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A influência da afetividade no processo de ensino-aprendizagem na educação básica

RC: 150340
909
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/influencia-da-afetividade

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SPER, Helaine Fernanda [1], BONFIM, Cláudia Ramos de Souza [2], DEDONÉ, Tiago Silvio [3], VENTURINO, Camila Domingues [4]

SPER, Helaine Fernanda et al. A influência da afetividade no processo de ensino-aprendizagem na educação básica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 11, Vol. 01, pp. 161-175. Novembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/influencia-da-afetividade, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/influencia-da-afetividade

RESUMO

Este artigo de caráter bibliográfico-explicativo e abordagem qualitativa, discute a importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem na Educação Básica. Baseia-se em diversos autores como Wallon, Vygotsky, Antunes, Freire, dentre outros, para compreender como as presenças de conexões emocionais, tanto entre professores e alunos – como entre seus pares – pode impactar consideravelmente a motivação, engajamento e o desempenho dos alunos. Questiona-se: como promover a inclusão da afetividade no processo de ensino aprendizagem, abordando os desafios que surgem com relação às emoções de alunos e professores como elementos centrais da educação? Considera-se que a relação de confiança, apoio mútuo e empatia criará um ambiente escolar acolhedor, receptivo e colaborativo. Além disso, a afetividade possui o poder de motivar os alunos, tornando o aprendizado mais significativo e inclusivo, já que os alunos se sentirão à vontade ao se envolver nas atividades escolares. Portanto, é crucial o investimento de conexões emocionais positivas no ambiente escolar para que assim, ocorra uma melhoria na qualidade da educação básica enaltecendo o valor social e afetivo.

Palavras-chave: Formação Docente, Afeto, Aluno, Relação, Subjetividade.

1. INTRODUÇÃO

A afetividade é um aspecto fundamental no processo de ensino-aprendizagem na educação básica. Ela está presente no relacionamento entre o professor e o aluno, influenciando diretamente na construção do conhecimento e no desenvolvimento da aprendizagem.

Contudo, ao refletirmos sobre este termo dentro das instituições escolares nota-se a rejeição deste elemento no processo de ensino-aprendizagem, sendo ignorada por diversos profissionais da educação em prol do cumprimento de metas curriculares. (Silva, 2013).

Diante disso, a aprendizagem se torna maçante, pois a construção da aprendizagem com relação à vivência do aluno não ocorre, e assim, o aprendizado não agrega as experiências reais dele.

Segundo Galvão (1995) Wallon vê a afetividade como a relação de emoções de natureza biológica, sentimentos e vivências humanas, que possibilita a transmissão ao outro do que sentimos. Portanto, como promover a inclusão da afetividade no processo de ensino aprendizagem, abordando os desafios que surgem com relação às emoções de alunos e professores como elementos centrais da educação?

Para que ocorra um desenvolvimento promissor faz-se necessário a satisfação da criança que é carinho, afeto e amor. E nesse aspecto, o professor possui a responsabilidade de inserir tais perspectivas em seu processo de ensino e conduzir a uma formação humana e integral.

No entanto, atitudes grosseiras e agressivas expressadas pelo professor conduzem o aluno a uma não apropriação do conteúdo e uma rejeição do mesmo, vendo o aprendizado como um obstáculo.

Desta forma, o professor se caracteriza como mediador em conduzir o aluno a uma formação humana e científica. Assim, deve pensar em metodologias correspondentes a esta formação, não deixando de lado a autoridade, mas agregando a afetividade em suas relações dentro do processo de ensino, para gerar alunos empáticos, virtuosos e abertos a acolher aprendizados.

Destarte, este artigo tem como objetivo discutir a importância da afetividade na Educação Básica, abordando a relação entre afetividade e aprendizagem, bem como, as implicações positivas do desenvolvimento afetivo na sala de aula.

O presente artigo, de cunho bibliográfico e abordagem qualitativa é baseado em autores como Antunes (2007), Aranha (1996), Catherine L’ Ecuyer (2015), Freire (2022), Libâneo (1994), Nóvoa (2019), Piaget (1990), Brasil (1998), Wallon (2008), entre outros.

Ele apresenta-se estruturado em três seções: na primeira seção conceitua-se o termo afetividade; a próxima seção, expõe sobre a importância da inserção da afetividade no processo de ensino-aprendizagem; na terceira seção, destaca-se a importância da formação dos profissionais da educação para o desenvolvimento da afetividade na educação básica, a fim de que os alunos possam ter uma aprendizagem integral, com significado e prazerosa.

2. CONCEITO DE AFETIVIDADE

De acordo com o dicionário Aurélio, a afetividade se caracteriza da seguinte forma:

s.f.1. Qualidade ou caráter afetivo. 2. Psic. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegrias ou tristezas (Ferreira, 2004, p. 61).

Logo, ela pode ser considerada um aspecto fundamental na vida do ser humano e está presente em todas as relações interpessoais influenciando no comportamento e personalidade dos indivíduos.

Na educação, a afetividade nem sempre foi um ponto a ser valorizado, no entanto, sempre esteve presente de diversas formas no decorrer da história da educação.

A princípio, na antiguidade a educação referia-se à formação da virtude e caráter do indivíduo. Tanto nos pensamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles, identificamos os elementos educacionais em suas filosofias.

Na República, a filosofia, a educação e a política são indissolúveis. No Menon, virtude é ensinável pelo fato de o homem nascer com ela, graças à anamnese […]. Cabe à filosofia, sinônimo de projeto educacional, tornar o homem modelo de virtude. A moralidade deve anteceder às qualidades intelectuais […]. Também em Aristóteles, o filosofar confunde-se muitas vezes com os verbos ensinar e aprender. Na Metafísica, afirma que a possibilidade de ensinar é indício de saber […]. Deve-se observar especialmente sua filosofia da ação, em que elabora conceitos de escolha, de deliberação, do agir racional […] e, ainda, seus ensinamentos sobre os procedimentos metodológico, sobre os tipos de discursos (dedutivos, dialéticos, retóricos e poéticos) e sobre as investigações relativas à natureza da alma, da percepção, das faculdades e dos processos cognitivos. (Paviani, 2017, p. 15-16).

De acordo com o filósofo Platão (2008), no livro “A República”, a afetividade se relaciona a beleza, a sabedoria e a justiça. Assim, por meio destes valores o sujeito alcançará a felicidade no mundo das ideias.

Já na Idade Média era caracterizada como uma ameaça à moralidade, e assim, foi reprimida e controlada. Posteriormente, no iluminismo o termo afetividade não se caracterizou como seu ponto focal, uma vez que os seus principais filósofos destacaram a importância da razão sobre as emoções.

Logo, de acordo com Aranha (1996), a educação neste período era de responsabilidade do Estado, de ordem laica, visando a prática, as técnicas e ofícios e com ênfase nas ciências, descartando o estudo humanístico.

Mais tarde, no século XX as concepções psicológicas começam a influenciar grandemente o campo educacional, mudando algumas vertentes já estabelecidas durante a história sobre a afetividade.

Com as teorias de Piaget (1990), Wallon (2008) e Vygotsky (2010), a afetividade começa a ter um espaço importantíssimo no processo de ensino-aprendizagem, e assim, constatam como esta influencia na captura de informações, na construção de saberes e na relação social tanto com o professor como com a comunidade em que o indivíduo está inserido.

Conforme Wallon (2008, p.73),

[…] a afetividade constitui um papel fundamental na formação da inteligência, de forma a determinar os interesses e necessidades individuais do indivíduo. Atribui-se às emoções um papel primordial na formação da vida psíquica, um elo entre o social e o orgânico.

Portanto, a inserção desta na educação não emite dificuldades ou até a perca de autoridade do professor, mas sim, um auxílio, pois se destaca como um conceito promissor no quesito do desenvolvimento intelectual e social do aluno, ou seja, a afetividade não se refere a “passar a mão na cabeça” do aluno ou não ter um posicionamento, mas sim conhecer seus alunos e ajudá-los em suas dificuldades, prezando a empatia e o respeito.

As relações afetivas se evidenciam, pois, a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente (Almeida, 1999, p. 107).

De tal forma, se um aluno se sente amado e acolhido, ele terá maior liberdade para aprender tal conteúdo e confiar no professor que lhe conduz.

Considerando Arantes (2002, p. 164) “na perspectiva genética de Henri Wallon, inteligência e afetividade estão integradas: a evolução da afetividade depende das construções realizadas no plano da inteligência, assim como a evolução da inteligência depende das construções afetivas” Portanto, a partir destes conceitos e abordagens, observa-se o papel indispensável da afetividade nas relações sociais e no processo de ensino-aprendizagem do aluno.

3. A INSERÇÃO DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM

A partir da reflexão e da menção histórica do conceito de afetividade, podemos compreender a importância deste elemento no ambiente escolar – especificamente – no processo de ensino-aprendizagem.

O termo ensino-aprendizagem, refere-se à ligação entre professor (ensino) e o aluno (aprendizagem), onde não há uma dissociação, pois caminham juntos em prol de resultados promissores.

Logo, a afetividade possui o poder de ampliar o aprendizado dos alunos, e torna-los seres curiosos perante sua realidade. Desta forma, Freire (2002, p.26) nos relata que:

O processo de aprender, em que historicamente descobrimos que era possível ensinar como tarefa não apenas embutida no aprender, mas perfilada em si, com relação a aprender, é um processo que pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais e mais criador.

Assim, o ambiente escolar é um fator principal quando se trata do aprendizado dos alunos e a sua relação com o professor. Assim, quando há um ambiente propício para o ensino, os alunos se sentem mais motivados, interessados e conscientes daquilo que é passado pelo professor.

De acordo com Mattos (2008, p. 5),

A afetividade é um caminho para incluir qualquer educando no ambiente escolar. É a mediadora entre a aprendizagem e os relacionamentos desenvolvidos em sala de aula, na busca da inclusão de qualquer educando na escola. Entende-se a diferença como a especificidade de cada um, em seus múltiplos e complexos comportamentos. Entende-se, ainda, a diferença como o vivido de cada um, em sua realidade social e cultural. Entende-se, mais ainda, que a permanência do educando na escola depende da aceitação, da motivação e da autoconfiança que ele percebe quando entra no ambiente escolar. Esses fatores e tantos outros podem facilitar a permanência e a aprendizagem.

Em uma situação em que o professor se delimita como autoritário ou se recusa a aderir a metodologia afetiva, consequentemente suas aulas se tornam maçantes, rígidas e conteudistas.

Portanto, estas consequências gerarão alunos desmotivados, desinteressados, cansados e improdutivos. No entanto, os professores podem também se sentir desgastados com tais situações, pois a falta de relações amistosas no ambiente escolar resulta em desmotivação por parte do professor ocasionando em um desgaste emocional afetando sua prática pedagógica e o ambiente de trabalho.

Freire (2022, p. 140) destaca “a prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje”. Sendo assim, o ensino-aprendizagem na educação básica não se refere somente a fins científicos, mas a uma formação integral desenvolvendo habilidades socioemocionais e socioculturais, a fim de que os alunos reconheçam suas limitações, construam um caráter empático e uma consciência ética.

A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são construídas e se modificam de um período a outro, pois à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas (Almeida, 1999, p. 50).

Os professores devem valorizar a ideia da inserção da afetividade em sua prática, onde irão acolher o aluno como uma pessoa íntegra, promovendo uma evolução tanto na parte pedagógica, mas também na conquista de virtudes e saberes sociais, para que assim, ocorra um conexões entre o conteúdo e as experiências individuais dos alunos, criando práticas que influenciem uma conexão entre a emoção e o processo de ensino-aprendizagem.

Logo, segundo L’Ecuyer (2015, p. 160):

O papel do educador- começando pelos pais- consiste em entender até que ponto a criança está preparada para receber determinadas informações, ou quais comportamentos observar, e agir como um filtro externo, protegendo-a do que apresenta um risco para seu desenvolvimento em cada momento.

Sendo assim, pode-se perceber a importância que a afetividade possui quando inserida no processo de ensino-aprendizagem. É primordial para os professores e profissionais da educação o conhecimento sobre esta inserção e meios para que realmente aconteça no dia a dia escolar

4. FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E A AFETIVIDADE

Na seção anterior, observou-se a importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, para que esta inserção ocorra faz-se necessário uma boa formação pedagógica aos profissionais da educação.

De acordo com a LDB nº 9394/96 no art. 61:

Consideram-se profissionais da Educação Escolar Básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos e conhecidos, são:

I – Professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio (Brasil, 1996).

Neste sentido, é preciso que a formação de professores em cursos de graduação, pós-graduação, formação continuada, dentre outros, não se direcione apenas ao desenvolvimento de habilidades técnicas e pedagógicas, mas também sociais ligadas à formação da complexidade das emoções humanas e ao desenvolvimento da empatia e sensibilidade em resolver diversos problemas que interfiram no processo de ensino-aprendizagem do aluno.

Logo, segundo Nóvoa (2019, p.7),

Do mesmo modo que a metamorfose da escola implica a criação de um novo ambiente educativo (uma diversidade de espaços, práticas de cooperação e de trabalho em comum, relações próximas entre o estudo, a pesquisa e o conhecimento), também a mudança na formação de professores implica a criação de um novo ambiente para a formação profissional docente.

À vista disso, formações de qualidade para os docentes seriam úteis na inserção da afetividade no cotidiano escolar, resultando em um ambiente acolhedor. E assim, é notório destacar que a afetividade nos tempos modernos se faz importante em quaisquer relações humanas, especialmente nas relações infantis.

Logo, é pelo uso da afetividade que o professor cria relações amigáveis com os alunos instigando-os a aprender e se interessarem pelo conteúdo. Segundo Veiga (2007, p. 102) “a aprendizagem é um processo em que o próprio sujeito mobiliza suas capacidades cognitivas e afetivas para compreender, controlar e decidir sua aprendizagem”.

Destarte, a afetividade e a aprendizagem devem andar juntas com o objetivo de consolidar o entendimento de cada aluno. Os professores devem possuir uma sensibilidade diante às experiências dos alunos e compreender as diferentes formas que cada indivíduo possui ao aprender.

No passado, a formação de professores se caracterizava como tradicional e autoritária. Não havia conceitos socioemocionais e nem o estudo sobre o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

Contudo, na contemporaneidade, a formação de professores vem sendo valorizada e reformulada para que os profissionais da educação possam ter conhecimentos mais contextualizados.

Inspirada no comentário de Vygostky, Dantas (2007, p. 42) vê a formação docente como um:

 […] processo complexo, visto que, o sujeito que aprende, precisa interagir social e historicamente, visando construir suas representações mentais através da construção de conceitos possibilitando aquisição de sentidos e, ao mesmo tempo, a aproximação dos significados/conceitos científicos adquiridos por meio de aprendizagens formais.

Desta forma, o docente necessita constantemente repensar e reorientar sua práxis pedagógica por meio de formações continuadas que possibilitem a aprendizagem de saberes e formas de aperfeiçoamento de sua metodologia.

Assim, a afetividade é um fator transformador na educação. Ela transforma a sala de aula em um ambiente acolhedor e vai além deste ambiente, se voltando também para a metodologia do professor.

Alguns dos documentos que norteiam a educação como as Diretrizes Curriculares da Educação, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), dentre outros, recordam muito a premissa de uma educação voltada à formação integral do aluno e para que isto ocorra faz-se necessário a proposta de uma formação qualificada aos docentes.

Deste modo, o RCNEI (Brasil, 1998, p. 68) enfatiza que, “a instituição deve proporcionar condições para que todos os profissionais participem de momentos de formação de naturezas diversas como reuniões, palestras, visitas, atualizações por meio de filmes, vídeos etc.”.

Logo, é de suma importância que o professor possua ferramentas para lidar com os diversos acontecimentos em sala de aula. O professor – parte integrante no processo de conhecimento do aluno – necessita conhecer as especificidades de cada um presente na classe e suas maiores dificuldades.  Ao acolher o aluno com suas limitações, sentimentos e fragilidades, este se sentirá mais disposto a compreender os conteúdos passados pelo professor e terá uma visão mais respeitável sobre os estudos (Antunes, 2007).

Devido a este fato, o professor em uma sala de aula necessita ser aquele que acolhe e que orienta não um indivíduo julgador e impaciente. Assim, é necessário que dissipem a ideia de afetividade na educação como um ato de falta de autoridade. O professor que pratica uma educação afetiva possui maior autoridade perante os alunos, pois constrói uma relação de respeito entre seus respectivos discentes.

Libâneo (1994), nos relata que o ato pedagógico se define como uma atividade de interação entre os seres sociais que provoca mudanças significativas sobre aqueles que são acometidos. Este ato, possui a eficácia de profunda mudança e assim, os seres se tornam ativos na própria ação exercida, cometidos pela sua responsabilidade nas tomadas de decisões.

Em vista destes fatos, a afetividade no processo de ensino-aprendizagem não é uma inimiga do professor, mas sim, uma peça fundamental na aplicação de uma metodologia ativa e na mudança de perspectiva que o aluno poderá ter sob sua aprendizagem.

De acordo com Freire (2022, p. 24), “[…] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”. Assim, é necessário que os docentes compreendam que ensinar não se resume somente em transmitir conhecimentos, mas criar modos em que os alunos criem um senso crítico, sempre se questionar e estar pronto a correr atrás daquilo que os instiga.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Enfim, a partir do trabalho desenvolvido, fica evidente como a afetividade pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem. A educação não se refere somente ao aspecto cognitivo, mas também emocional e social.

Assim, é através da afetividade que os alunos se sentem mais abertos ao diálogo e a escuta, no qual resultará em uma motivação e engajamento no processo de ensino-aprendizagem.

O professor como mediador tem uma responsabilidade grandiosa, pois se relaciona com outros indivíduos, assim, é necessário que crie situações em que haverá um ambiente saudável e propício ao aprendizado.

Logo, ao incluir a afetividade na Educação Básica de forma consciente estará sendo construída uma educação integral que se preocupa com a individualidade dos alunos, assim, o viés de aprendizagem será modificado e estes terão maior potencial em criar uma sociedade mais humana, solidária e com um novo olhar sobre a educação.

Os pontos positivos da afetividade na escola são significativos, portanto, desempenham um papel crucial no desenvolvimento. Estes pontos se referem a melhora no desempenho acadêmico, aumento da autoestima e confiança, redução da ansiedade e criação de autonomia.

Logo, se refere a formação total do indivíduo, sendo de extrema importância uma formação de qualidade aos profissionais da educação. Estas formações são previstas por lei e podemos encontrá-las em pareceres e resoluções como Parecer CNE/CP nº 9, de 8 de maio de 2001 (Brasil, 2001), Resolução CNE/CP nº 2, de 30 de agosto de 2022 (Brasil, 2022), Resolução CNE/CP nº 1, de 2 de julho de 2019 (Brasil, 2019), dentre outros. Além destas resoluções e pareceres pode-se citar alguns programas propostos pelo governo federal. Dentre eles podemos relatar o Programa de Formação Inicial e Continuada, Presencial e a Distância, de Professores para a Educação Básica (PARFOR), Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência), entre outros programas.

Dessa forma, estes investimentos feitos pelo governo direcionados à educação não se perde, pois este se refere ao desenvolvimento dos alunos em sua formação, criando autonomia, e senso crítico para enfrentar os desafios na sociedade. Além disso, é de suma importância destacar que o impacto positivo desses investimentos não se restringe somente ao desenvolvimento individual dos alunos, mas perpassa por toda a sociedade.

Por fim, quando os alunos são instruídos por uma educação de qualidade e com uma formação voltada à integralidade se tornarão cidadãos humanizados e preparados para atuar em diversos aspectos da vida em comunidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999.

ANTUNES, C. Relações Interpessoais e a autoestima: a sala de aula como espaço de crescimento integral. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

ARANHA, M. L. A. História da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.

ARANTES, V. A. Afetividade no cenário da educação. Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Brasília, DF: MEC, 1996.

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol.1. Brasília: MEC/SEF, 1998.

_______. Parecer CNE/CP nº 09/2001, de 8 de maio de 2001. Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília: Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf. Acesso em: 06 out. 2023.

______. Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Brasília, DF: CNE, 2019. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=135951-rcp002-19&category_slug=dezembro-2019-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 30 set. 2023.

______. Resolução CNE/CP nº 02/2022 de 30 de agosto de 2022 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Disponível em: https://anec.org.br/wp-content/uploads/2022/08/RESOLUCAO-CNE_CP-No-2-DE-30-DE-AGOSTO-DE-2022.pdf. Acesso em: 01 out. 2023.

DANTAS, O. M. A. N. As relações entre os saberes pedagógicos do formador na formação docente. 2007. Tese (Doutorado em Educação). Natal: UFRN/PPGEd, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/14119/1/OtiliaMANAD.pdf Acesso em: 15 out. 2023.

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba, PR: Positivo, 2004.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 73. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022.

GALVÃO, I.. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

L’ECUYER, C. Educar na curiosidade: a criança como protagonista da sua educação São Paulo: Fons Sapientiae, 2015.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Nova Alexandria, 1994.

MATTOS, S. M. N. A afetividade como fator de inclusão escolar. Teias, Rio de Janeiro, ano 9, nº18, pp. 50-59, julho/dezembro 2008. Disponível em: http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/viewFile/271/283. Acesso em:  27 maio 2023.

NÓVOA, A. Os Professores e a sua Formação num Tempo de Metamorfose da Escola. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 44, n. 3, e84910, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-62362019000300402. Acesso em: 16 ago. 2023.

PAVIANI, J. Ética da formação. Caxias do Sul, RS: Educs, 2017.

PIAGET, J. A formação do símbolo da criança: Imitação, jogo e sonho, imitação e representação. Rio de Janeiro: LTC, 1990.

PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: UNESP, 2008.

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VEIGA, P. I. Ensinar: uma atividade complexa e laborosa. In: VEIGA, P, L. Lições de Didática. 2. ed. Campinas: Papirus, 2007.

VYGOTSKY, L. S. Psicologia Pedagógica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

WALLON, H. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

[1] Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-5583-3070.

[2] Doutorado e Estágio Pós-Doutoral em Educação (FE-UNICAMP); Docente da Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco; Tutora Bolsista do PET GEPES MEC FNDE; Membro dos Grupos Paideia/Unicamp-Campinas e Gepesic – UNESP – Araraquara. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0349-2461. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1026299512807183.

[3] Pós-Graduação stricto sensu: Mestrado em Formação de Gestores Educacionais (UNICID – SP); pós-graduação – lato sensu: Especialização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira; Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4666-6137. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2182145370502420.

[4] Orientadora. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-3190-775X.

Enviado: 13 de novembro, 2023.

Aprovado: 22 de novembro, 2023.

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Helaine Fernanda Sper

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