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Educador especial: Auxílio a alfabetização inclusiva de qualidade

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BALSEMÃO, Fernanda Pereira [1]

BALSEMÃO, Fernanda Pereira. Educador especial: Auxílio a alfabetização inclusiva de qualidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 06, Vol. 07, pp. 87-99. Junho de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O presente artigo propõe dentro do tema alfabetização e letramento pesquisa sobre alternativas contemporâneas de forma qualitativa no ciclo de alfabetização do ensino fundamental. Com isso, o problema dessa pesquisa tem em vista que os índices de alfabetismo são importantes para avaliarmos a educação e condições de um país. Segundo censos, o analfabetismo infantil – crianças entre 8 e 9 anos- no ano de 1981 que era de 41,5% baixou em 2007 para 11,5 %. Dessa maneira necessitamos refletir: Como promover uma prática docente para contribuir com a alfabetização e letramento de qualidade numa visão inclusiva em uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental da E.E.E.F. Antônio Mary Ulrich. A hipótese do trabalho é que o educador inclusivo tem um perfil diferenciado, dando suporte a alfabetização tendo em vista as necessidades individuais de cada aluno e a mediação do processo de ensino e aprendizagem de forma respeitosa e harmoniosa. Esse trabalho se justifica que alfabetização e letramento necessitam ter um olhar diferenciado nos encaminhamentos pedagógicos para a qualidade efetiva de forma prática. Logo, tendo em vista, um aprofundamento teórico para a prática pedagógica contemporânea. Sendo o objetivo geral promover alternativas para uma prática docente de qualidade tendo em vista a alfabetização e letramento de maneira inclusiva nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Dessa maneira, investigação através de entrevista, análise de documentos e observação é de suma importância. Buscando relacionar a legislação e ações governamentais que tratam tanto a alfabetização como a inclusão. Também discutir teoricamente fundamentos da alfabetização e letramento em um contexto de diversidade. Com isso, tendo conhecimento da importância de uma educação de qualidade que vê o ser humano como único e dotado de capacidades. Considerando o estudo dos autores Soares, Vasconcellos, Morais, Fiel, Jardim dentre outros. Contudo os resultados encontrados mostram que um educador especial consegue ter um olhar voltado as potencialidades dos educandos.

Palavras-chave: inclusão, educador, alfabetização, letramento, qualidade.

1. INTRODUÇÃO

A Alfabetização e Letramento dando enfoque no auxílio do Educador Especial justifica-se pelos desafios em uma turma 2º ano que faz parte do processo de ensino x aprendizagem no Bloco de Alfabetização que compõe os três primeiros anos do Ensino Fundamental. Com isso, dentro do período diagnóstico auxiliando o educador para uma prática que compreende como se caracteriza a sociedade, a escola, o professor e aluno atual. Logo, tendo em vista, um aprofundamento teórico para a prática pedagógica focalizando a alfabetização e letramento. Objetivando alternativas para uma prática docente de qualidade, além da verificação de referenciais teóricos que fazem parte da prática observando o ritmo de cada aluno na aprendizagem. Também, a identificação dos desafios atuais que o professor enfrenta para a efetivação da alfabetização e letramento inclusivo; a verificação das ações que a escola com seus diferentes segmentos contribui para a melhoria dessa qualidade; proporcionar ações para a superação da prática docente em conjunto com a escola visando à melhoria dos problemas levantados pela pesquisa.

Nesse estudo optou pela pesquisa através da entrevista, pesquisa documental, observação visando à compreensão da realidade de maneira mais integral. Implicando ao estudo compreender vários aspectos, relações e conexões tratando o conhecimento como flexível.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 ESCOLA ATUAL

A escola junto com a sociedade tem passado por transformações, principalmente, quanto ao acesso veloz a informação. Diariamente recebe-se um grande número de notícias de variadas fontes sendo a quantidade de informações geradas e recebidas maior que a capacidade de assimilação. Dessa maneira, essa sociedade prioriza as necessidades, interesses e ritmos de aprendizagem individual.

Mesmo diante a mudanças sociais, a escola mantém seu caráter de importância como estabelecimento de ensino coletivo, onde crianças e jovens permanecem no mínimo onze anos de suas vidas de cunho obrigatório.

A escola é fundamentada na vivencia de valores democráticos, na garantia a todos e cada um, do direito de aprender e se desenvolver com qualidade, assegurando a permanência e resultados efetivos como construir o gosto pela leitura, desenvolver o pensamento lógico, a pratica da pesquisa, a sensibilidade pelas artes […] (URUGUAIANA, 2015, p 08)

A fundamentação da escola como um direito de todos tanto no ponto de vista de acesso como de permanecia é imperativo. A permanência, no entanto, tem caráter desafiador levando em consideração que o aluno hoje vive em uma sociedade que passou por muitas modificações. Modificações de cunho social e moral. Logo, a escola com os conjuntos de profissionais que ali atuam necessita construir com o estudante vínculos suficientes para que a aprendizagem seja significativa.

Essa escola como instituição de ensino com processos formativos inspirada nos princípios de liberdade e ideais de solidariedade humana necessita garantir a efetivação dos Princípios e Fins da Educação Nacional. Dessa maneira, a qualidade desse ensino vem sendo alvo de legislações nacionais que intensificam essa importância à qualidade que diz respeito à ação pedagógica e a estrutura para que ela se consolide de forma real. Logo, a LDB dá suporte legal citando: “IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade quantidade mínima, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.” (BRASIL, 1996, Art. 4).

Dentro dessa perspectiva de educação para todos considerando a heterogeneidade presente na escola, qualidade e a valorização da diversidade humana a educação inclusiva necessita ser vista como uma forma de ensino qualitativa e eficaz.

Assim, a equidade requer que a instituição escolar seja deliberadamente aberta à pluralidade e à diversidade, e que a experiência escolar seja acessível, eficaz e agradável para todos, sem exceção, independentemente de aparência, etnia, religião, sexo ou quaisquer atributos, garantindo que todos possam aprender. (MEC, 2016, p 11)

A equidade levando em consideração à pluralidade e a diversidade o MEC constrói uma Base Nacional Curricular Comum onde houve mais de 12 mil contribuições, sendo que 9 mil professores opinaram para a elaboração desse documento que nesse mês de abril foi enviado ao Conselho Nacional de Educação. Ressaltando a importância de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem conhecer na Educação Básica.

A inclusão escolar enquanto paradigma educacional tem como objetivo a construção de uma escola acolhedora, onde não existam critérios, nem urgências de natureza alguma, nem mecanismos de seleção ou discriminação para o acesso e permanência com sucesso de todos os alunos. (MEC, 2006, p 15)

A escola inclusiva entende a aprendizagem não de maneira estagnada, mas dinâmica onde se pode chegar a uma mesma aprendizagem de maneiras diversas e que todos os seres têm potencialidade de aprender algo. Com isso, a escola acolhedora compreende o estudante como um ser único que deve ser possibilitado condições necessárias, cuidadosamente planejadas. A organização leva em conta as habilidades e competências adquiridas num processo gradual com auxílio de diversos recursos, um conjunto de estímulos que prioriza a aprendizagem.

Sabemos da necessidade e da urgência de se enfrentar o desafio da inclusão escolar e de colocar em ação os meios pelos quais ela verdadeiramente se concretiza. Por isso, temos de recuperar o tempo perdido, arregaçar as mangas e promover uma reforma estrutural e organizacional de nossas escolas comuns e especiais. Ao conservadorismo dessas instituições precisamos responder com novas propostas, que demonstram nossa capacidade de nos mobilizar para pôr fim ao protecionismo, ao paternalismo e de todos os argumentos que pretendem justificar a nossa incapacidade de fazer jus ao que todo e qualquer aluno merece: uma escola capaz de oferecer-lhe condições de aprender na convivência com as diferenças. (MEC, 2006, p 15)

O desafio da inclusão é a efetivação daquilo que é legal na prática cotidiana. Entendendo que para essa efetivação são necessárias mudanças de cunho pedagógico e também estrutural. Com isso, as salas de recursos promovem a acessibilidade curricular com alunos do ensino regular na eliminação de barreiras para a superação da integração a inclusão escolar.

Na inclusão a diferença torna-se uma possibilidade para a autonomia e a construção de critérios de igualdade de justiça. Dessa maneira, uma reestruturação da educação com formações de profissionais e informação aos pais como forma de transpor os obstáculos do preconceito e superação dos saberes especializados.

2.2 ESTUDANTE

A primeira definição que surge quando se pensa em estudante é de um indivíduo que recebe instrução, um discípulo que aprende com um mestre, pessoa que frequenta regularmente um curso ou instituição. Entretanto vai muito além, constitui-se em um ser único dotado de habilidades e potencialidades.

O estudante atual possui singularidades ligadas aos estímulos desde cedo por brinquedos interativos, computadores, televisão, rádio, enfim um número elevado de informações. Dessa forma, estabelecendo maior grau de ligações entre neurônios. Logo, Tiba relata que “A diversão hoje envolve desafios mentais, e mesmo brinquedinhos têm finalidades psicopedagógicas apropriadas as diversas idades. As crianças não escapam da telinha nem correm mais soltas na rua.” (TIBA, 2002, p 234)

Nessa perspectiva de estudante atual, o educador argentino Mariano Narodowzky expõe em sua obra dois polos da infância moderna que ultrapassa a concepção da criança dependente. Assim, havendo a necessidade de uma ressignificação levando em consideração esses pontos.

Um é o polo da infância hiper-realizada, da infância da realidade virtual. Trata-se das crianças que realizam sua infância com a Internet, os computadores, os sessenta e cinco canais da TV a cabo, os videogames, e há tempo deixaram de ocupar o lugar do não-saber. (…) O outro ponto de fuga é constituído pelo polo que está conformado pela infância desrealizada. É a infância que é independente, autônoma porque vive na rua, porque trabalha desde muito cedo e é a infância não da realidade virtual, mas da realidade real. (NARODOWZKY, 2001)

O perfil da criança atual contrapõe-se à imagem clássica do aluno como sujeito idealizado. Essa criança traz para dentro da escola além dos valores tradicionais os influxos culturais específicos da sociedade contemporânea com aspectos heterogêneos elevados em todos os níveis.

Desfaz-se a concepção de estudante como uma folha em branco, mas um sujeito histórico, cultural e político. Por isso Freire diz “É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento”. (FREIRE, 1996, p 23) Esse, estudante não é uma conta bancária onde é depositado conhecimentos de todos os tipos e logo os possui. Ou um computador que possui uma memória tamanha que guarda informações e quando solicitado simplesmente as disponibiliza.

Como um ator da sua história, o estudante, constrói a aprendizagem. Num processo cumulativo de experiências, saberes e práticas interligadas por meio da relação espaço-temporal e pela dimensão relacional que os mais diversos sujeitos estabelecem entre si em seu dia-a-dia. Onde há uma percepção do ser como “programado para aprender”. Logo, agente ativo capaz de intervir num desenvolvimento autônomo em favor dessa aprendizagem.

2.3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Na busca para atender as diversas necessidades na educação atual quanto a alfabetização não somente o governo tem procurado alternativas a qualidade de ensino com Pacto Pela Educação na Idade Certa iniciado em 2012 e 2ª versão da Base Nacional Curricular Comum em 2016 que propõe garantir aprendizagens básicas às crianças e um trabalho em conjunto com as escolas afim de (re)criar os Projetos Políticos Pedagógicos juntamente com outras alternativas. Mas, a escola com seus profissionais e a comunidade escolar veem a necessidade de um maior comprometimento com esse tema.

Contudo, à Alfabetização e letramento de qualidade faz-se necessário entender algumas concepções sobre alfabetização e letramento, teorias de aprendizagem e quais são os desafios enfrentados.

Em palavras mais simples, alfabetizar não significa apenas ensinar a relação entre grafemas e fonemas (e vice-versa), nem somente ensinar o processo de expressão/ compreensão de significados. Esses dois nas palavras de Soares (2007) parcialmente verdadeiros […] (FERRONATO, 2014, p 16)

Ler e escrever na alfabetização compõe-se em um processo com um conjunto de habilidades que detém diferentes faces. Necessitando que o educador domine diferentes eixos epistemológicos para conhecer habilidades primordiais envolvidas nesse processo. Com isso, alfabetização ultrapassa conceitos de decodificações para um objeto cultural dialógico cumprindo diversas funções na existência humana.

Nesse sentido, o letramento acrescenta considerando situações de escrita como uma necessidade básica considerando o ambiente em que se vive. A relação entre alfabetização e letramento é inegável, mas são processos diferentes que associados possibilita práticas sociais de leitura e escrita trazendo sentido e valor.

Em síntese: o letramento é condição para a alfabetização, para o domínio das correspondências entre grafemas e fonemas, mas a alfabetização e a exploração sistemática dessas relações grafofonêmicas são também condição para o letramento. Do mesmo modo, o conhecimento das hipóteses feitas pelas crianças no aprendizado da língua escrita é condição fundamental para seu aprendizado, mas a análise e a exploração gradual e sistemática das características formais da língua escrita são também condição fundamental da alfabetização. (MEC, 2016, p 69)

O letramento e alfabetização são práticas que necessitam ser trabalhadas de maneira conjunta. Para o estudante aprender a escrever requer habilidades cognitivas e motoras; Inicialmente deve-se diferenciar formas gráficas de escrita e gráficas de expressão; Ter conhecimento convenções gráficas fundamentais (orientação escrita de cima para baixo, esquerda para direita e delimitação de palavras e frases); Que tanto a fala como a escrita são produzidas de forma linear; Aprender o alfabeto nomeando-o e identificando-o. Compreendendo que as letras são unidades estáveis e que representam na escrita os “sons”; Distinguir cada letra do alfabeto, capacidade motora de grafar, conhecer diferentes formas da letra com seu valor funcional; Saber a identidade funcional da letra; Conhecer regras de concordância da letra entre grafema e fonema; Fazer relação entre o que é falado e o escrito; Aprender as regras ortográficas.

Ao mesmo tempo em que consideramos urgente, como propõe Soares(2003), “reinventarmos” o ensino de alfabetização, indicamos que uma outra dificuldade a enfrentar são as tentativas de ressuscitar os velhos métodos fônicos e silábicos, como se fossem a adequada solução para superarmos o fracasso de nossas escolas públicas em alfabetizar. (MORAIS, 2014, p 25)

A “reinvenção” do ensino de alfabetização vem trazendo um olhar ao indivíduo como um ser único ativo e de relações dotado de capacidades, potencialidades, interesses e ritmo de aprendizagem. Não dando ênfase, a métodos de ensino certos ou errados, porém, a uma aprendizagem significativa dentro do contexto atual. Entendendo que a aprendizagem é construída pelo sujeito através de sua relação com os outros e com o mundo.

A teoria dialética do conhecimento nos aponta que o conhecimento se dá basicamente em três grandes momentos: a Síncrese, a Análise e a Síntese. Ora, sendo essa dinâmica de conhecimento universal, vale também para a situação pedagógica. (VASCONCELLOS, 1992, p 02)

O processo de conhecimento é orientado por parte do educador. A partir do interesse do sujeito em conhecer, o educador necessita provocar um vínculo significativo inicial como desafio. Proporcionar uma interação (interna e externa) para construção do conhecimento. Visar a sistematização do conhecimento que acontece partindo do movimento do pensamento (Do abstrato ao concreto).

2.4 EDUCADOR

O educador atual tem características próprias que o destacam frente aos desafios da atualidade. Dessa maneira, vocacionado para a área de atuação, que age como educador, porque primeiro, age como um ser humano. Logo, ensina o conhecimento sistematizado ou não.

A realidade muda constantemente e as aulas pararam no tempo e no espaço! Monótonas por sua rotina, principalmente pela repetitividade das técnicas de ensino. O repetitivo se torna um dos fatores mais decisivos para a passividade do aluno. Não existem apelos à criatividade, ao raciocínio. Tudo é ensinado para todos ao mesmo tempo, supondo que todos têm as mesmas dificuldades. Não existe um existe um ensino individualizado. O aluno que apresentar essas supostas características acompanha as aulas, os demais, por apresentarem outras dificuldades e por não conseguindo os resultados satisfatórios, serão certamente rotulados de problemas ou alunos indisciplinados, sem concentração. (FEIL, 1983, p 29)

Diante de tantas transformações o educador e sua prática necessitam ter um olhar diferenciado que entenda o estudante na sua singularidade. Buscando uma qualidade do ensino que acredita na capacidade que todos têm em aprender. Sem que haja exclusão de qualquer tipo.

Com isso, Saraiva (p 96, 2009) “Educador do bom faz com que as pessoas se apaixonem pelo ato de aprender, faz com que saibamos aprender por nós mesmos e nos diverte[…]”. Essa paixão ou encantamento que desperta nos estudantes torna-se possível pela atitude do educador ser apaixonado pelo que faz. Aprender não torna-se algo monótono e chato, mas, prazeroso. Pois é a capacidade que o ser humano tem de assimilar, projetar, produzir novos conhecimentos mudando uma perspectiva.

O educador especial nesse período de alfabetização escolar atua como facilitador do desenvolvimento onde conhece maneiras diferenciadas para aprender. Logo, pode intervir satisfatoriamente nesse processo utilizando técnicas para a compensação dessas dificuldades como Grace Fernald defensora da Pedagogia Cientifica aborda:

Para ela todas as dificuldades de aprendizagem podem ser compensadas por técnicas adequadas, mediante modelos de diagnósticos e estratégias de tratamento, ela fornece sugestões para intervir nos problemas de insucesso escolar e emocionais concomitantes […]. (JARDIM, 2005, p 47)

A aprendizagem num parâmetro inclusivo entende que o estudante recebendo intervenções pedagógicas adequadas e enriquecidas, estratégias instrumentais especiais. Contudo, não há um método bom e outro mau, existem formas que um aluno aprende e outro não. Por isso, faz-se necessário ao sistema educacional como uns todos processos dialéticos e dinâmicos à aprendizagem.

A ação docente tendo em vista a inclusão é de extrema complexidade. Observando os limites de acolhimento às diferenças e a proposta de um currículo flexível onde o professor educador dá individualização ao ensino, novo olhar para a prática docente. Esse olhar exige que a pessoa do educador esteja provocada, distinta e mobilizada para que a prática dessa não se torne um treinar de novas técnicas.

O professor educador inclusivo compreende a necessidade de conhecer a realidade do estudante sem a qual se torna impossível trabalhar de maneira à construção de uma aprendizagem significativa. Além disso, de diagnosticar para detecção daquilo que foi aprendido, que necessita ser recuperado, aprofundado, sistematizado e socializado.

Esse professor também entende que avaliação trata de verificar em que medidas os conhecimentos, competências e habilidades foram construídos ou os que estão em processo de construção. Dessa maneira, diagnosticar de forma integrada para iniciar um planejamento definindo objetivos e ações. Tornando-se um pesquisador reflexivo da ação sem perder a amorosidade, acolhimento e integração.

Contudo, ensina e aprende tanto do ponto de vista cognitivo como afetivo. Tendo uma postura ética e política. Superando a visão simplista de um executor de atividades, para um pesquisador da sua prática pedagógica. Respeitando a autonomia do estudante. Refletindo sobre sua prática de forma crítica, sendo disponível a mudança.

2.5 ANÁLISE DE DADOS

O presente trabalho mostra a análise realizada através da observação, análise de documentos e entrevista na E.M.E.E. Antônio Mary Ulrich em uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental, localizada na cidade de Uruguaiana – RS, no bairro São João. Composta por duzentos alunos distribuídos em nove salas de aulas.

A escola possui Regimento Escolar e Plano Político Pedagógico como norteadores ao trabalho da escola como um todo. Em seu quadro de pessoal Diretor, Vice-diretor, Supervisor Escolar, Secretário e Auxiliar de Secretaria, Professores Regente de Classe, Merendeira, Funcionário para Limpeza, Monitor Pedagógico. Coordenador Projeto Novo Mais Educação e Professores para oficinas. Em seu espaço físico possui pracinha, quadra de esportes, sala da direção escolar, sala para secretaria, sala para supervisão junto com sala dos professores, laboratório de informática, biblioteca, cozinha e refeitório, banheiros contendo um adaptado para PNE (Portador de Necessidades Especiais). Os professores têm em sua maioria nível superior completo e alguns com pós-graduação.

A turma do 2º ano do turno da tarde é composta por vinte e cinco aluno, sendo treze meninas e doze meninos. Durante o diagnóstico inicial do ano letivo foi observado que a maioria da turma possui bem desenvolvido as competências e habilidades específicas para o ano anterior em relação a alfabetização e letramento. A maioria da turma faz relação som x letra sem dificuldade. Sendo que dois alunos conhecem e fazem relações entre vogais e algumas consoantes. Expressam-se oralmente narrando, contando fatos, criando e recriando histórias. Duas alunas possuem dificuldade em pronunciar algumas letras que já foram encaminhadas para a fonoaudióloga pela Supervisão Escolar. Reconhecem de forma geral as sílabas dentro de palavras, apenas três alunos possuem dificuldade quanto a esse reconhecimento. Na escrita doze alunos estão no nível de escrita alfabético, dez silábico-alfabético, um silábico e dois pré-silábico. A maioria faz leitura de palavras, frases e pequenos textos.

A professora da turma leva em consideração como referencial teórico visando a alfabetização e letramento tendo em vista o ritmo de cada aluno na aprendizagem Piaget e Paulo Freire. Pois, considera ícones no estudo da aprendizagem humana. Piaget na defesa de uma abordagem interdisciplinar para a investigação epistemológica. Enquanto, Freire defende a crença que o educando assimila o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade.

Nessa turma entende-se por parte da professora que seu maior desafio é que todos os alunos ampliem suas aprendizagens em relação a alfabetização e letramento. Acredita que todos os alunos podem melhorar, mesmo possuindo casos de alunos PNE e problemas afetivos através de atividades diferenciadas e auxílio da família.

Entendendo, que o educador necessita de um suporte pedagógico a supervisão faz o acompanhamento da turma através de testagens para diagnosticar, observações e dando sugestões de o que pode ser trabalhado e de que maneira. Os alunos que necessitam de encaminhamento para especialistas há o chamamento da família e realizado as intervenções necessárias. A direção escolar faz a gestão do Projeto Novo Mais Educação onde esses alunos com maior dificuldade são convocados. Além da Recuperação Paralela que a educadora costuma realizar com esses estudantes.

O presente trabalho orienta que a escola que continue realizando estratégias pedagógicas diferenciadas com esses alunos com maior dificuldade. Diferenciadas tanto em tipos de atividades, como em recursos. Prossiga dentro de sala de aula na disposição das mesas em duplas onde os alunos com menos dificuldades, ajudam aqueles que possuem mais.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alfabetizar e letrar incluindo é ter um olhar diferenciado ao estudante. Olhar que acolhe segundo as necessidades, habilidades e potencialidades. Que possibilita a aprendizagem com um ambiente pedagógico, planejamento e ações diversificadas. Esse olhar abrange uma legislação própria, a escola e cada profissional envolvido no processo de ensino e aprendizagem, não pode ser restrito. Por esse motivo, a hipótese de um educador inclusivo no auxílio da Alfabetização e Letramento faz-se necessário com contribuições significativas para o avanço do estudante em processo de alfabetização por compreender as diferentes formas em aprender.

Com isso, o objetivo geral de promover alternativas para uma prática docente de qualidade na alfabetização foi efetivado no momento de reflexão sobre a prática a luz de referências teóricos que suportem a prática. Essa reflexão faz-se necessária continuamente no processo de ensino e aprendizagem. Também permitindo que o educador busque novos / diferentes referenciais pedagógicos, supere através do conhecimento e prática os desafios enfrentados, mantenha uma relação de proximidade no trabalho em aula e o auxílio do Supervisor Pedagógico.

Percebe-se que o problema de como contribuir com a alfabetização e letramento de qualidade numa visão inclusiva em uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental da E.E.E.F. Antônio Mary Ulrich torna-se possível mesmo diante da heterogeneidade em sala de aula e mudanças ocorridas na sociedade atual visando aprendizagem efetiva do aluno dentro de suas habilidades e potencialidades.

REFERÊNCIAS

BRASIL. MEC, Elementos Conceituais e Metodológicos Para Definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização(1º, 2º e 3º Anos) do Ensino Fundamental Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12827-texto-referencia-consulta-publica-2013-cne-pdf&category_slug=marco-2013-pdf&Itemid=30192 . Acessado em: 01/03/2017.

_______. MEC. Base Nacional Comum Curricular. Proposta preliminar. Segunda versão revista. Brasília: MEC, 2016. Disponível em: http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/Base0416.pdf Acessado em 16/04/2017.

_______. MEC – Ensaios pedagógicos. Brasília: Ministério da Educação, Secretária da Educação Especial, 2006. 146p.

_______. MEC – Experiências Educacionais Inclusivas: refletindo sobre o cotidiano escolar. Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/919/1/experiencias_educacionais_inclusivas_.pdf Acessado em: 09 de abril de 2017.

______. LDB – Lei 9.396, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm . Acessado em: 01/03/2017.

______. MEC – Resolução nº 7. 2010, Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf Acessado em: 02/03/2017.

FEIL, Iselda T. Alfabetização: um desafio novo para um novo tempo. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1983.

FERRONATO, Raquel Franco. Alfabetização e Letramento. Londrina: Unopar, 2014.

KLEIN e PÁTARO, Ana Maria e Cristina Satiê de Oliveira. A escola frente às novas demandas sociais: educação comunitária e a formação para a cidadania. Disponível em: < http://www4.pucsp.br/revistacordis/downloads/numero1/artigos/1_escola_novas_demandas.pdf >. Acesso em: 31 março de 2017.

MORAIS, Arthur Gomes de. Sistema de escrita alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.

NARODOWSKI, Mariano. Infância e poder. A conformação da pedagogia moderna. Bragança Paulista, Universidade de São Francisco.2001.

SARAIVA. Superdicas para ensinar a aprender. São Paulo: Editora Saraiva 2009.

SILVA. Luciane Amaral da. Uso Pedagógico de Mídias na Escola: práticas inovadoras. In Revista Eletrônica de Educação de Alagoas. Volume 01. Nº 1. Ano 2013. Disponível em: http://www.educacao.al.gov.br/reduc/edicoes/1a-edicao/artigos/reduc-1a-edicao/O%20USO%20PEDAGOGICO%20DE%20MIDIAS%20NA%20ESCOLA_Luciene%20Silva.pdf Acessado em: 02/03/2017.

TIBA, Içima. Quem ama, educa! São Paulo Editora Gente. 2002.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de educação AEC. Brasília: abril 1992 (n.83)

URUGUAIANA, E.E.E.F. Antonio Mary Ulrich. 10ª Coordenadoria Regional de Educação. Projeto Político Pedagógico. Uruguaiana, 2005, p 14.

[1] Especialização em Educação Especial- Faculdade Educacional da Lapa – FAEL; Graduação em Pedagogia – Universidade do Norte do Paraná – UNOPAR.

Enviado: Dezembro, 2018.

Aprovado: Junho, 2019.

 

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Fernanda Pereira Balsemão

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