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O espaço escolar pelo olhar da sensibilidade: posturas profissionais transformadoras na educação

RC: 86425
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/posturas-profissionais

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Simone Severina Corrêa dos [1], CARDOSO, Davi da Silva [2]

SANTOS, Simone Severina Corrêa dos. CARDOSO, Davi da Silva. O espaço escolar pelo olhar da sensibilidade: posturas profissionais transformadoras na educação. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 13, pp. 83-95. Maio de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/posturas-profissionais, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/posturas-profissionais

RESUMO

Partindo da realidade que engloba o espaço escolar e a atuação dos profissionais da educação percebemos a necessidade de um olhar diferenciado dos educadores com seu alunado, por isso este artigo nos leva à concepção de que o ato de ensinar não lida somente com o letramento, mas envolve outras vertentes abrangendo ao mesmo tempo as exigências curriculares, o lado emocional e social, as transformações corporais e a aprendizagem dos alunos. Atualmente, nossas escolas precisam trabalhar todos esses aspectos e também desenvolver um olhar atento do educador, da equipe pedagógica e demais profissionais para minimizar conflitos, abandonos e fracassos no desempenho escolar desse aluno. Os discentes trazem várias necessidades pessoais e vivências diferenciadas, bem como é necessário trabalhar todas essas exigências para que consigamos chegar ao novo perfil de estudante que foi estipulado pelas legislações educacionais. Portanto, este artigo realiza uma revisão bibliográfica sobre os aspectos socioemocionais e a sua influência tanto no lado educacional quanto no crescimento pessoal dos alunos e propõe a adoção de uma postura profissional diferenciada a fim de que todo esse contexto seja desenvolvido e leve a mudanças significativas tanto na educação quanto na vida dos estudantes.

Palavras-chave: Escola, educador, socioemocional, transformações, comportamento.

1. INTRODUÇÃO

A Educação vem se transformando ao longo dos séculos e todos os envolvidos no processo educacional precisam colaborar com essa construção, até mesmo propondo mudanças que podem transformar-se em pareceres ou propostas de leis que tragam melhorias aos alunos em todos os níveis de escolarização. Uma outra forma de promover mudanças significativas na educação são nossas atitudes e práxis que levamos para o ambiente escolar pois elas demonstram nosso lado profissional, princípios, valores e postura cidadã. Nesse sentido, percebemos a importância da evolução do ensino escolar e que ela também envolve nossas atitudes como educadores e esses fatores contribuem conjuntamente para o desenvolvimento da capacidade intelectual do aluno – sujeito do processo.

Outras formas de promover mudanças significativas na educação são as adequações dos currículos escolares, levar a evolução da tecnologia e promover a inclusão digital dentro do ambiente escolar e, até mesmo, ajudar a escola a reconhecer seu protagonismo em meio às transformações sociais e políticas. Essas modificações acontecem, principalmente, por causa das mudanças que estão relacionadas com o cenário atual, ou seja, o mundo globalizado e interconectado.

Como consequência disso, o processo educacional precisa se adequar a este cenário em constante evolução, no entanto isso pode levar a um dilema, pois muitas vezes é priorizado o lado estatístico que busca incessantemente alcançar índices ou metas que representam uma mudança positiva no cenário educacional brasileiro diante das outras nações, em detrimento a postura e práxis do professor que reforçam positivamente atitudes sensíveis que ajudam no gerenciamento de conflitos e tensões numa sala de aula. Porém, essa visão de educação ideal e perfeita esquece que também lidamos com o lado emocional do educando no que diz respeito a relacionar o aspecto cognitivo dos alunos com as habilidades socioemocionais que trabalham a autoconsciência, autogerenciamento, consciência social, habilidades de relacionamentos e tomada de decisão responsável. Essas habilidades ajudam os alunos a compreenderem melhor quem são, o que sentem e a saber lidar melhor com os outros e com a realidade ao seu redor. Toda essa concepção contemporânea de educação integral nos remete à compreensão de que a escola desempenha um papel vital no modo de vida de toda a comunidade e do seu entorno, contribuindo com posturas edificantes no processo de acolhida e formação do aluno durante sua vida escolar.

2. DESENVOLVIMENTO

Uma proposta de educação que pretende levar o alunado à uma formação diferenciada é a educação socioemocional que se propõe a acompanhar o aluno desde a educação infantil e segue por todas as próximas etapas escolares. A educação socioemocional visa conduzir o educando a se tornar um cidadão crítico e participativo no viver em sociedade, pois na visão dos pensadores educacionais atuais, essa concepção de educação pode auxiliar os alunos a ter um grande desenvolvimento no aspecto pessoal, já que Bruening (apud YOSHIDA, 2018) destaca a importância de trabalhar as habilidades socioemocionais, pois elas “podem ajudar a construir seres humanos mais completos”.

Nesse contexto, é necessário não só visar o lado de aquisição de conhecimentos e obtenção de rendimentos escolares, como também a escola precisa trabalhar e entender as transformações emocionais que estão inseridas no processo de aprendizagem, pois “o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas deve ser considerado um esforço de todos os membros da escola e estender-se também à comunidade externa” (ARMSTRONG, 2015, p. 19).

Essa visão é muito importante e crucial porque precisamos, atualmente, abordar todos os alunos e as suas realidades, já que uma parcela desse alunado que traz consigo uma gama de dificuldades oriundas do seio familiar, uma vez que esse ambiente, na atual modernidade, se apresenta de forma plural, ou seja, pois não vivemos mais a margem do espelho do patriarcado, sendo assim, a modernidade veio com diferentes diversidades familiares. Nessa realidade, muitas famílias se encontram mutiladas em seus valores morais mínimos de como se viver em sociedade, de como respeitar o espaço do outro, da falta de solidariedade com o próximo, da falta de respeito com o seu corpo e com seu viver no mundo.

Com base nessas afirmações percebemos que o ato de aprender inclui trabalhar a educação em conjunto com a família e a escola, e essa interação configura um triângulo perfeito para o crescimento intelectual dos alunos, mas, infelizmente, não é a realidade de muitas escolas brasileiras já que algumas famílias encontram-se doentes e adoecem emocionalmente os alunos que recebemos nas salas de aula, prejudicando o aprendizado dos mesmos. Esse cenário, por vezes, nos causa muita angústia enquanto educadores já que o fracasso desses alunos é muitas vezes interpretado como o fracasso das práticas educacionais dos professores e da escola. Em reuniões pedagógicas, muito se fala: mudem suas metodologias; façam aulas mais dinâmicas e usem as famosas TICs para atrair a atenção dos alunos. Essas proposições não são suficientes para lidar com as dificuldades dos alunos nem seriam suficientes para atingir as necessidades emocionais, muito menos se constituem em fórmulas mágicas para ajudar os discentes que trazem e vivenciam suas adversidades em sala de aula.

São vários os fatores que podem causar adoecimento nos nossos alunos além de conflitos familiares, pois encontramos situações que envolvem baixa autoestima, dificuldades com as transformações decorrentes da adolescência e das necessidades mínimas para poder frequentar a escola no aspecto financeiro, já que alguns alunos se ausentam de sala de aula por não terem material escolar, fardamento e, muitas vezes, nem a alimentação. Todos esses fatores afetam o lado emocional e intelectual desse aluno dos tempos modernos.

Percebemos que havia na escola uma proposta de conhecimento dissociada das relações emocionais que envolvem o ato de ensinar e que traz uma grande responsabilidade de como trabalhar com essas emoções em sala de aula. Nesse sentido, Armstrong (2015, p. 19) destaca a anatomia cerebral e sua interação com o lado emocional das pessoas:

Toda aprendizagem deve primeiro passar pelo sistema límbico, ou “cérebro emocional”, antes de ser registrado no neocórtex. Assim, a aprendizagem deve ter um conteúdo emocional para ser plenamente integrada. Além disso, as competências socioemocionais são cruciais para o funcionamento tanto na escola quanto na sociedade. Podemos ensinar o alfabeto e os números a nossos alunos; porém, se eles não forem maduros e não souberem se relacionar bem com os outros, as escolas terão falhado em sua função de educar as crianças.

Portanto, não é possível desvincular todos os fatores afetivos, sociais, emocionais e, até mesmo, biológicos presentes na realidade dos alunos envolvidos no contexto educacional. Na abordagem dessa dinâmica escolar é fundamental que a escola como um todo esteja atenta para essa trama de inter-relações que estão presentes em sala aula, amplificadas pela quantidade de sujeitos ativos e vivências ricas e múltiplas que envolvem o ato de ensinar.

Tais realidades exigem reflexões dos profissionais da área da educação diante de situações diferenciadas, situações essas que, anteriormente, exigiam um olhar atento dos educadores e, diríamos até perspicácia para saber extrair desses momentos, reflexões de aprendizagem. A educação socioemocional propõe que existe uma outra forma de abordar e observar as necessidades de aprendizagem dos alunos. Armstrong (2015, p. 19) destaca que:

A melhor forma de avaliar competências socioemocionais é por meio da observação de um indivíduo enquanto encara diferentes tipos de desafios na vida. Como o estudante funciona em grupos? Como se sai planejando um projeto individualizado? O exame da resposta dos alunos a esses e outros problemas dirá muito mais sobre sua maturidade socioemocional do que qualquer escala de classificação quantitativa.

Essa abordagem exigirá mudanças por parte das Secretarias de Educação quanto ao preparo dos profissionais da área educacional com formações e cursos que tragam uma capacitação adequada a esta visão socioemocional. Além disso, para que os educadores consigam bons resultados é preciso reavaliar a quantidade de alunos em sala de aula, pois na realidade educacional brasileira encontramos salas de aula com 40 ou mais alunos, o que inviabiliza um direcionamento individualizado para o aluno.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), totalmente reformulada e pensada em todos os aspectos que embasam uma aprendizagem significativa que é na, medida do possível, trabalhar o alunado tanto cognitivo quanto perceber o emocional, já está dialogando com essa visão educacional, pois ela inseriu em suas disposições as competências socioemocionais para  poder encaminhar esse aluno para o devido tratamento com profissionais qualificados de modo a realizar um acompanhamento voltado ao desenvolvimento de atitudes positivas por parte do aluno levando-o a tornar-se um cidadão mais capaz em tomar atitudes e ter habilidades para lidar com situações conflituosas ao longo de sua vivência.

A escola poderá trabalhar com as competências socioemocionais chamando e agregando a família nessa proposta de ensino, pois na atualidade é cada vez mais frequente pais que dedicam menos tempo e atenção aos seus filhos, famílias com graves desajustes sociais e emocionais e com configuração variada. Dessa maneira, devemos direcionar um olhar mais cuidadoso e atento a esse novo formato da família brasileira e para as necessidades pessoais dos alunos, pois segundo Bruening (2019, p. 11)” É imprescindível um programa de educação socioemocional com abordagens voltadas para as demandas do século 21”. Por isso, em nossas vivências profissionais, percebemos como é importante essa visão do todo que constitui o aluno, principalmente o lado humano que é carregado de afetividade que, quando mal geridas, poderão causar graves danos no processo ensino-aprendizagem.

3. IMPORTANTES EDIFICAÇÕES DE ENSINO A PARTIR DE POSTURAS DE PROFESSORES FACILITADORES

A importância da práxis edificante dos educadores influencia diretamente no lado socioemocional dos alunos, pois desde o princípio, somos rodeados de valores norteadores de nossa postura, tanto como cidadão quanto como profissional e, continuamente, recebemos várias informações e condutas que influenciam o nosso comportamento na vida e em sociedade. A Constituição Brasileira garante educação escolar a todos que aqui habitam onde todos têm direito a escolarização e a consequência disso é que a escola desempenha um papel vital no modo de vida de toda a comunidade em seu entorno, gerando a expectativa de que os alunos adquiram condutas conforme as edificantes práticas de ensino das escolas. Chauí (1997, p. 147) sugere que:

Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme à liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a pessoa, dotada de vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade para compreender e interpretar sua situação e sua condição (física, mental, social, cultural, histórica), viver na companhia dos outros segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade.

Para pensarmos a respeito da postura do professor em sala de aula, reforçamos a importância de que o ensino escolar contribui significativamente para capacidade intelectual do aluno – sujeito do processo. Facilitar a interação com todos os envolvidos representa propor real significação ao ato de aprender. Dessa forma, o autoconhecimento racional e emocional são condições definidoras para uma postura e competência esperada por uma sociedade cada vez mais atenta e necessitada de bons costumes, no entanto, isso tem a ver com: ética pessoal que envolve motivação, afetividade e felicidade; demonstração de respeito à pessoa humana; realização profissional; comprometimento com a profissão, assim como mediação do ensino aprendizagem.

Quando debatemos a postura do profissional de educação, essa análise nos permite o seguinte questionamento: Por que ter ética pessoal é importante para edificar o ensino? A resposta a essa indagação nos leva a perceber que os professores que sabem edificar o ensino com ética pessoal conseguem resistir às interferências comportamentais dos alunos na escola, mesmo que isso signifique fazer algum sacrifício. Profissionais que não são éticos chegam ao extremo de desequilibrar toda a estrutura educacional da escola. Considerando Morin (2005, p. 19) vemos que “A projeção de nossos desejos ou de nossos medos e as perturbações mentais trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro”. Neste caso, essa afirmação de Morin nos diz que o medo inconsciente nutri a má postura de alguns professores tornando-os repressores do conhecimento e da interação social e, em muitos casos, até regridem o aprendizado dos alunos. Portanto, palavras, conteúdos, atitudes positivas e sensatas sobre a mente humana enriquecem e produzem condições de comportamentos adequados e aceitos por profissionais da educação.

Sobre ética e motivação, Boruchovitch (2009, p. 54) adverte que o altruísmo dos professores compreende que “em situações de aprendizagem estão diretamente relacionadas com o padrão motivacional de seus alunos na medida em que podem favorecer um ambiente sócio moral controlador ou promotor de autonomia”. Esse ponto de vista reforça que os professores com olhar e atitudes sensíveis sabem controlar conflitos e gerenciar tensões numa sala de aula. Com isso, os professores ao desempenharem suas atividades com motivação e equilíbrio, conseguem manter sua saúde física e mental e assim, ajudando a organizar suas necessidades financeiras com sentimento de completude útil, favorecendo as boas resoluções de divergências profissionais, como também, pessoal, ou seja, ser otimista e motivador nunca é demais.

Um outro aspecto relevante durante o desempenho profissional é a afetividade, quando se valoriza uma atitude com sensibilidade e afetividade, principalmente dentro do ambiente escolar, os desdobramentos desses atos ecoam como uma tática de ensinar, na qual, a escola faz parte de um mundo que valoriza a sociabilidade coletiva, assim como, seleciona espécimes com representatividade afetiva com disposição para estabelecer boas expectativas de vida. Ser afetivo é analisar com ampla conjuntura os meios de controlar situações desfavoráveis em sala de aula. Vigotsky (2009, p. 21), recomenda que essa postura

demonstra que existe um sistema dinâmico de significados em que o afetivo e o intelectual se unem, mostra que todas as ideias contêm, transmutada, uma atitude afetiva para com a porção de realidade a que cada uma delas se refere.

Entendemos a partir dessa afirmação que a realização profissional do ponto de vista afetivo perpassa pela junção da razão intelectual e a emoção reflexiva. Por isso, ser afetuoso na escola e na vida pessoal resulta em momentos de felicidade pessoal, reverberando nos demais ambientes sociais e coletivos.

Porventura, a felicidade é a última postura da tríade ética pessoal que fornecerá ciclos virtuosos e cultivará estilo próprio a todos aqueles que beberem dessa fonte. Segundo Alves (2004, p. 7), “ser mestre é ensinar a felicidade, embora a felicidade não seja uma disciplina de ensino. Mas as disciplinas nada mais são que taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegrias”. Sendo assim, precisamos construir um ambiente feliz profissionalmente para que as causas pelas quais lutamos tenham consequências favoráveis. Os resultados de disseminar felicidade atraem relações harmoniosas e facilitadoras de comportamentos sinceros e evoluídos que terão como resultado o respeito à pessoa humana.

Para isso, é salutar que trabalhemos com um ensino que respeita e acolhe a pessoa humana, pois ser respeitoso e acolhedor é uma postura edificante que precisa ser adornada de ações com bons resultados na escola nem podemos deixar de utilizar tal tratamento a ninguém, mesmo em casos de descontentamento, já que o professor, em sua ação educadora, precisa estabelecer a postura de respeito, tratamento igualitário e diálogo com todos. O professor precisa reafirmar seu comprometimento com a promoção do ensino, intervindo com ações edificantes e envolvidas com relações pedagógicas transformadoras que trazem resultados positivos. Nesse sentido, Freire (2013, p. 36) afirma que “Os estudantes se motivam fora do processo de aprendizagem quando o curso existe antecipadamente de maneira completa na cabeça do professor”. Notoriamente, evidencia-se o professor paciente como mediador do ensino, respeitando o nível educacional de cada aluno na sala de aula, devendo intervir com atividades que aproximem os alunos e construa novos saberes, edificando assim, o respeito mútuo.  O respeito como postura de ensino e interação ajuda o professor a ver que a sala de aula tornar-se-á mais equilibrada se ele também estiver interessado em mudanças humanas durante a regência de sua turma.

Um fator preponderante na atividade docente é que a realização profissional produz reflexos altamente positivos para a educação, para isso é necessário que o professor tenha uma formação adequada e fortaleça suas potencialidades intelectuais e sensoriais. Nesse sentido de realização profissional, cabe ao docente avaliar quais são os pontos mais relevantes a serem desenvolvidos em sua vida como educador. A importância da realização profissional, como professor, é um fator marcante para um cidadão crítico, totalitário de amplos saberes e valorizado por sua competência.  Segundo Pedro (2004, p. 32):

A formação pode ser encarada de modo mais amplo do que é habitual, não necessariamente subordinada a uma lógica de transmissão de um conjunto de conhecimentos. Na realidade, não há qualquer incompatibilidade entre as ideias de formação e de desenvolvimento profissional. A formação pode ser perspectivada de modo a favorecer o desenvolvimento profissional do professor, do mesmo modo que pode, através do seu “currículo escondido”, contribuir para reduzir a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e o sentido de responsabilidade profissional. O professor que se quer desenvolver plenamente tem toda a vantagem em tirar partido das oportunidades de formação que correspondam às suas necessidades e objetivos.

Uma postura de grande relevância entre as já mencionadas é o comprometimento com a profissão de educador, o compromisso é uma confirmação de valor equilibrado pelo senso de obrigação. Manuel (2013, p. 27) afirma que “O compromisso social do docente se estabelece, deste modo, não com um conjunto de princípios teóricos abstratos, mas, antes com as pessoas que aprendem a partir das suas propostas de ensino, que devem conduzir ao desenvolvimento da personalidade do aluno”. Nesse sentido, o compromisso profissional é uma liga que mantém a resistência dos procedimentos que articulam o fazer profissional, ainda mais com uma combinação de fatores seguidos de dever, confiança e atitude que serão reflexos na edificação da personalidade socioafetiva dos alunos, no caso o professor, com proposições sólidas de desenvolvimento para contribuir com uma sociedade justa, igualitária e sincera.

Diante desse contexto, devemos trabalhar as habilidades socioemocionais juntamente com uma postura facilitadora para a formação escolar dos educandos, bem como dar relevância aos profissionais inovadores que ministram aulas com diálogo, emoção e firmeza no seu falar, com uma linguagem concisa e de fácil compreensão. Dessa forma, a educação seguirá um caminho diferenciador na vida dos alunos com reflexos em suas famílias e em suas comunidades. Considerando essa postura edificante no seu fazer como educador, Quinquiolo (2017, p. 121), amplia que “[…] o professor passa a ser um intermediário entre o conhecimento e o aluno, estimulando-o e favorecendo a aprendizagem, de forma mais leve e que valorize a existência e a manifestação do indivíduo, fora de uma padronização pré-concebida”. Logo, tal postura promoverá nos alunos impactos positivos que harmonizarão a sala de aula e contribuirão para um lugar de aprendizagem e ensino com saberes significativos. Desde a antiguidade, Aristóteles já defendia que a educação deveria passar primeiro pelo emocional quando disse que “Educar a mente sem educar o coração não é educação”.

A verdadeira educação começa no coração, quando toca, instiga e anima o conhecimento da alma, quando agrega valores que devem ser fornecidos pela escola, pois segundo a visão de Bruening (2019, p. 15):

Por isso fornece às escolas uma linguagem simples e comum, focada em compreender e desenvolver valores sociais que promovem comportamentos positivos e relacionamentos saudáveis. A intenção é integrar a educação socioemocional a todas as áreas do currículo, em todas as séries da educação básica, o que torna essa integração muito mais fácil para os professores. As chamadas forças de caráter são ensinadas e reforçadas por meio da leitura, escrita, fala e colaboração com os colegas durante as rotinas escolares, de forma a contribuir com o clima escolar.

Respaldando essas discussões, relembramos também os estudos de Vygotsky e Wallon sobre o desenvolvimento emocional no contexto de ensino que se junta as falas de outros educadores e pensadores do século 21, estimulando a socialização ativa não só dos alunos que se encontram com problemas emocionais como também para fortalecer os vínculos afetivos dos demais alunos dentro e fora da escola para uma vida mais autônoma e produtiva socialmente. Tendo essa preocupação com a singularidade e formação do indivíduo, a BNCC pontua que (2018, p. 62):

As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que demandam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos de inserção social.

Nessa visão de visão práticas escolares diferenciadas, a BNCC (2018, p. 12) ressalta que  “Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”, e tal perspectiva reconhece a importância de todas essas transformações cognitivas e emocionais que possibilitam à formação integral do alunado, e isto é de responsabilidade de todos: escola, família, comunidade e diferentes esferas governamentais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos com isso que, na construção do conhecimento, a educação pode promover mudanças sociais para os alunos através de projetos com enfoques claros que envolvam e enxerguem o educando como um todo, para isso as habilidades socioemocionais devem ser incluídas em todos os aspectos começando pelo currículo escolar para quem sabe, levar a transformações pessoais e familiares na vida do aluno. Quando uma escola abre suas portas para um ensino competente e socioemocional acolhe posturas modificadoras de comportamentos carregados de significados. O destaque dado às competências socioemocionais deve-se ao fato de que elas precisam estar alinhadas às práticas pedagógicas, pois essas competências fomentaram um leque de oportunidades dialógicas reflexivas capazes de qualificar os alunos e torná-los sujeitos críticos envolvidos com a realidade em seu redor. Portanto, ,se precocemente a criança consegue lidar com as emoções, os ganhos para sua vida serão imensos, porque conseguirá ver e respeitar não só na escola como em sociedade as diferenças raciais e sociais, com isso compreenderá a diversidade multicultural da qual um ambiente seja escolar ou de amizade é composto. Através dessa forma de educação, o aluno terá uma formação voltada a superar obstáculos tanto na escola quanto fora dela e com isso seu desempenho escolar se tornará melhor. A escola cresce e se enriquece com alunos fortalecidos socio emocionalmente, professores comprometidos e estimulados com posturas valiosas para o crescimento pessoal e escolar dos alunos, tendo reflexos positivos tanto para a família quanto para a sociedade.

REFERÊNCIAS

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BRUENING, P. Por valores e virtudes. Revista Mundo Escolar, São Paulo: FTD, n. 7, Ano 3, p. 11-15, 2019.

BORUCHOVITCH, E. Dificuldades de aprendizagem, problemas motivacionais e estratégias de aprendizagem.  Petrópolis, RJ: Vozes, p. 40-59, 2009.

CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, p.143-165, 1997.

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MANUEL, J. M. S. G. A Didáctica da Geografia. Dúvidas, Certezas e Compromisso Social dos Professores. Revista GEO, n. 15, p. 21-42, 2013.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da silva e Jeanne Sawaya. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. EbookBrasil.org edição eletrônica: Ed. Ridendo Castigat Mores, 2009.

YOSHIDA, S. Crianças precisam aprender habilidades socioemocionais na escola. Revista Nova Escola. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11731/criancas-precisam-aprender-habilidades-socioemocionais-na-escola. Acesso em: 12/06/2020.

[1] Mestranda em Maestria em Ciencias de la Educación, Universidad Autónoma de Asunción. Professora Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Universidade Federal do Amazonas, 2000-2002. Professora Especialista em Mídias na Educação, Ministério da Educação, 2011-2012. Professora Graduada em Letras – Língua Portuguesa, Universidade Federal do Amazonas, 1997-2000.

[2] Mestrando em Maestria em Ciencias de la Educación, Universidad Autónoma de Asunción. Professor Especialista em Metodologia do Ensino para a Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade Educacional da Lapa – FAEL, Paraná, 2016-2018. Professor Graduado em Letras -Língua portuguesa, Universidade do Amazonas, 1990-1994.

Enviado: Agosto, 2020.

Aprovado: Maio, 2021.

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Simone Severina Corrêa dos Santos

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