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As Dificuldades na Formação do Hábito de Leitura em Alunos do Ensino Fundamental

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CONTEÚDO

RAMPELOTTO, Helena de Paula [1], GIZÉRIA, Kátia [2]

RAMPELOTTO, Helena de Paula; GIZÉRIA, Kátia. As Dificuldades na Formação do Hábito de Leitura em Alunos do Ensino Fundamental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 02, Ano 02, Vol. 01. pp 51-66, Maio de 2017. ISSN 2448-0959

RESUMO

O hábito da leitura é de grande importância para a vida profissional e social das pessoas, uma vez que a leitura é essencial para um processo de ensino-aprendizado satisfatório, pois é por meio da leitura que se abrem novos horizontes e torna-se possível entender e aprofundar conhecimentos sobre o mundo, até atuar nele efetivando seu papel como cidadão. Para discutirmos as dificuldades na formação do hábito de leitura em alunos do ensino fundamental, algumas obras foram analisadas e comparadas com a fundamentação teórica de alguns pensadores influentes da educação a respeito do especificado tema.

Os resultados obtidos demonstram que boa parte dos alunos consideram o hábito da leitura como “massacrante” imposta pelos professores, isso ocorre pelo fato de que na escola ela é trabalhada de forma errada, e em casa falta auxílio e incentivo para que esses indivíduos leiam.

Com base nos resultados pode-se demonstrar que o interesse pela leitura ficou precária. Mas não podemos deixar de ressaltar que ainda existem alunos que costumam procurar os livros não apenas como obrigação, mas como um meio de lazer. Assim sugere-se mais incentivo aos alunos desde cedo para obterem o hábito da leitura.

Palavras-chave: Hábito de Leitura, Dificuldades de Leitura, Auxílio e Incentivo.

1. INTRODUÇÃO

O respectivo estudo apresentou como tema As dificuldades na formação do hábito de leitura em alunos do ensino fundamental, e buscou encontrar maneiras de vencer tais dificuldades.

O tema escolhido decorreu de assuntos atuais frequentemente discutidos por pesquisadores da área. A leitura além de ser instrumento para a construção do saber em sala de aula, cria um indivíduo crítico-reflexivo, pronto para transformar a sociedade em que vive. No entanto, percebeu-se que cada vez menos jovens desenvolvem o hábito diário da leitura. Dessa forma a pesquisa buscou colaborar com educadores de Língua Portuguesa para que possam encontrar subsídios para atrair a atenção dos jovens para a leitura com práticas pedagógicas diferenciadas.

Foi analisada ainda, a possível conexão entra o uso da leitura em sala de aula e a construção do saber, que se baseou na metodologia que teve como alicerce estudos estritamente teóricos e bibliográficos que buscou atingir os objetivos propostos inicialmente. Foram feitas pesquisas em livros, artigos, revistas e sites relacionados ao tema proposto que apresentaram modelos inovadores de como trabalhar com a leitura de maneira que atraísse a atenção de alunos do ensino fundamental e que ao mesmo tempo não desrespeitasse os conteúdos programáticos.

O determinado assunto foi desenvolvido de modo que mostrasse a importância da leitura, a dificuldade do hábito de leitura nos alunos de ensino fundamental e buscou-se apresentar da maneira mais clara possível contribuições dos principais pensadores da educação que falam sobre o tema com a finalidade de constituir uma base teórica para o respectivo estudo.

A partir do exposto, o trabalho procurou demonstrar como a leitura é trabalhada em sala de aula, sua importância no ensino-aprendizado e também as suas deficiências. Desvelou-se descobrir o porquê dos alunos terem tanto desprazer diante do processo de desenvolvimento da leitura e ao mesmo tempo buscou-se sanar as dificuldades na aquisição do hábito pela leitura.

2.  A IMPORTÂNCIA DO HÁBITO DA LEITURA

2.1 LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Tendo como cenário um país com baixos índices de leitura faz-se necessário tentar compreender a razão de tal fracasso.

Através de análises efetuadas em vários países a respeito da aquisição da prática de leitura, mencionadas por Bamberguer (1987), “observou-se diferenças gritantes quanto ao interesse pela leitura”. Tais análises conferiram enormes contrastes a quatro elementos decisivos: a colocação dos livros na escala de maior valia no país; a bagagem cultural; as chances de leitura (este em questão destaca a imprescindibilidade das escolas, suas bibliotecas, como também as bibliotecas públicas que há em cada cidade do país que irá exercer um papel essencial); o alto valor do livro relacionado a questões socioeconômicas, e o papel que os livros desempenham na construção de um sujeito que será um futuro leitor crítico-reflexivo.

Foi possível citar a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil que teve sua 3ª edição realizada em 2012, nela notou-se que “há no Brasil 88,2 milhões de leitores, ou seja, 50% da população – 7,4 milhões a menos do que em 2007, quando 55% dos brasileiros se diziam leitores”.

Após uma possível reflexão anteriormente sobre o valor dos livros condizente com o aspecto socioeconômico da maior parte das famílias brasileiras, será o preço do livro o que lhes impede o acesso às obras?

“A pesquisa aponta que não. O preço fica em 13º lugar como razão para se ler menos do que se lia antes, com 2% dos entrevistados. A falta de interesse fica em primeiro lugar, com 78% e a falta de tempo em segundo, com 50%. Também foi apontado que o livro tem hoje uma série de concorrentes – 85% das pessoas preferem assistir TV em seu tempo livre e 52% ou música ou rádio. A opção pela leitura aparece em 7º plano com 28%. A boa notícia é que houve maior fidelização dos leitores aos seus queridos companheiros, os livros: atualmente, 49% deles leem mais, ante os 40% de 2007, equivalendo a um acréscimo de cerca de 5 milhões de leitores. O índice de leitura por prazer também subiu em 2011: é de 75% contra 70% em 2007. A média de livros lidos em casa aumentou: de 25, em 2007, para 34, em 2011. Crescimento de 36%.” ( RETRATOS DA LEITURA NO BRASIL, 2012)

Os resultados atingidos revelaram que ainda existem mais questionamentos do que soluções: Como acordar no jovem aquele apreço pela leitura? Quais atitudes são verdadeiramente efetivas na mediação da leitura nos alunos do ensino fundamental?

Desde muito tempo a leitura foi classificada, apenas, como um canal de propagação de um comunicado importante. Hoje, ler significa um processo mental de vários níveis, o que contribui e muito para o desenvolvimento intelectual, profissional e social do ser humano.

A imprescindibilidade da leitura deve ser reconhecida socialmente, pois a vida individual, social e cultural de um sujeito, se dá devido à aquisição do hábito de leitura desde a infância até a fase final do seu desenvolvimento, pois desenvolve as potencialidades intelectuais de cada um, o de aprender, desenvolver e progredir. “O ato de Ler não nasce com o indivíduo, assim como as outras funções vitais. Este ato precisa ser ensinado e aprendido, e neste processo o professor é o mediador” (BARBOSA 1990).

Segundo Ferreiro e Palácio (1987), o ato de ler é beneficiado de uma variedade de opções. “O leitor não responde simplesmente aos estímulos do meio, e sim desenvolve estratégias para trabalhar com o texto de tal maneira que seja possível compreendê-lo”.

O hábito da leitura é importante na vida intelectual, profissional e social das pessoas, e a leitura, é um instrumento essencial para um ensino-aprendizado satisfatório e significativo, pois é por meio dele que se abrem novos horizontes e torna-se possível entender e aprofundar conhecimentos sobre o mundo, até mesmo atuar nele como cidadão de direito.

O leitor, durante o seu ensino fundamental, pode ser apenas um aprendiz se não apreciar as maravilhas oferecidas no ato de ler, nunca ganhará autonomia e perderá a oportunidade de ser transformado pelo hábito e pelo prazer que a leitura proporciona. A palavra escrita é a principal ferramenta para compreender o mundo em que os sujeitos estão inseridos. A grandeza do texto consiste em dar a possibilidade de refletir e interpretar a sociedade, o mundo em que se vive da maneira em que se acreditar estar certo. O livro é o ponto de partida para o desenvolvimento da leitura, assim, se estudou a importância da leitura e as dificuldades que foram encontradas ao tentar incluir a leitura no dia a dia dos jovens que estão no ensino fundamental.

Kleiman (1993) evidenciou claramente como a leitura foi aplicada pelos educadores em sala de aula, e como foi vista pelos educandos do ensino fundamental: “A leitura é vista pelo corpo discente como algo “massacrante”, imposta pelos mestres.” Isso aconteceu porque ela foi aplicada de um modo incorreto desde as séries iniciais. As escolas usaram excessivamente os livros didáticos, em que o texto era apenas um grupo de componentes gramaticais, os quais foram trabalhados separadamente, de forma desconexa, ou seja, retirou-se a mensagem do texto por meio da assimilação e da compreensão de cada palavra, uma por uma. Verdadeiramente, a essência do texto manifesta-se da associação entre seus componentes, um elemento isolado não tem significação, pois elas estão todas unidas, e essa união é que exprimiu a questão total do texto, ou seja, cada palavra tem seu valor que somada a outras formarão o significado da frase ou do texto em questão. Outro erro lastimável na leitura é fazer um interrogatório a respeito do texto que foi lido, em que as respostas constem explícitas no texto, sem qualquer interpretação. Além de fazer com que o aluno exerça essas tarefas automaticamente, sem usar a imaginação, o conhecimento de mundo e o raciocínio, é também uma negligência para com o autor, afinal, o texto é criado para que os leitores viagem para um mundo fictício usem de sua imaginação e criatividade, transportem-se para um mundo utópico, ou até mesmo, em alguns casos usem suas próprias experiências vivenciadas.

Para que o processo da leitura seja efetuado aos alunos de ensino fundamental, de fato, primeiramente o educador deve apresentar textos com temas interessantes aos sujeitos-leitores, temas polêmicos, atuais e que de algum modo desperte o interesse dos alunos, ou seja, a curiosidade deles, logo após o sujeito-leitor dever-se-á perguntar por qual finalidade está lendo, ou seja, qual seu objetivo ao efetuar determinada leitura, só assim sua leitura terá sentido.

Conforme Geraldi (1984) declarou, “a característica básica ante o texto é o objetivo do leitor, ou seja, o leitor deve extrair do texto uma informação. Sabendo fazer isso, já é um grande passo para que o leitor comece a ter o gosto pela leitura”. Em alguns casos, ler se tornou uma agonia, uma vez que a falta de conhecimento sobre o tema discutido, tornou-se um problema para o jovem. Nas escolas, por exemplo, muitas vezes, não houve estímulo à leitura. “Na sala de aula, os textos são fragmentos descontextualizados”, como afirma Soares (2006, p. 25), geralmente retirados do livro didático, que regia a aula.

Os textos foram utilizados como argumento para a prática de atividades contínuas, como questões que trabalhassem a gramática. Desse modo, os fragmentos de textos lidos pouco acrescentavam de importante à vida do leitor.

Assim, é indiscutível a importância do tema em questão, pois está diretamente relacionado com a formação do sujeito, de sua personalidade, seu caráter, e intelecto. Por isso, evidenciou-se que o ato de ler é a urgência em que o ser humano se dispõe-se frente ao mundo, em frente ao outro, fortalecendo, por meio do entendimento, da análise e da escrita, suas habilidades críticas. Segundo Freire (1988, p. 21) “a importância do ato de ler, que implica sempre a percepção critica, interpretação e reescrita do lido […]”. É na interação com a leitura, sendo esta uma ferramenta de aprendizado e critica, mas também de distração e diversão, que o leitor relaxa, aprende e se desenvolve continuamente.

Esta pesquisa comprovou pelo fato de que, somente através da leitura, o ser humano se constrói como sujeito ativo e crítico, estabelecendo condições para refletir sobre vários aspectos e formular opiniões sobre vários assuntos. Tal entendimento propôs a ideia de que a formação de jovens leitores competentes se constitui por meio do contato com diversos textos, relacionando os dados textuais com seu conhecimento prévio, de modo a interagirem com a leitura e ao mesmo tempo com seu conhecimento adquirido. Entretanto, para Liberato (2007, p. 14) “é possível que o leitor não consiga ler um texto que, embora escrito numa língua que ele domina, trate de um assunto sobre o qual ele não tem informações”. No entanto notou-se que quando o leitor não consegue captar o sentido do texto lido, tudo dificulta.

Deu-se que este foi uma das maiores barreiras encontradas pelos indivíduos que não realizam esta atividade frequentemente. Todavia, para esquivar-se de circunstâncias análogas, foi relevante tornar o hábito da leitura mais e mais constante, visto que é a partir do ato da leitura que fortalece o raciocínio, como também a aprendizagem.

Tudo depende da forma que foi visto, analisado e entendido o que estava sendo lido. Cada pessoa compreende de seu modo, ou seja, que cabe a seu entendimento, tudo depende de seu pensamento, cultura e conhecimento prévio em relação ao tema que foi lido, cada sujeito-leitor tem autonomia de pensamento durante a leitura, seja para apoiar o autor ou para desaprovar, tudo se reflete no atoa da leitura.

Ao ler um texto, muitas vezes por preguiça, pratica-se uma leitura de forma superficial e, com isso, não entende-se o que está contido implicitamente nas entrelinhas do texto.

“Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gosto mecânico de decifrar os sinais. Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a uma experiência, uma fantasia uma necessidade nossa. Reagimos assim ao que não nos interessa no momento”. (MARTINS, 2007, p. 9).

Além de tudo isso que foi destacado, se o sujeito leu, sem determinar sua finalidade, evidentemente o entendimento será insuficiente, visto que é a finalidade que dará rumo à leitura.

Assim, “se o sujeito ler o texto, pensando apenas em achar respostas a perguntas que serão feitas posteriormente, certamente só se estará atendendo as expectativas da escola”, conforme destacou Kato (1999, p. 134-135).

Deste modo, acreditou-se que a compreensão da leitura se deu em uma atividade que envolvia a união do velho com o novo. Para Kato (1999, p. 62) “essa conexão se deu a fim de desenvolver no aluno-leitor a habilidade de deduzir complementarmente com a averiguação e confiabilidade das informações antecipadas, visando à apreensão dos processamentos de forma a constituir o leitor maduro”.

A leitura é uma condição para dar voz ao ser humano, além de prepará-lo para torná-lo sujeito ao ato de ler. O ato de ler é um processo mental complexo e descontínuo que exige tempo e concentração. Os conteúdos apresentados em turmas do ensino fundamental, assim como também a leitura, surgirem gradativamente na vida do estudante, na medida em que ele é inserido no contexto de símbolos que fazem parte de seu dia a dia. Assim, é na escola que esses conceitos devem ser reforçados, principalmente pelo educador, cujo papel é fazer com que a leitura seja um hábito diário na vida dos alunos, de forma a tornar-se uma atitude natural do indivíduo.

Kleiman (2000, p. 15) alertou o educador: “a leitura se baseia no desejo e no prazer, não em uma atividade desagradável visando à decifração de palavras, que leva o aluno a caracterizar o ato de ler como difícil demais, inacessível, não fazendo sentido para o mesmo. Afinal, o sujeito conceber a leitura como um objeto de aprendizagem, que faça sentido a ele”.

Necessitava, pois, segundo Geraldi (2006, p. 110) “necessário resgatar na escola e trazer para dentro dela o que dela se exclui por princípio: o prazer de ler sem ter que apresentar ao professor e à escola o resultado desse prazer, que a própria leitura”. O ato de ler é efetuado para que sejam ampliados os limites do próprio conhecimento, de forma divertida e descontraída.

Geraldi (2006, p. 60-61) assegurou que “o professor não deve visar à cobrança da leitura, dado que o que se busca é desenvolver o gosto pela leitura e não a capacidade de análise literária”. A avaliação do professor deve ser em um aspecto qualitativo, e não quantitativo, deve-se contar a progressão do aluno em relação à determinada leitura e não a quantidade de livros que ele lê em uma semana ou em um ano por exemplo.

O papel do professor, no que tange a leitura, faz-se principalmente em forma de estímulo, deixando com o que o aluno tenha liberdade de escolha e se sinta capaz de ler o que gosta o que lhe dá prazer de maneira que o aluno não se sinta pressionado. Caso contrário, o desinteresse aloja-se. Silva (1986, p. 84-85) diz que “um dos motivos para tal desinteresse, pode estar na escolha realizada pelo professor, exigindo que todos da turma leiam o mesmo título, sem opção de escolha, geralmente clássicos da literatura”. Nessa escolha que beneficia apenas um lado, nem sempre o que agrada o educador compatibiliza com o gosto do aluno. Silva (1986), afirma:

[…] “é de competência do educador, entretanto, analisar a adequabilidade, o interesse e a motivação para a leitura. Assim, com tais critérios, assegura-se o sucesso do livro. Outras informações a respeito da obra ainda são relevantes; entre elas, o assunto abordado é adequado para a faixa etária e o nível de escolaridade, visto que não se deve ficar apenas com informações exteriores contidas no livro, mas saber e conhecer a melhor obra para a turma e até mesmo para a escola”. (SILVA, 1986 p. 86)

Para que o ensino-aprendizado da leitura no ensino fundamental forme jovens leitores é necessário que o papel do educador seja de mediador do conhecimento. Por isso, para Geraldi (2006):

“não pode o professor usar a leitura para outros fins, como pretexto para desenvolver outra atividade: dramatizar uma narrativa, ilustrar uma estória, por exemplo. O tipo de leitura em que o intuito de ler por ler se faz gratuitamente, quebra tal paradigma tão alicerçado por professores no ensino fundamental”. (GERALDI, 2006 p. 26-27)

Nas palavras ditas por Geraldi (2006, p. 107), “o professor é somente observador do diálogo do aluno com o texto”.

Nesse processo do aluno-leitor com o texto/autor, o professor é o expectador, apenas vê efetivar-se o processo de leitura em seu aluno, em algumas situações entra em cena e torna-se mediador, que sana as dúvidas que surgiram e ao mesmo tempo questiona ao longo do procedimento.

O aluno carece e deve ver tanto o educador, quanto o livro, uma referência em que possa buscar o conhecimento e sanar suas dúvidas. Os livros em vários momentos podem ajustar-se às experiências vividas do leitor.

A liberdade com que o aluno tem abordado os livros que lê decorre do não privilégio a um único sentido ao texto, mas aqueles sentidos que a experiência de mundo, de cada leitor, atribui ao livro que lê na produção de sua leitura. A qualidade (profundidade) do mergulho de um leitor num texto depende de seus mergulhos anteriores. (GERALDI, 2006, p. 112).

A leitura escolar no ensino fundamental precisa de planejamento desprovido de autoritarismo e rico em soluções para as necessidades, inquietações e desejos de alunos-leitores. É necessário comprometimento com o uso dos livros, favorecido pela ação do educador. Cabe destacar, por fim, quais finalidades a escola possui com relação à leitura e as dificuldades características ao educador e ao educando. Diante do exposto, foi possível propor caminhos para os profissionais que atuam com a leitura, respeitando as particularidades e auxiliando no processo de ensino-aprendizado, de forma a obter o prazer advindo de forma natural de cada jovem, como também a realização de uma leitura significativa.

Para vencer as barreiras encontradas na aquisição do hábito da leitura nos alunos do ensino fundamental, ou seja, para tornar alunos do ensino fundamental sujeitos leitores, para desenvolver, além do que a competência, o apreço ou o compromisso frequente com a leitura, as instituições de ensino terão de estimulá-los internamente, pois adquirir o hábito de ler requer estímulo e engajamento. Dever-se-á fazê-los acreditar que a leitura é algo atraente e estimulante, algo que, conquistado integralmente, dará independência e autossuficiência, como também necessitará transformá-los em seres confiantes, requisito para poderem se instigar a “compreender fazendo”. Essa é a percepção de ler que se ânsia nas instituições de ensino e em qualquer outro lugar, que favorece o aprendizado de forma agradável e estimulante, que faz assimilar, desenvolver uma percepção crítica e extensa do mundo, dos seres e vida de cada um. O processo de leitura em si estabelece uma teia de conexões, interações significativas entre quem lê e quem escreve a que se acrescentam as ideias de uma ou de várias pessoas (autor, crítico, leitor) e o contexto em que todos se inserem. Além disso, resulta em conferência do conhecimento próprio, crítica e ou aceitação do que já foi dito. Depois de ler, independentemente do tipo, quando os questionamentos propostos pelo texto são respondidos, ocorre o entendimento. Só o ato da leitura desperta o interesse e desenvolve o diálogo entre texto e leitor, ou seja, concede compreensão.

3. O PAPEL DA FAMÍLIA

Notou-se que é incontestável a importância da leitura e da escrita para a formação do educando. Assim, o primeiro contato que o sujeito teve com a escrita e com a leitura veio do âmbito familiar. Vendo dessa forma, para Freire (1995, p. 12) “a leitura inicia-se no próprio contexto sociocultural a partir de ideias que fazem do conhecimento de mundo e que vão se aprofundando de acordo com seu desenvolvimento”.

Como afirmou Zilberman (1999):

“Crianças que desde os primeiros anos de vida se habituam a manusear livros infantis e ouvem histórias contadas pelos pais, avós ou babás e mais tarde leem aventuras cujos protagonistas são crianças de sua mesma faixa etária, provavelmente desenvolverão com mais rapidez o ofício da leitura.     Essas crianças, na fase adulta, com certeza sentirão um imenso prazer na leitura. São capazes de ler e escrever mais facilmente desenvolve a imaginação e amadurecem a sensibilidade mais rapidamente que outras crianças em situações adversas.”

Antes mesmo, ao inserir-se no âmbito escolar, o sujeito já demonstrava um contato com a escrita e a leitura, por meio da assimilação e do entendimento com seus rabiscos.

Entretanto, viu-se que boa parte da população brasileira não tem o costume de ler assiduamente, ou seja, pouco se lê; e isso é preocupante em uma sociedade onde os níveis de jovens leitores é crítico. Muito se escuta sobre leitura e sua importância, mas a prática é completamente diferente, as pessoas não veem a leitura como um hábito que deve ser seguido continuamente, mas como uma obrigação.

Na verdade, não é função simples incluir o hábito da leitura nos jovens, preferencialmente entre 12 e 15 anos, uma vez que estão em processo de construção da personalidade, principalmente sabendo dessa constatação, mas esse é o desafio de professores em conjunto com a família; motivar para que o processo ocorra de forma prazerosa e divertida, de maneira que o indivíduo deixe de lado aquele pensamento de que a leitura é obrigatória, que é exigida pela escola e são restritas aquelas obras impostas pelos currículos, é importante que os jovens saibam que existe mais do que isso, ou seja, que existe livros sobre todos os temas cabíveis, para todos os gostos, que proporciona uma viagem para um mundo fictício onde o aluno pode aprender e ao mesmo tempo ter seu momento de lazer.

Cabe, portanto, para Freire (1995, p. 17-21), “à escola e aos professores que são essenciais na influência sobre a leitura no aluno, orientar, mais precisamente, despertar o gosto para o ato de ler.” Uma vez que, o aluno ao ver a família envolvida e comprometida com o hábito da leitura, certamente terá um grande estímulo, uma vez que a família é um espelho para os jovens.

A família pode começar o estímulo partir de seu próprio hábito, visto que o jovem, ao ver seus pais ou outros sujeitos de seu círculo social efetuando o ato de ler, sentir-se-á estimulada a conhecer. Essa conduta de encontrar o encanto do mundo modificará o indivíduo, aos poucos, em um leitor.

As dificuldades na formação do hábito da leitura em alunos do ensino fundamental vivenciadas no dia a dia escolar são sem dúvida, um tópico essencial, pois aprender a buscar uma metodologia adequada para superação das dificuldades encontradas facilitará o processo de aquisição do conhecimento. Depende muito da perspectiva de cada professor a responsabilidade de traçar um plano de trabalho, focado no desenvolvimento da leitura, como pressuposto fundamental para desenvolver sujeitos conscientes, instruídos a interpretar textos, afirmar relações impulsionar-se ao universo de possibilidades de modo crítico e inovador a fim de conquistar espaços, em uma sociedade marcada pela competitividade.

As práticas de leitura no ensino fundamental deverão ser valorizadas pelo professor, que absorverá as que acontecem no cenário social auxiliando assim para a composição de um leitor crítico e capaz de transformar e proporcionar situações de cidadania e responsabilidade social.

Frente ao exposto, espera-se que a pesquisa tenha contribuído para intensificar as discussões sobre o tema em destaque. Pretendeu-se, ainda, que as análises bibliográficas utilizadas nesta pesquisa tenham contribuído para os debates sobre as dificuldades na formação do hábito de leitura no ensino fundamental.

É importante que o professor procure criar no cotidiano escolar um estimulo diário de leitura: leitura, exposição de histórias, incentivando a procura e a permutação de livros entre os jovens, designando um momento para a leitura em sala de aula, trazendo textos de livros de interesse geral da classe, ou seja, abrindo espaço para que o aluno tenha oportunidade de ler o que lhe agrada, do que ele quer ler aconselhar leituras associadas aos gostos da turma, criar um canto para ler na escola, ampliar a biblioteca da escola através exposição de livros, leitura, adaptação de livros, sair para analisar e conhecer bibliotecas públicas da cidade, entre outras atividades correlacionadas a leitura.

Enfim, criar ofertas variadas e instigantes, oferecendo, assim, uma imersão no universo dos livros e oferecendo condições para que ela se torne, de forma efetiva, um exercício interdisciplinar e intertextual são passos fundamentais e significativos para a formação de um novo tipo de leitor. Ler dá aos jovens a oportunidade viver entre dois mundos; o mundo real e o imaginário, o que irá oferecê-los um prazer imenso, é de extrema importância que a leitura seja incentivada pelos educadores, como também pela família dos jovens em questão, só assim haverá a possibilidade de formar sujeitos críticos, aptos para viver em sociedade e astutos de maneira em que tenham um futuro brilhante e digno.

4. METODOLOGIA

Este trabalho teve como alicerce estudos teóricos sustentados por autores que se dedicaram e ainda dedicam-se ao estudo da leitura, tais como Richard Bamberg, Paulo Freire, João Wanderlei Geraldi, Ângela Kleiman, Magda Soares, Regina Zilberman, Ezequiel Theodoro da Silva entre outros; como também de pesquisas bibliográficas através de análise de artigos de revistas acessados virtualmente, como também pesquisas em livros dos respectivos autores contidos nas referências do trabalho que falaram sobre o tema em destaque: as dificuldades na formação do hábito de leitura em alunos do ensino fundamental; buscou-se atingir os objetivos propostos inicialmente, que foi primeiramente criar estratégias de modo que a leitura fosse inserida no contexto escolar e social dos alunos diariamente para que forme sujeitos leitores críticos e reflexivos prontos para mudar o mundo em que vivem, e ao mesmo tempo associar o hábito da leitura na escola como fonte de aprendizado e conhecimento.

Foram analisadas também pesquisas realizadas em âmbito nacional como a realizada pela organizadora Zoara Failla, intitulada como “Retratos da leitura no Brasil” que teve sua 3ª edição realizada em 2012, da qual seu objetivo foi apontar as perspectivas do número de leitores naquele determinado período. Logo através da análise dos respectivos resultados o trabalho foi incrementado com índices praticamente atuais contidos na pesquisa.

Recorreu-se também a reportagens e sites relacionados ao tema proposto e foi desenvolvido, ou seja, criado, com o auxilio desses meios que alicerçaram as ideias de modo que pudessem conduzir de forma inovadora propostas para incluir o hábito da leitura no dia a dia dos jovens do ensino fundamental de modo que eles possam ler o que for de seu agrado, ou seja, ao praticar a leitura deve fazê-la por prazer, precisam ter esta satisfação ao apreciar uma boa leitura, tornando-a um ato satisfatório, e não praticá-la de forma mecânica e meramente desinteressada. Enfim, o respectivo trabalho visou solucionar os problemas de aquisição do hábito da leitura, porém evitou causar mudanças drásticas no contexto escolar diário, ou seja, que os resultados possam trazer avanços significativos nos resultados escolares, e ao mesmo tempo seja possível respeitar as normas impostas pelos conteúdos programáticos e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado teve como problematização “Como vencer as dificuldades na formação do hábito da leitura em alunos do ensino fundamental”. O respectivo tema decorreu de debates constantes entre estudiosos da área da educação, além de que a leitura foi e sempre será instrumento na construção de sujeitos críticos. No entanto, havia cada vez menos jovens que possuíam o hábito de ler. Desse modo o estudo buscou colaborar através de pesquisas e praticas metodológicas que visam encontrar meios de atrair os jovens realizando práticas de leitura, uma vez que foi analisada e confirmada a conexão entre a leitura e a construção do saber. A pesquisa foi embasada por análises de autores que se dedicaram, e alguns ainda se dedicam ao estudo da leitura. Foi usado como alicerce também, pesquisas bibliográficas através de artigos, livros, e-books e revistas que falam sobre o assunto. Apesar de o estudo ter tido embasamento diversificado, de contextos históricos e sociais diversos, foi visto uma variação no decorrer do tempo, ou seja, foi percebido um aumento, embora pequeno nos últimos anos. Essa mudança decorreu da possibilidade de acesso aos livros didáticos nas escolas, por parte dos alunos, uma vez que compra-los seria impossível para muitos destes. Tanto a escola, quanto o professor têm papéis imprescindíveis na construção do hábito da leitura discente, porém notou-se que o papel da família também deve estar em sintonia com esse sistema, para que se desenvolvam momentos em que seus filhos sintam prazer em ler.

Por meio da pesquisa, foi confirmado que mais da metade dos alunos não encontram em casa um ambiente propício para ler, e por isso cabe à escola promover projetos que estimulem o hábito pela leitura, como também estabeleça uma relação mútua de parceria com a família dos jovens discentes, propondo-se a concretização destes ou demais propósitos.

Enquanto se desenrolou a construção do trabalho, notou-se que o processo da construção do hábito da leitura, deve ser orientado através de propósitos claros e objetivos por parte do profissional docente, e para isso o professor necessita de sustentação e aprofundamento no conhecimento teórico. Para basear sua prática como docente, deve fazer valer suas ações, de modo que seja um exemplo a ser seguido, ser um leitor inato, ter prazer em ler e motivar os sujeitos a lerem. Também se notou que é muito importante que o docente conheça e reconheça a bagagem cultural e social que seus alunos trazem consigo, ou seja, seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida, buscando ampliá-los.

Os educadores devem dominar as estratégias necessárias para criar a prática da leitura como hábito e com resultados relevantes para o aluno no âmbito escolar, e ofertando qualidade no seu desenvolvimento em sociedade, buscando apoio no grupo escolar, de modo que contribuam para o aperfeiçoamento dos trabalhos que envolvam a leitura.

O trabalho abordou meios para a transformação de estudos que englobam a leitura, por meio do enriquecimento da prática diária de ler e interpretar o mundo em que se vive. Foi possível crer, que esta pesquisa viabilizou a revisão e uma possível reflexão á respeito das práticas pedagógicas na construção do prazer pela leitura, no desenvolvimento do sujeito leitor e a possibilidade de novas “vias” oferecidas pela leitura em sociedade.

Concluiu-se que a pesquisa teve como fundamentação autores de grande contribuição em âmbito nacional nos estudos que permeiam questões educacionais. Tais autores tiveram um papel fundamental no desenvolvimento deste trabalho.

REFERÊNCIAS

BAMBERG, Richard. Como Incentivar o Hábito da Leitura. São Paulo: Ática,1987.

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1990.

FERREIRO, Emilia; PALACIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Traduzido por: Luiza Maria Silveira. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

FREIRE, Paulo.  A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.  22 ed.  São Paulo: Cortez, 1988.

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GERALDI, João Wanderlei. O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006.

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[1] Letras –  Língua Portuguesa e Literaturas do Centro Universitário Internacional UNINTER.

[2] Professora Orientadora no Centro Universitário Internacional UNINTER.

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Helena de Paula Rampelotto

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