ARTIGO ORIGINAL
SBARRA, Marcelo [1]
SBARRA, Marcelo. A implantação do Piscinão de Ramos e suas consequências nas dinâmicas urbanas e sociais dos moradores do Complexo da Maré – uma abordagem sociotécnica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 10, Ed. 01, Vol. 02, pp. 05-35. Janeiro de 2025. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/arquitetura/piscinao-de-ramos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/arquitetura/piscinao-de-ramos
RESUMO
Neste artigo nos propomos a entender como a implantação do Piscinão de Ramos, dentro do contexto do Complexo da Maré e da própria Praia de Ramos, no Rio de Janeiro, constituiu uma importante e complexa modificação na ambiência urbana local e nas relações que se estabeleceram a partir deste marco urbano. A partir desta contextualização, em uma abordagem sociotécnica, busca-se estabelecer a relevância do Piscinão de Ramos em reestabelecer e reconfigurar dinâmicas urbanas e sociais no macrocosmo urbano do Complexo da Maré. Ao final, mostramos como este entendimento é fundamental para compreender os impactos e as implicações da implantação deste tipo de ícone urbano, permitindo uma análise crítica e reflexiva sobre o tema.
Palavras-chave: Piscinão de Ramos, Dinâmicas urbanas, Complexo da Maré, Praia de Ramos.
1. INTRODUÇÃO
Ao estudar o fenômeno urbano chamado “Piscinão de Ramos”, precisamos voltar um pouco no tempo e entender o contexto de sua implantação. Como veremos ao longo do texto, a Praia de Ramos inicialmente se configurou como uma espécie de “Copacabana do subúrbio” carioca, sendo então local de grande popularidade durante os anos 1960-1980.
No entanto, com a crescente poluição da Baia de Guanabara, as águas da Praia de Ramos se tornaram impróprias para o banho. Mesmo suas areias, altamente afetadas pela poluição das águas, fizeram com que este espaço urbano de lazer perdesse seu público.
A própria localização da Praia de Ramos, no contexto do Complexo da Maré, revela como a falta de espaços públicos de lazer – praças, parques, piscinas públicas – contribuem para uma falta de qualidade urbana e de vida.
Seja fruto de marketing político ou de forma de segregar a população da Maré das famosas praias cariocas, fato é que o Piscinão de Ramos ganhou status de local a ser visitado por turistas e ter sua apropriação feita de maneira bastante intensa pelos moradores de toda a região da Maré e subúrbio carioca.
A perspectiva sociotécnica nos permite avaliar esta apropriação mesmo sem ter a possibilidade de pesquisa in loco, devido à questões que extrapolam a vontade acadêmica e acabam por esbarrar em questões de segurança pública e dos próprios pesquisadores.
Neste contexto, a análise qualitativa e feita a partir de um olhar “oligóptico” (Sbarra, 2020), nos permite fazer um percurso onde a história da formação da Maré, suas conquistas através da organização de seus moradores – mesmo sem o auxílio do poder público – transformou o espaço urbano Complexo da Maré na maior favela do Rio de Janeiro e, certamente, uma das maiores favelas do mundo.
Sua complexidade urbana a elevou a bairro, nos anos 1990. Mas será que o tratamento recebido das esferas públicas foi condizente com seu tamanho e importância?
1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA
Esta pesquisa está inserida em uma série de pesquisas realizadas em conjunto com a University of Sunshine Coast e Universidade Federal do Rio de Janeiro, no tocante aos estudos urbanos que envolvem a qualidade do lugar e como eles são apropriados pelos usuários e moradores.
O principal objetivo é compreender quais formas de apropriação do espaço são mais efetivas e mais duradouras, ao mesmo tempo que sejam o mais autênticas e naturais.
2. OBJETIVOS
Os objetivos da pesquisa são investigar as transformações urbanas e sociais que ocorreram a partir da implantação do Piscinão de Ramos, no contexto do Complexo da Maré. Nesta análise, a partir de um olhar sociotécnico, buscamos entender a natureza das relações estabelecidas e como essas mesmas relações podem configurar o uso do espaço urbano e a apropriação do mesmo por seus moradores e usuários, através do uso recreativo (Mews, 2022).
Ao fazer este estudo, estamos coletando informações fundamentais para o entendimento de como estes espaços lúdicos e de lazer podem contribuir para uma cidade mais acolhedora e inclusiva.
No contexto dos estudos já realizados pelo autor e pelos grupos de pesquisa do qual faz parte, o entendimento de como humanos e não-humanos colaboram para um fim comum. No caso desta pesquisa, os não-humanos são constituídos desde os dados analisados de fontes primárias e secundárias, como a arquitetura do Piscinão em si, sua influência nos hábitos e costumes de seus usuários, assim como a fundamentação histórica de suma importância para entender o contexto de resiliência urbana e comunitária (Lara-Hernandez, 2023) das pessoas que constituem o corpus do ambiente urbano Complexo da Maré.
Origens e formação da Favela da Maré
Todo dia
O sol da manhã vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia, ô
E a cidade
Que tem braços abertos num cartão postal
Com os punhos fechados da vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal, ô
Alagados, Trenchtown[2], Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
(Vianna, Ribeiro, Barone, 1986)
Como destaca Costa (2010), a cidade do Rio de Janeiro, desde os anos 1930, aplicou políticas públicas de remoção de moradores de favelas, especialmente àquelas localizadas na Zona Sul da cidade, local hipervalorizado pelo setor imobiliário. Devido à localização mais afastada destas áreas, a Favela da Maré acabou encontrando espaço para se desenvolver de maneira praticamente autônoma, uma vez que a distância dela para o centro da cidade do Rio de Janeiro e da Zona Sul, invisibilizava a presença de seus moradores. Não fosse isso:
O morador da favela deveria, nesta perspectiva, ser integrado à cidade, de modo que a sua organização fizesse parte deste processo. Superava-se o remocionismo de algumas políticas urbanas do período anterior, assim como o clientelismo alimentado por uma visão caridosa do favelado. (Costa, 2010, p. 144)
Como destaca o autor, a história da formação da Favela da Maré é constituída por conflitos entre trabalhadores em busca de moradia, mesclados com crescimento urbano desordenado e a busca por condições mínimas de moradia e salubridade.
A Maré já possui um levantamento histórico a respeito da sua formação enquanto favela (ou bairro) bem estruturado. De acordo com a pesquisa de Santos (1986) e Vieira (1998), além de pesquisas da Rede Memória Maré do CEASM, a ocupação da região teria se iniciado com Dona Orozina, uma espécie de pioneira, que vindo de Ubá, Minas Gerais, no início da década de 1940, construiu o primeiro barraco na Praia de Inhaúma. (Costa, 2010, p. 164)
A Favela da Maré teve sua origem, portanto, a partir da ocupação de áreas alagadiças e de manguezais, que foram invadidas e ocupadas principalmente a partir dos anos 1950 (Luna et al., 1999, p. 7).
Como destaca Costa (2010) a Copa de Mundo de 1950 e a inserção urbana do icônico Estádio do Maracanã, teve influência direta no crescimento da Favela da Maré:
A Copa de 1950 enchia de orgulho a população brasileira. A construção do estádio Mário Filho, o Maracanã, fazia parte da política de fomentar ainda mais este sentimento otimista de nação. A magnitude da obra simbolizava as proporções de um Brasil que crescia em economia e, quem sabe no esporte, com a esperada vitória da Copa daquele ano. O 1º Batalhão de Carros de Combate que funcionava no local onde foi construído o Maracanã, acabou sendo transferido para a Avenida Brasil, em frente ao morro do Timbau, em 1947, o que impulsionou ainda mais a ocupação da região da Maré. A área da Maré passou a ser vigiada rigidamente pelo 1º BCC, impondo a destruição de barracos, cobrança de taxas aos moradores (“taxas de ocupação”) e vigília permanente sobre os moradores. Gerou-se todo um aparato burocrático de controle sobre os moradores da favela, que mesmo no campo da informalidade, aos poucos, foi ganhando contornos de oficial. Militares passaram a atuar como uma espécie de “grileiros” urbanos. Assim, “o poder público cuidou de inventar a favela. (Costa, 2010, grifos nossos)
Cabe destacar aqui a influência do ícone arquitetônico na promoção de modificações urbanas e mesmo na gentrificação, como destacado na tese de Sbarra (2020).
Costa nos informa que a ocupação do espaço da Favela da Maré seguiu uma lógica própria, uma vez que os terrenos com piores condições de construção eram justamente onde os moradores encontravam a possibilidade de se assentar:
A Maré na década de 1950 será responsável por abrigar boa parte dos nordestinos que chegavam ao Rio de Janeiro. Ocupações começam a ser feitas cada vez mais próximas a Baía de Guanabara. A Avenida Brasil ostentava indústrias, empresas diversas, sedes do Exército, instituições públicas, assim como se desenvolveu a atividade pesqueira e a indústria naval. Os terrenos da região eram extremamente pantanosos o que demandava investimento em drenagem para a ocupação de outras empresas, como não havia investimento nesta área por parte do poder público, as ocupações começaram a ser feitas exatamente nestas áreas que se encontravam abandonadas. (Costa, 2010, p. 167, grifo nosso)
Além disso, para lidar coma falta de infraestrutura urbana, os moradores encontram formas de se mobilizar e de autogerir, através da criação de associação de moradores:
Na verdade, a construção de infraestrutura do bairro pelos moradores estava casada com as lutas sociais que afirmavam a necessidade de conquistar direitos sociais. É neste contexto que surgem as associações de moradores como espaços de organização dos trabalhadores contra o autoritarismo das ações da polícia, denunciando as dificuldades enfrentadas pelas favelas. Isso significa dizer que mobilização política dos favelados, entre 1950 e 1970, era muito diferente da situação atual [2010]. No contexto social-liberal o próprio Estado busca incentivar o “autogoverno”, de modo que a população arque com os gastos da política pública em âmbito localizado. (Costa, 2010, p. 169, grifo e inserção de data nossos)
A ocupação inicial da Maré, na década de 1950, contava então com cerca de duzentos e cinquenta barracos. Hoje conta com quase 125.000 moradores e mais de 54.000 domicílios, ocupando uma área de cerca de 4,30 km², como veremos com mais detalhes adiante.
Segundo destacam Luna, Carvalho, Aguiar, Sousa, Pereira, Nascimento, Klem, Bento e Couto (1999) é a partir dos anos 1960 que os moradores se uniram para a formação oficial da sua primeira Associação de Moradores, com o objetivo de defender seus direitos contra a constante ameaça de remoção pelo poder Público. Na época, o local conhecido como “Parque Maré” era considerado como “um mal que precisa ser eliminado” (Luna et al., 1999, p. 7).
A organização dos moradores fez com que buscassem soluções para os próprios problemas. Como o poder público pouco se faz presente na comunidade – há apenas uma creche para crianças de 2 a 4 anos -, a associação se articulou e tenta suprir a ausência do governo. Ela desenvolve projetos como o Telecurso 2000 – 1º grau e alfabetização de adultos (com 30 alunos cada); aulas de teclado para crianças; distribuição de cesta básica para 200 pessoas cadastradas; e auxílio-funeral para a população carente. (Luna et al., 1999, p. 7, grifo nosso).
A falta de interesse do poder público fica explicitada na fala dos autores quando destacam que, mesmo para as questões mais básicas de sobrevivência, a ausência de iniciativas públicas fez com que os moradores por si só buscassem maneiras de se tornarem “visíveis”:
Outras iniciativas acontecem em parceria com organizações não-governamentais ou com o poder público, O Balcão do Viva Rio presta atendimento jurídico às famílias. Para combater o desemprego, a associação de moradores se uniu a Prefeitura e desenvolve os projetos de garis e agentes comunitários de saúde, nos quais os contratados são obrigatoriamente moradores do Parque Maré. (Luna et al., 1999, p. 7, grifo nosso).
O aumento da área territorial ocupada pelo “Parque Maré” foi se dando de forma gradativa, sem que houvesse iniciativas do poder público em promover projetos de urbanização e planejamento sobre este crescimento.
O crescimento exponencial das favelas trazia em si o dilema das classes dominantes, sobre qual o projeto de dominação mais eficiente, que oscilava entre o anseio de esmagar as favelas a qualquer custo, ou convencê-las do projeto de dominação. Não necessariamente um excluía o outro, mas o fato é que era uma relação incômoda, que sofreu muitas oscilações ao longo da história, e disputas agudas entre a própria classe dominante sobre como se resolveria a favelização. (Costa, 2010, p. 170, grifo nosso)
Essa política de remoção dos olhos da sociedade acabou por gerar o crescimento de um complexo de Favelas que deu origem a Favela da Maré:
Uma série de famílias, removidas da Praia do Pinto, Morro da Formiga, Favela do Esqueleto e das margens do rio Faria-Timbó, gerou um grande contingente de desabrigados, que foram responsáveis pela ocupação de mais áreas na região do Complexo da Maré, originando as comunidades de Nova Holanda e Praia de Ramos. (Costa, 2010, p. 170, grifo nosso)
Já na década de 1980, através de implementação de obras oriundas de verbas do governo federal, a Favela da Maré vai ganhando os contornos que possui atualmente:
Na década de 1980, o governo federal implementa o Projeto Rio de urbanização que executa obras de aterro na região, ampliando ainda mais com novas comunidades: Vila do João, Vila do Pinheiro e Conjunto Pinheiro. A urbanização da Maré se amplia com a criação da 30ª região Administrativa (R.A.), o que garantiria um caráter mais formal de bairro. Já nos anos 1990 novas habitações foram construídas dando origem à comunidade da Nova Maré e Bento Ribeiro Dantas e, em 2000, se inaugura a comunidade Salsa e Merengue. Nesse intervalo, oficialmente, somente em 1994, é que a Maré será reconhecida como bairro pela prefeitura do Rio de Janeiro. (Costa, 2010, p. 170-171, grifo nosso)
Com este início de urbanização ocorrido na década de 1980, começou-se a implantação de escolas públicas na região (os chamados CIEPS). Os moradores, contratados como garis, passaram a cuidar da limpeza da orla e das ruas da comunidade, como contam os autores:
Moradores contratados pela Comlurb realizam a limpeza da orla e das ruas da comunidade. O Parque Roquete Pinto dispõe ainda de ruas pavimentadas, saneamento básico, abastecimento de água pela Cedae e fornecimento de energia elétrica, cuja realização se deu através da RAL-Maré. As opções de lazer ficam por conta de uma ciclovia, dois campos de futebol, um parque infantil e duas quadras esportivas. (Luna et al., 1999, p. 8, grifo nosso).
O Centro de Ações Solidárias na Maré (CEASM) é uma organização não-governamental, criada em 1997 (Costa, 2010, p. 174), tendo como foco trabalhos na área da educação e centro de mobilização social e cultural da grande formação urbana que se constituiu a Favela da Maré. A RAL-Maré (Rede de Atendimento Local da Maré) e um de seus desdobramentos, tendo como exemplo o RAL-Maré Light (empresa de iluminação do Rio de Janeiro)
Apesar da grandiosidade do espaço urbano ocupado e da sua importância no contexto social e político da cidade. A Favela da Maré possui índices de desenvolvimento urbano muito abaixo do esperado para uma região tão populosa:
Segundo o Instituto Pereira Passos o Complexo da Maré se encontra no 123º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A Maré é o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano do município do Rio de Janeiro, com renda per capita de R$ 187,25; 2% das crianças da Maré trabalham, sendo 0,6% do índice do município do Rio de Janeiro. Com estes péssimos números, a Maré é considerada o maior complexo de favelas do país e a maior concentração de pessoas pobres do município do Rio de Janeiro, com 132.176 pessoas e 38.273 domicílios, sendo 2,26% da população do município do Rio de Janeiro. Pra se ter uma ideia da magnitude do bairro, se comparado aos municípios do estado do Rio de Janeiro a Maré, seria o 17º maior centro populoso, e, caso fosse considerada um município, poderia ter entre 9 a 21 vereadores! (Costa, 2010, p.171, grifo nosso)
Esta magnitude geográfica e populacional tem seus efeitos diretos nas questões relacionadas à criminalidade:
Um aspecto que merece destaque é a violência na região. Segundo as estatísticas do Instituto de Segurança Pública do Estado (ISP), crimes violentos não-fatais (lesão corporal e tentativas de homicídio) estão entre as principais ocorrências. Em 2007, 372 pessoas a cada 100 mil foram vítimas de tal tipo de crime, enquanto em 2008 este número sobe para 383. Sobre homicídio juvenil masculino no ano de 2006 a Maré teve índice de 163 casos para cada 100 mil, enquanto na Barra da Tijuca [bairro nobre da cidade] este número foi de 38. Isso significa que a violência tem endereço certo, e, em geral, são as comunidades pobres, como é o caso da Maré. Há de se ponderar se estes números de fato correspondem na região, isso porque muitos casos não são relatados em função do medo de represálias, ou o próprio Estado manipula os dados para não cair em descrédito. (Costa, 2010, p.172, grifo nosso)
A promoção da preservação da história da Maré, sua formação, crescimento enquanto território de resistência, possui poucas informações oficiais. Os dados são encontrados, principalmente em poucas dissertações ou teses que se propõem a estudar este lugar urbano (Castro, 2010). Desta forma, os próprios moradores criaram uma série de informativos, jornais, websites que visam a manutenção de suas históricas, como o caso do jornal O cidadão (Luna et al., 1999) – que não sejam, por exemplo, a maneira caricata explorada em novelas ou programas de televisão.
O protagonismo dos moradores na construção e manutenção de sua história é destacada por Castro (2010)
Na edição nº 45 [do jornal O Cidadão], era festejada a inauguração do Museu da Maré no dia 8 de maio de 2006, organizado pela Rede Memória. O Museu da Maré ganha muita importância na construção da identidade territorial mareense, pois além de atribuir uma história à Maré, o protagonismo era dado aos moradores comuns. Segundo O Cidadão, era apontado pela grande imprensa como o “primeiro museu de favelas”, tendo na sua inauguração a presença do então Ministro da Cultura Gilberto Gil. Essa edição é praticamente toda uma defesa apaixonada do que representaria o Museu da Maré, apresentando-o enquanto uma superação diante de várias críticas que foram lançadas contra a iniciativa do CEASM por estar construindo um museu na favela e sobre a favela. Uma sucessão de depoimentos de apoio ao projeto do CEASM é mostrada como a comprovação de sucesso do projeto. A ideia de superação, de unidade territorial do morador da Maré é o traço marcante do texto. (Costa, 2010, p.194-195, grifo nosso)
Atualmente as comunidades que constituem o bairro da Maré são: Conjunto Esperança, Vila do João, Salsa e Merengue, Vila Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Nova Maré, Parque Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Roquete Pinto, Praia de Ramos e Marcílio Dias.
4. DADOS DO COMPLEXO DA MARÉ
As características socioeconômicas e demográficas da Favela da Maré revelam uma realidade alarmante e bastante complexa, que é marcada por uma combinação notável de baixa renda e a carência de serviços públicos essenciais e fundamentais para o bem-estar da população local e seus moradores.
Imagem 1: características socioeconômicas e demográficas

Segundo o DataRio (2024) a área ocupada pelo Complexo da Maré ocupa 4.268.772,775m² ou seja, praticamente 4,27 quilômetros quadrados.
Em 2022, o número de habitantes chegou a 124.832, sendo o número de domicílios cadastrados 54.884, conforme dados compilados na Tabela 1.
Tabela 1: Dados do Complexo da Maré segundo o Data Rio

Além disso, o bairro Complexo da Maré (oficializado como bairro em 1994) é constituído das seguintes comunidades:
Tabela 2: Comunidades que compõem o Complexo da Maré

Imagem 2: Vista aérea do Complexo da Maré

Como veremos em nosso estudo, a Praia de Ramos é o local urbano de nosso maior interesse, que acabou por dar origem ao equipamento urbano comunitário chamado “Piscinão de Ramos”
Imagem 3: Vista aérea do Complexo da Maré, com indicação das comunidades

A Praia de Ramos: um espaço de lazer e convivência nos anos 1960-1990
Mas não é que o dia tá maravilhoso, malandro?
Pintou praia na área! Domingo de Sol!
Vou chegar na minha ilha particular
Que é a Praia de Ramos
Depois eu tiro uma onda
E digo que fui pra Ipanema!
Domingo de Sol
Adivinha pra onde nós vamos?
Aluguei um caminhão
Vou levar a família na Praia de Ramos
Domingo de Sol
[…]
Minha sogra aquela besta
Cismou de me acompanhar
Levou sabonete e henê
Só para me envergonhar
Minha nega toda prosa
Num maiô-samba-canção
O meu filho Joãozinho
Jogou um siri dentro do meu calção
[…]
De repente o reboliço
Era minha sogra se afogando
Eu pulava de alegria
Meu sonho estava se realizando
Mas tudo que é bom dura pouco
O salva-vida, um tremendo negão
Trouxe a velha nos braços
Mas na onda perdeu o calção
Que confusão
Que confusão, que confusão
Todo mundo achava enorme
A coragem do negão
Que confusão
Que confusão, que confusão
Todo mundo achava enorme
A coragem do negão
É, mas domingo de Sol
Domingo de Sol
Adivinha pra onde nós vamos?
Aluguei um caminhão
Vou levar a família na Praia de Ramos
(Mello, Miranda, Melo, 1980).
A música lançada em 1980 pelo cantor carioca Dicró, enaltecendo as maravilhas da Praia de Ramos, em tom de crítica disfarçada por um certo tom de deboche ao comparar com a Praia de Ipanema corresponde a uma característica desta época – onde o Brasil transicionava entre o fim do regime militar e o início da redemocratização do país, que teve seu apogeu no ano de 1985, culminando com a promulgação da primeira Constituição do regime democrático em 1988 (Medeiros, 2016)
A música logo ganhou notoriedade nacional, fez parte de trilhas sonoras de novelas e virou marchinha de Carnaval. (Albin, 2021)
A Praia de Ramos é um local de grande destaque e extremamente conhecido entre os habitantes da região, situada no Complexo da Maré, que se localiza na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Durante os anos de 1960 era conhecida como a “Copacabana do subúrbio”. (Miranda, 2021)
Imagem 4: Praia de Ramos

Este espaço é absolutamente essencial para o lazer, a socialização e a convivência de diversas pessoas, sendo amplamente utilizado por toda a comunidade local, que valoriza intensamente essa área de recreação e diversão, considerando as poucas opções de lazer disponíveis nas redondezas.
Com uma extensão de aproximadamente 300 metros, a praia apresenta características físicas que são diferentes das conhecidas praias da Zona Sul da cidade, como a Praia de Ipanema citada na música.
Imagem 5: Praia de Ramo (1972)

Trata-se de uma praia cujas águas são provenientes da Baia de Guanabara, um dos corpos d’água mais poluídos da cidade do Rio de Janeiro. Sua água, antes propícia ao banho de mar, tornou-se turva e poluída possui um cheiro extremamente desagradável, visto que em suas águas são eliminados esgotos sem tratamento, além de restos orgânicos e inorgânicos provenientes do Porto do Rio de Janeiro e das embarcações que ali atracam.
A proximidade e fácil acesso com a comunidade local é um fator que contribuiu significativamente para a elevada relevância e popularidade desse local, que se tornou um importante ponto de encontro e entretenimento para todos, a despeito de todos os problemas que o local apresenta.
5. O PISCINÃO DE RAMOS
O Piscinão de Ramos – cujo nome oficial é Parque Ambiental da Praia de Ramos Carlos Roberto de Oliveira Dicró, em homenagem ao músico – foi inaugurado em dezembro de 2001 e consiste de uma área de lazer com uma praia artificial juntamente com uma gigantesca piscina pública de água salgada, mimetizando a experiência do usuário em estar em uma praia da Zona Sul da cidade.
Imagem 6: O Piscinão de Ramos

O Piscinão de Ramos sempre esteva envolvido em diversas polêmicas, desde a sua construção com possíveis intenções eleitorais pelo então prefeito, seja por problemas de saúde causados por proliferação de bactérias, coliformes fecais e urina em suas águas. (Goulart, 2020)
Muitos casos de afogamento foram registrados, devido a suposta falta de costume dos moradores em nadar. (Estado, 2006; Online, 2022).
A cor da água, turva, semelhante às águas da vizinha Baia de Guanabara já ganharam destaque na mídia por diversas vezes. (Extra, 2020)
Imagem 7: O Piscinão de Ramos

O marketing oficial aproveitou-se de uma novela de muito sucesso na época para criar uma personagem caricata que representaria o estereótipo do suburbano carioca e que frequentava o Piscinão de Ramos à título de status.
Tem-se o registro de que em um único final de semana o local recebeu cerca de 60.000 pessoas.
Imagem 8: O Piscinão de Ramos

A piscina em si possui cerca de 27.000m², com uma capacidade de 30.000.000 de litros de água. Infelizmente tanto a falta de manutenção pelo poder público como a falta de cuidados de seus usuários acabaram por fazer com que o Piscinão de Ramos fosse fechado por diversas vezes, para que as autoridades pudessem providenciar análises de contaminação da água, assim como limpeza de suas dependências.
Imagem 9: O Piscinão de Ramos

5.1 APROPRIAÇÃO DO PISCINÃO DE RAMOS PELA COMUNIDADE
Como vimos anteriormente, o Piscinão de Ramos rapidamente ganhou destaque não só na mídia – devido ao fato de ser um equipamento urbano de grandes proporções instalado em uma área historicamente “esquecida” pelo poder público – mas pela apropriação que seus usuários fazem do local.
Deixando um pouco de lado as razões políticas envolvidas – e mesmo questões relacionadas à segurança pública e as organizações envolvidas em questões de territorialização do espaço público-privado (Barcellos; Zaluar, 2014), fato é que o Piscinão de Ramos cumpre um papel social de grande importância na sua região e entorno.
Esta devolução das áreas públicas e de lazer para a comunidade – especialmente no contexto do Complexo da Maré onde o espaço urbano é ocupado de forma bastante intensa – traz uma espécie de respiro para o ambiente urbano.
Imagem 10: O Piscinão de Ramos

Não apenas como área de lazer, o Piscinão de Ramos acaba por transformar o seu entorno e renovar aspectos relacionados ao comércio local, desenvolvimento de pequenas empresas familiares e mesmo nichos de turismo que buscam mostrar aos interessantes pontos pitorescos da chamada “cidade maravilhosa”.
Imagem 11: O Piscinão de Ramos

Neste aspecto, é fundamental destacar que crianças e adolescentes encontram no local um espaço seguro para atividades de brincar, propiciando não só questões relacionadas ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, mas também de socialização.
Mais do que isso, percebe-se que neste ambiente convidativo, as pessoas parecem desfrutar de uma liberdade que talvez não fosse possível nos ambientes das praias “famosas” da zona sul da cidade, onde existe uma espécie de código de conduta não escrito que dita as formas de ser e estar no ambiente.
Imagem 12: O Piscinão de Ramos

Longe doa holofotes e das lentes da crítica social, as pessoas que frequentam o Piscinão de Ramos aparentam, em todas as imagens capturadas, estarem realmente aproveitando o momento.
Imagem 13: O Piscinão de Ramos

Isso inclui, inclusive, a liberdade de existência de diferentes corpos – diferente das praias de Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca, onde corpos esculpidos em academias disputam espaços de atenção no meio a muitos outros corpos iguais.
Imagem 14: O Piscinão de Ramos

6. DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Os desafios e oportunidades que foram identificados a partir da implantação do Piscinão de Ramos emergem como aspectos essenciais e fundamentais que precisam ser discutidos com maior profundidade.
Estes aspectos desempenham um papel crucial para direcionar as ações futuras, além de propiciar intervenções significativas e necessárias na região que circunda essa importante instalação.
Dentre os desafios que se apresentam de forma clara e evidente, sobressaem a urgente necessidade de ampliação da participação ativa e efetiva da comunidade nas decisões que envolvem o uso adequado e responsável do espaço público que está à disposição de todos. É imprescindível que as vozes da população local sejam ouvidas de maneira atenta e consideradas, assim como a mitigação dos impactos negativos e indesejados que possam afetar de forma negativa a paisagem urbana. (Santos, 1996)
Por outro lado, as oportunidades que se apresentam são, sem dúvida, bastante promissoras e encorajadoras para a comunidade local e para a pesquisa em arquitetura e urbanismo.
Entre elas, destaca-se a criação de novos espaços de convivência e lazer, que são pensados de forma a atender de forma adequada às necessidades e expectativas da população local em relação à utilização do espaço.
Além disso, ainda existe um enorme potencial para o desenvolvimento de variadas iniciativas sustentáveis, que possam valorizar e respeitar a íntima relação que a comunidade estabelece com o ambiente construído, mitigando problemas como poluição, afogamentos e superlotação. Isso envolve, de maneira significativa, fortalecer a identidade local de forma consistente e promover uma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos que habitam e frequentam a região. Essa atenção às necessidades locais e o respeito ao patrimônio ambiental são fundamentais para construir um futuro mais promissor e harmonioso para todos os envolvidos.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste texto buscamos fazer uma espécie de resgate da história da Praia de Ramos, sua importância no contexto da construção da história do lugar, e como a Piscinão de Ramos colaborou com esta narrativa.
Diante do exposto, podemos concluir que a implantação do Piscinão de Ramos trouxe uma série de impactos extremamente significativos e perceptíveis nas dinâmicas urbanas e sociais que caracterizam o Complexo da Maré e, de maneira particular e especial, a comunidade que costumava frequentar a Praia de Ramos.
As transformações que ocorreram no espaço urbano ao longo dos anos, assim como as mudanças marcantes nas relações sociais e comunitárias, bem como o acesso e o uso do espaço público, foram profundamente influenciadas, e em muitos aspectos, positivamente transformadas por meio deste projeto.
Portanto, é fundamental considerar esses aspectos e elementos de forma abrangente ao se pensar em novas políticas públicas e possíveis intervenções futuras que possam ser realizadas não só na região, mas em âmbito global.
A análise cuidadosa dessas mudanças é imprescindível para assegurar que iniciativas semelhantes possam ser implementadas com sucesso em outros locais, promovendo a melhoria da qualidade de vida para os moradores e o fortalecimento de políticas urbanas e sociais.
AGRADECIMENTOS
O autor gostaria de agradecer ao colega Prof. Dr. Gregor Mews, da University of Sunshine Coast, pelo entusiasmo em relação ao estudo do Piscinão de Ramos, devidos às suas qualidades morfológicas, ambientais e de inserção urbana – únicas no mundo – cuja apropriação pelos moradores demonstra o quanto lugares de lazer podem trazer grandes mudanças benéficas para moradores e usuários.
Este artigo faz parte de uma série de estudos que estão sendo desenvolvidos em conjunto com a University of Sunshine Coast, onde o autor é Adjunct Fellow e desenvolve estudos urbanos em diversas partes do mundo.
REFERÊNCIAS
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. 2021. Disponível em: https://dicionariompb.com.br/artista/dicro/. Acesso em: 10 dez. 2024.
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APÊNDICE – NOTA DE RODAPÉ
2. Trenchtown é uma favela localizada na Jamaica, conhecida por citações em várias músicas e textos, como na revista em quadrinhos “V de Vingança”, que deu origem ao filme de mesmo nome.
[1] Doutor em Arquitetura (UFRJ); Mestre em Arquitetura (UFRJ); Especialista em Ciências Humanas: Sociologia; História e Filosofia (PUCRS); Especialista em Educação do Ensino Superior (UAM), Arquiteto e Urbanista (UFRJ). ORCID: 0000-0003-3944-0954. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3665338208914266.
Material recebido: 19 de janeiro de 2025.
Material aprovado pelos pares: 20 de janeiro de 2025
Material editado aprovado pelos autores: 24 de janeiro de 2025.