que inclusão se refere a adequação de sistemas que regem a sociedade, em geral, com a intensão de eliminar fatores que excluíam determinadas pessoas e as mantinham afastadas e para que aconteça uma inclusão de verdade a sociedade é que precisa modificar-se sendo capaz de atender a todos dentro de suas necessidades.

Incluir atribui responsabilidades à sociedade, proporcionando condições de inclusão e de acessibilidade a todas as pessoas, independentemente de quaisquer limitações. A compreensão de que a deficiência não impossibilita as pessoas de desenvolver uma atividade laboral é um importante passo para contribuir para que as PcD consigam acessar o mundo do trabalho.

É possível perceber uma nova postura da sociedade, uma preocupação mundial no tratamento e atitudes relacionadas às pessoas com deficiência. As leis demonstram essa preocupação, pois assumem a função de promoção da garantia de direitos constitucionais das PcD, não deixando margem para quaisquer tipos de preconceitos ou discriminação pela sociedade.

Contudo, é importante destacar que ainda existem inúmeros entraves para que a pessoa com deficiência tenha pleno acesso ao trabalho. Grande parte das organizações apresentam discursos que não condizem com pressupostos inclusivos, pois deixa de realizar ações de acesso e suporte que atendam às PcD, esperando que o próprio indivíduo se ajuste às condições postas.

As organizações priorizam contratações de pessoas cujas deficiências não exijam grandes modificações e utilizam argumentos para não cumprir a lei como: falta de capacitação profissional, pequeno número de PcD para cumprir a cota, o medo que as PcD têm de perder seus benefícios, dentre outros.

Na verdade, as questões atitudinais, aquela forma como se encara a pessoa com deficiência, é a principal barreira que impede a inserção das pessoas com deficiência no mundo do trabalho, como descrevem Simoneli e Jackson Filho (2017). Atitudes que se fundam nas concepções sobre deficiência, preconceitos, estigmas que demonstram falta de conhecimento e informação sobre a deficiência e sua capacidade laboral.

Portanto, é de grande importância discutir sobre avanços de políticas públicas que favoreçam a inclusão das pessoas com deficiência, especialmente com a participação direta das próprias PcD em questões que lhes dizem respeito.

A tendência do cenário atual é que haja um aumento na participação das PcD no mundo do trabalho formal. Essa conquista se constitui numa etapa importante de construção do processo histórico de luta pela cidadania das pessoas com deficiência.

ANALISANDO OS ÚLTIMOS DADOS

A maioria das PcD enfrenta dificuldades de inserção social. Nesse sentido, exercer uma função profissional pode ajudar a ultrapassar essas dificuldades. Apesar da importância e da obrigatoriedade legal, a inclusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho formal ainda é pequena.

De acordo com o último censo do IBGE, em 2010, o Brasil possuía 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 24% dos brasileiros. Mesmo com esse número tão expressivo, apenas 0,9% das pessoas com deficiência estavam trabalhando com carteira assinada no país.

De acordo com os dados do Ministério do Trabalho e Emprego e o relatório da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), referente ao ano de 2017, houve expansão de mais 22,8 mil empregos entre as pessoas com deficiências, alcançando o patamar de 441,3 mil postos de trabalho ocupados por pessoas com deficiência (Equivalente a 1,0% do estoque total de empregos). Em relação ao ano de 2016, esse incremento de 22,8 mil empregos significou um acrescimento de 5,5% no número de pessoas com deficiência ocupando postos de trabalho.

A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), ao considerar os tipos de deficiência informados, evidenciou maior representatividade de pessoas com deficiência física (48,2%), em seguida deficiência auditiva (18,9%), deficiência visual (14,1%), reabilitados (8,8%), deficiência intelectual (8,3%) e em menor número deficiência múltipla (1,7%).

Tabela 01 – Brasil: Emprego segundo Tipo de Deficiência (2011/2017)

Tipo de Deficiência 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Variação %
Física 174.207 170.468 181.464 192.432 200.794 204.554 212.878 8.324 4,1%
Auditiva 73.579 74.385 78.078 78.370 79.389 80.390 83.196 2.806 3,5%
Visual 21.847 26.119 33.505 39.580 46.913 53.438 62.135 8.697 16,3%
Intelectual (mental) 18.810 21.317 25.332 29.132 32.144 34.168 36.661 2.493 7,3%
Múltipla 4.144 4.696 5.490 6.708 8.108 7.287 7.657 370 5,1%
Reabilitado 32.704 33.311 33.928 35.100 35.907 38.684 38.812 128 0,3%
Total 325.291 330.296 357.797 381.322 403.255 418.521 441.339 22.818 5,5%

Fonte: MTb/RAIS.

Em 2017, a expansão no emprego de PcD ocorreu de forma equilibrada entre os empregados com deficiência visual (+16,3%) e deficiência física (+4,1%), seguido por auditiva (+3,5%), intelectual (mental) (+7,3%), múltipla (+5,1%) e reabilitados (+0,3%).

Esses avanços demonstram que o caminho da inclusão está sendo trilhado, mas que ainda há muito a ser feito tendo em vista a defasagem histórica de acesso ao trabalho por pessoas com deficiência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de uma realidade marcada pela exclusão e principalmente pelo preconceito, é imprescindível que se ofereça às pessoas com deficiência educação com recursos adequados ao seu desenvolvimento intelectual, promoção de diálogo e também participação em todos os espaços sociais promovendo a sua emancipação.

Faz-se necessário empreender esforços para se definir, de forma mais efetiva, aquilo que, de fato, possa promover a igualdade de oportunidades de acesso ao mundo do trabalho para este público.

Percebe-se, portanto, a necessidade de reflexão sobre a inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho, para que se promovam investimentos voltados para esse público, criando programas de inclusão social que promovam a diversidade.

Para que isto ocorra, o meio empresarial precisa estar verdadeiramente comprometido com a diversidade social. Mais que cumprir a Lei de Cotas, a admissão de uma PcD requer uma política séria de inclusão que deve ser vista como uma oportunidade de aprendizado e enriquecimento de todo o cenário profissional.

Quando uma pessoa com deficiência estabelece relações sociais, lhe é oportunizado trabalho em ambientes inclusivos, consegue acessar instituições educacionais, favorecendo o seu preparo e a sua profissionalização, gera-se uma percepção de respeito por seus direitos como cidadã, e isso resulta em um sentimento de aceitação, de compreensão da deficiência, de pertencimento e utilidade social, resultando em empoderamento pelas PcD.

O sucesso da inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho depende principalmente de avanços na qualidade da inclusão escolar, na aceitação e respeito da diversidade pela sociedade em não reforçar preconceitos e estereótipos.

REFERÊNCIAS

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SIMOLELLI, Ângela Paula; JACKSON FILHO José Marçal. Análise da inclusão de pessoas com deficiência no trabalho após 25 anos da lei de cotas: uma revisão da literatura. São Carlos, v. 25, n. 4. P. 855-867, 2017

[1] Mestranda, Especialista em Psicopedagogia, Educação especial e Libras, Atendimento Educacional Especializado – AEE, Políticas públicas em gênero e raça, Pedagoga.

[2] Doutor em educação, mestre em engenharia de produção, mestre em matemática, especialização em matemática e em educação (formação de professores), graduado em ciências com habilitação em matemática.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Dezembro, 2020.

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Joelze Linhares de Araújo

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