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As maçãs e a intertextualidade no discurso na vida de Steve Jobs: Um sentido na comunicação

RC: 5099
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CONTEÚDO

CRUZ, José Anderson Santos [1]

CRUZ, José Anderson Santos. As maçãs e a intertextualidade no discurso na vida de Steve Jobs: um sentido na comunicação. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 01. Vol. 09. pp. 178-194, Outubro / Novembro de 2016. ISSN:2448-0959

RESUMO

Com o objetivo de mostrar o sentido da comunicação de Steve Jobs em sua vida e no mundo, utiliza-se da intertextualidade, análise do discurso, signos, significante e significado para a realização deste texto. O personagem principal desenvolveu sua própria linguagem e toda esta pode ser considerada um discurso. Portanto, Através da produção de linguagem e fundamentações de autores, e com passagens nas histórias de Walt Disney, Isaac Newton e pela palavra Sagrada, objetivamos concluir se Jobs era Apple ou Apple era Jobs, e compreender seu discurso.

Palavras-Chave: Jobs, comunicação, intertextualidade, análise do discurso, Apple.

1. INTRODUÇÃO

A produção de sentido na comunicação é possível a partir da intertextualidade, somando-se a realidade, a ficção, contextos históricos, contos, entre outros textos dentro de um texto a ser tecido pelo autor. Portanto, a vida de Steve Jobs e a intertextualidade natural em sua trajetória e carreira profissional traduzem um emaranhado de situações que contextualizam a soma de várias faces com outros momentos e histórias que decorreram nestes séculos.

O objetivo desta pesquisa, tendo como personagem principal Steve Jobs, é apresentar o discurso de Jobs e como as ferramentas da comunicação estão presentes em seu cotidiano. Pela intertextualidade e pelas formas de linguagens, mostrar a trajetória de Steve Jobs em sua vida e tentar responder à pergunta que fica no ar (conforme figura 1).

Afinal, quem é Jobs ou Apple
Figura 1 – Afinal, quem é Jobs ou Apple?
Fonte Próprio autor

A intertextualidade permite ao autor desenvolver o conteúdo de forma simplificada ao tecer o texto com várias linguagens ou formas de comunicação visual e escrita, para que o leitor possa adentrar no enredo do discurso textual. Para tanto, conceituar a tal intertextualidade contribui para o desenvolvimento da leitura, tornando-se a mais clara possível.

Segundo Cabral[3], na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente.
Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos são exemplo de intertextualização. A intertextualidade está presente em outras áreas, como na pintura, em esculturas, filmes, novelas e na comunicação escrita. Na figura 2 apresenta-se uma intertextualidade entre duas realidades e a pergunta que se presume ser respondida no final desta pesquisa.

Jobs - Apple
Figura 2. Jobs – Apple
Fonte Próprio autor

Assim, compreender e entender as teorias da comunicação faz parte da compreensão de textos e imagens. Portanto, as Interfaces das Linguagens Visuais contribuem para a realização desta produção textual. Com isso em mente, buscamos apresentar um olhar diferenciado sobre o personagem principal Steve Jobs, este um ser humano com ideais e ideias diferenciadas no mundo contemporâneo, compartilhando e influenciando a humanidade até os dias atuais.

A utilização das funções de linguagens por Jobs em suas várias fases demonstra que houve situações pertinentes de referencial, conativa, emotiva, metalinguística, fática e poética. Neste caso cito Catarino [4] (2012), que diz que o emissor, ao desejar transmitir uma mensagem, possui um objetivo: informar, convencer, demonstrar algo ou sentimentos, com a finalidade de persuadir alguém a fazer, agir, ou falar algo.

E no sentido da comunicação, Wolf (1995) contribui dizendo que a escolha de qual deveria ser a base disciplinar é capaz de unificar a communication research, ou seja, o que estudar e como estudá-lo. Portanto, pesquisar Jobs é uma tarefa que não se julga fácil e desenvolver este elo com a intertextualidade poderá nos permitir compreender sua visão e seu discurso.

2. JOBS E SUA PARTICIPAÇÃO NO PERCURSO HISTÓRICO DAS MAÇÃS QUE MUDARAM O MUNDO E O BEIJO QUE O FAZ ACORDAR

A teoria geral dos signos, chamada semiologia, segundo Pietroforte (2004, p.7) é a ênfase dada não mais nas relações entre os signos, mas no processo de significado capaz de gerá-los. A maçã, um objeto natural de desejo e sensualidade, é um signo, cujo significado é transformar momentos de puro prazer e luxúria. A imaginação da maça leva-nos a transcender a matéria levando-a até o momento mais sagrado e profano, conduzindo-nos a cometer os sete pecados capitais.

Porém, a maçã também possui uma simbologia do conhecimento, que na linha do tempo da maça como signo, apresenta o significado de que ao mordê-la, se abrirão os horizontes do mais vasto dos conhecimentos. Pietroforte (2004, p.8), ao recorrer aos planos de expressão e o contexto que está relacionado a determinado conteúdo de Louis Hjelmslev, Greimas, conceitua os domínios e a face da semiótica, sendo que o conjunto que exerce o significado apresentado por ele está ligado às fronteiras da expressão, e às manifestações em línguas naturais e distintas.

A simbologia e signo da maçã traduzem vários significados no decorrer da história humana, desde a criação do homem, na arte de Cezani, até os contos dos Irmãos Grimm e produções infantis de Walt Disney. Contudo, a intertextualidade na elaboração deste texto produz um sentido ao qual Jobs está de certa forma ligado a cada história e suas passagens.

A Maça Mordida
Figura 3. Bitten_apple_309176 – A Maça Mordida
Fonte www.apple-info-guides.blogspot.com

Este signo, cuja cor avermelhada por fora e de um amarelo suave por dentro, esconde várias histórias e significados perante a linha do tempo do homem e sua caminhada desde a criação do céu e da terra. Segundo o Livro de Gênesis, o Senhor Deus criador ao colocar um ser semelhante na terra no Jardim do Éden, cria a história de Adão e Eva. Estes caminhavam livremente pelo jardim, tinham fartura e exuberância da natureza, não conheciam o bem e o mal, os pecados não existiam e a felicidade, abundância percebida e o sentimento do amor era algo inexplicável, sendo um dom do Criador.

Adam en Eva, Adriaen Van der Werff
Figura 4. Adam en Eva, Adriaen Van der Werff
Fonte www.wikimedia.org

No entanto, eis que surge um ser rastejante e com seu poder de persuasão de forma dialética, usando toda a sensualidade e mansidão em sua linguística e fonética, com o poder da comunicação apresenta a primeira maçã da existência humana. Eva, por ser vaidosa e apresentar sinais de força morde a maça e descobre o conhecimento do bem e do mal, e Deus envia toda a sua ira contra Adão e Eva e sua geração.

A cobra era o animal mais esperto que o Senhor havia feito Gênesis 3 (2005), e perguntando a Eva – É verdade que Deus mandou que vocês não comessem fruta nenhuma? – Eva responde que somente a fruta da árvore que estava no centro do jardim, nem comê-la e nem tocá-la. Se fizermos isso, morreremos. A serpente disse que não morreriam, e que “se comerem seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus”. Eva ao ver a maça, admirou a fruta, tida como signo da história e significado da situação.

A maçã, sendo o signo do Éden, possuía o significado do fruto proibido, intocável, e a partir de que alguém viesse a tê-la, se descobriria o bem e o mal, a nudez não seria mais natural, tempestades e raios da ira do Criador cairiam sobre a terra e Adão e Eva. E o olhar para o bem e o mal era o caminho do conhecimento terreno, a maldade começaria a ser vista, e poucos seriam os humanos a praticar o bem com esta abertura dos olhos espirituais e da mente humana.

E este percurso histórico da humanidade está presente na vida de Jobs, sendo parte integrante da sua história e com uma pequena diferença no contexto, Jobs não precisou da serpente, o mesmo pegou a maçã, fruto proibido, e ao mordê-la adquiriu o conhecimento, a visão, a criação e surgiu a ideia da Apple, porém faltava algo, mesmo ao morder a maça.

Jobs não enxerga as coisas de modo diferente do resto de nós. Ele percebe as coisas de modo diferente. Visão não é o mesmo que percepção; a percepção separa o inovador do imitador. A visão é o processo pelo qual os fótons de luz atingem as células fotorreceptoras da retina e são transmitidos como impulsos neurais para partes diferentes do cérebro.  A percepção, como Berns assinala, “é o processo muito mais complexo pelo qual o cérebro interpreta esses sinais”. (GALLO, 2011)

Maçã
Figura 5 Maçã – Apple
Fonte www.iplay.com.br

Mas, a maçã para Jobs pode ser encarada como fruto não proibido, porque neste caso, a simbologia do signo tem seu significado de abrir os horizontes, criação através de ideias para o mundo tecnológico. Jobs enxergava como nós, mas sua visão era diferenciada, sua percepção era aguçada, pois Steve percebia as coisas de modo diferente, um visionário que largou a faculdade para investir em seus objetivos, ideias alcançando a sua marca. Assim, Steve inicia o processo da ideia de criar um computador e surge o primeiro Mac[5].

Steve Jobs e Eva
Figura 6. Steve Jobs e Eva
Fonte: Próprio autor

No entanto, ao pegar a maçã, Steve senta-se debaixo da macieira, da árvore mais bonita e misteriosa, e logo uma maça cai e ele depara-se com a Lei da Gravidade elaborada por Newton, que apenas iniciou os seus estudos aos doze anos, com influência no grego e latim, brilhante e autodidata. E sendo um ser que possuía conhecimentos além do comum, nutria e manifestava o interesse pela ciência.

Isaac Newton e a Lei da Gravidade
Figura 7. Isaac Newton e a Lei da Gravidade
Fonte: http://profstellerdepaula.wordpress.com

Neste interesse ele buscava entender, compreender como as coisas funcionavam, como era essa relação, essa engrenagem, e na época seus inventos já impressionavam a todos. Além de buscar a ciência, era um estudioso da Bíblia, religioso, passava momentos escrevendo listas de pecados. E com toda essa informação, conhecimento, religioso e persistência, conseguiu mudar a sua vida simples de garoto do campo para torna-se Isaac Newton.

De fato, é realmente impressionante pensar que em uma só obra, dividida em três livros, seja possível encontrar, entre outras coisas, um conceito de força totalmente inovador e uma lei da gravidade, que, baseada nas descobertas de Galileu e Kepler, as suplantou. Isso sem falar nas três leis do movimento, que são mostradas a seguir: Lei I: Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que ele seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas a ele; Lei II: A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida; Lei III: A toda ação há uma sempre oposta uma reação igual ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas. (ATTI, CUCHIERATO, GUIMARÂES, 2008, p.66)

Essa ligação de Jobs com Newton está intrinsecamente ligada ao conhecimento: à busca pela informação e por ser autodidata, conseguiu captar as mensagens e as informações transformando-as em conhecimento, e colocá-las em prática no desenvolvimento do primeiro Mac. Neste momento de sua vida, Steve já havia saído da universidade e começado sua carreira numa garagem, e com sua longa jornada construiu sua marca Apple.

Assim como Newton, Jobs buscava compreender e entender como as coisas funcionavam. E a partir de sua visão de águia e com estratégias mercadológicas, utilizando-se das necessidades que o mundo precisava, Jobs conseguia ver além e acima do horizonte. Somando-se com suas experiências e viagens, os insights eram mantidos através de seu faro mercadológico e tendências tecnológicas. Portanto, Jobs criava produtos que todos desejariam e desejam até os dias atuais, e seus consumidores buscam ter os produtos da Apple pelo significado que Steve Jobs representa em suas vidas.

Em determinado momento, o idealizador, o criador do Mac, passa por momentos turbulentos que afetam a sua carreira profissional e a direção da Apple. E mais uma vez Jobs passa pela maça, mas esta é envenenada pela sua diretoria e conselho. E nossa mente nos traz a história de Branca de Neve (figura 4), que no decorrer da história morde a maça envenenada pela velha, o disfarce utilizado pela rainha malvada.

Figura 8. Branca de Neve
Figura 8. Branca de Neve
Fonte: www.espiritualismo.hostmatch.com.br

E devido a algumas situações internas, como citado no G1 (2011),

Mas o sucesso do Mac – que viria posteriormente a impulsionar a adoção de ambientes gráficos até mesmo entre os computadores da IBM (com o Windows, criado pela Microsoft) – não evitou que Jobs acabasse demitido de sua própria companhia. As disputas internas entre equipes que queriam investir no mercado corporativo e as que apostavam apenas no consumidor fizeram com que John Sculley, vindo da Pepsi a convite do próprio Jobs, convencesse o conselho de administração de que era hora da empresa se livrar de seu fundador. (PORTAL G1, 2011)

A diretoria representada pelas imagens e faces da bruxa malvada (figura 5) com argumentos de Sculley fornece a Jobs a maça envenenada, a qual ele morde e por certo período fica afastado da Apple; podemos dizer que houve uma morte temporária.

Branca de Neve
Figura 8. Branca de Neve
Fonte: www.espiritualismo.hostmatch.com.br

E durante uma década (G1, 2011), Jobs fez dois investimentos que acabaram de maneiras diferentes, alavancando o mito em torno de seu “toque de midas[6]”, voltando na mente uma história cujo beijo acorda a Bela Adormecida. Esse período que Steve se manteve afastado da Apple houve um momento que ele estava adormecido (figura 6), que traça uma linha de quando a Bela Adormecida estava no sono profundo e o seu príncipe chegou.

Vanessa Hudgens e Zac Efron viram Bela Adormecida e Príncipe Felipe
Figura 10. Vanessa Hudgens e Zac Efron viram Bela Adormecida e Príncipe Felipe
Fonte: www.gente.ig.com.br

Continua G1 (2011) sobre estes investimentos,: no primeiro, pagou US$ 10 milhões pela problemática divisão de computação gráfica da LucasFilm, que no contar da doce história da A Bela Adormecida (figura 7), Jobs recebe o beijo da ideia de criar o novo investimento, sua nova marca, e a empresa de George Lucas responsável por franquias do cinema como Star Wars e Indiana Jones, batizada de Pixar, após emplacar sucessos como “Toy story“, “Vida de inseto”, “Monstros S.A.” e “Procurando Nemo”, acabou sendo adquirida pela Disney por US$ 7,4 bilhões em 2006. No processo, Jobs se transformou no maior acionista individual da companhia de Mickey Mouse. Por isso, Jobs tem o título de “toque de Midas”, tudo que as mãos de Steve Jobs alcançavam viravam ouro e dinheiro.

Vanessa Hudgens e Zac Efron viram Bela Adormecida e Príncipe Felipe
Figura 10. Vanessa Hudgens e Zac Efron viram Bela Adormecida e Príncipe Felipe
Fonte: www.gente.ig.com.br

O outro investimento foi a semente não apenas do retorno de Jobs à Apple, mas teve relação direta com o surgimento da World Wide Web, invenção que impulsionou o crescimento da internet no mundo. Com a NeXT, Jobs desenvolveu computadores poderosos indicados para o uso educacional e desenvolvimento de programas. Um terminal NeXT foi usado por Tim Berners-Lee como o primeiro servidor de web do mundo, em 1991. Em dezembro de 1996, a Apple adquiriu a NeXT, manobra que serviu para incorporar tecnologias ao grupo e trazer Jobs de volta para o comando da companhia. (PORTAL G1, 2011)

E neste contexto Jobs atravessou a sua vida com a intertextualidade, vencendo barreiras, e mesmo demitido de sua empresa, não desanimou e nem parou de buscar novos conhecimentos, investimentos, mas iniciou-se outra luta em sua vida pessoal, o câncer. Steve sorridente e sempre determinado não se abateu, continuou sua história e manteve seu legado.

3. AS ENTRE LINHAS DO DISCURSO DE JOBS

O discurso de Jobs possui um contexto relevante no mundo contemporâneo e no sonho americano. Para tal entendimento faz-se necessário a conceituação de certos pontos da comunicação. O discurso, as formas de linguagens, a moda, a intertextualidade fazem parte do mito Steve Jobs.

Para entender a gênese da análise do discurso é preciso compreender as condições que propiciaram a emergência. Maldier (1994) descreve a função da análise do discurso através das figuras de Jean Dubois e Miochel Pecheux. Dubois, uma linguística, lexicólogo envolvido com empreendimentos da linguística em sua época; Pecheux, um filósofo envolvido com os debates do marxismo, da psicanálise, da epistemologia ( BENTES e MUSSALIN, p. 101, 2003)

Análise do Discurso – AD torna-se relevante na comunicação, sendo necessário analisar cada frase, contexto, ação, fala, escrita e tudo que envolve na formação da comunicação. Jobs era um homem que dentro de si conseguia mover seus consumidores, articulista com seus públicos e possuía um poder de persuasão forte. Por isso, Apple hoje é uma empresa conhecida e Steve Jobs um deus da tecnologia e na sua forma de atuação.

Steve Jobs
Figuras 11. Steve Jobs
Fonte www.iplay.com.br

Ao falar de Steve e seu discurso, não pode calar-se na questão de que este foi um ícone para vários cidadãos, e consumidores. Ele tinha um público que o reverenciava pela sua história, pelas suas criações e pelas camadas que envolviam o seu discurso.

“Nós não temos a chance de fazer muitas coisas, e cada uma deve ser realmente excelente. Porque esta é a nossa vida. A vida é breve, e então você morre, sabe? E todos nós escolhemos o que fazer com as nossas vidas. Então é melhor que seja muito bom. É melhor valer a pena.” (JOBS apud SZYMANSKI, 2011)

Jobs citou várias frases e pensamentos próprios contribuindo para uma reflexão de caráter, do eu e do desenvolvimento profissional. Em suas citações filosóficas, Jobs se mostrava autêntico e misterioso. Pode-se perguntar – Quem é este homem? Quem pensa que ele é para pensar assim? Mas, Steve Jobs não se importava com que os outros pensavam e sim como ele poderia ser melhor, mesmo com erros, pois podia aprender com os seus e dos outros. Pela comunicação de seus pensamentos, Jobs apresentava seus ideais e a maneira de ver o mundo.

Possentini (2002) retrata o discurso como exposição de ideias, proferidas em público e a sua utilização pode ser de maneira previamente escrita ou pelo improviso. O autor ainda comenta que a análise do discurso não está baseada em camadas, pois tudo o que cerca o personagem Jobs envolve-se na análise de seu discurso.

Partindo desta premissa de Possentini (2002), Jobs usou de formas linguísticas, moda,comunicação escrita e verbal para expor suas ideias e manter o seu ethos do discurso. Para tanto, um dos pontos desta pesquisa é a forma como eram as suas apresentações em público, sempre com calça jeans e camiseta na cor preta. E na simbologia das cores o preto possui um significado de poder, portanto era significante que Steve mantivesse sua aparência, mostrando seu poder intelecto e da comunicação com os seus diversos públicos.

Além disto, o discurso de Job mantinha a citação e destacabilidade que Maingueneau (2006) apresenta como fórmulas que podem fazer parte de tipos diferentes de funcionamento, sendo para enunciados autônomos ou para marcar um posicionamento. Assim, Jobs possuía um posicionamento forte na mídia, na empresa, perante seus fãs e seus públicos. Por isso, sua maneira de ser irreverente, apresentando-se de forma contemporânea e com roupas que o destacassem.

“Eu valia mais de US$ 1.000.000 quando eu tinha 23, e mais de US$ 10.000.000 quando eu tinha 24 anos, e mais de $ 100.000.000 quando eu tinha 25 anos, e não era assim tão importante porque eu nunca fiz isso por dinheiro.” (JOBS apud SZYMANSKI, 2011)

Portanto, Cancline (2006), diz que antes de montar um estilo ou posicionamento, deve-se compreender e entender como as forças hemogênicas vêm conseguindo se situar nos cenários estratégicos das diversas áreas da sociedade e do cenário político. E é relevante contextualizar o visual como estratégia de comunicação, aliando-se ao discurso de Jobs.

Jobs em uma apresentação
Figura 12. Jobs em uma apresentação.
Fonte www.iplay.com.br

Neste caso, o consumidor compra o que ele ver, seja pela embalagem, pelo discurso, pela citação e destacabilidade que o possa persuadir. Além de que é por um conjunto de fatores que cidadãos e consumidores compram um produto, uma ideia, um ideal. Pode-se dizer que Steve Jobs era um produto, o qual fazia parte da mídia, da Apple, do sonho americano e dos consumidores que desejavam ter seus produtos.

Pressupondo que o visual, a aparência e as roupas é parte integrante discurso, da citação e destacabilidade e da intertextualidade., As camisas pretas utilizadas por Jobs em suas apresentações forneciam um status de poder, homem de ferro, forte. E o visagismo era marcante no visual de Jobs.

Visagismo é um termo derivado da palavra visage, que significa “rosto”. O termo foi criado em 1936 pelo grande cabeleireiro e maquiador francês Fernand Aubry (1907-1976), que dizia que o visagismo é uma arte e que o visagista é um escultor do rosto humano. Refere-se à arte de embelezar ou transformar o rosto, utilizando cosméticos, tinturas e o corte de cabelo. (HALLAWELL, p. 15, 2003)

Mostrando a importância da vestimenta pessoal e tendo uma existência do enunciado, tornando-se o visagismo como arquétipo dentro das estratégias na construção do mito Steve Jobs., a roupa e o estilo se tornam signos, levando para uma relação entre significado e significante. Segundo Cruz (2011):

[…] ainda que cada inteligência tem uma linguagem por meio da qual o ser humano se expressa e dá forma a seus pensamentos e ideias. A partir dessa afirmação, acredita-se que o visual é uma ferramenta de comunicação não verbal e que para o candidato é fundamental a composição do seu visual e que este esteja interagindo ao mesmo tempo dentro do seu discurso e que através dessa atuação a sua credibilidade é conquistada por eleitores, empresários, mídia (HALLAWELL apud CRUZ, 2011).

Charaudeau (2008) deixa claro que representamos o ato de comunicação como um dispositivo, cujo centro é ocupado pelo sujeito falante em relação com outro parceiro. A visão do autor traduz que Jobs era uma representação da comunicação e que seu discurso era o centro que mantinha uma relação com os seus diversos públicos. No entanto, os seguidores da filosofia de Jobs possuíam essa relação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise deste texto, a partir das pesquisas e conceitos sobre Intertextualidade, AD entre outros, observou-se durante a trajetória de Steve Jobs a presença da Intertextualidade, e várias formas de linguagem em seu discurso. E a relevância de compreender e entender como Jobs utilizou-se das ferramentas de comunicação no desenvolvimento de sua imagem através do discurso e contextos históricos.

Com isso, a maçã como signo, possui um significado marcante na vida de Steve, seja no profissional ou na vida pessoal. Ele possuía conhecimentos empíricos e científicos, utilizando-os na construção de sua marca., sendo esta, uma criação do signo existente em sua vida., fazendo parte integrante de sua visão e seu empreendedorismo, tornando-se um visionário e investidor sem medo e criador da sua marca e imagem. Sendo assim, a Apple representa Jobs e Jobs representava a Apple. Através desta união e intertextualidade de discursos que a empresa e Jobs produziram, pode-se dizer que levou o empresário a ser a marca e imagem da imprensa, não sendo possível separá-los.

Jobs conduziu suas invenções, seus sucessos e insucessos de forma carismática. E utilizando-se da intertextualidade, moda e sorrisos, contribuiu no avanço tecnológico e na propagação da comunicação através de seus tablets, iPhones, Mac´s entre outros. No entanto, com sua visão além da fronteiras e exigente com a qualidade de seus produtos, seus diretores conseguiram demiti-lo de sua própria empresa. Achou-se que Jobs tornava-se um perigo para a companhia, e mesmo assim, Steve não se deixou abater.

Logo, de forma visionária construiu um império, e este chamado Pixar, rendendo-lhe bilhões em sua transação de venda com a Walt Disney. Portanto, com o sucesso de seu investimento após ser demitido da Apple e com seu discurso, gerou-se um grande comunicador e um homem de sucesso. E, contudo, afirma-se que Jobs enxergava as coisas como todos nós, mas a sua percepção e o sexto sentido empresarial e humano que possuía era diferente, por isso tornou-se conhecido como o homem do “toque de midas”. O sucesso de Steve Jobs é real, fazendo parte do sonho americano e de alguns mortais, mesmo ter abandonado a universidade.

O homem do “toque de midas”, era determinado, capaz e com sua visão, e percepção conduziu-se de forma natural, sendo ele mesmo. E utilizando-se em seu discurso, as mais variadas formas de linguagens, se criou o legado de fãs de Steve Jobs. Pois, os cidadãos e consumidores da Apple consomem não só produtos da marca, mas também a mensagem deixada por Jobs através do seu discurso.

O discurso de Jobs permanece vivo na mente de seus seguidores e torna-se positivo e como forma de incentivo para alguns. Usando de palavras-chave, como sua imagem carismática, apresentações de seus produtos, entrevistas e o personagem na composição de seu discurso, contribuíram na edificação de Steve Jobs. Personagem este, que simplesmente  era ele mesmo.

Considera-se então que Apple e Jobs eram unidos, sendo impossível sua separação. E com seus discursos variando as formas de linguagem, de acordo com a ocasião, tornou-se um comunicador eficaz e eficiente. Do uso da intertextualidade e análise do discurso, produziu-se uma análise sobre Steve Jobs.

REFERÊNCIAS

ATTI, César. CUCHIERATO,Guilherme. GUIMARÂES,Telma. Leituras Clássicas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

CABRAL, Marina. Intertextualidade. Disponível em: http://www.brasilescola.com/redacao/intertextualidade.htm. Acesso em: 28 Jan. 2015.

CANCLINI, Néstor García. Consumidores e cidadãos. 6. ed.  Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2006

CATARINO, Dílson. Dicas de Português – Teorias de Comunicação. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_comunicacao.shtml. Acesso em: 01 Fev. 2012.

CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e Discurso: Modos de Organização. São Paulo: Editora Contexto, 2008.

CRUZ, J.A.S. RAMAZZINI, C. Relação Imagem e Efeito de Sentido: Discurso e Retrato do Embelezamento Pessoal e a Moda. Disponível em: http://fib.brpwebprojects.com/jornada/download/trabalhos/anais/0102011pp.pdf. Acesso em: 28 Jan. 2015

GALLO, Carmine. Maça Mordida. Disponível em: http://www.revistadacultura.com.br:8090/revista/rc49/index2.asp?page=artigo. Acesso em 30 Nov. 2011.

G1. Morre Steve Jobs, fundador da Apple. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/10/morre-steve-jobs-fundador-da-apple.html. Acesso em: 15 Jan. 2015.

HALLAWELL, Philip. Visagismo – Harmonia e Estética.  São Paulo. Editora SENAC, 2003.

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo. Editora Cortez, 2000.

PIETROFORTE, Antônio Vicente. Semiótica Visual: os percursos do olhar. São Paulo: Contexto, 2004.

POSSENTINI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba. Criar Edições, 2002

SZYMANSKI, Thiago. 20 frases inspiradoras de Steve Jobs. Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/steve-jobs/14052-20-frases-inspiradoras-de-steve-jobs.htm. Acesso em: 26 Jan. 2015.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Porto: Presença, 1995.

3. Marina Cabral Especialista em Língua Portuguesa e Literatura.

4. Professor de língua portuguesa e poeta

5. Macintosh, ou Mac, é o nome dos computadores pessoais fabricados e comercializados pela empresa Apple Inc. desde janeiro de 1984. O nome deriva de McIntosh, um tipo de maçã apreciado por Jef Raskin. O Apple Macintosh foi o primeiro computador pessoal a popularizar a interface gráfica, na época um desenvolvimento revolucionário. Ele é muito utilizado para o tratamento de vídeo, imagem e som.

6. A mitologia grega é rica em passagens curiosas e interessantes, sendo uma delas a que fala de Midas, personagem real que viveu na época de Sargão, rei da Assíria (722/705 a.C.). Ele era rei da Frigia, região formada por vastas extensões de terra ao longo do mar Negro e nas costas do mar Egeu, colonizada cerca de mil e trezentos anos antes de Cristo por uma raça de origem incerta cujo nome desapareceu da História no ano 300 da era cristã, sob o poder e força de Diocleciano, então imperador romano no Oriente. Das numerosas lendas que são contadas a seu respeito, duas são especialmente populares: a do toque de ouro e a das orelhas de. A história que nos veio da mitologia grega resultou na expressão aplicável às pessoas que contrariando o que acontece com o restante dos mortais, conseguem ganhar dinheiro com relativa facilidade, sendo sempre bem-sucedidas em todos os empreendimentos que realizam. Para esses indivíduos o normal é ninguém reconhecer a capacidade e competência que possuem, porque todos eles, na voz do povo, possuem o “toque de Midas”. Enviado por FERNANDO KITZINGER DANNEMANN em 28/04/2006
Alterado em 10/03/2008. Disponível em: http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=146622. Acesso em: 28 Jan. 2012.

[*]  Artigo baseado no trabalho final com Conceito A, apresentado como exigência parcial para a conclusão da disciplina As Interfaces das Linguagens Visuais, do Programa de Pós-graduação em Comunicação Midiática, na Linha de Pesquisa “Produção de Sentido” – 2011 – UNESP – Bauru/SP.

[1] Doutorando em Educação Escolar. Professor da pós-graduação Faculdade Anhanguera de Bauru. Mestre em Televisão Digital e Aluno Especial do Programa de Mestrado em Comunicação Midiática – Graduado em Tecnologia em Marketing – Anhanguera Bauru/SP. Graduando em Relações Públicas – USC – Bauru/SP. Pós-graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior. Especialização em Antropologia pela USC Bauru/SP. Membro da ABRP – Associação Brasileira de Relações Públicas, da AMPRO – Associação de Marketing Promocional, do CRA – Conselho Regional de Administração. Membro INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Consultor em Marketing e Comunicação. Consultor em Serviços e Estratégias no segmento Beleza.

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José Anderson Santos Cruz

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