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Efeito imediato do uso da creatina na frequência cardíaca e na pressão arterial em indivíduos ativos

RC: 38128
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NERO, Dario da Silva Monte [1], NAVARRO, Francisco Coppi [2]

NERO, Dario da Silva Monte. NAVARRO, Francisco Coppi. Efeito imediato do uso da creatina na frequência cardíaca e na pressão arterial em indíviduos ativos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 10, Vol. 02, pp. 54-64. Outubro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/uso-da-creatina

RESUMO

Nos últimos tempos, tem-se pesquisado cada vez mais substâncias que possam promover uma melhora no rendimento de atletas e praticantes de exercícios físicos. Com base nestas pesquisas, uma das substâncias que mais tem ganhado espaço entre os atletas é a creatina. Esse composto foi descoberto em 1832 pelo cientista e filósofo francês, Michel Eugene Chevreul, sendo popularizado nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona. A partir daí, outros estudos vêm sendo feitos para verificar o efeito da creatina no organismo. Objetivo: O objetivo dessa pesquisa foi analisar o Efeito Imediato do Uso de Uma Dose de 5 Gramas de Creatina na Frequência Cardíaca e Na Pressão Arterial Em Indivíduos Ativos. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de intervenção quase experimental, com análise de um grupo composto por 20 indivíduos: 12 do sexo masculino e 8 do sexo feminino. A verificação da pressão arterial e da frequência cardíaca foi realizada antes e depois da ingestão da creatina que adicionada em 200 ml de água gelada e ingerida pelo indivíduo em teste. Resultados: Após a ingestão da dose de creatina houve uma pequena variação das médias da frequência cardíaca de 2 %, da pressão arterial sistólica de 1% e da pressão arterial diastólica de 1% . Discussão: De acordo com os resultados, entende-se que a creatina não provocou uma alteração significativa no sistema circulatório. Conclusão: A partir desta pesquisa pode-se afirmar que uma única dose de 5 gramas de creatina não foi suficiente para causar alteração significativa nos resultados e que só através de novos estudos realizados, com um controle mais rigoroso das variáveis, com um número maior de participantes e com um tempo mais prolongado da pesquisa é que se pode confirmar que a creatina não causa alteração no sistema cardiovascular.

Palavras Chaves: suplemento, creatina, sistema circulatório.

INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos tem-se pesquisado cada vez mais substâncias que possam promover uma melhora no rendimento de atletas e praticantes de exercícios físicos. Desta forma, uma das substâncias que mais têm ganhado mercado é a creatina, que é um composto de aminoácidos presentes nas fibras musculares e no cérebro, conhecida, também, como ácido metil guanidina – acético, é uma combinação peptídica entre glicina, arginina e metionina onde muitos estudos mostram sua eficiência suplementar na utilização de exercícios que exigem uma grande concentração de explosão e força muscular.

Essa substância foi encontrada no ano de 1832 pelo estudioso francês Michel Eugene Chevreul, que retirou da carne um novo componente químico, denominando de creatina, a qual teve origem grega, onde o kreas significaria carne. E em 1847, Justus Von Liebig mostrou que a creatina era uma substância comum presente na carne animal, relatando, também, que a presença dessa substância era maior em animais selvagens quando comparados com animais de cativeiros e fisicamente menos ativos (WILLIAMS, 2000).

Ainda no século XIX, em meados da década de 1980, foi encontrada creatinina na urina e esse fator fez com que alguns pesquisadores especulassem que ela era resultada da creatina e que poderia estar relacionada com a quantidade de massa muscular total. A princípio, as primeiras pesquisas tiveram limitações, pois a extração da creatina, a partir da carne, era um processo com alto custo financeiro (BALSOM, SÖDERLUND E EKBLOM, 1994).

Essa substância passou a ganhar força popular dentro do desporto, especificamente nos Jogos Olímpicos de 1992, realizada em Barcelona, nos quais Linford Christie, corredor britânico, ganhou a modalidade dos 100m, ficando com o ouro olímpico, e que, a partir dessa vitória, creditou sua conquista ao consumo da creatina (HAWES, 1998).

Nesta mesma época, então, iniciou-se a comercialização da creatina de forma sintética, a preços bem mais acessíveis se comparado com sua forma natural. Isto a tornou uma substância popular entre os diversos praticantes de modalidades esportivas.

Um estudo feito por Havenetidis (et al. 2003) mostrou que a suplementação de creatina, por si só, não melhora necessariamente o desempenho do exercício, mas que sua ingestão em um período de quatro dias, através de uma carga aguda, pode acarretar uma interferência no resultado.

De acordo com Guerrero, Ontiveros e Wallimann (1998), a estrutura muscular parece ter um limite máximo para conter a creatina, chegando a 150 – 160 mmol/kg na musculatura, indicando o efeito da sua ingestão crônica na síntese endógena, tendo o objetivo de precaver uma acumulação excessiva de creatina intramuscular. Dessa forma, a supressão da expressão da proteína envolvida no deslocamento desta substância pode ser explicada como um efeito colateral da suplementação. Para os autores, não é sugerido a sua ingestão por um longo período, sendo indicado um período de trinta dias sem o consumo da creatina, após três meses do seu uso.

O organismo tem uma grande capacidade para excretar um bom volume extra de creatina, consumido a partir da suplementação, o qual pode ser eliminado na forma de creatina ou creatinina sem nenhum tipo de problema. (POORTMANS et al., 1997).

De acordo com estudos, existe uma variedade de protocolos para o consumo da creatina, entretanto a forma mais corriqueira é através do processo de saturação, conhecido como sobrecarga. O processo de atração da creatina pelas células musculares acontece de maneira ativa quando a concentração de fragmentos é maior em uma área do que na outra, isto possivelmente favorece o envolvimento dos sítios particulares da membrana que identificam parte da molécula da creatina (PRESTES, 2010).

Os especialistas, em geral, concordam que não há provas suficientes para ter certeza de que 5 g / dia de creatina são, geralmente, inofensivos para os adultos saudáveis, mas não há provas suficientes para fazer uma recomendação informada em favor ou contra a doses superiores a 5 g / dia (SHAO et al. de 2006).

Sendo assim, a presente pesquisa se propõe a investigar se existe algum tipo de efeito imediato com o uso de uma única dose de 5 gramas de creatina sobre a frequência cardíaca e a pressão arterial em indivíduos jovens adultos praticantes de atividade física.

Dessa forma, o principal objetivo deste estudo é verificar o efeito imediato de uma única dose de 5 gramas de creatina sobre a frequência cardíaca e/ou a pressão arterial de indivíduos jovens adultos ativos.

A motivação da pesquisa surge pelo fato do pesquisador ser professor licenciado pleno em Educação Física e ter vivenciado, durante sua vida profissional, no ramo da atividade física o uso constante de suplementos alimentares, tanto por atletas quanto por praticantes e frequentadores de academias de ginástica.

MATERIAIS E MÉTODOS

Durante os estudos, foi analisado um grupo de 20 indivíduos idosos: sendo que 12 são do sexo masculino e 8 do sexo feminino – regularmente matriculados na academia TX Fitness, localizada na cidade de Feira de Santana – BA. Esta pesquisa seguiu as normas nacionais e internacionais para coleta de dados.

Foram considerados elegíveis para fazerem parte deste estudo indivíduos jovens adultos de 18 a 28 anos, de ambos os sexos, que fizeram parte da turma de musculação da supracitada academia e que concordaram em fazer parte da pesquisa, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1).

Os Critérios de exclusão do estudo foram: recusa em participar da pesquisa, desistência ou interrupção da ingestão da dose de creatina e acometimento de doenças que impossibilitaram o uso de qualquer substância.

A coleta de dados foi realizada na academia Tx Fitness em um dia neutro de treinamento.

A pesquisa consistiu na aplicação dos questionários (ANEXO 2) e na verificação da pressão arterial e da frequência cardíaca. Os questionários foram preenchidos pelos próprios analisados com o auxílio do pesquisador e só foram aplicados uma única vez, antes da ingestão da creatina. A verificação da pressão arterial e da frequência cardíaca foi realizada na pesquisa antes e após aingestão da creatina.

A forma de atendimento foi designada como hora de espera, na qual quem chegasse primeiro teria a preferência. Ao entrar na sala de avaliação da academia, localizada na academia Tx Fitness, os indivíduos acomodavam-se na sala sentando na cadeira, onde recebiam um copo com 200 ml de água associada a 5 gramas de creatina e eram submetidos à verificação da pressão arterial (através do esfigmomanômetro da marca Missouri que foi fixado sempre no braço esquerdo) e da frequência cardíaca (que foi verificada através do monitor cardíaco Polar FT80, sendo que a cinta era fixada ao tórax e o relógio permanecendo solto ao lado do indivíduo, onde ficava de fácil visualização)

A aferição da pressão arterial foi verificada pelo pesquisador através do método auscultatório com a utilização do esfigmomanômetro junto com o estetoscópio. Os sujeitos da pesquisa foram orientados a: evitarem se alimentar; a beber bebidas alcoólicas ou que continham cafeína, como café e chá preto; a não fumar ou praticar exercícios no dia da pesquisa (BECK et al. 2010). Ainda foi sugerido que durante o procedimento da aferição, não falassem, mantivessem as pernas descruzadas, os pés apoiados no chão, o dorso recostado na cadeira e permanecer relaxado. Devia-se retirar a roupa do braço onde seria feita a medida e posicionar o braço do paciente na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), apoiado com a palma da mão voltada para cima e cotovelo ligeiramente fletido. Conversas durante a realização da medição da pressão arterial foram evitadas (BECK et al., 2010).

Em seguida, com o estetoscópio posicionado embaixo da braçadeira sobre a artéria braquial, acompanhando o botão da válvula de controle, era fechado e a pêra era acionada delicadamente, evitando que a pressão interna aumentasse rapidamente, assim a válvula era aberta quando o ponteiro do manômetro atingia a marca de 220 mmHg, verificando, dessa forma, a pressão sistólica e diastólica.

A frequência cardíaca foi também verificada quando os indivíduos ficaram na posição sentada, através do frequencimetro, este que é composto pelo monitor cardíaco em forma de relógio e a cinta transmissora que transite informações do batimento cardíaco para o monitor. A cinta foi afixada no indivíduo, com o auxílio dos pesquisadores, de forma bastante confortável na região do tórax, sobre a pele; o monitor ficou com os pesquisadores, no qual foi analisada a frequência cardíaca antes e depois do uso da dosagem de creatina, de forma que o pesquisado não sentisse nenhum transtorno.

Após essa verificação, os pesquisados foram orientados a ficar na mesma posição por 30 minutos. No momento da pesquisa, foi recomendado que se utilizasse roupas leves e confortáveis não sendo necessária a retirada de qualquer peça de roupa.

Cada indivíduo pesquisado permaneceu por aproximadamente 35 minutos, tendo uma variação de 2 minutos para mais ou para menos dependendo de cada pessoa.

A pesquisa foi realizada em um dia da semana, em dois turnos e os indivíduos receberam a creatina para consumo por ordem de chegada.

Este é um estudo de intervenção ou quase-experimental, pois de acordo com Pereira (2001), trata-se de uma situação artificialmente produzida, pelo investigador, e as condições de estudo estão sob seu direto controle. Pois consiste em investigações de pesquisa empírica, cujo objetivo principal é o teste de hipóteses que diz respeito a relações de tipo causa-efeito.

Estudos experimentais que não utilizam grupos controles são considerados como: Quase-experimental, sendo definido assim como um método que não tem completo controle sobre a alocação ou o momento da intervenção, já que o investigador não usa alocação aleatória para criar as comparações nas quais os efeitos dos tratamentos são avaliados (PEREIRA, 2001).

Dessa forma, este delineamento tem apenas um grupo, mas tenta mostrar que a mudança que ocorre durante a intervenção do tratamento é diferente dos momentos em que não há tratamento (THOMAS; NELSON, 2002).

Este tipo de estudo tem como vantagem a formação de um grupo homogêneo de participantes, tendo assim uma maior credibilidade como produtor de evidências científicas, já que a qualidade dos dados sobre a intervenção e os efeitos pode ser de excelente nível. Assim é possível perceber a sua coleta no momento em que os fatos ocorrem, porém existe uma desvantagem neste tipo de estudo, que é o não oferecimento de uma determinada comparabilidade entre grupos, pois este não é randomizado o que pode significar problemas de interpretação (PEREIRA, 1999).

RESULTADOS

TABELA 1 – Descrição das variáveis sociais, demográficas e comportamentais e Histórico Pessoal de Saúde dos alunos matriculados na modalidade de musculação da academia tx fitness.

Variável N %
SEXO
Masculino 12 60%
Feminino 8 40%
USO DE SUPLEMENTOS
SIM 20 100%
NÃO
ESTADO CIVIL
Solteiro 14 70%
Casado 6 30%
Viúvo 0
TABAGISMO
Sim 2 10%
Não 18 90%
ETILISMO
Sim 14 70%
Não 6 30%
USO DE MEDICAMENTO
Sim 3 15%
Não 17 85%
PRESSÃO ALTA
Sim 6 30%
Não 14 70%
DIABETES
Sim 1 5%
Não 19 95%

Através dessa tabela, podemos observar que grande parte dos indivíduos pesquisados são do sexo masculino e apenas um indivíduo é diabético. Outro dado interessante é que somente dois participantes fazem uso de tabaco; e outro ponto bastante curioso é que todos os indivíduos já fizeram uso de suplementos.

GRÁFICO 1 – Comparação das frequências cardíacas (FC), de um grupo pertencente à ACADEMIA TX FITNESS, antes e depois da ingestão da creatina.

Fonte: Autor.

Neste gráfico, pode-se perceber que os indivíduos tiveram uma variação na frequência cardíaca após 15 e 30 minutos depois da ingestão da dose de creatina. 2,6,8,13,15 e 20 tiveram uma pequena variação para mais após 15 minutos.

GRÁFICO 2 – Comparação entre as médias da frequência cardíaca antes e após a ingestão de creatina.

Fonte: Autor.

Neste gráfico 2, pode-se observar uma diferença entre as médias de aproximadamente 1,5 bpm o que chega a equivaler 2 %, pois a média da frequência cardíaca antes foi de 73,95 e a média após 30 min. da ingestão de creatina foi de 72,45 bpm.

GRÁFICO 3 – Comparação da pressão arterial sistólica (PAS) antes e após a ingestão da dosagem de creatina.

Fonte: Autor.

Neste gráfico 3, nota-se que grande parte dos indivíduos permaneceram com sua pressão diastólica sem alteração, o que foi o equivalente a 15 pessoas; e os indivíduos 2 e 10 tiveram uma redução da pressão diastólica de 10 mmhg. Já o indivíduo 20 teve um aumento de 5 mmhg.

GRÁFICO 4 – Comparação entre as médias da pressão sistólica antes e após a ingestão de creatina.

Fonte: Autor.

Neste gráfico, ocorreu uma redução na média da pressão arterial sistólica após o uso de creatina de 0,75 mmhg equivalendo a 1%, sendo que a média antes foi de 121,50 mmhg e após de 120,75 mmhg. Não ocorrendo diferença entre a aferição do 15° minuto e do 30° minuto.

GRÁFICO 5 – Comparação da pressão arterial diastólica (PAD) antes a após a ingestão de uma dose de creatina aplicada no grupo frequentador da academia TX fitness.

Fonte: Autor.

No gráfico 5, ocorreu uma alteração para mais apenas no indivíduo número 6, os indivíduos números 1,18 e 20 tiveram alteração para mais apenas nos primeiros 15 min. Voltando a pressão inicial no 30° minuto. Os indivíduos 2,3,4,5,9,12,13,14,15,17 e 19 não tiveram alteração.

GRÁFICO 6 – Comparação entre as médias da pressão arterial diastólica antes e a ingestão da dose de creatina.

Fonte: Autor.

Neste gráfico 6, nota-se que a diferença entre as médias 1 e 3 foi de 0,25 mmhg, o que equivale a menos de 1% , sendo que a média antes da ingestão da creatina foi de 71,75 mmhg e após a 30 minutos 71,50 mmhg.

DISCUSSÕES

No presente estudo, o número de participantes do sexo feminino e masculino foi desigual, sendo doze homens e oito mulheres, o que pode influenciar no resultado da pesquisa.

As modificações no sistema circulatório referem-se ao número de vezes que o músculo cardíaco bate por minuto com o indivíduo em repouso, antes e após o uso da creatina e das pressões arteriais, sistólica e diastólica, que são as forças exercidas pelos fluídos sobre os vasos.

De acordo com os autores Mcardle, Katch e Katch (1998), com uma redução de apenas 2 mmhg na pressão sistólica pode reduzir as mortes por apoplexia (acidente vascular cerebral) em 6% e a enfermidade cardíaca em 4%, o que poderia se criar uma hipótese caso a dose de creatina tivesse provocado uma variação significativa.

Essa forma de manipulação da creatina pode ter sido um importante fator para o resultado da pesquisa, pois foi ingerida uma única dose da substância em um único momento, sendo que o indivíduo permanecia em repouso, fugindo de diversos protocolos.

No entanto, estudos feitos por Mihic et al. (2000), mostraram que sobre efeitos colaterais da creatina não foi observada nenhuma evidência sobre o sistema circulatório, principalmente sobre a pressão arterial, não existindo diferença na concentração de creatinina plasmática, expondo que não houve alteração da função renal e a atividade de creatina cinase não foi alterada. Também não foi encontrada nenhuma diferença entre os sexos, apesar da massa corporal total ter aumentado nos indivíduos do sexo masculino quando se comparado com as mulheres pesquisadas, onde ocorreu um aumento significante da massa livre de gordura após a suplementação.

Já de acordo com Volek et al. (2001) foi observado que após a suplementação de creatina ocorreu uma alteração tanto da função renal quanto da pressão arterial, além de alterações ligadas a temperatura corporal e a frequência cardíaca, sendo estas alterações observadas após atividade física de elevada intensidade e de pequena duração. No que se refere ao ganho de massa muscular, o estudo de Mihic et al. (2000) mostrou que ocorreu um ganho significativo de massa muscular no grupo que foi submetido a suplementação de creatina.

Apesar deste estudo ter sido realizado com os indivíduos em repouso e sem a presença, no dia da coleta, de qualquer atividade física, o que pode favorecer a uma estabilidade cardiovascular sem a alteração tato das pressões quanto da frequência cardíaca, alguns estudos mostram que a disponibilidade reduzida de creatina tem sido agregada à insuficiência cardíaca, predomínio aumentada de arritmias ventriculares e isquemia. E que se tem sugerido o uso da creatina, administrada via oral ou intravenosa, com o intuito de aperfeiçoar a função cardíaca em indivíduos com insuficiência cardíaca (CARVALHO et al. 2012).

Estudos posteriores podem comprovar os efeitos da creatina nns alterações cardiovasculares, já que este estudo teve limitações. Sendo assim, para uma afirmação mais contundente da relação da creatina sobre o sistema circulatório dos indivíduos jovens adultos, frequência cardíaca e pressão arterial, teríamos que ter um maior controle de todas as variáveis, bem como um acompanhamento mais prolongado e/ou aumento da dosagem, além de uma quantidade maior de participantes no estudo.

CONCLUSÃO

A partir desta pesquisa, foi possível observar que uma única dose de 5 gramas de creatina dissolvida em 200 ml de água gelada não promoveu alterações significativas em todo o grupo, mas que só através de novos estudos realizados e um controle mais rigoroso das variáveis, com um número maior de participantes e um tempo mais prolongado da pesquisa é que se pode confirmar que a creatina não causa alteração no sistema cardiovascular.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado Aluno,

Estamos lhe convidando a participar de um estudo sobre os “EFEITO IMEDIATO DO USO DA CREATINA NA FREQUÊNCIA CARDÍACA E NA PRESSÃO ARTERIAL EM INDIVÍDUOS JOVENS ADULTOS”, tendo como responsável o Prof. Dario da Silva Monte Nero.

Dessa forma, comunico ao senhor, que deverá optar em fornecer informações preenchendo uma ficha sobre o histórico de saúde, estes conterão dados como: idade, nome, área de atuação e outros aspectos pessoais.

Este estudo pretende seguir os princípios éticos de pesquisas envolvendo seres humanos, evitando danos/ agravos aos sujeitos envolvidos na pesquisa.

Caso o senhor, se sinta constrangido a responder alguma pergunta, terá o livre arbítrio de não participar da pesquisa. E caso não sinta nenhum constrangimento em revelar seus dados, respondidos, estas informações serão mantidas em absoluto sigilo.

Durante a pesquisa o senhor será submetido à verificação da pressão arterial e da freqüência cardíaca, assim, se sentir algum incômodo estará livre para interromper tais verificações e desistir da pesquisa.

Dessa maneira, o risco deste estudo poderá ser encarado de maneira pessoal, a partir de alguma pergunta que venha a ser considerada mais intima, podendo causar incômodos pessoais. Havendo algum tipo de constrangimento você não precisa responder.

Já os benefícios desta pesquisa poderão ser de extrema importância, para um questionamento social sobre as possibilidades das técnicas manuais de massagem serem de grande importância para a redução do nível de estresse.

Caso o senhor aceite a participar deste estudo irá assinar em duas vias. Uma cópia ficará com o pesquisador e a outra com você.

Feira de Santana (BA), ____/___/______.

Assinatura do Sujeito do Estudo

Acadêmico Dario da Silva Monte Nero

Pesquisador

UEFS, BR 116 Norte, K16, Campus Universitário, Universidade Aberta a Terceira Idade – UATI, CAU II

Tel: 75 3224-8228

ANEXO 2

ANAMNESE

*(Baseado nas recomendações do ACSM, 2006)

Nome: __________________________________________________________

Sexo ( )Masculino ( )Feminino Idade: ______

Data de Nascimento: ___/___/19___

Estado civil: ( )Solteiro (a), ( )Casado (a), ( )Divorciado (a), ( )Viúvo (a), ( )amasiado(a) e ( )outros.

Profissão: ________________ Carga horária?___________Aposentado (a)? ( )Não ( ) Sim Há Quanto Tempo?______

Endereço: ___________________________________________________________________________

Bairro: ______________________Nº_______Cidade: ____________Cep: _______________

Tel. res. : ________________ Tel.cel.: ________________

Grupo étnico: ( )Branco ( )Negro ( )Índio ( ) amarelo ( ) pardo

Consumo de Álcool: ( )Nunca, ( )quase nunca, ( )às vezes, ( )quase sempre e ( )sempre.

Consumo de Tabaco: ( )Nunca, ( )quase nunca, ( )às vezes, ( )quase sempre e ( )sempre.

Pressão alta: ( ) Sim ( ) Não

Diabetes: ( ) Sim ( ) Não

Já fez ou faz uso de algum suplemento ( ) Sim ( ) Não

[1] Mestrado em Gestão Social e Políticas Públicas – UFRB, Especialização em Bases Nutricionais Da Atividade Física- UGF, Especialização em Obesidade E Emagrecimento – UGF, Especialização em Fisiologia Do Exercício – Prescrição Do Exercício- UGF, Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física – UEFS.

[2] Doutorado em Ciências (Biologia Celular e Tecidual); Mestrado em Ciências (Biologia Celular e Tecidual).

Enviado: Agosto, 2019.

Aprovado: Outubro, 2019.

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Dario da Silva Monte Nero

Uma resposta

  1. Sou mulher com 84 anos. Tive ano passado arritmia atrial , que venho controlando com uso de remédios. Recentemente (1 mes) comecei a fazer uso de Creatina monohidratada. Curiosamente, há uma semana, tive crise de fibrilação, que agora também está sendo tratada.
    Minha dúvida: tem a Creatina alguma interferência desse ultimo relato? Posso continuar fazendo uso de de 3mg diariamente?
    A Creatina age nos músculos e o coração é um músculo!
    Obrigada,
    Gloria da Costa

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