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Diversificação das Práticas Corporais na Educação Física Escolar

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CONTEÚDO

VELOSO, Kaio Henrique Marques [1], COSTA, Célia Regina Bernardes [2]

VELOSO, Kaio Henrique Marques; COSTA, Célia Regina Bernardes. Educação Física escolar na promoção da Saúde. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo Do Conhecimento. Ano 01, Ed. 01, Vol. 10, Pp. 186-199.  Novembro de 2016. ISSN: 2448-0959

RESUMO

A Educação Física é um componente curricular obrigatório que deve se integrar à proposta pedagógica escolar. Para isso, é preciso compreendê-la como área de conhecimento que organiza, constrói e produz conhecimentos, com base em objetivos e princípios pedagógicos. Atualmente a Educação Física tem como objeto de estudo o homem em movimento, envolvendo aspectos biológicos, sociais, psicológicos e culturais. Desta forma, esta pesquisa inscreve-se como um trabalho que busca compreender a importância da diversificação das práticas corporais presentes na Educação Física Escolar, utilizando-se de jogos, brincadeiras, danças, manifestações de ginásticas, lutas e os esportes, nas dimensões, conceituais, procedimentais e atitudinais. A metodologia utilizada no presente estudo foi a revisão de literatura, realizada através de pesquisas em artigos científicos, livros e sites da internet.  Após os estudos realizados, foi possível perceber que a diversificação das práticas corporais presentes na Educação Física Escolar são importantíssimas, pois favorecem aos escolares maiores conhecimentos de seus corpos, ampliando as habilidades cognitivas, afetivas, sociais e motoras; além de introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando um cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Palavras-chave: Educação Física, Práticas Corporais, Escola.

INTRODUÇÃO

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho com ênfase nas dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos.  Incorporando, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da prática de Educação Física.

Por ser um componente curricular obrigatório, a Educação Física deve integrar a proposta pedagógica escolar. Para isso, é preciso compreendê-la como área de conhecimento que organiza, sistematiza, constrói e produz conhecimento, com base em objetivos e princípios pedagógicos.

As propostas educacionais e os objetivos da Educação Física foram sofrendo transformações ao longo dos tempos; estas tendências influenciam diretamente nas práticas pedagógicas e na atuação profissional. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1), a Educação Física, no Brasil, recebeu influências da área médica – pautados na higiene e na saúde – dos interesses militares e de grupos políticos que viam no esporte uma forma de selecionar atletas (os mais aptos, os mais fortes e os mais rápidos) para representar o país em diferentes competições.

A partir da década de 80, o modelo de esporte rendimento na escola passou a ser fortemente criticado, surgindo novas formas de pensar a Educação Física. Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs a Educação Física escolar (1), passa a ser uma disciplina curricular que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando um cidadão critico e reflexivo, capaz de usufruir de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em beneficio da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Neste novo contexto, as práticas da Educação Física vão além do ensino correto do gesto motor; cabe ao professor problematizar, interpretar, relacionar, analisar com seus alunos as diversas manifestações da cultura corporal, possibilitando condições de manter práticas regulares de atividade física, no seu cotidiano.

É importante que o professor leve para sala de aula assuntos diversos, como: Educação Física e saúde, alimentação saudável, uso inadequado de anabolizantes, gasto energético, lesões; como também debates sobre desenvolvimento de capacidades físicas (força, resistência e flexibilidade), possibilitado ao aluno conhecimentos e  autonomia na elaboração de atividades corporais, bem como capacidade para discutir, modificar regras, criar novos jogos, enfim, envolver a participação do educando de forma consciente e eficiente nas práticas corporais, ampliando os saberes nas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.

Essa classificação, baseada em Coll et al. (2), corresponde às seguintes questões: o que se deve saber? (dimensão conceitual), o que se deve saber fazer? (dimensão procedimental) e como se deve ser? (dimensão atitudinal). No plano conceitual, os alunos devem saber identificar, sistematizar, gerenciar os conhecimentos das práticas corporais no seu dia a dia. No plano procedimental, devem realizar e dominar situações com graus de complexidade crescente, respeitando e aceitando os limites individuais e do grupo. No plano atitudinal, colocar em prática os valores de solidariedade, igualdade, justiça e cooperação na realização das práticas corporais.

É necessário que o professor esteja preparado para avaliar e ser avaliado pelo trabalho que desenvolve com os alunos, com o intuito de fornecer informações para a compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1) alertam também para a importância de se ampliar e aprofundar os debates sobre as mudanças educacionais que a escola nova propõe, envolvendo pais, governos e sociedade, com o intuito de construir uma sociedade mais ativa e consciente da importância dos cuidados para com a saúde.   Portanto, esse artigo tem como objetivo compreender a importância da diversificação das práticas corporais presentes na Educação Física Escolar, utilizando-se de jogos, brincadeiras, danças, manifestações de ginásticas, lutas e os esportes, nas dimensões, conceituais, procedimentais e atitudinais, visando o desenvolvimento integral dos educandos. Ele possui um caráter qualitativo, porque pretende despertar nos alunos, nos pais e nos educadores, uma visão ampliada da diversificação das praticas corporais utilizadas atualmente na Educação Física escolar. A metodologia utilizada no presente estudo foi feita através da revisão de literatura, com busca de artigos publicados em bases on-line de dados científicos, livros e revistas.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 COMPREENSÕES HISTÓRICA, SOCIAL E CULTURAL DAS PRÁTICAS CORPORAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A educação Física brasileira tem sua trajetória marcada por diferentes estágios. No século XX, foi marcada pela ligação com as instituições militares e com a classe médica, voltada para o favorecimento da educação do corpo e tinha como meta um corpo saudável e equilibrado organicamente, baseado no higienismo, (3). Neste mesmo período histórico, ocorreu a implantação de práticas corporais, como os sistemas de ginásticas alemão, sueco e francês. As práticas das aulas aconteciam separadas: meninos e meninas não podiam fazer aulas juntos.

Neste cenário histórico, na década de 70, a Educação física sofreu grande influência do aspecto político; o governo militar investiu em diretrizes pautadas no nacionalismo, na segurança nacional, formando uma juventude forte e saudável pautada no esporte e no nacionalismo. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física (1), um bom exemplo desse processo foi o uso que fizeram da campanha da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970, que passou a ser destaque desse tempo.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física (1), no âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450 de 1971, a Educação Física passou a ser considerada uma atividade que aprimorava a força física, aspectos morais, cívicos, psíquicos e sociais do educando. O desporto passou a ser a base da pirâmide, sendo que a competição passou a ser um ponto forte dessa época. Na década de 80, os efeitos desse modelo começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil não se tornou uma potência olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou o número de praticantes de atividades físicas, gerando assim novos debates nesta área.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1), nesse período iniciou-se uma profunda crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, gerando mudanças expressivas nas políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a dar prioridade ao segmento de primeira a quarta séries e também à pré-escola. O objetivo passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, propondo-se retirar da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.

A partir da década de 80, segundo Darido (4), em virtude do novo cenário político, novos rumos foram dados a esta área, envolvendo a participação de classes estudantis e sindicais, surgindo novas formas de pensar a Educação Física, tornando-a mais próxima da realidade escolar. Neste período surgiu a criação de cursos de pós-graduação em Educação Física, como também o retorno para o Brasil de professores com mestrado e doutorado, elevando o número de publicações em livros e revistas. Houve também aumento de congressos e outros eventos que colaboraram para ampliar e intensificar os debates, sobre as novas tendências da Educação Física, envolvendo a sociedade e o papel politico no ensino e aprendizagem.

1.2 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CULTURA CORPORAL

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1), o ser humano sempre produziu cultura; sua história é uma história de cultura. Tudo o que ele faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. Portanto, cultura é o produto da sociedade, da coletividade a qual o indivíduo pertence. O homem é um ser biologicamente incompleto, que não possui condições de sobreviver sozinho sem a participação das pessoas e do grupo que o gerou. A fragilidade de recursos biológicos daquele tempo, fez com que os seres humanos da atualidade buscassem novos recursos para suprir as insuficiências daquela época, buscando mais eficiência nos movimentos, amplitude e domínio do uso de espaço, além das tecnologias de caça, pesca e agricultura, seja por razões religiosas, comemorativas ou lúdicas.

Derivam daí os conhecimentos e representações que podem ser chamadas de cultura corporal. As diferentes culturas, que habitaram o planeta e determinaram os caminhos conhecidos atualmente como civilização, são detectadas através de manuscritos, pinturas e várias outras fontes. O homem primitivo e seus descendentes desenvolveram os mais variados tipos de jogos e brincadeiras, que serviram de referenciais para as práticas atuais da Educação Física nos seus conteúdos, como: jogo, esporte, dança, ginásticas, brincadeiras e lutas.

1.3 DIVERSIFICAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS CORPORAIS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ENVOLVENDO ASPECTOS MOTORES, COGNITIVOS, AFETIVOS E SOCIAIS

Segundo João Batista Freire (5), o movimento deve estar presente no dia a dia dos escolares e representa toda e qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e nas brincadeiras. Ao planejar as atividades motoras, o professor deve estar atento aos desafios corporais presentes nos padrões de locomoção, manipulação e equilíbrio. Os padrões de locomoção permitem a exploração de todo o ambiente e incluem atividades como andar, correr, saltar e suas variações, além de todos os movimentos que deslocam o corpo no espaço. Os padrões de manipulação envolvem o relacionamento do individuo com os objetos que estão a sua volta e incluem, também nesse grupo, atividades, como receber, pegar, arremessar, rebater, chutar entre outras. Os padrões de equilíbrio permitem ao individuo manterem a postura do corpo no espaço e estão relacionados com a força que a gravidade exerce sobre o corpo. O equilíbrio auxilia na coordenação do movimento durante a ação, como ficar em pé, sentar, correr, equilibrar-se etc.

Sobre as experiências cognitivas, Piaget (6) destaca que o individuo utiliza seu corpo para verbalizar pensamentos e desejos, ou seja, ele recorre ao ato motor, a fim de complementar a expressão do pensamento. Para falar do tamanho de um objeto, por exemplo, ele comumente gesticula, representando com os braços o quão grande ele é. Dessa forma, o gesto antecede a palavra e o ato mental projeta-se em atos motores. Portanto, é por meio do corpo que o ser humano passa a perceber e articular o seu pensamento.

Corroborando com a ideia do autor acima, a afetividade também é uma constante no processo de construção do conhecimento. Ela influencia o caminho da pessoa na escolha de seus objetivos, na motivação para realizar as atividades e na construção do seu eu. As emoções, os sentimentos e os desejos são manifestações da vida afetiva, portanto, têm um papel fundamental no desenvolvimento do ser humano. Uma pessoa motivada, com suas dimensões afetivas equilibradas, terá maior controle emocional para lidar com situações complexas que poderão surgir na hora das atividades, além de apresentar maior disponibilidade corporal para as atividades mais desafiantes.

Freire (5) destaca também que o ser humano é por natureza um ser social, pois desde o seu nascimento se relaciona consigo mesmo, com os outros e com o meio. Ao realizar movimentos presente nos jogos, nos brinquedos, nas brincadeiras, nas lutas, nas danças tradicionais, próprias da sua cultura, as pessoas estarão interagindo com sua cultura.

1.4 DIVERSIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Física na Educação Infantil está estruturada para atender às demandas legais postas pela inclusão obrigatória deste componente curricular e seus saberes na Educação Básica. De acordo com Freire (5), a educação infantil tem um caráter fundamental: ser o primeiro momento de educação escolar e não somente um lugar onde se toma conta das crianças enquanto os pais trabalham. Segundo o autor, é na Educação Infantil que se formam as bases de todo o conhecimento humano, utilizando aquilo que na espécie humana é um atributo decisivo: a imaginação.

O corpo em movimento na Educação Infantil constitui, desta forma, a matriz básica de toda a aprendizagem. Rolar, engatinhar, andar, correr, observar, imitar, criar, saltar, girar e brincar de faz de conta faz parte da etapa de desenvolvimento pela qual estão vivenciando.

Portanto, as habilidades motoras desenvolvidas no contexto de jogo, de brinquedo, da brincadeira no universo da cultura infantil, de acordo com o conhecimento que a criança já possui, poderão se desenvolver sem a monotonia dos exercícios padronizados.

Por isso, Alves (7) argumenta que o educador que trabalha com Educação Infantil não precisa ensinar a criança a brincar, pois este é um ato que acontece espontaneamente, mas sim planejar e organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada, possibilitando às crianças escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar. O professor deve também fazer uso de novas metodologias, procurando incluir na sua prática as brincadeiras, visto que o objetivo é formar educandos atuantes, reflexivos, participativos, autônomos, críticos, dinâmicos e capazes de enfrentar desafios do cotidiano.

1.5 DIVERSIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL I – 2º AO 5º ANO

Por ser um componente curricular obrigatório, a Educação Física nesta etapa deve integrar-se à proposta pedagógica escolar. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1), nesta etapa os conteúdos devem envolver práticas como jogos, brincadeiras, danças, conhecimentos sobre o corpo, manifestações ginásticas e jogos de oposição aplicados às lutas. Nos jogos e brincadeiras é importante que o professor trabalhe com jogos de procura, jogos de ocupação de espaço, jogos de mesa, jogos de tabuleiros, jogos eletrônicos e jogos pré-desportivos. Com base nos estudos do corpo humano, seus apoios, suas posições, suas formas e expressões corporais devem estar presentes. As danças devem fazer parte do processo de formação nessa etapa, assim como as manifestações de ginástica e as lutas envolvendo estratégias, táticas, movimentos, atitudes, princípios e valores.

A abordagem dos conteúdos nesta etapa é mais complexa e profunda, devido ao desenvolvimento do pensamento lógico e dedutivo. Os alunos passam a compreender melhor as regras, atuando com maior independência e autonomia, o que torna os jogos e brincadeiras mais desafiantes, possibilitando a resolução de conflitos pelo grupo. Dessa forma, o grau de complexidade e de dificuldade das atividades pode aumentar com desafios que levem os alunos a buscar soluções para superar diversas experiências, por exemplo, receber uma bola em deslocamento, saltar e arremessar em suspensão ou, ainda, realizar uma parada de mão seguida de um rolamento. (3)

Nessa perspectiva, Joao Batista Freire (5) afirma que o trabalho da Educação Física envolvendo as vivências corporais através de jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas, utilizando materiais variados como caixas, bolas, pneus, cordas, bancos (integrados ao contexto social dos alunos), assumem uma conotação significativa e auxiliam na criação da identidade e da autonomia corporal.

1.6 DIVERSIFICAÇÕES DAS PRÁTICAS CORPORAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL II – 6º AO 9º ANO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física (1), a abordagem dos conteúdos da cultura corporal nesta etapa passa a ser mais complexa e profunda. O pensamento lógico e dedutivo possibilita ao aluno maior compreensão e conhecimento sobre o corpo, maior domínio e eficiência nos esportes, maior compreensão de regras das modalidades esportivas com caráter oficial e competitivo. Conforme o exposto anteriormente, os jogos, as lutas e a ginástica também passam a fazer parte deste contexto, assim como as características e fundamentos dos esportes coletivos, por exemplo, o basquete, o voleibol, o handebol e o futsal; e dos esportes individuais, como exemplo, o atletismo e as lutas. A eficiência dos movimentos nesta etapa permite mais rapidez, maior aperfeiçoamento nos movimentos, maior assimilação e melhora no desempenho das atividades, no lazer, no trabalho e na saúde.

1.7 DIVERSIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS NO ENSINO MÉDIO

De acordo com a Matriz de Referencia para o Enem (2009), a Educação Física para o aluno do Ensino Médio está estruturada para atender às demandas postas pela inclusão desse componente curricular como área de conhecimento, mais especificamente na área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias. Nesse contexto, a Educação Física ganha papel central na formação dos alunos ao compreender a linguagem corporal como relevante para a própria vida do jovem, como integradora social e formadora da sua identidade. Sendo assim, diante dessa nova exigência, a concepção de Educação Física no Ensino Médio deve permear as práticas corporais como produções culturais e compreendê-las como linguagens que expressam e comunicam sentidos, significados, valores e contradições da sociedade nas quais elas se manifestam.

Nesse sentido, a Educação Física deve articular, de forma crítica e complexa, as práticas corporais aos grandes temas sociais, com; saúde e estética, nutrição, alimentação balanceada, fome e obesidade, mudança no estilo de vida, importância da atividade física para a saúde, efeitos fisiológicos da atividade física no organismo, como também capacidade de alterar e interferir nas regras dos esportes,atuando nos espaços de forma autônoma, reivindicando locais adequados para a promoção de atividades corporais e de lazer, para a melhoria da saúde e qualidade de vida, diante desse fato a comunidade escolar deve portanto, possibilitar a participação e inclusão de todos os alunos na realização das tarefas, objetivando dar voz e vez para todos, respeitando o papel dos jovens em apropriar e recriar as praticas corporais presentes no cotidiano.

1.8 PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA DIVERSIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

O professor, como principal responsável pela organização das situações de aprendizagem, deve saber o valor das práticas corporais que envolvem a Educação Física Escolar em todos os níveis de ensino. É importante que ele faça o planejamento anual e semanal das aulas com objetivos e finalidades pré-determinadas.

Dessa forma, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1), os conteúdos devem ter complexidade crescente para cada etapa de desenvolvimento, envolvendo teoria e prática na metodologia utilizada, visando o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e motor dos educandos, preparando os saberes que irão auxiliá-los nas relações consigo mesmos, com os outros e com o mundo.

Sendo assim, é importante que o professor faça os alunos entenderem que a aula de Educação Física não é apenas lazer e recreação, mas sim uma aula cheia de conhecimentos que poderão trazer muitos benefícios para saúde e qualidade de vida, quando colocados em prática no cotidiano.

Com base nisto, Tonietto (8) confirma que as aulas devem ser atrativas, dinâmicas, interessantes e estimulantes. O professor deve seduzir seus alunos, incluindo nas atividades, jogos, competições, danças, músicas, teatro, expressão corporal, práticas de aptidão física, gincanas, leitura de textos, trabalhos escritos e práticos, dinâmicas de grupo, uso de slides, dentre outros recursos; criando nos escolares hábitos de vida saudáveis, capazes de formar um cidadão com consciência crítica diante das novas formas da cultura corporal de movimento, formando um ser humano capaz de mudar suas práticas em prol de uma vida mais equilibrada e saudável.

Souza (9) reforça sobre a importância do processo avaliativo ao final de cada etapa. A avaliação deve ser útil, tanto para o aluno como para o professor, para que ambos possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do processo de ensino e aprendizagem e torná-los cada vez mais produtivos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após os estudos realizados, foi possível perceber que as diversificações das práticas corporais escolares na Educação Física Escolar são importantíssimas, pois favorece aos escolares maiores conhecimentos de seus corpos, ampliando as possibilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, além de introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando um cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la no cotidiano.

Foi possível perceber, todo o contexto histórico pelo qual a Educação Física foi percorrendo. Na década de 60 este conteúdo recebeu grandes influências da área médica, como também de interesses militares em formar uma juventude forte e saudável, estreitando vínculos entre esporte e nacionalismo. Nos anos 70, foi a vez do esporte rendimento, o governo queria transformar o país em uma grande potência olímpica, e as escolas investiram na prática esportiva como conteúdo básico. Por fim, a partir dos anos 80 novas perspectivas surgiram. A cultura corporal passou a ser discutida por vários estudiosos da área, ampliando os debates sobre a atuação do ensino do gesto motor correto, indo muito além, cabendo ao professor de Educação Física problematizar, interpretar, relacionar e analisar com seus alunos as amplas formas de manifestações da cultura corporal, instrumentalizando-a para ser usufruída nos moldes de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas, em beneficio do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Ficou evidente que os aspectos motores devem ser trabalhados, porém em um contexto mais amplo, envolvendo dimensões, cognitivas, afetivas e sociais.

Neste estudo, ficou claro que as diversificações das práticas corporais devem estar presentes em todos os seguimentos da escolarização, da Educação Infantil ao Ensino Médio, obedecendo uma ordem de evolução cronológica dos educandos; lembrando que os conteúdos presentes em cada etapa devem atender às dimensões conceitual, procedimental e atitudinal, com a finalidade de alcançar os objetivos educacionais.

É notável que o professor de Educação Física exerce um papel essencial. Ele é o principal responsável pela organização das situações de aprendizagem, possibilitando aos alunos atuarem nas aulas de forma crítica, reflexiva e sensível, através de brincadeiras recreativas, jogos, danças, ginástica, lutas e competições esportivas, promovendo debates sobre fatores desfavoráveis à saúde, mobilizando projetos e ações com relação à saúde individual e coletiva.

Por fim, após os estudos realizados, pode-se afirmar que a Educação Física é um conteúdo importantíssimo dentro do espaço escolar, sobretudo com a diversificação das práticas voltadas para a cultura corporal de movimento, possibilitando que os alunos atuem de forma crítica, reflexiva e autônoma na sociedade em que vivem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.

COLL; et al. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF. v. 3, 1998.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira. Para ensinar Educação Física: possibilidade de intervenção na escola. Campinas: Papirus, 2007.

FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 2009.

PIAGET,J. A Construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

ALVES, FÁTIMA, Psicomotricidade: Corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

TONIETTO, Marcos Rafael. A relação entre cultura infantil e saberes da Educação Física na prática docente em crianças pequenas. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2009.

SOUZA JR, Marcílio. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em Educação Física. In: TAVARES, Marcelo (Org.). Prática pedagógica e formação profissional na Educação Física. Recife, 2006.

[1] Aluno do curso de Educação Física da Faculdade Patos de Minas (FPM) formando no ano de 2016.

[2] Professora do curso de Educação Física da Faculdade de Patos de Minas. Mestre em Promoção da Saúde pela Universidade de Franca.

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Kaio Henrique Marques Veloso

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