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Metodologia do ensino de geografia e seus desafios cotidianos

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BORGES, José Carlos [1]

BORGES, José Carlos. Metodologia do ensino de geografia e seus desafios cotidianos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 02, pp. 51-58. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/desafios-cotidianos

RESUMO

A Geografia tem sido utilizada antes mesmo da antiguidade, o estudo do espaço geográfico foi e é de grande importância para diferentes povos e nações do mundo, seja no processo de reconhecimento territorial ou até mesmo no processo de expansão. Como disciplina a Geografia passou a ter importância somente após o século XVIII, quando vários pensadores e teóricos elaboraram estudos voltados ao espaço geográfico e a relação homem, natureza. Sua aplicação no contexto educacional como prática pedagógica tem contribuído e muito para o desenvolvimento crítico e social dos alunos, em especial nas abordagens e conciliações dos conceitos científicos e cotidianos. Nesse sentido o presente artigo retrata através de pesquisa bibliográfica as diferentes concepções pedagógicas do ensino de geografia no contexto educacional com ênfase na Geografia Crítica, e apresenta sugestões de práticas de ensino que possam possibilitar melhorias nas práticas educacionais.

Palavras-chave: Abordagens Pedagógicas, desafios cotidianos, geografia crítica.

1. INTRODUÇÃO

O ensino da geografia privilegia as relações do homem e sua influência no espaço que está inserido. Segundo Kimura (2008, p. 179), “Considera-se que a análise do cotidiano é uma análise ampliada, abrangendo o político, o social e o econômico, que não se excluem como fatores explicativos”.

Com base nessa perspectiva a Geografia possui como função primordial compreender as principais características humanas, tanto de espaço natural, com a Geografia Física, quanto no espaço construído, por meio das ações e relações humanas, abordadas na Geografia Humana.

Atualmente o ensino de geografia tem buscado abordagens mais críticas e menos tendenciosas, procurando focar em uma análise, não somente do contexto que o ser humano está inserido, e sim nas relações humanas que o induziram a tal condição, essa tendência recebe o nome de Geografia Crítica.

Baseado nesse contexto os desafios dos professores de geografia não se limitam somente nas abordagens de temas atuais, grades curriculares ou controle de sala de aula, ele vai muito além. O professor se torna um mediador entre as condições internas e externas de aprendizagem, e tem como função abordar os principais níveis de aprendizagem exploratórios e específicos de cada série ou ano, decorrentes das diferentes condições externas.

Porém, em grande parte das instituições de ensino, tanto no nível fundamental como no médio, nos deparamos com um estudo sistemático dos elementos que compõe a superfície terrestre. De uma forma geral apresentamos aos alunos um mundo de um modo fragmentado e muitas vezes distante do cotidiano por ele vivenciado.

2. O ENSINO DE GEOGRAFIA AO LONGO DA HISTÓRIA BRASILEIRA

A Geografia tem sido utilizada desde a origem da humanidade, tendo grande importância principalmente durante a Idade Moderna com o movimento das grandes navegações e as políticas mercantilistas.

Porém, como disciplina ela passou a ter importância somente após o século XVIII, quando vários pensadores e teóricos elaboraram estudos voltados não somente ao espaço geográfico natural, mas sim ao espaço geográfico construído, originando assim as várias fases da Geografia como: o determinismo geográfico, a geografia regional, a revolução quantitativa e a geografia radical.

Para Abreu (1997), “o território atual ainda é influenciado por normas institucionais do passado, sem entendê-las, não seremos capazes de compreender bem os espaços atuais e nem poderemos intervir eficazmente sobre eles, seja para melhorá-los, seja para modificá-los”.

Ainda retratando o contexto histórico, o ensino da Geografia no Brasil como disciplina escolar obrigatória foi implantado em 1837, no Colégio Pedro II. Seu principal objetivo era puramente político e hierárquico, pois, visava capacitar à futura elite brasileira, para inseri-los nos cargos políticos. Dessa forma, atendia a necessidade de administradores que fossem aptos a desenvolverem o pleno domínio do litoral e futura expansão a oeste, desbravando assim o território que por muito tempo foi motivo de conflitos, tanto internos como externos.

3. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Ao longo dos anos a Geografia acompanhou as várias tendências pedagógicas da educação tanto no contexto nacional quanto mundial, no desenvolver dos tópicos a seguir relataremos as várias situações enfrentadas pelo sistema educacional.

A pedagogia liberal dentro da disciplina de Geografia apresenta uma característica de ensino voltada ao capitalismo, interesses individuais, defesa da propriedade privada e principalmente nos interesses políticos e econômicos de uma elite privilegiada.

Entretanto, a geografia como tendência liberal tradicional, busca garantir a preparação e formação de uma elite intelectual e moral, visando garantir uma posição de privilégio através do status.

Os conteúdos de ensino dessa tendência baseiam-se em uma metodologia positivista, embasados no conhecimento e valores acumulados pelas gerações passadas, e que serão repassados como verdades prontas e imutáveis. Dentro dessa tendência a participação do aluno era basicamente nula, ele não participava de questionamentos ou discussões, pois o professor era a autoridade máxima e detentor de todas as verdades.

Atualmente está tendência pedagógica está presente no cotidiano escolar, através das escolas religiosas e públicas, que adotam o livro didático como único meio de ensino.

Já o ensino da geografia como tendência liberal renovada progressista, busca a conciliação do contexto escolar com as necessidades individuais ao meio social, ou seja, identificar as realidades vivenciadas como base de ensino. Nesse método de ensino professor é um auxiliar do desenvolvimento espontâneo do aluno, oferecendo suporte pedagógico sem utilização da autoridade. As manifestações dos princípios da pedagogia progressista estão cada vez mais presentes em cursos de licenciaturas.

A tendência liberal renovada não direta apresenta na escola um papel de facilitador pedagógico, pois ajuda a resolver situações, psicológicas, pedagógicas e sociais. Os conteúdos abordados visam à busca do autoconhecimento, no entanto, não são obrigatórios e muitas vezes podem ser descartáveis. Nesse caso o professor descarta os meios tradicionais e oferece um método que facilita o ensino-aprendizagem.

Outra tendência que foi utilizada no decorrer dos anos foi à liberal tecnicista, essa se associa a um papel de conciliador e indicador social, visando uma formação voltada aos interesses do Estado, favorecendo a elite capitalista. Este método esteve presente no Brasil com maior intensidade entre os anos de 1960 e 1970, durante o regime militar que buscou ampliar o desenvolvimento industrial oriundo da Era Vargas.

Seus conteúdos de ensino estão relacionados diretamente a informação, princípio científico, leis e aos interesses políticos e econômicos. Seus meios de aplicação no ensino-aprendizagem estão associados a uma característica objetiva e estruturada.

Com a utilização desse método, o professor tem a função de transmitir conteúdos técnicos e científicos, tornando o aluno um mero receptor de informações através de uma apropriação de conteúdo, memorizado e regrado.

De acordo Martins e Piovezanana (2011, p.139), a pedagogia progressista, o ensino-aprendizagem busca trabalhar mais coma a realidade social, deixando de lado o autoritarismo do sistema. Essa nova forma de pedagogia se manifesta em três tendências:

  • Tendência progressista libertadora, baseada na atuação não formal, os conteúdos do ensino são vistos como temas geradores, pois, são extraídos da problemática cotidiana do aluno. A função do professor é de motivar e direcionar as discussões do grupo, sem o uso da autoridade.
  • Tendência progressista libertaria esta associada diretamente a transformações da personalidade do aluno num sentido libertário e de autogestão. Sua base de conteúdos é vaga e é deixada sob responsabilidade do aluno a busca por resoluções e saídas para suas problemáticas. Nessa perspectiva o professor é visto como um companheiro, sem relação de poder, pois, nada é obrigatório.
  • Tendência progressista crítico-social”, serve como suporte para que os alunos se apropriem dos conteúdos escolares e esses os relacionam com a realidade social. Os conteúdos abordados são baseados em uma cultura universal, oferecendo uma abertura para a exploração dos conhecimentos vivenciados na realidade de cada aluno, criando assim os saberes. A relação professor-aluno está associada à troca, tanto do aluno quanto do professor, pois, ambos são transmissores de conhecimentos e criadores de novos saberes.

4. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO

O conhecimento geográfico foi uma poderosa arma durante a história da humanidade. Antes mesmo de seu reconhecimento com disciplina, a Geografia ou, o estudo do conhecimento geográfico esteve presente em nossa vida, seja na busca por terras ou regiões durante as instalações dos povos primitivos, na dominação de um povo sobre o outro ou até mesmo durante o processo de expansão e colonização.

Abreu (1998, p. 19) em sua concepção sobre a importância do conhecimento geográfico relata que: “É necessário reconhecer, primeiramente, que cada lugar é, ao mesmo tempo e em cada momento histórico, o ponto de interseção de processos sociais que se desenvolveram em diversas escalas”.

Hoje é através desse conhecimento geográfico que podemos conhecer melhor os fenômenos e aspectos da natureza física e das relações socioculturais e políticas da humanidade.

O ensino da Geografia nas escolas no decorrer dos anos tomou uma nova postura, deixando de lado os princípios dominantes da elite capitalista, e assim ofertando ao aluno um conhecimento que possibilita a melhor compreensão da realidade vivenciada, seja através do estudo dos diferentes sistemas de governo, diversidade cultural, globalização ou até mesmo do contexto regional. Porém, a aplicação dessa disciplina na totalidade ainda é um grande desafio.

5. OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE CONCEITO

A formação de conceitos na geografia é produzida a partir do homem e suas ações e relações histórico-culturais, já os conceitos científicos abordados no ensino-aprendizagem tendem a seguir uma linha mais criteriosa embasada em disciplinas curriculares, temas multidisciplinares e conceitos cotidianos. Para Cavalcanti (1998, p. 33), “A Geografia trabalha com conceitos que fazem parte da vida cotidiana das pessoas e em geral elas possuem representações sobre tais conceitos”.

Através dessa perspectiva de conceito, a formação do conhecimento do aluno deve ser baseada na realidade vivenciada por ele, conseguindo a partir desta, a aprendizagem ou apropriação necessária para seu desenvolvimento educacional.

Segundo Cavalcanti (1998, p. 149): “A construção dos conceitos de natureza e de sociedade, por exemplo, deve ter como referência inicial a prática vivida pelo aluno e os significados por ele atribuídos cotidianamente aos conceitos”.

Atualmente a construção e consolidação dos conceitos, talvez seja uma das mais difíceis lutas travadas pelos professores, porém, é algo alcançável. Para Moreira (1982) o espaço geográfico como estrutura de relações sob determinação do social, e a sociedade vista com sua expressão material visível, através da socialização da natureza pelo trabalho e uma totalidade estruturada de formas espaciais.

No mundo globalizado que vivemos atualmente, a principal função do professor e/ou transmissor de conhecimento, é encontrar os devidos meios para conciliar o científico com o cotidiano. Um bom exemplo dessa conciliação cientifica/ cotidiana na Geografia é a abordagem do Intemperismo. A cidade, município, país ou até mesmo planeta tem a aparência que hoje conhecemos devido à ação dos chamados agentes endógenos e exógenos.

Os agentes endógenos são responsáveis pelos processos que atuam no interior da Terra, como o ciclo das rochas, no qual as massas rochosas são impulsionadas para a superfície. Já os agentes exógenos atuam sobre a superfície da Terra, criando paisagens através de seus fenômenos físicos e químicos que levam à degradação e enfraquecimento das rochas, esse processo recebe o nome de intemperismo.

O estudo da ação dos agentes exógenos e associação com relevo local ou regional é a melhor forma de compreendermos como funciona tal processo. Em uma simples paisagem cotidiana, pode-se explicar todo o processo exógeno, formação e resultado.

A partir do momento em que o aluno entende e participa do processo, conhecendo como ocasiona uma erosão e quais os agentes que criaram aquela determinada paisagem, esse aluno deixa de ser somente um especulador e se torna um conhecedor ou até mesmo difusor do conhecimento fundamentado. É nesse momento que destaca-se o papel do professor como mediador, deve-se criar uma ponte entre o aluno e a formação do conhecimento cientifico, oferecendo espaço para que esse relacione os processos científicos com suas vivencias diárias, tornando o estudo não somente dos  agentes exógenos no relevo mas de toda a Geografia algo mais atrativo e útil para o dia-a-dia, criando o criticismo e a abertura para os novos saberes.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Geografia sempre esteve presente em nosso cotidiano, nas ações e relações do homem e da natureza. Por meio da Geografia como disciplina, que se obtém uma melhor compreensão do espaço e das relações de poder que nos rodeia.

Atualmente no mundo globalizado que vivemos o distanciamento das pessoas com o restante do mundo está cada vez menor, a tecnologia e a globalização estão presentes até mesmo nas classes sociais menos privilegiadas.

Nesse sentido o professor, especialmente na disciplina de geografia ocupa um papel de grande importância. Entre suas mais variadas funções, é primordial que o professor encontre os devidos meios para que o aluno consiga conciliar o conteúdo curricular com a realidade vivenciada. Desse modo estreitando os laços entre o ensino-aprendizagem e a vida cotidiana, tornando o conteúdo pedagógico mais atrativo e agregando maior valor ao conhecimento.

REFERÊNCIAS

ABREU, Mauricio de Almeida. Evolução Urbana do Rio de Janeiro.  3° Edição, IPLANRIO, Rio de Janeiro, 1997.

KIMURA, Shoko. Geografia no ensino básico: questões e propostas. São Paulo: Contexto, 2008.

MARTINS, Josinei; PIOVEZANA, Leonel. Didática e Metodologia do Ensino de Geografia. Indaial: Ed. Grupo UNIASSELVI, 2011.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 15. Ed. São Paulo: Hucitec, 1997.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. PCN de História e Geografia. Brasília: Ed. Secretária de Educação Fundamental- MEC/SEF, 1997.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do Ensino de História e Geografia. São Paulo: Ed. CORTEZ, 1994.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2º Edição. São Paulo: Hucitec, l997.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec,1988.

VESENTINI, José W. VLACH, Vânia. Geografia crítica. São Paulo: Ática, 1991.

[1] Pós-graduação em Gestão e Tutoria da EAD; Graduação em História e Geografia.

Enviado: Abril, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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