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O desafio do trabalho da coordenação pedagógica na Escola Renascer no Município de Guaratinga – BA

RC: 66818
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/escola-renascer

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Joelma Cândido [1], MORALES, Daniela Ruíz – Díaz [2]

SILVA, Joelma Cândido. MORALES, Daniela Ruíz – Díaz. O desafio do trabalho da coordenação pedagógica na Escola Renascer no Município de Guaratinga – BA. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 22, pp. 71-83. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/escola-renascer, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/escola-renascer

RESUMO

A pesquisa, intitulada “O Desafio do Trabalho da Coordenação Pedagógica na Escola Renascer no Município de Guaratinga – BA”, tem como objetivo geral analisar os desafios e possibilidades trabalho do coordenador pedagógico na Escola Renascer no município de Guaratinga/Bahia. Esse estudo, embasou-se na pesquisa qualitativa, tendo como participantes 01 gestor, 01 coordenador pedagógico, 13 professores e 22 estudantes do 9º ano. A pesquisa realizou-se na Escola Municipal Renascer. Para a coleta de dados utilizou-se questionários semiestruturados. Após análise dos resultados, percebeu-se que, o coordenador pedagógico possui limitações e desafios a serem vencidos, principalmente pela falta de formação inicial e continuada para o exercício do cargo. Sendo assim, é possível concluir que a formação acadêmica desse profissional precisa ser revista pela Secretaria de Educação do município, uma vez que é ela que nomeia esse profissional. É preciso criar-se políticas de formação, para que o coordenador pedagógico possa construir sua identidade profissional dentro do seu espaço de atuação.

Palavras-chave: Atribuição, coordenação pedagógica, escola, estudantes.

INTRODUÇÃO

Historicamente a função do Coordenador Pedagógico surgiu com as transformações que ocorreram na educação, que emergiram a figura desse profissional no contexto escolar.  Todavia, compreender como se deu a sua inclusão nesse sistema, é preciso antes desvelar os fatos que ocorreram no contexto educacional, que até na atualidade se visualizam. O papel do Coordenador Pedagógico (CP), teve início em 1961 no Estado da Guanabara, e era visto como fiscalizador das práticas docentes e não mediador desse processo. Assim, sua relação com os docentes não era considerada boa, tendo em vista que ele era “os olhos” da instituição, e qualquer coisa que fugisse ao seu controle, ele logo apontaria. De acordo com Silva (2013, p.15), “[…] basicamente a principal função do coordenador pedagógico era a de supervisionar e controlar as condições de aplicação dos conteúdos aos alunos e verificar se os processos pedagógicos estavam sendo aplicados de acordo com as normas e leis vigentes”.  Contudo, essa função vem passando por mudanças e na atualidade, o CP desenvolve outras atribuições a partir da democratização do sistema de ensino.

Com a Constituição Federal (Brasil, 1988), a escola necessitava modernizar-se para adequar-se aos novos paradigmas sociais, precisou-se redefinir funções para poder inserir-se nesse novo contexto social.  Assim, o CP, deixou de ser aquele profissional que controla as ações pedagógicas, e centralizava as decisões no ambiente escolar, principalmente ao que dizia respeito às aprendizagens, passando a atuar em parceria com o professor, acompanhando o desempenho escolar dos estudantes. Além dessa atribuição, ele também passou a ser o responsável pela articulação entre o gestor e o professor, bem como o mediador do diálogo entre estudante X professor, e professor X família. Na interpretação de Marcondes, Leite e Oliveira (2013, p.194), ele é a:

[…] peça chave da mediação entre a Secretaria de Educação e os professores da escola, desenvolvendo funções pedagógicas relacionadas ao desenvolvimento profissional do corpo docente e um trabalho político de implementação dos princípios da reforma educacional proposta pela gestão política no momento.

Contudo, Tonini e Oliveira (2015, p.17) comentam que:

Embora seja reconhecida a importância do trabalho desse profissional para o pleno desenvolvimento da função da escola, sabe-se que os Coordenadores Pedagógicos convivem com dificuldades e enfrentam obstáculos na realização de sua tarefa.

Dentre essas dificuldades pode encontrar-se uma gestão autoritária e centralizadora, e a negligência da própria escola em perceber esse papel tão importante no contexto escolar, o que acaba contribuindo para a distorção da função desse profissional. Tudo isso, produz incertezas, levando-o muitas vezes a isolarem-se, fragilizando-se, culminando em uma atuação ineficiente. Por isso, Ribeiro (2016), comenta que a função do CP dentro da escola não é algo fácil de ser desenvolvida, isso porque se faz necessário que ele:

[…] seja líder, aquele que “empurra” a escola para frente, que chama os professores, alunos e pais a se envolverem com o projeto político da escola. Se o coordenador se fecha em sua sala a desempenhar função burocrática ou a fiscalizar alunos e professores, seu papel de formador e colaborador com a gestão pode tornar-se desqualificado (RIBEIRO, 2016, p. 73-74)

A  discussão a  respeito desse tema vem crescendo no mundo acadêmico e dentro do sistema educacional, por se considerar que esse profissional ainda não tem sua identidade profissional construída, levando-o muitas vezes  a  desenvolver  funções  administrativas e não pedagógicas como deve ser. Tal, constatação se dar pela falácia atual, de que o Coordenador Pedagógico tem sido visto, como o “ braço direito do  gestor”, aquele que resolve as questões burocráticas, administrativas e “assumidor de salas de aula”, na ausência do professor. Tudo isso, sobrecarrega  sua  função, o que acaba deixando de fazer, o que de fato deve fazer, que são as questões pedagógicas, tais como: estimular professores e estudantes a participarem dos projetos desenvolvidos na escola, marcar reuniões pedagógicas para discussão dos documentos que norteiam a escola como um todo, bem como, articular a família e a comunidade na qual a escola se insere, na busca de soluções que melhorem a aprendizagem dos estudantes.

Nesse viés, esse artigo é uma síntese da tese de mestrado, intitulada “O Desafio do Trabalho da Coordenação Pedagógica na Escola Renascer no Município de Guaratinga – BA a qual está vinculada à Universidad Autónoma de Asunción – Paraguay.

O problema formulado que é ponto de partida dessa investigação é: Como a função do coordenador(a) pedagógico(a) vem sendo cumprida na escola Renascer no município de Guaratinga/Bahia? A partir dessa problemática, tem – se como objetivo geral analisar os desafios e possibilidades do trabalho do coordenador pedagógico na escola Renascer no município de Guaratinga/Bahia, e para consolidar essa análise, tem-se como objetivos específicos:  verificar a adequação do currículo inicial da coordenação pedagógica com as reais necessidades da escola Renascer; descrever a contribuição da coordenação pedagógica na vida escolar da direção, professores e alunos; listar as funções que o coordenador realiza para cumprir a função social da escola. Nessa perspectiva, esse estudo tem enfoque qualitativo, descritivo.

CARACTERÍSTICAS DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Em nossa condição de ser humano possuímos características que nos diferenciam uns dos outros, tais características vão desde aspectos exteriores como os biológicos ao mais íntimo de nós, como nossas emoções, pensamentos e modo de agir. Assim também é como o que abrange o campo profissional, demonstrando que este se encontra intrinsecamente ligado a determinadas características, que devem ser comuns a quem deseja ser um trabalhador de excelência, bem como peculiaridades relacionadas às exigências da área.

A área da Coordenação Pedagógica exige características que demonstrem que este profissional esteja atuando num contexto da Gestão da Educação consolidada em um espaço educativo que se compõe de pessoas, processos e objetos das interações substantivadas consoantes a uma gestão de Instituição de Ensino. Fazer parte de uma equipe gestora requer a ocupação de um cargo na gestão e participação pedagógica, além das competências de ordem profissional, inerentes à função de coordenador, são de igual importância as competências pessoais (RIBEIRO, 2016). Frente ao trabalho pedagógico cotidiano, é preciso que o profissional coordenador pedagógico ganhe um novo olhar na atualidade, e contribua para a melhoria da qualidade da escola na qual atua, para tanto, deve adotar um posicionamento que o auxilie alcançar sucesso em seus objetivos, incorporando a esse olhar, características que devem estar presentes na atuação do coordenador pedagógico na escola, que por sua vez, deve trabalhar em prol do resgate a intencionalidade da ação, no âmbito escolar possibilitando a (re) significação do trabalho, sendo um instrumento de transformação da realidade. Nesse sentido, é preciso possibilitar um referencial de conjunto para o “caminhar pedagógico”, para sensibilizar as pessoas do entorno a lutarem por uma causa em comum, sempre pautados na esperança, solidariedade e parceria.

Um dos atributos na coordenação pedagógica deve ser o de tornar propício à consideração dos esforços e recursos com base na eficiência e eficácia utilizados para alcançar objetivos almejados no processo educacional.

O coordenador deverá ser um elo para auxiliar na participação efetiva, que vise superar práticas de cunho autoritárias e de aspectos individuais que muitas vezes ocorrem no espaço escolar, zelando pelo trabalho em conjunto. Assim, seu trabalho estará direcionado para o fortalecimento do grupo, o que permitirá que os atores escolares estejam mais preparados para enfrentar conflitos, contradições e pressões, avançando na autonomia, na criatividade, no grau de realização das ações da escola e, portanto, de satisfação do trabalho.

As características que devem acompanhar o coordenador pedagógico, não é demonstração de mera afirmação de que este profissional precisa firmar uma identidade com características próprias somente, mas, de demonstrar também a importância do mesmo no ambiente educacional.  De acordo com Valério (2013, p.14):

Assumindo diferentes perfis, construindo-se no cotidiano escolar, o coordenador pedagógico se transforma em uma “hidra de mil tentáculos”, o  que dificulta seu reconhecimento com a falta de identidade do “faz tudo” que não delega o que pode ser delegado e o que é deixado de fazer não pode ser feito por outro servidor.

As características que auxiliam na construção de uma possível identidade do coordenador vêm relacionadas em especial com o contexto, ou seja, refere-se considerar o seu processo de construção de identidade levando em conta o que pensam o sistema escolar, a organização escolar e seus agentes como um todo pela própria identificação do coordenador pedagógico com a escola ou com as imagens e representações sobre a coordenação pedagógica.

DESAFIOS E POSSIBILIDADES PRESENTES NO TRABALHO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

As discussões relacionadas ao curso de Pedagogia não chegaram a uma concordância quanto aos moldes de formação necessária ao profissional da supervisão ou coordenação escolar, o artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, determina que a formação desses profissionais será feita em curso de graduação em Pedagogia ou em cursos de pós-graduação, sob o critério da instituição de ensino, garantindo assim, na formação, a base comum nacional.

No contexto histórico, a coordenação pedagógica teve um caráter profundamente controlador e fiscalizador, não tinha uma função claramente definida e, por isso, ainda se percebe certa desconfiança quanto à atuação desse profissional no interior das escolas, ou seja, os professores ainda não o consideram confiável. Torna-se necessário que o coordenador pedagógico conquiste a confiança dos educadores para que seja bem sucedido em seu papel.

Um dos desafios de ser coordenador pedagógico na atualidade se explicita na busca pela definição do seu papel, e a reflexão sobre a redefinição sobre a atuação do mesmo.

Vasconcellos (2009, pp. 86-87), nos revela aquilo que a supervisão/coordenação não é (ou não deveria ser):

Não é fiscal de professor, não é dedo-duro, (que entrega os professores para a direção ou mantenedora), não é pombo correio (que leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebra galho/salva vidas (ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), não é tapa buraco (que fica “toureando”  os alunos em sala de aula no caso de falta de professor), não é burocrata (que fica às voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas sem sentido, mandando um monte de papéis para os professores preencherem – escola de “papel”), não é de gabinete (que está longe da prática e dos desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie fonte inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de quase tudo).

A escola não pode mais ser designada como escola de “papel”, e o coordenador pedagógico não pode mais ser visto como mero “quebra galho” ou “dicário”. A tendência é a busca por uma escola reflexiva, realmente preocupada em ser um ambiente propício a mudanças, e sensibilizar para esse ato reflexivo não é tarefa fácil e não ocorrerá de um dia para outro. Contudo, as tentativas de sensibilização devem ser constantes, mesmo que cinco entre dez profissionais da educação ainda resistam a propostas mais inovadoras.

Paulatinamente o coordenador pedagógico vai assumindo uma de suas principais funções que é mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola para levar os alunos ao aprendizado, levando em conta a análise da realidade e a mediação entre os diferentes atores escolares.

Freire (1983) considera o coordenador pedagógico, em primazia, um educador, no qual deve se atentar ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no ambiente escolar interno, bem como incentivar os docentes a ressignificarem suas práticas, de modo a resgatar a sua autonomia sobre o seu trabalho sem, entretanto , se distanciar do trabalho coletivo da escola. As palavras de Freire nos remetem a perceber que todo coordenador é antes de tudo um educador também, porém, o mesmo já embutido de conhecimentos mais sistematizados e com um grau maior de experiências significativas para a área, orienta outro educador em aspectos que dizem respeito ao seu desenvolvimento profissional e seu desenvolvimento numa vivência enquanto ser humano. “A supervisão pode ser compreendida como um processo em que o professor em princípio mais experiente e mais informado, orienta outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional” (VASCONCELLOS, 2007, p.87).

Agindo de forma integrada, o coordenador pedagógico será como um parceiro do professor, assim construirá sua prática, com vista a melhorar a qualidade no ensino ofertado pela instituição na qual o mesmo atua. Suas práticas suportam várias dimensões: é reflexiva, em razão do auxílio oferecido pela mesma na compreensão dos processos de aprendizagem; é organizativa, visto que busca articular o trabalho dos atores envolvidos no ambiente escolar; e também conectiva, ao passo que possibilita os elos entre os professores, a direção da escola, os pais e os alunos com os demais profissionais da educação intervindos em algumas práticas entranhadas no meio da comunidade escolar que não são positivas.

O coordenador pedagógico ao compreender a dimensão do seu trabalho voltado para um ato reflexivo, preenche uma lacuna imprescindível para uma educação realmente significativa na atualidade, pois cada vez mais diante dessa sociedade globalizada é necessário repensar a prática pedagógica que está sendo utilizada no interior das salas de aula, é preciso pensar nos saberes que os alunos já trazem consigo, respeitar as suas singularidades, trabalhar dentro da realidade do discente, oportunizando-o a ser construtor do saber juntamente com o professor.  A se ver dentro do processo organizativo e conectivo ele se sente responsável por todas as pessoas que estão envolvidas no âmbito escolar, calçando-se de várias questões, onde se destaca a comunicação interpessoal, chave essencial para a boa convivência diante das diferenças. Através da dimensão interventiva, o coordenador pedagógico, contribui verdadeiramente para melhorar a prática pedagógica que não está considerada correta para a escola em foco, servindo de guia para auxiliar o professor a traçar novos paradigmas que venham a efetivar a qualidade do processo de ensino aprendizagem em determinada instituição.

A globalização e as grandes invenções tecnológicas podem também aparecer como desafio na atuação da coordenação pedagógica, pois alguns professores ainda resistem a essa parceria. Deve também haver a oportunidade do professor se relacionar com esse meio tecnológico, porque o motivo da resistência poderá estar embutido na falta de contato com o mesmo. Assim fica evidente a necessidade de uma nova postura do professor, bem como o coordenador pedagógico na busca de renovação da sua prática pedagógica.

Na atualidade em que vivemos é preciso procurar derrubar barreiras que envolvem tempo e espaço, e o acesso ao mundo tecnológico pode ajudar a desenvolver atitudes com maior criticidade e inovação, o que provavelmente proporcionará um melhor relacionamento com a sociedade de forma geral. Tecnologia é possibilidade de o professor inovar suas ações e levar os discentes a aprender de maneira criativa, dinâmica e global. Nesse sentido “[…] o mundo é grande, e a tecnologia nos permite abrir uma janela em nossa sala de aula” (HERNANDO, 2016, p. 152).

É preciso perceber na tecnologia a possibilidade de utilizar os instrumentos presentes na mesma para sistematizar os processos e a organização educacional e uma reestruturação do papel do professor. O coordenador pedagógico deve auxiliar o professor a tornar as informações captadas no meio tecnológico significativo, selecionando informações verdadeiramente importantes em meio a tantas possibilidades.

Não se pode negar que a as inovações tecnológicas são uma perfeita parceria para auxiliar o trabalho de forma geral, ficando explícita a sua necessidade para o amadurecimento da profissão docente, assim, guiarão o discente com o auxílio da tecnologia a conhecer de maneira mais fácil novas culturas. Com o acesso a novas culturas, será mais fácil o aluno refletir e até mesmo aumentar seu poder de imaginação, criação, além desenvolver sua consciência crítica e agregação de valores.

Portanto, a utilização e a incorporação das novas tecnologias na sala de aula são de suma importância, quando usadas para auxiliar os alunos na construção de novos conhecimentos; nessa construção o docente será um mediador que poderá compartilhar e construir conhecimento junto com o aluno, para torná-lo um ser autônomo, crítico e reflexivo, fazendo-o também perceber que a tecnologia é algo maravilhoso e preciso, porém, a criatividade humana deverá também sobressair.

Diante da função desse profissional surgem vários desafios, e olhar desconfiado do professor é um deles. Mesmo o coordenador pedagógico sendo de suma importância numa escola, infelizmente ele ainda é visto pela maioria dos professores como um espião da sua prática, um fiscal como foi relatado na trajetória histórica dessa função. É preciso que haja compreensão do professor, entendendo que, o coordenador auxilia na identificação dos problemas e em estratégias para resolução dos mesmos. O coordenador pedagógico não pode desistir de ganhar a confiança do professor, é preciso trabalhar desarmando preconceitos, buscar sinceramente a crença que a visão distorcida dessa função pode mudar, partindo do pressuposto de que todo ser humano pode aprender.

METODOLOGIA

Considerando o processo e a importância dessa investigação, a técnica utilizada foi a pesquisa do tipo descritiva qualitativa. Os instrumentos utilizados foram questionários semiestruturados e foram desenvolvidos na Escola Municipal Renascer em Guaratinga, Bahia, Brasil. Essa instituição foi selecionada porque possuem critérios coerentes com o problema.

A pesquisa foi constituída por 36 participantes, sendo 01 gestor, 01 coordenador pedagógico, 13 professores e 22 estudantes do 9.º ano do Ensino Fundamental. Assim, determinando-se   a escolha do instrumento de coleta dos dados, informou-se à gestão escolar, assim como para os demais participantes, para apresentar os objetivos da pesquisa e solicitar a autorização, a qual foi realizada através de uma carta de anuência encaminhada pela Universidade Autônoma de Assunção – UAA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o intuito de conhecer a formação do Coordenador Pedagógico e o tempo de atuação, colhemos as seguintes respostas: “Sou Formada em Ciências Biológicas e estou cursando Pedagogia. Essa foi minha primeira experiência, trabalhei 3 (três) anos”. Com isso, os dados apontam que esse profissional não está academicamente preparado para exercer a função. Uma vez que para tal função, segundo a LDB (BRASIL, 1996), exige como formação para tal, ser formado em pedagogia ou pós graduação nas áreas afins. Quanto ao tempo de experiência, é considerado pouco, uma vez que, no Brasil, esse tempo em função pública, é considerado probatório, que em outras palavras, significa “estar em experiência”. Talvez estar nessa função se dê pela empatia que tem a gestão tem para com esse profissional, ou por indicação política.

A coordenação pedagógica foi questionada sobre a participação em momentos específicos de formação continuada com os professores “Sim, embora às vezes não seja possível executar, por causa de outras demandas que surgem”. O discurso da coordenação pedagógica mostra-nos que ele desenvolve no espaço escolar uma gama de atribuições no dia a dia, sobrando-lhe tempo muitas vezes para se aperfeiçoar. Infelizmente, essa é uma realidade bem presente na maioria das escolas públicas, que vai além do que lhe é atribuído pela legislação. “Além das competências de ordem profissional, inerentes à função de coordenador, são de igual importância as competências pessoais” (RIBEIRO, 2016, p.61). É um problema que contribui para que ele não consiga construir sua identidade.

Opinião dos professores a respeito da leitura e revisão os documentos que permeiam a educação (Base Nacional Curricular Comum, Projeto Político Pedagógico, Regimento e o Resultado do IDEB). “Nunca fiz um estudo detalhado do mesmo”(Prof. B), “Não”(Prof. D, F);”Em parte conheço o Plano Municipal de Educação, pois a construção do mesmo tem participação da categoria” (Prof. G,J);” Parcialmente, o mesmo já havia sido discutido em 2009-2011 sendo concluído em 2015. Sei que o mesmo contempla as metas da educação” (Prof. H); “Não totalmente, mas sei que o mesmo norteia os planos e metas da educação respeitando as formas do plano nacional com suas ações e metas” (Prof. I). Os dados apontam que os professores não estão a par dos conteúdos desses documentos tão importantes, para o município e para a educação. Quanto a isso, Noronha (2002, p.70), diz que: O indivíduo “[…] precisa de forma permanente estar se qualificando e adquirindo competências cognitivas e habilidades flexíveis (vantagens competitivas), para responder adequadamente às demandas aceleradas postas pela atual forma de acumulação do capital”. Sendo assim, o professor por ser formador de opinião, precisa conhecer as leis que regem a educação.

Percepção dos estudantes  a  respeito  das ações  desenvolvidas  pelo Coordenador Pedagógico na  escola: “Eu sentia que o coordenador pedagógico não era muito presente em relação a comunicação com os alunos”( Estud. 6);” “Praticamente  não dá nem pra saber quem é o coordenador pedagógico na escola Renascer”( Estud. 12); “Não lembro bem das ações, mas a coordenadora era exemplar e focada nas coisas que aconteciam na escola”. (Estud. 12).

Diante do exposto, é nítido que as opiniões estão divididas, enquanto uma parcela diz, que observou as ações realizadas pelo CP na escola, outra parte diz que não. Contudo, essas duas visões, mostram-nos que esse profissional precisa ser um líder no ambiente escolar. Segundo Lück (2009, p. 55), para ser um líder no ambiente escolar”: […] delega, envolve, como companheiros de trabalho, professores e demais funcionários da escola, no processo de tomada de decisão, criando também, desta forma, seu comprometimento com as decisões”. Cremos que devido ao número de atribuições realizadas por esse CP, acaba que ele esquece muitas vezes de fazer o que de fato deve ser feito.

A partir dos resultados apresentados nesta investigação, respondeu-se ao objetivo geral e aos específicos. Percebeu-se que as atribuições desenvolvidas pelo Coordenador pedagógico nesta escola, contribuem parcialmente para um fazer eficaz, e não tem ainda contribuído para a formação de sua identidade profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa buscou acerca-se do olhar investigativo para tentar compreender quais os desafios enfrentados pela coordenação pedagógica na realização de seu trabalho na Escola Renascer no município de Guaratinga – BA, e quais os seus reflexos nos processos coletivos de participação e decisão dos agentes envolvidos na escola. Nosso pressuposto foi confirmado parcialmente, e se realiza conforme os objetivos específicos da investigação, uma vez que a análise dos dados apontou uma série de evidências que precisam ser discutidas para que as atribuições do Coordenador sejam de fato efetivadas nessa escola.

O Coordenador pedagógico, de acordo com os dados analisados nesta, tem mostrado um trabalho ainda ineficaz. Podemos dessa forma, nos referir ao Coordenador Pedagógico como um profissional que ainda não está articulado com os professores para analisarem juntos a revisão do Projeto Político Pedagógico da escola, dos estudos referentes aos resultados das  aprendizagens – IDEB,  ocasionando  no desconhecimento por  parte  da  maioria  dos estudantes  e dos professores de documentos essencialmente importantes para todos, porém a essência do seu trabalho, é articular o pedagógico.

Observamos também que o Coordenador Pedagógico reconhece suas limitações diante   das dificuldades encontradas no ambiente escolar, e tenta mediar esses entraves, objetivando criar um espaço sadio. Assim, uma rotina precisa ser definida, para não se criar desânimos nos estudantes e nos professores, ao mesmo tempo poder construir sua identidade profissional.

Ao descrever as contribuições do Coordenador Pedagógico, compreendemos que elas  estão mais ligadas à dimensão administrativa do que mesmo a pedagógica, uma vez que são muitas as lacunas deixadas no seu fazer cotidiano, todavia, esses fazeres não fazem parte de  suas atribuições, e não garantem um bom relacionamento entre seus pares, passando a ser visto como ausente e descompromissado.

Concluímos a partir dos objetivos estabelecidos, que o Coordenador pedagógico não conhece suas atribuições e nem o que ele representa para a escola, portanto há a necessidade de se refletir sobre isso, para garantia das condições efetivas para que seu trabalho tenha legitimidade e contribua para a melhoria do desempenho acadêmico da escola.

Cremos que devido a falha na sua formação, algumas atribuições não vêm sendo cumpridas no dia a dia escolar, ocasionando numa rotina cheia de imprevistos.

Acreditamos que com a formação exigida desse profissional, possa colaborar para     fortalecer suas atribuições enquanto mediador e articulador do processo pedagógico.

Concluímos que a Secretaria Municipal de Educação deste município não vem estabelecendo uma política de formação continuada para esse profissional, recaindo sobre um “fazer” que carece de maiores aprimoramentos.

Acreditamos que a Secretaria de Educação deveria privilegiar os momentos de formação para ajudá-lo no fortalecimento do seu trabalho, por meio da discussão sobre a realidade escolar no qual ele se insere.

Assim, finalizamos e acrescentamos que o Coordenador Pedagógico necessita de apoio e de formação, pois a sua prática pedagógica ainda não se encontra voltada para um fazer eficiente na escola.

REFERÊNCIAS

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FREIRE, P. (1982). Educação: Sonho possível. In: Brandão, Carlos Rodrigues (org). O Educador: Vida e Morte. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Graal.

HERNANDO. C. A. (2016). Viagem à escola do século XXI: assim trabalham os colégios mais inovadores do mundo /- 1. ed. – São Paulo, SP: Fundação Telefônica Vivo.

_____. (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

LUCK, H. (2009). Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 47-69.

MARCONDES, M. I.; LEITE, V. F.; OLIVEIRA, A. P. (2013). Reforma e recontextualização das políticas: o papel dos coordenadores pedagógicos nas escolas municipais do Rio de Janeiro. Revista Diálogo Educacional, Rio de Janeiro, ano 12, n. 35, p. 187-209.

NORONHA, O. M. (2002). Políticas Neoliberais, conhecimento e educação. Campinas, São Paulo:   Alínea, 124p.

RIBEIRO, R.M. da C. (2016). O Coordenador Pedagógico na Escola Pública: dilemas, contradições e desafios de um profissional iniciante. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 24, n. 2, p.59-78 mai./Agost.

SILVA, A.P. dos S. (2013). A coordenação pedagógica no contexto da realidade escolar brasileira. Brasília (DF).

TONINI, A. M.; OLIVEIRA, B. R. (2015). Coordenação Pedagógica e Formação Continuada de Professores.  Editar, Juiz de Fora – 224 p.

VALÉRIO, C. R. (2013). O coordenador pedagógico e o processo de ensino-aprendizagem numa Escola Rural de Brazlândia. Brasília(DF). Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/8119/1/2013 _CristianaRodriguesValerio.pdf. Acesso em; 28 de agost. 2019.

VASCONCELLOS, C. dos S (2007). Coordenação do Trabalho Pedagógico. Do Projeto Político-Pedagógico ao cotidiano de sala de aula. 8ª. ed. São Paulo: Libertad.

[1] Mestrando em Ciências da Educação (2020) na Universidade Autônoma de Assunção – UAA. Pós-Graduada em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (2010) pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. Licenciada em Pedagogia (2008) pela Universidade de Salvador – UNIFACS. Licenciada em Educação Física (2014) pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

[2] Orientadora. Lic. En Psicología: Universidad Nac. de Asunción: AÑO: 1983. Psicóloga: Universidad Mayor de San Andrés (La Paz, Bolivia): AÑO: 1995 (Convalidación). Master  en Educación: Universidad Americana (Asunción, Paraguay): AÑO: 2003. Doctora en Psicología: Universidad Nacional de Asunción:  AÑO: 2012.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

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Joelma Cândido Silva

Uma resposta

  1. Parabéns Joelma pela excelente pesquisa. Seu texto está bem claro e conciso e torna-se conteúdo de nossas leituras quando fazemos referência ao trabalho do coordenador pedagógico principalmente sobre os dilemas em torno da sua função e atuação

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